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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26955: Os 50 anos de independência de Cabo Verde (2): vai estrear, em julho, no dia 4, na Praia, e no dia 11, no Mindelo, o filme "Nós, povo das ilhas", de Elson Santos e Lara Sousa (Documentário em português, 80', 2025, PT, CV, MZ)




Fotograma do filme "Nós, povo das ilhas", de realizadopelo cabo-verdiano Elson Santos e a moçambicana Lara Sousa (Documentário em português, 80', 2025). Trata-se de uma coprodução da Soul Comunicação (Cabo Verde), Midas Filmes (Portugal) e Kulunga Filmes (Moçambique). Terve  antestreia no IndieLisboa, 4 maio, domingo, 19:30,  no Cinema Ideal

 (Cortesia: Midas Filmes)



NÓS, POVO DAS ILHAS
Elson Santos, Lara Sousa
DCP | 80’ | 2025 | PT, CV, MZ 

Sinopse: 

"A partir de uma foto esquecida de um grupo de guerrilheiros cabo-verdianos clandestinos nas montanhas de Cuba, Elson, um jovem cineasta vai em busca dos heróis silenciados desta ousada e pouco conhecida operação militar, cujo principal objectivo era realizar o sonho de Amílcar Cabral de libertar o país das garras do colonialismo.

Num vai-e-vem entre o passado e o presente, o filme estabelece uma conversa com os heróis da Independência do país. Com eles, viaja pelos anos de luta na Guiné e no Cabo Verde pós-independência, reflectindo sobre sonhos, pesadelos e o que é o país hoje, entre a utopia e o esquecimento.

(Fonte: Midas Filmes)




1. Vai fazer 50 anos que Cabo Verde se tornou independente, em 5 de julho de 1975. Nesta série vamos dando apontamento e notícias sobre essa efeméride.  

Como já aqui o dissemos, esta data históricca  é uma boa ocasião para reforçar laços, afetivos e históricos, entre nós, independentemente do lado da barricada onde cada um de nós estava há 50/60 anos. (*)

Ontem recebemos uma mensagem do nosso amigo Nelson Herbert Lopes, que nos enviou o link com a noticia da estreia, na cidade da Praia, e depois no Mindelo,  do documentário, de 80 minutos, "Nós, Povo das Ilhas", do cabo-verdiano Elson Santos (n. 1977) e do moçambicano Lara Sousa.

O Nelson Herbert, guineense de origem cabo-verdiana,  tem 70 referêncvias no nosso blogue: jornalista,  trabalhou na VOA - Voice of America, e viveu nos EUA, estando hoje reformado: vive no Mindelo, São Vicente.

 
Data - 24/06/2025, 10:50 (há 20 horas
Assuto - Documentário "Nós, Povo das Ilhas" estreia em Cabo Verde relembrando a luta pela independência (Cultura - Santiago Magazine (...)


2. Reproduzimos cvom a devida vénia a notícia  publicada no Santiago Magazine




Por SM/Inforpress | 24 de Jun de 2025


Cabo Verde recebe a estreia do "Nós, Povo das Ilhas" no dia 04 de Julho, no Auditório Nacional, na Praia, marcando um momento de revisitação da história do país, conforme indicou Elson Santos, um dos realizadores do filme.

Em comunicado enviado à Inforpress, o realizador explica que o documentário retrata uma janela para a “memória e o debate essencial em desvendar a história por detrás de uma foto esquecida de guerrilheiros cabo-verdianos”.

A narrativa central foca-se numa operação militar da luta de libertação “ousada e pouco conhecida”, que decorreu em Cuba, com a intenção de preparar 31 guerrilheiros cabo-verdianos para uma invasão de Cabo Verde.

Embora a missão não se tenha concretizado, o treino serviu de base preparatória para a luta armada de libertação liderada por Amílcar Cabral e que viria a culminar na proclamação da Independência de Cabo Verde em 5 de Julho de 1975.

“O filme estabelece uma conversa íntima com cinco dos integrantes desse grupo, o ex: presidente Pedro Pires, Agnelo Dantas, Júlio de Carvalho (recentemente falecido e a quem o filme é dedicado), Silvino da Luz e a única mulher do contingente, Maria Ilídia Évora, conhecida por Dona Tutu”, lê-se na nota.

Segundo Elson Santos, a produção do filme enfrentou desafios, nomeadamente a dependência de financiamento externo e as dificuldades no acesso a arquivos audiovisuais que retratam a história de Cabo Verde.

O filme que estreou em Lisboa, Portugal, no dia 4 de maio, vai ser apresentado na cidade da Praia, no Auditório Nacional, a 4 de julho, e em São Vicente, no Auditório Onésimo Silveira, na Uni-Mindelo, no dia 11 de julho.

(Revisão / fixação de trexto, edição da foto: LG)


3. Sobre a estreia do filme em Cabo Verde, ver aqui uma peça da RTC - Rádio Televisão Cabo-verdiana, incluindo uma entrevista com o realizador Elson Santos: disponível no You Tube (7' 07'').
_________________

Nota do editor LG:

(*) Último poste ds série > 11 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26909: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (1): a "nova força africana" e a falta de formação em liderança e sensibilidade sociocultural de oficais e sargentos metropolitanos (José Macedo, ex-2º ten fuzileiro especial RN, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)

11 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A independência de Cabo Verde não é hoje posta em causa por nenhum força política e scoial em Cabo Verde ou até na diáspora cabo-verdiana. Há divergências na leitura da história e contestação da narrativa hegemónica do PAIGC, mas isso é normal.

Em 1975, a ideia de independència e o processo de descolonização não eram consensuais... Refiram-se aqui as princiapis correntes políticas e sociais do arquipélago e a sua visão sobre o futuro:

(i) O PAIGC foi o principal movimento a impulsionar a independência (pela luta armada e, depois do 25 de Abril de 1974, pela negociação política), em unidade com a Guiné-Bissau; nunca conseguiu, porém, apesar de toda a sua retórica revolucionária, introduzir a guerrilha nas ilhas; nem há notícia de "acções de terrorismo urbano"; .

(ii) A União Democrática Cabo-Verdiana (UDC) defendia uma integração com Portugal (à semelhança dos Açores e da Madeira) ou um processo de autonomização progressiva;

(iii) A União Popular para a Independência de Cabo Verde (UPICV) opunha-se à união com a Guiné-Bissau, defendendo uma independência separada para Cabo Verde.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Eis o que o assistente de IA / Gemini / Google respondeu à minha pergunta: "Cabo Verde estaria hoje melhor como região autónoma de Portugal, e integrada na União Europeia ?"

(...) A questão de saber se Cabo Verde estaria hoje melhor como região autónoma de Portugal e integrada na União Europeia é complexa, com potenciais benefícios e desafios significativos.

Contexto Atual de Cabo Verde

Cabo Verde é uma república democrática e independente desde 1975. A sua economia, embora tenha tido um bom crescimento e estabilidade política, é altamente dependente do turismo e das remessas de emigrantes, o que a torna vulnerável a choques externos (como a pandemia de COVID-19). Enfrenta desafios como a baixa diversificação económica, a elevada dívida pública, a vulnerabilidade às alterações climáticas e a necessidade de melhorar infraestruturas (especialmente o transporte inter-ilhas). Apesar de ter um PIB per capita superior ao de muitos países africanos, ainda lida com a pobreza e o desemprego.

Vantagens Potenciais da Integração

(i) Acesso a Fundos da União Europeia: como região ultraperiférica de Portugal, Cabo Verde teria acesso direto a fundos estruturais e de coesão da UE, o que poderia impulsionar o desenvolvimento de infraestruturas, a diversificação económica e a melhoria dos serviços públicos; os Açores e a Madeira, por exemplo, beneficiam imenso destes fundos.

(ii) Melhoria das Infraestruturas e Serviços: a integração plena na UE através de Portugal poderia levar a investimentos significativos em áreas como energia (especialmente energias renováveis), água e saneamento, e conectividade digital e de transportes.

(iii) Fortalecimento Económico e Comercial: o acesso ao mercado único europeu e a eliminação de barreiras comerciais poderiam dinamizar setores como o turismo, a pesca, e as indústrias emergentes (economia azul e digital), atraindo mais investimento estrangeiro;

(iv) Mobilidade e Oportunidades para Cidadãos: os cidadãos cabo-verdianos obteriam a cidadania europeia, o que lhes permitiria a livre circulação, trabalho e estudo em qualquer país da UE, abrindo um leque de oportunidades e potencialmente reduzindo a emigração ilegal,

(v) Estabilidade Política e Legal: a integração reforçaria as já fortes instituições democráticas de Cabo Verde, alinhando-se com os padrões europeus de boa governação, estado de direito e direitos humanos;

(vi) Fortalecimento das Relações com Portugal: embora as relações atuais sejam excelentes (com uma "Parceria Especial" entre a UE e Cabo Verde), a autonomia dentro de Portugal solidificaria ainda mais esses laços históricos e culturais. (...)


(Continua)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

(Continuação)

Desafios e Desvantagens Potenciais

(i) Perda de Soberania: Cabo Verde perderia a sua independência plena, passando a ser uma região administrativa de Portugal, com a sua autonomia limitada pela Constituição Portuguesa e pelo direito da UE; esta seria uma decisão de enorme peso político e histórico;

(ii) Impacto na Identidade Nacional: a nação cabo-verdiana construiu uma forte identidade desde a independência: a re-integração em Portugal poderia levantar questões sobre a preservação da cultura, língua (crioulo) e especificidades cabo-verdianas;

(iii) Adaptação Legislativa e Burocrática: a adesão plena implicaria a adoção de todo o acervo comunitário da UE, o que seria um processo complexo e exigiria uma grande capacidade administrativa e legal para implementar as diretivas e regulamentos europeus;

(iv) Concorrência no Mercado Interno Português: embora haja benefícios no acesso ao mercado único, as empresas cabo-verdianas poderiam enfrentar maior concorrência de empresas portuguesas e europeias;

(v) Custos de Adaptação: a transição poderia implicar custos significativos para adaptar as infraestruturas, sistemas e regulamentações aos padrões europeus;

(vi) Gestão de Disparidades Regionais: mesmo dentro de Portugal, existem disparidades entre as regiões autónomas e o continente. Cabo Verde, com as suas especificidades insulares e económicas, poderia continuar a enfrentar desafios na gestão dessas disparidades.

Conclusão

A decisão de Cabo Verde se tornar uma região autónoma de Portugal e se integrar na UE seria uma mudança sísmica com potenciais benefícios económicos e sociais consideráveis, mas também com custos elevados em termos de soberania e identidade nacional.

Atualmente, Cabo Verde e a União Europeia já mantêm uma Parceria Especial robusta, que abrange áreas como boa governação, segurança, estabilidade, integração regional, sociedade do conhecimento e combate à pobreza. A UE é um parceiro importante para o desenvolvimento de Cabo Verde, com investimentos em energia, economia azul e conectividade digital.

Se Cabo Verde estaria "melhor" é uma questão de perspetiva e prioridades. Para muitos cabo-verdianos, a independência é um valor inalienável. Para outros, os benefícios económicos e a segurança que adviriam da integração poderiam ser mais atrativos. Seria uma decisão que exigiria um profundo debate nacional e um consenso alargado, ponderando a história, a identidade e as aspirações futuras do povo cabo-verdiano.


(Revisão / fixação de texto, itálicos e negritos: LG)

Antº Rosinha disse...

Tambem a Madeira e Açores simularam em 1975 uma amostra de se afastarem, mas o MFA não tinha ninguém em concreto (armado)a quem entregar o poder.

É que segundo alguns revolucionários daquele tempo eram claros, "em democracia, até se o Algarve quiser a independência...!

E se não fosse a pressa do MFA entregar rápido e em força, o mais depressa possível de mão beijada o poder ao PAICV, não sabemos o que aconteceria, pelo menos em algumas ilhas.

Mas uma desvantagem para os caboverdeanos, enormíssima desvantagem, imaginem tal como a Madeira, que chega a ter a TAP semanalmente todo o ano, a "passear" 4, 5 e mais equipas de futebol, basquet e tudo o que mexa, p'ra lá e p'ra cá...p'ra cá e p'ra lá!

Sem falar nas mordomias de inúmeros deputados tal como os clubes com os subsídios respectivos inerentes à insularidade.

Luís Graça, penso que a IA está demasiado ignorante quanto à subsídio-dependência de um ilheu europeu.

Será que eram assim previsíveis os homens do MFA e os políticos, desembarcados em Santa Apolónia? É que já o Salazar dizia na única viagem que fez fora do continente, à Madeira (está escrito), dizia ele, "A Madeira é muito bonita, mas é muito ingrata" .

E se somássemos às ilhas de Caboverde, as ilhas Bijagós?

Mas ainda aquela dos guerrilheiros caboverdeanos a treinar em Cuba, imaginemos em qual das ilhas um dia desmbarcariam?

Como sabemos que a verdadeira história colonial portuguesa ainda será escrita por historiadores caboverdeanos, eles explicarão.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Hoje não era mais possível fazer a guerrilha que o PAIGC fez na Guiné...Tal como era impensável há 60 anos em Cabo Verde...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Rosinha, era difícil em 1975 os cabo-verdianos esquecerem as grandes fomes de 1941/43 e 1946/48, que mataram dezenas milhares... O meu pai falava dessa tragédia...Esteve lá durante a II Grande Guerra...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A capacidade de revolta do ser humano é muito limitada em situações - limite como a fome, a guerra, a privação de liberdade...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E depois vemos pelos exemplos da história que é mais "fácil" trocar a "liberdade" pela "segurança" e a "sobrevivência" mesmo sem dignidade...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A gente esquece que Cabo Verde foi uma sociedade escravocrata...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O "cheguevarismo" foi uma "doença infantil" que contaminou muitos movimentos revolucionários da década de 60... Infelizmente, o Amilcar Cabral não estava vacinado... e também foi contaminado... Felizmente que ninguém destes jovens desembarcou na ilha das Gatas...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Praia das Gatas, ilha de São Vicente, queria eu dizer.