domingo, 14 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13608: Convívios (626): Encontro anual do pessoal do HM 241 de Bissau, dia 4 de Outubro de 2014 em Coimbra (Manuel Freitas)





1. Em mensagem do dia 10 de Setembro de 2014 o nosso camarada Manuel Freitas (ex-1.º Cabo Escriturário do HM 241, Bissau, 1968/70), dá notícia do próximo Encontro Anual do Pessoal daquele Hospital.






Encontro anual do pessoal do HM241 - Guiné

Coimbra - Dia 4 de Outubro de 2014

Bom dia amigo,
A exemplo dos anos anteriores agredecia-te o favor de publicares no blogue o nosso encontro de 2014.

Ex-Militares do HM241 GUINÉ - Anos de 1966 a 1972

Concentração: Dia 4 de Outubro de 2014
Local: Coimbra - Largo do Convento Novo Santa Isabel
Hora: 10h30
Almoço: Restaurante O Verdadeiro Pingão - Ança
Contacto: Manuel Freitas TLM 964 498 832

Muito agradecido pela atenção envio um grande abraço
Manuel Freitas
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13593: Convívios (625): I Encontro de paraquedistas do Oeste... Lourinhã, 6 de setembro de 2014... Parte IV: Saltos de paraquedas no estádio municipal... Revivendo emoções fortes

Guiné 63/74 - P13607: Dossiê Os Libaneses, de ontem (e de hoje), na Guiné-Bissau (6): Ainda as libanesas de Nova Lamego (José Martins / Valdemar Queiroz / Abílio Duarte)


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  c. 1966 > Uma rua (ou a rua principal), com  a estação dos CTT à esquerda..


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1966 > Uma rua (ou a rua principal).

Fotos do álbum de Manuel Caldeira Coelho (ex- fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68)

Fotos: © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados [ Edição: LG]


1. Comentários ao poste P13605 (*):

(i) José Marcelino Martins [. ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70]



Das duas, três: ou andava cego, ou não via nada, ou as libanesas chegaram com os "Racal".

Ou será que "há um apagão" na minha memória?

Pouca me recordo de Nova Lamego. Guardo a memória da rua principal, da administração ao "aeroporto"; o edificio do batalhão, com a sua varanda, e a casa da CCaç 5, do outro lado da rua. Pouco mais.

Das libanesas não me lembro. Não lavei os olhos.


(ii) Valdemar Queiroz:

Que pena tenho eu não estar em Nova Lamego, em 1972/74, para ver as libanesas, porque em 1969/70 tinhamos que ir a Bafatá ver os seus olhos verdes.

Ó Marcelino Martins, tens toda a razão e eu, em 1969/70, também não me lembro de estabelecimentos de libaneses, no Gabu. Havia a casa do sr. Caeiro. Vendia tudo, pomada prós calos, ventoinhas, frigoríficos a petróleo, e até material militar (facas de mato) pra algum 'piriquito' despassarado.

Também havia, no Gabu, outro português, que fazia uns frangos de churrasco, de caír pró lado. Era na saída, para Bafatá e lembro-me que o empregado, um africano, tinha hora de saída. E o patrão dizia: “Vocês é que são os culpados, destes gajos terem horário de saída”…. O que nós fomos 'arranjar'.

Mas, José Marcelino Martins nunca vi nenhuma libanesa em Nova Lamego e eu não era cego. Lembro-me da filha do Sr. Caeiro, aparecia poucas vezes, era de cair pró lado, boa como o milho, rapariga prós vinte e poucos anos, sempre à espera dum capitão. Mas, ver as libanesas, de olhos verdes, raparigas bonitas, tinhamos que ir a Bafatá.

Quem me dera, estar em Bafatá naquele tempo, tinha vinte e poucos anos,.

(iii) Abílio Duarte [, ex-fur mil art, CART 2479 / CART 11, Os Lacraus, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70; foto atual  à esquerds]

Olá, Valdemar,Para entrar no debate, havia sim senhor várias lojas de Libaneses em Nova Lamego.
Na rua principal havia duas ou três, e numa rua perpendicular, para os lados do mercado também.

Reparei em algumas delas, apesar de na altura não andarem muito pelas ruas. Por ser obvio.
Não sei se passaste a passagem de ano 69/70, comigo , o Cunha, etc. no CineClub, lá de Gabú. Pois nessa noite de reveillon, mulheres libanesas e bonitas era mato. Vê lá se te recordas.

(iv) Anónimo:

Qual delas, das filhas do Caeiro, estás-te a referir àquela que andou com o Vera Cruz, e tinha a alcunha de “Rebenta minas” ?


(v) Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]

Boas, Duarte.

Não me lembro das libanesas em Nova Lamego. Lembro-me do tal fim de ano (69/70) no cine-club, mas não me lembro das libanesas, também não me lembro de quantas garrafas de 'bioxene' foram deitadas a baixo, se calhar foi por isso.

A filha do sr. Caeiro que me recordo, era uma bem jeitosa que andava sempre 'doente' atrás do, julgo, Tenente Médico, mas ela queria era um Capitão, a outra, a “rebenta-minas”, era gordinha mas fazia torcer o pescoço à rapaziada.

Mas das libanesas de Nova Lamego não me lembro e naquela altura tinha boa memória.
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Nota do editor:

sábado, 13 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13606: Bom ou mau tempo na bolanha (66): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (6) (Tony Borié)

Sexagésimo quinto episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Resumo do sexto dia

Usavam botas altas e chapéu à cowboy, sujas de terra e lama, mas falavam pelo telefone “Geração 5”, eram um simpático casal de agricultores, rostos “corados”, como se dizia na minha aldeia, naquele tempo, das pessoas que eram um pouco fortes na estatura e nós dizíamos que mostravam saúde, tanto um como outro, nos intervalos do telefone, gesticulavam, caminhando de um lado para o outro, até meterem conversa connosco.

Nós, pacientes, esperávamos que um mecânico nos fizesse um serviço de rotina, no Jeep e na Caravana, pois além de sempre terem rolado sem qualquer problema, adaptando-se muito bem ao terreno, que podia ser suave ou acidentado, mas já lá iam algumas centenas de milhas e havia que trocar o filtro e o óleo ao Jeep e revisar todo o sistema, pois a partir daqui iríamos rolar em estradas quase desertas e as nossas vidas dependiam da “saúde” do Jeep, que se portou sempre muito bem, mesmo nas “aflições” do tráfico ou no acidentado do terreno.


Mas, continuando, aquele simpático casal, que também esperava pelos serviços do mecânico, oriundo e residente na província de Alberta, agricultores, dizia-nos com um certo orgulho, que Alberta possui uma das economias mais fortes e influentes do Canadá, dizia-nos mesmo que as suas quintas abastecem todo o Canadá, em outras palavras, é Alberta que dá de comer a todo o país. Sabendo que éramos oriundos da Florida, nos USA, convidaram-nos a ir à sua quinta, passar um dia com eles, ver o que produziam e como sobreviviam, principalmente na época de inverno, em que dois poços de petróleo, que tinham na sua quinta, eram parte da sua sobrevivência e, diziam-nos, num inglês com algumas palavras em francês pelo meio, que só podiam vender um tanque de óleo em bruto, saindo lá das “entranhas” da sua quinta, por semana, esse “nós” era talvez referindo-se a sermos do lado lá, dos USA, só lhe comprávamos um tanque por semana, pois “nós”, ouvimos, não sabendo qual era o tamanho do tal tanque que lhe comprávamos por semana, trocámos endereços, ficando sem saber o que nos diziam em idioma francês, mas a sua cara e gestos, mostravam simpatia. Agradecemos muito a gentileza, mas não nos queríamos desviar do nosso programa, pois o nosso destino era o norte.


Tudo isto aconteceu num estabelecimento credenciado de mecânica, pois foi o que fizemos logo pela manhã, ainda na cidade de Red Deer, tomando de seguida o destino do norte, desviando-nos por estradas secundárias, por indicação dos nossos recentes amigos, que nos guiaram por alguns quilómetros, deixando-nos, levantando o braço de dentro da cabine da sua potente “pick-up”, com um forte “bonne chance à l’Alaska”, em idioma francês, (boa sorte até ao Alaska) já perto da estrada número 43, em direcção ao nosso destino, que era a cidade de Dawson Creeck, lá no norte, que nos haveria de dar acesso ao famoso “Alaska Highway”.


Lá fomos, viajando sempre na província de Alberta, que é uma das dez províncias do Canadá, criada no ano de 1905, quando se separou dos “Territórios do Noroeste”, que eram parte das “Províncias das Pradarias” e das “Províncias Ocidentais”, assim sendo, no passado ano de 2005, Alberta celebrou seu centenário como província.


Também nos dizem que esta província possui duas grandes cidades, uma é Calgary, a maior cidade de Alberta e a capital financeira da província, e a outra, que é Edmonton, a capital política e industrial. A província é uma grande produtora de petróleo e de gás natural. Alberta produz mais de 70% do petróleo e do gás natural do Canadá, sendo boa parte destes recursos naturais exportados para os USA, além disso, a agropecuária, a indústria de manufaturação, finanças e o turismo também possuem grande importância para a economia da desta província.

A região onde actualmente Alberta está localizada, pertencia anteriormente à “Companhia da Baía de Hudson, mas em 1870, esta Companhia cedeu os seus territórios ao governo do Canadá, e estes passaram a ser chamados de “Territórios do Noroeste”, ocupando a região onde atualmente estão as províncias de Alberta, Manitoba, Nunavut e Saskatchewan. Em 1882, o governo canadense nomeou a região da atual Alberta de “Alberta”, em homenagem à princesa Louise Caroline Alberta, filha da Rainha Victoria do Reino Unido.


Continuando, percorremos planícies, algumas montanhas, zonas desertas, vendo poços de petróleo trabalhando, manadas de gado bovino, quintas em funcionamento, máquinas agrícolas com o pessoal trabalhando, com o trânsito a ficar mais escasso, onde por vezes viajávamos sozinhos, por uma distância de muitos quilómetros, tudo isto, aproximando-nos mais do norte.

As estações de serviço iam sendo mais raras, o preço da gasolina ia subindo, em muitos lugares, sabendo que éramos provenientes dos USA, não aceitavam, ou não tinham sistema de “credit card”, pagávamos em dólar americano e davam o troco em dólar canadiano, nós sempre que víamos uma estação de serviço aberta, parávamos e comprávamos gasolina, água para beber, fruta, pão ou biscoitos, claro, quando havia.



Já muito perto das onze horas da noite, ainda havia algum sol, a poucos quilómetros da cidade de Dawson Creek, num local onde a estrada formava um grande espaço livre numa zona em reparação, não tendo encontrado antes nenhum parque de campismo, já nos preparávamos para ali mesmo instalar a nossa caravana para dormirmos, quando uns trabalhadores da construção da estrada, que viviam numa casa/contentor, nos disseram que havia, uns quilómetros à frente, na povoação de Beaverlodge, ainda na província de Alberta, um Motel onde podíamos descansar e tomar banho. Foi o que fizemos, num motel muito original, pois no mesmo edifício estava localizada uma loja de bebidas, que estava aberta 24 horas por dia, o que devia de ser normal, pois naquela povoação, nesta época do ano, lá no norte, era quase sempre de dia.

Neste dia percorremos 448 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $1.32 e $1.72 o litro.

Tony Borie, Agosto de 2014.
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13580: Bom ou mau tempo na bolanha (64): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (5)

Guiné 63/74 - P13605: Dossiê Os Libaneses, de ontem (e de hoje), na Guiné-Bissau (5): O libanês, ou melhor, a libanesa de Nova Lamego (António Santos, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, 1972/74)


Guiné > Região de Bagu > Nova Lamego > Pelo Mort 4574/72 > O António Santos operando [, ou posando para a fotografia com ] um Racal TR 28-B2. Foto  tirada nas traseiras do edificio do comando em Nova Lamego.

Foto: © António Santos (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. Mensagem do António Santos ], grã-tabanqueiro da primeira hora, ex-sold trms, Pel Mort 4574/72, Nova Lamego, 1972/74],

Data: 11 de Setembro de 2014 às 22:30

 Luís, Vinhal e Cardoso.

Abraços para todos.

Agradeço a partilha deste texto do Joaquim, que como todos os outros nos transporta por momentos à nossa Guiné, e por conseguinte às boas ou menos boas lembranças que todos nós transportamos.

Para acrescentar ao texto do Cardoso, se isto for possível. Eu, o que recordo mais  é do libanês que se situava em frente ao CAOP, E a mulher que era boa como o milho!

Assim que entrávamos na loja,  o Libanês tratava logo de a fazer desaparecer para a parte de trás da mesma,  Recordo que as minhas visitas poucas vezes eram de cliente, era mais de olheiro, (como no futebol). Hoje diria., mais apropriadamente,  que ia "lavar a vista".

Andei dois anos a visitar a loja e poucas vezes fui cliente, normalmente andava com os bolsos vazios, e isto porque para lá chegar passava quase e sempre pelo Jacó onde gastava o pouco que havia no comes e bebes.

Dou por terminada a minha pequena recordação do libanês, ou melhor,  da libanesa.

Despeço-me com valente alfa bravo.
ASantos
SPM 2558

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13604: Tabanca Grande (445): Welcome aboard, captain!... Rui Pedro Silva, grã-tabanqueiro nº 666 (que grande capicua!): do Lobito aos Dembos (Angola), de Mafra a Caboxanque (Região de Tombali, Guiné): ex-cap mil, CCAV 8352 (1972/74)




Guiné > Região de Tombali > Caboxanque > CCAV 8352 (1972/74) > Guia da companhia e comandante da companhia, o cap mil Rui Pedro Silva.


Fotos. © Rui Pedro Silva (2014). Todos so direitos reservados


I.  Mensagem do nosso  Rui Pedro Silva, que passa a ser, desde hoje, membro de pleno direito da Tabanca Grande, depois de cumpridas as formalidades previstas...


Data: 6 de Setembro de 2014 às 01:08

Meus caros editores:


Junto envio em Word 2 fotografias – uma minha em Caboxanque e outra do estandarte da companhia – assim com uma breve cronologia da minha companhia e simultaneamente da minha de vida de militar miliciano. Em separado envio uma fotografia actual que pedi 'emprestada' a um post do Magalhães Ribeiro. Espero que a resolução das fotografias estejam publicáveis.

Quanto ao número de entrada no blog – 666 -, que por brincadeira referi ao Luís em Monte Real, quando nos conhecemos, não tem nada de Kabbalah. Nada de esoterismos portanto. Num próximo encontro perceberás do que se trata. Assim atribuam o número que me calhar na sequência de adesões.

Um abraço aos três e por vosso intermédio aos camaradas da Tabanca Grande.

Rui Pedro Silva



II Autoapresentação de Rui Pedro Silva, grã-tabanqueiro nº 666, ex-alf mil, CCAÇ 3347 (Angola, 1971), ex-ten mil, BCAÇ 384'0 (Angola, 1971/72), e ex- cap mil, CCAV 8352 (Guiné, Caboxanque, 1972/74)

Caros Camaradas

Em primeiro lugar quero felicitar o Luís Graça, fundador da Tabanca Grande, pela criação do blog e, também, todos quantos ao longo dos anos nele têm partilhado as suas experiencias e opiniões.

A minha apresentação aos “Homens Grandes” desta Tabanca foi uma decisão que ponderei durante anos, tantos quantos aqueles que levo acompanhando o blog e os seus escritos. O impulso inicial de partilhar a experiencia que vivi na Guiné foi sendo contrariado por 4 ordens de razões:

(i) Pela “metralha” que por vezes cruzava os céus da “Tabanca Grande”. Nalguns assuntos houve intervenções, observações e comentários feitos de forma muito pouco fraternal e até, se os editores me permitem, para além dos limites definidos na linha editorial. E tanto anos passados não me apetecia apanhar com fogo cruzado, ainda que fogo ‘amigo’. 

(ii) No blog sugere-se: ‘Ajuda os teus ex-camaradas a reconstituir o puzzle da memória da Guiné (1963/74) …’ Mas a memória é tão traiçoeira, mesmo quando auxiliada por diários, cartas, relatórios e outros suportes semelhantes, que por vezes desajuda e muito. ‘Não somos historiadores’ e é talvez esta a preocupação que terei que ter sempre presente para relativizar os desajustes de memória que inevitavelmente ocorrerão. 

(iii) Depois temos o problema dos ‘ses’. Se se fizesse isto, então resultaria aquilo, como se na vida, e na guerra, pudesse haver contraprova. Por vezes a especulação é apresentada como uma alternativa infalível. Se tivessem feito isto não aconteceria aquilo. Se a especulação é uma boa ferramenta num debate de ideias é um mau caminho se pretende substituir a realidade. 

(iv) Por fim discordo das generalizações e da frequente confusão entre a visão da árvore e da floresta. Uma dada situação vivida num determinado tempo e espaço não pode ser generalizada a todo o teatro de guerra, e as variáveis em jogo são tantas que dificilmente se pode avaliar o todo pela parte.

Mas esta é apenas e tão só a minha opinião e a razão das dúvidas que fui tendo sobre a adesão à “Tabanca Grande”. Tudo ponderado decidi que valia a pena correr estes riscos e avançar com este pedido de adesão à Tabanca Grande. Sou adepto de uma boa querela mas sempre respeitando a dignidade de cada interveniente. 

Desde há dois anos que tenho frequentado o convívio mensal da “Tabanca do Centro”, em Monte Real, por convite do Manuel Reis (CCav 8350- Guileje, 1972/74), e este ano, pela primeira vez, participei no almoço da Tabanca Grande onde conheci o Luís Graça e a quem manifestei a vontade de aderir ao blog. Assim aqui estou a apresentar-me, com vontade de me sentar à sombra deste Grande Poilão. E se houver alguma ‘fogachada’ que seja por boas razões.

A cronologia que vos apresento agora conta, por si mesma, uma história onde se entrelaça a minha vida como militar e a da companhia que tive a honra de comandar. Mas esta cronologia será também um roteiro daquilo que quero partilhar convosco, mas não necessariamente pela ordem apresentada.

O tempo da comissão correu vertiginosamente umas vezes e demasiado lento noutras, tão lento que julgávamos nunca mais chegar ao fim. Para mim foram uns redondos 1234 dias, alguns valendo séculos, outros esgotando-se em segundos. Pelo meio vivi as “ 7 guerras de um capitão miliciano” a que prometo voltar

  • Incorporação em Mafra a 15-04-1971 – COM;
  • Mobilização para Angola a 6-10-1971 – alferes; 
  • Integração na CCaç 3347 no Mucondo, Dembos;
  • Transferência para BCaç  3840 em Dezembro de 1971 – Zemba, Dembos;
  • Retorno a Mafra 03-02-1972 – Tenente – início do CCC;
  • Fim do CCC em Junho/Julho de 1972;
  • Transferência para o RC3,   Julho 1973 – Estremoz;
  • Atribuição do comando da CCav 8352;
  • Constituição da CCav  8352 até Outubro de 1972;
  • Mobilização da CCav 8352 para a Guiné:
  • Deslocação para a Guiné a 4-11-1972 – Capitão;
  • IAO. no Cumere até 18-11-1972;
  • Deslocação da Companhia para Cufar a 19-11-1971 via aérea e LDG;
  • Integração na actividade operacional da Zona de Cufar: estrada para Catió, segurança da pista e do porto, patrulhamento da zona;
  • Criação do COP 4 com sede em Cufar, sob comando do Sr. Tenente-Coronel Araújo e Sá, comandante do BCP 12;
  • Inicio da Operação “Grande Empresa”, ocupação do Cantanhez a 12-12-1972;
  • Ocupação de Caboxanque pela CCaç 4541 e um bi-grupo pára-quedista e de Cadique pela CCaç. 4540 e um bi-grupo pára-quedista;
  • Transferência da CCav 8352 de Cufar para Caboxanque – Cantanhez a 21-12-1972 onde ficam sediadas a CCaç 4541, a CCav 8352 e a CCP 122;
  • Em Cadique ficam sediadas a CCaç.4540 e a CCP 121;
  • As três CCP do BCP 12 rodavam periodicamente entre Bissau, Cadique e Caboxanque;
  • Ocupação de Cafal pela CCaç. 3565 e o DFE 1 em Cafine;
  • Primeira flagelação do PAIGC sobre Caboxanque com feridos entre os pára-quedistas na primeira semana de Janeiro de 1973;
  • Início da actividade operacional em Caboxanque;
  • Inicio da construção da estrada Cadique – Jemberem; 
  • Ocupação de Jemberem;
  • Ocupação de Chugué e Cobumba em princípios de Abril de 1973;
  • Mortos e feridos entre a população de Caboxanque com fogo amigo (Obus) em meados de Maio de 1973;
  • Final da Operação “Grande Empresa” no final de Maio de 1973, extinto o COP4 e transferência do CAOP 1 de Mansoa para Cufar com a responsabilidade operacional da zona sul da Guiné;
  • As companhias pára-quedistas sediadas no Cantanhez são deslocadas para Gadamael;
  • Em Caboxanque a CCaç 4541 é rendida;
  • Em Cadique a CCaç. 4540 é rendida;
  • Intervenção da CCav 8352 em Cadique no âmbito da operação Estrela Telúrica,  Dezembro de 1973 a Janeiro de 1974;
  • Mais uma flagelação a Caboxanque, a 8 de Março de 1974, de que resultou a morte de dois soldados da CCav 8352,  o António Correia e o João Branco;
  • Intervenção da CCav.8352 em Bedanda em finais de Março de 1974, numa operação conjunta com os fuzileiros estacionados no Cumbijã;
  • 25 de Abril de 1974;
  • A CCav8352 é rendida pela CArt. 6520;
  • A CCav 8352 é transferida para Bissau – Combis;
  • A 28 de Agosto de 1974 regresso a Lisboa e comigo a CCav 8352.

Beirão pelos avós maternos e paternos, angolano de nascimento e filho de angolana, foi em África que vivi os meus primeiros 14 anos de vida. Como africano pisei pela primeira vez a Guiné com os sentimentos repartidos entre o regresso a África e a participação numa guerra da qual discordava.

A apresentação já vai longa mas conto com a vossa compreensão para esta piriquitice.


Um abraço

Pui Pedro Silva

III. Comentário de LG:

Meu caro capitão, e camarada: Ontem, como hoje, é preciso coragem e lucidez para tomar decisões, comandar, liderar... Decidir é escolher entre duas ou mais alternativas. Somos duma geração que tinha um leque reduzido de alternativas para escolher. Foi a nossa historicidade... E mesmo hoje não é fácil, a um comandante operacional, miliciano ou do quadro, que tenha feito a guerra colonial, decidir juntar-se a um blogue de antigos combatentes como este que cultiva o pluralismo, a frontalidade, a exigência de verdade e a cumplicidade da partilha de memórias e de afetos...  O nosso blogue é também uma montra, com vidros transparentes.. e quebradiços.

Dito isto, eu (e os demais editores e colaboradores permanentes do blogue) só podemos estar felizes por,  ao fim destes anos que nos acompanhas, "do lado de fora",  teres tomado a decisão (ponderada) de te juntar à malta nesta caserna virtual,  seguramente a maior, de  ex-combatentes do TO da Guiné... Por isso, também escolhemos a designação de Tabanca Grande, ou mãe de todas as tabancas, onde cabemos todos com tudo o que nos une e até com aquilo que nos separa (e nos enriquece).

Como todos os partos, o nosso blogue tem teve dor e até violência, ou não fosse obra de gente de carne e osso.  Mas o mais importante é a honra (e o prazer) que nos dás de te sentares no lugar nº 666 (uma feliz capicua), à sombra do nosso mágico e fraterno poilão. 

Welcome aboard, captain!

Umn abraço também ao teu "padrinho" Manuel Augusto Reis, discretíssimo mas sempre valioso grã-tabanqueiro,  de longa data.

Luís Graça

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Guiné 63/74 - P13603: Notas de leitura (631): “2011 Guiné-Bissau" por Ana Vaz Milheiro (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Fevereiro de 2014:

Queridos amigos,
Aqui vão imagens de nostalgia daquelas últimas décadas do Império da Guiné.
Ficamos a saber que o engenheiro de minas José Guedes Quinhones foi o responsável pelo plano de 1919 de que veio a nascer a Bissau que Sarmento Rodrigues pôs em execução.
Ouvimos falar na Garden City, a cidade jardim dos trópicos, vemos projetos que tinham em atenção as condições do clima e a defesa contra a insolação. Refere-se que o HM 241 tinha um serviço de ortopedia que estava entre os melhores do Império e do continente africano. Há ruínas de edifícios dos CTT, abandonados à sua sorte, a crueldade é tanta que ninguém pensa na sua revalorização.
Enfim, uma amostragem pela arquitetura do Estado Novo que jaz agonizante ou não valorizada.

Um abraço do
Mário


Um olhar sobre a arquitetura da Guiné-Bissau, por Ana Milheiro

Beja Santos

Ana Vaz Milheiro é docente do ISCTE e está a preparar pós-doutoramento em arquitetura luso-africana do período do Estado Novo. É investigadora responsável do projeto “Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitetónica”. É dela, em colaboração com Eduardo Costa Dias, Doutor em Antropologia Social e investigador do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, o precioso “2011 Guiné-Bissau”, Circo de Ideias – Associação Cultural, 2012.

Escreve a autora: “Fui à Guiné-Bissau à procura do Estado Novo, em outubro de 2011. Até ao desembarque, a imagem que tinha da Guiné-Bissau baseava-se nas pesquisas documentais iniciadas três anos antes, recolhidas em livros e opúsculos, nos desenhos, projetos e documentos, em fotografias. Em 2009, Eduardo Costa Dias deslocou-se a Bissau, como faz quase todos os anos. Generosamente, acedeu em fotografar uma primeira lista de edifícios públicos construídos na capital guineense depois da Segunda Guerra Mundial. Do cruzamento das imagens dos edifícios com os projetos arquivados em Lisboa saíram as primeiras ‘narrativas’ sobre Bissau. Faltava o confronto com a cidade real. A viagem levou-nos a Safim, Nabijões, Bafatá, Gabu, Sonaco, Contubuel, Bula, Canchungo, Cacheu e Mansoa”. Estamos em Bissau.

Estamos em Bissau, e a arquiteta Ana Milheiro dá-nos uma novidade sensacional: “A cidade contemporânea começa a ser planeada na sequência dos acontecimentos militares de 1913, assinalando os esforços de João Teixeira Pinto para estabilizar a presença portuguesa na região. Com a I República cresce o sentimento de embelezar a cidade. O plano de 1919, do engenheiro Guedes Quinhones, não só dá início ao processo de monumentalização do espaço urbano como corresponde à sua expansão para lá do perímetro primitivo. Cruza a baixa densidade da Garden City, propondo uma praça radial, implantada na cota mais elevada, ligando-se, através de um boulevard, à zona baixa e portuária. A Av. Amílcar Cabral é, então, a Av. 31 de Janeiro. Os limites da cidade são assegurados por uma “Avenida de cintura”, que faz fronteira com os subúrbios, onde a população africana se irá fixar. Identificam-se os lotes das instalações da energia elétrica e abastecimento de água, do Palácio do Governo, do Novo Hospital e do Banco Nacional Ultramarino. Formam um programa mínimo de equipamento (a que se junta a escola primária, c. 1922) que o Estado Novo reforça depois de 1945. A estratégia estado-novista passa por diminuir os vestígios deste urbanismo de perfil republicano, apropriando-se dos seus símbolos”.

Imagem de Bissau inserida no livro de Ana Vaz Milheiro

Três anos após a passagem de Bissau a capital, chega o arquiteto Paulo Cunha, vem com a responsabilidade de construir casas, a capital está muito carente. O padrão unifamiliar marca a escala de Bissau, contribuindo para acentuar uma fisionomia do tipo Garden City

Uma vista das moradias de Bissau construídas entre 1944 e 1946

A deambulação prossegue pelas ruinas do Hospital 3 de Agosto e a autora observa: “O seu estado ruinoso atual não impede a constatação da qualidade da arquitetura da última fase da presença colonial”. Detém-se na Sé de Bissau, urdida por João Simões em 1945. No lado oposto da avenida encontra-se a sede dos correios cuja fachada é monumentalizada à maneira das obras do Estado Novo. E chegamos a um equipamento que os arquitetos muito apreciam: a estação meteorológica de Bissau. E Ana Milheiro escreve: “É a questão do clima e, mais precisamente a necessidade de isolamento térmico, que irá definira opção por uma cobertura plana, desafiando as rotinas habituais que preferem telhados inclinados. Nas especificações construtivas, refere o arquiteto que o revestimento da cobertura é composto por pequenas lajes soltas que produzem o mesmo efeito de uma caixa de circulação de ar”.

Estação Meteorológica, Lucínio Cruz, 1952, Bissau

Seguem-se visitas aos bairros de Santa Luzia e da Ajuda, há também um olhar demorado sobre a sede do PAIGC outrora a Associação Industrial e Comercial de Bissau, e, ali bem perto há o edifício sede da TAP. A visita a Bissau está praticamente concluída, tira-se uma impressiva fotografia ao pedestal da estátua de Diogo Gomes, o que da estátua resta encontra-se no forte de Cacheu.

Seguem para Bafatá, e depois Contubuel. Diz a autora: “É um sítio histórico extraordinário”. O lugar, famoso pelas madrassas da etnia Mandinga, ostenta vestígios coloniais. Ali se fundou uma missão católica nos anos 50. Ainda em Contubuel, há uma paragem no mercado e a autora escreve: Materializa um desenho elementar: “Um pavilhão só parcialmente fechado com elementos cerâmicos vazados, rematado com uma cobertura de duas ou quatro águas. O recurso a projetos-tipo está instalado entre os profissionais dos organismos públicos que desenham para África durante o Estado Novo. Na Guiné, encontramos pelo menos quatro séries. A escola primária. A estação de correios com residência para o chefe de posto. O celeiro comunitário. E o mercado-telheiro”. Impressiona-se com a escola primária de Cacheu, chama-lhe à atenção o Cine-Canchungo e diz o seguinte: “Aparece nos relatos dos antigos combatentes como local de visionamento de filmes improváveis. A Mulher Infiel de Claude Chabrol, exibido em dezembro de 1972, é um deles. Durante a década de 60, o conflito armado determina a escala alcançada pelos equipamentos diretamente ligados ao esforço militar: instalações hospitalares, aquartelamento ou clube militar”.

Cine-Canchungo, década de 1960

E não esconde o seu maravilhamento com a estação dos CTT de Gabu, e comenta: “O gaveto da estação dos Correios, Telégrafos e Telefones de Gabu funciona como expressão arquitetónica da urbanidade ambicionada para as povoações interiores da Guiné no período colonial. Um edifício que se abre em esquina é um edifício que desenha em cidade. O projeto repete-se, pelo menos, em Bissorã, Mansoa e Bafatá, nesta última com maiores dimensões. Visitámos o posto dos Correios, agora encerrado, e entrámos na casa do antigo chefe. De área mínima, a habitação é, todavia, um privilégio concedido pelo Estado Novo aos seus funcionários”.

O melhor é folhear calmamente o que Ana Vaz Milheiro captou e sentiu. O livro faz parte de uma coleção que procura construir um mapa afetivo de viagens. A arquiteta passou o teste e legou-nos uma pequenina joia de edifícios que milhares e milhares de ex-combatentes nunca esqueceram.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13585: Notas de leitura (630): “Estudos sobre Literaturas das Nações Africanas de Língua Portuguesa”, por Alfredo Margarido (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13602: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (88): Notícias dos nossos camaradas João Crisóstomo (Nova Iorque) e Horácio Fernandes (Porto)... Anúncio do próximo convívio das famílias Crispim e Crisóstomo, em 30/8/2015, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras







Anúncio publicado (ou a publicar) no jornal "Badaladas". de Torres V edras



Vilma e João Crisóstomo [ex-alf mil, CCAÇ 1439,
Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66]
1. Mensagem do nosso querido e ilustre amigo e camarada João Crisóstomo (que me telefonou de Nova Iorque mas não me apanhou em casa)


Data: 10 de Setembro de 2014 às 12:07
Assunto: Horácio Fernandes


Caro Luis Graçaa,

Tentei o teu telefone, mas tenho de recorrer-me do e-mail...

Decidi ficar hoje em casa (, são agora 6.00 AM, )  para poder tratar de coisas em atraso.  Como  é o  caso do Horácio com quem acabo de falar ao telefone.

Ele vai responder e explicar o porquê da confusão: pelo que compreendi,  ele não fazia parte dos quadros  do Batalhão de Caçadores 2852 [Bambadinca, 1968/70] ele esteve em Bambadinca  como "agregado" pois o batalhão dele [, o BART 1913, Catió, 1967{69] já tinha regressado à metrópole e ele teve de ficar mais seis meses  para cumprir  o tempo dele.  Coisa bem normal como te deves lembrar , muito  frequente   nos tempos  de guerra na Guiné...

Espera  um e-mail dele.

Fiquei com inveja (e saudades) ... Valmitão, Ribamar... e amigos com quem   estiveste lá.  Haja saúde para podermos repetir todos juntos  na próxima vez...

Abraço grande
João e Vilma


2. Em 29 de agosto últimom, tinha mandado a seguinte mensagem ao João Crisóstomo, que é amigo de longa data do Horácio Fernandes [ex-alf mil, capelão, BART 1913, Catió, 1967/69, e BCAÇ 2852, Bambadinca, 1969; foto atual à direita]

João:

Como vais ? Tudo bem ? E a tua Vilma ?... Falei há dias de ti, ou melhor falámos, em Valmitão, Ribamar, eu, o Álvaro Fernandes e a Filomena, um casal de Ribamar que vive em Nova Iorque, em Yonkers. A Filomena é afillhada da tua mana, se bem percebi, e fez campanha contigo pela causa da independência de Timor Leste. É minha prima, do clã Maçarico. Descobri-a, por acaso, a ela e ao  marido [, professor primário, amigo do Manuel Filipe], bem como aos pais e ao mano Paulo, que também vive na EUA,,, Estavam de de férias em Valmitão... Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

Quanto ao Horácio, preciso que me deslindes esta história... Eu não tenho o contacto dele (telemóvel e email): a questão é de confirmar em que altura exata (e por quanto tempo) esteve ele em Bambadinca: maio a dezembro de de 1969 ? O seu nome não conta da história do BCAÇ 2852, o batalhão que estava nessa altura em Bambadinca...

Um abraço. Bj para a Vilna. Luis

3.  Mail anterior do João Crisóstomo,  com data de 10 do corrente,  com conhecimento ao Horácio Fernandes:


 Caro Luis Graça, desculpa não ter respondido ainda. É que ainda não tive ocasião de falar com o Horácio. Sucede que tenho muita correspondência dele e quero ver se por acaso tenho alguma carta ( (aerogramas, lembras-te ?) escrita por ele que pudesse lançar luz sobre isso. 

Mas ainda não tive tempo. Estou (,ando sempre...) abarrotando de trabalho...mas agora reparo que dizes não tens os contactos dele. Aqui estão:vai i endereço de email, o telefone fixo, o telemóvel dele e o da Milita [...] 

Coloquei há duas semanas um anuncio no jornal Badaladas, de Torres Verdas, anunciando o nosso convívio para 30 de Agosto de 2015 [, Imagem inserida ao alto].   Destina-se primeiramente aos meus familiares espalhados pelo mundo para que, se for possivel, façam as ferias nessa altura... mas evidentemente que quero incluir os meus amigos, como fizemos no ano passado e quando estivermos mais perto farei outro anuncio com tudo bem clarinho...

Um abraço grande (e com muitas saudades ) para todos vocês.... tu e tua esposa Alice, para o Horácio e a Milita...

João e Vilma

4. Fotos das nossas praias do oeste estremenho ("costa de prata", "silver coast"...), para a Vilma e João Crisóstomo, mas também para a Filomena e o Álvaro  Fernandes, nova-iorquinos,  "matarem saudades"... Sem esquecer a Milita (que é de Fafe) e o Horácio Fernandes (que é de Ribamar, Loruinhã), e que vivem no Porto há 4 dácadas... Com, um xicoração muito especial do Luís Graça e da Alice.

PS1 - Espero poder abraçar o Horácio na festa de Ribamar, no próximo mês de outubro... Já sei que a Miloita não pode vir... Há uma caldeirada à nosssa espera, no dia 13!...A organização é do nosso incansavel e insuperaável Eduardo Jorge Ferreira, ex-PA [, Bissalanca, BA 12, 1973/74], também membro da nossa Tabanca Grande [, foto atual à esquerda].

PS2 - A Flomena, de seu nome completo Maria Filomena Fernandes Eugénio, casada com Álvaro Filipe Fernandes (que era professor primário e fez o serviço militar em Angola, tendo regressado na véspera da independência...), a viver nos EUA desde 1977, é prima direita do Horácio Fernandes (as mães são irmãs,  Elvra Neto, a mãe do Horácio, e a Maria da Conceição Fernandes, mãe da Filomena,)...

A bisavó (do lado Maçarico) de ambos era a Maria da Anunciação, casada com Manuel Fernandes. A Maria da  Anunciação era irmã da minha bisavó paterna, Maria Augusta (Ribamar, 28/10/1860- Lourinhã, 26/7/1920). O avô do Horácio, António Fernandes (Maçarico) foi o último construtor naval de Ribamar, emigrou para os Estados Unidos e lá morreu, deixando cá a esposa e três filhos que nunca mais tiveram notícias dele.. Deve ter nascido por volta de 1890. e emigrado nos anos 20.

Em suma, através do blogue descobri mais dois primos, o Horácio e a Filomena, e ambos amigos do João Crisóstomo. Quando era miúdo o João era visita da casa dos pais do Horácio... Ainda fala com muita saudade do Ti Zé Fernandes Nazarté... Embora petencendo a concelhos diferentes, mas vizinhos (Lourinhã e Torres Vedras), Ribamar e Paradas ficam perto uma da outra...

É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande!.


Portugal > Lourinhã > Agosto de 2014 > Praia do Caniçal... A seguir, para sul,  é a Praia de Vale de Frades, Praia da Areia Branca, Praia do Areal Sul, Paraioa da Peralta...Para norte, é o Paimogo...



Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia do Areal Sul, entre a Praia da Areia Branca e a Praia da Peralta... Ao fundo, o forte de Paimogo...


Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia da Peralta... A seguir é o Porto das Barcas, Porto Dinheiro, Valmitão, Porto Novo (esta paria já na na freguesia de A-dos-.Cunhados, Torres Vedras)... Todas estas falésias são da época do Jurássico (200/150 milhões de anos) e
são verdadeiros "cemitérios" de dinossauros...

Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.

Guiné 63/74 - P13601: Tabanca Grande (444): José Maria Pinto Claro, DFA, ex-Soldado Radiotelegrafista de Eng.ª da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861 (Biambe, 1969)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano José Maria Pinto Claro, Deficiente das Forças Armadas (ex-Soldado Radiotelegrafista de Engenharia da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969), com data de hoje, 11 de Setembro de 2014, após ter sido convidado pelos editores a ingressar na nossa tertúlia:

Boa tarde camarada Vinhal

Conforme me foi pedido aqui seguem as informações pessoais.

A minha identificação:
- José Maria Pinto Claro
- Soldado Radiotelegrafista de Engenharia
- Profissão, 1.º Oficial Compositor de Artes Gráficas, Livraria Bertrand, Venda Nova-AMADORA
- Nascido a 23-02-1947
- Ingressei nas fileiras do Exército a 6 de Maio de 1968
- Fui para o Regimento de Transmissões 1 a 6 de Julho onde completei o curso a 9 de Novembro de 1968
- Fui para o Batalhão de Caçadores 10 a 8 de Dezembro de 1968 para ser integrado na CCAÇ 2464/BCAÇ 2861
 
José Maria Claro a bordo do Uíge

- Embarquei em Lisboa, com destino GUINÉ, a 5 de Fevereiro de 1969 no navio Uíge
- Fui ferido em campo de guerra (Biambe), por rebentamento de uma mina anti-pessoal, resultando a amputação da perna esquerda no dia 8 de Abril de 1969
- Saí do HM 241 de Bissau a 19 de Abril de 1969 com destino ao HMP
- Saí do HMP a 8 de Janeiro de 1970, dado como incapaz para todo o serviço militar, com 67,7% de incapacidade.

Quanto a louvores, louvo e felicito a Força Aérea e quem estava no outro lado da linha que atendeu todos os pedidos na prontidão, incluindo a minha evacuação pelo DO e Enfermeiros que quando cheguei ao quartel já estavam na pista à minha espera.

Mais acrescento algumas estórias e dados que considerem relevantes.

Conforme o que foi transmitido pela minha pessoa, é relevante que tinha muito trabalho e responsabilidade às minhas costas sem saber se poderia assim ser, visto que havia mais dois RTs e dois Transmissões de infantaria(*).

Eu era sempre o visado para todas as saídas para o mato, tenho uma versão que não mencionei, mas vou desenvolver:
Foi-me dada ordem pelo Cap. Pratas que tinha de ser eu a fazer as transmissões na saída que iria ser realizada, saída essa que seria às 22 horas para uma emboscada a um certo lugar, que agora não me recordo o nome.
Tinha dito ao Capitão que o aparelho não estava funcionar, mas ele insistiu e exigiu que tinha de lhe transmitir de 30 em 30 minutos.
Tudo bem, a coluna lá saiu, dentro da mata passado os tais 30 minutos, mandei parar os pelotões e tentei a transmissão, o rádio não dava nada, então com a ânsia de cumprir o que me foi exigido, mudei a banda Alta para a banda Baixa e o rádio deu um estoiro, mas ficou com bateria na mesma, então mudei para banda Alta e tive transmissões que foi uma categoria.

Biambe - José Maria Claro ao "telemóvel"

Já na posição de emboscada estou ao lado do alferes (não sei o nome dele, nem o mencionaria, se o soubesse) fiz uma transmissão e perguntam-me que barulho era aquele, eu na minha inocência encostei o micro e disse que era o alferes a ressonar.
À chegada ao quartel, o Capitão estava em cima dos blocos de terra que se tinha afundado para se fazer uma piscina, e quando o Alferes passou, chamou-o ao gabinete e levou uma descasca.

O Radiotelegrafista Claro

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2. Comentário do editor:

Caro camarada e amigo Claro,
Sê bem-vindo a este grupo de camaradas da Guiné que se serve desta página para contar as suas memórias, publicar as suas fotos, comentar postagens de outros camaradas, etc., participando assim na feitura deste espólio de ex-combatentes, melhor dizendo, combatentes, daquela guerra que ditou a morte prematura de quase 10.000 jovens e deixou marcas físicas e psicológicas a muitos milhares, dos quais tu és, infelimente, um testemunho. Esperamos que tenhas ultrapassado psicologicamente a tua deficiência física, se isso é possível na totalidade.
As minas e os fornilhos eram a forma mais cruel de combater, que nos esperava a cada esquina. De parte a parte não se evitava este meio mais covarde de atingir o IN. A cada passo a incerteza do seguinte.
O tempo que passaste nos hospitais, o sofrimento físico e psicológico a que foste sujeito e a adaptação à prótese e à nova vida, não devem ter sido fáceis de suportar. O teu testemunho pode ajudar camaradas na mesma situação que tu.

Muito obrigado por te juntares a nós, que ficamos ao teu dispor para receber e publicar o que queiras, relacionado com a tua (má) experiência enquanto combatente.

(*) O material que tenho cá, teu, para publicar, sairá no início da próxima semana.

Não quero terminar, sem antes te deixar um abraço de boas-vindas em nome dos editores e da tertúlia.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal

PS - O José Maria Calro passa a ser o nº 665 da lista dos amigoe e camaradas da Guiné, disponível na coluna do lado esquerdao, por ordem alfabética, de A a Z..

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Nota do editor

Último poste da série de 28 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13541: Tabanca Grande (443): Alberto Manuel Salvado dos Santos Grácio, ex- Alf Mil Op Esp/ Ranger da CCS do BCAÇ 4615/73 (Teixeira Pinto, 1973/74)

Guiné 63/74 - P13600: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (14): Sou só o Comandante

1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 8 de Setembro de 2014:

Caríssimo Carlos,
Há dias, lendo sobre Marinha na Guiné e "raspando o fundo do baú", lembrei de uma viagem que fiz de Gadamael para Bisau.

Como muitos sabem, Gadamael (Porto) fica num braço de rio, também dito rio Sapo.
A nossa locomoção para fora de Gadamel era preferencialmente, pegar boleia com o Dornier do correio, ou eventualmente com algum "tubarão" em visita aos "perdidos" na fronteira Sul.

Ora, quando tínhamos alguma bagagem mais robusta, a saída era mesmo por mar.
Numa dessas idas, peguei uma embarcação, que não recordo se seria LDG, ou outro barco de guerra. A saída foi ao fim da tarde, e me acomodei no convés da melhor maneira possível. Ao raiar do dia apareceu um Sargento da Marinha, que com a formalidade que lhes é peculiar, me informou que o Comandante estava me convocando para que me apresentasse nos aposentos do Comando.


Guiné -  LDG (Lancha de Desembarque Grande) 105
Foto: © Humberto Reis (2005)

O Comandante era um oficial com patente equivalente a Tenente, talvez Capitão; pediu desculpas de não me ter chamado antes, mas só naquele momento tinha tomado conhecimento da minha presença a bordo. Convidou-me a tomar uma refeição com ele, e lá fomos conversando até Bissau.
Dada altura, perguntei da formação para tal função, e outros detalhes da "arte de marear".
Fiquei surpreso, quando perguntei o que ele fazia a bordo, e me respondeu:
- Sou só o Comandante.

Até hoje lembro a humildade desse Oficial de Marinha!!!

Forte abraço
Vasco Pires
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Nota do editor

Último poste da série de 15 de Setembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12047: Fantasmas ...e realidades do fundo do baú (Vasco Pires) (13): A minha singela homenagem aos pais de todos nós

Guiné 63/74 - P13599: Agenda cultural (336): Apresentação do livro "Marcello e Spínola: A Ruptura", do Coronel Manuel A. Bernardo, dia 19 de Setembro de 2014, pelas 21h00, no Pólo da Biblioteca Municipal em Quarteira

C O N V I T E




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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13595: Agenda cultural (335): Semana Cultural - 90 anos - Amílcar Cabral - 11 e 12 de Setembro de 2014, pelas 17h00, no Auditório Armando Guebuza - Universidade Lusófona, Lisboa

Guiné 63/74 - P13598: Blogpoesia (391): Baladas de setembro... (J. L. Mendes Gomes, ex- alf mil, CCAÇ 728. Cachil, Catió e Bissau, 1964/66)


chove em setembro...


[, ex- alf mil da CCAÇ 728. Cachil, Catió e Bissau, 1964/66]


me aqueço com esta chuva densa
que está caindo,
riscando linhas de luz no ar,
como num tear a vento,
tecendo o linho.

pausa da praia,
pausa dos incêndios fortuitos
e do fogo posto.

chove em setembro,
chuva benigna.
fecundando a terra,
é o que diz quem vive dela.

água de arminho,
Foto: Candoz, Luís Graça (2014)

luar de agosto,
uvas de vinho
que estão a pintar.

chega a vindima,
depois a colheita.
seara de pão...
ó doce alegria.
benditas sejam.

Mafra, 
11 de Setembro de 2014
8h31m
Joaquim Luís Mendes Gomes 


próxima fornada...

a próxima fornada
vai ser de pão de centeio.
crescido no campo do meio,
cercado de vinha enforcada,
ceifado numa tarde de sol,
e moído de noite,

na mó do moleiro do rio.
Foto: Candoz, Luís Graça (2013)

meia dúzia de broas de pão,
tisnadas do forno,
que minha mãe
amassou e benzeu,
na cozinha,
com água, fermento
e farinha,
enquanto eu jogava o pião.


e uma bôla, primícia,
redonda, larga e espalmada,
crestada nas brasas
da queima do forno,
com chouriço e sardinha.

vai dar um jantar melhorado,
ressumando a caldo de couves,
com gotas de azeite,
e todo o pão da semana,
à fartura...

ouvindo piano concerto de Grieg
enquanto clareia a manhã

Mafra, 9 de Setembro de 2014
6h29m
Joaquim Luís Mendes Gomes


tarde de Domingo...

está azul o céu.
como há muito não.

há cavalos tranquilos a debicar o chão,
para mim,
de olhos baços,
só me restam
as nuvens a bailar festivas...

mais as copas verdes
duma mata em flor.

oiço acordes
duma música lenta,
minha alma aspira
e canta sonora.

louvores sem fim.
de louca a arder.

baladas tristes,
me chegam do fundo
dum mar profundo.
soam a eterno
dum amanhecer.

voo no ar
como se fora ave.
rumo ao infinito
do entardecer.

Foto: Lourinhã. Praia de Paimogo, 
Luís Graça (2014)

meu barco alado
de asas abertas.
parece uma gazela triste
a que abri a porta.

vou esbaforido.
se ninguém me alcançar,
darei a volta ao mundo.
e ficarei sonhando.

perdi tantos dias
neste porto morto.

só hoje me chegou o vento.

ouvindo Brahms,  piano concerto nº 2.  por Baremboim
Mafra, 7 de Setembro de 2014
17h4m
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13579: Blogpoesia (390): Poema de um ataque na guerra da Guiné (Armando Fonseca)