1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Junho de 2014:
Queridos amigos,
Uma surpresa de um escritor empolgante, empático, um grande confecionador do português e do crioulo guineense.
Temos aqui uma patroa branca iluminada por Deus, uma criada negra nascida no Biombo sob o sinal do azar e uma paixão que irá desaguar numa tragédia, à mistura teremos o emolduramento do colonialismo nos anos 1950.
É uma injustiça e um atentado cultural que este escritor não esteja editado em Portugal. Leiam-no e vão ver que me dão razão.
Um abraço do
Mário
Abdulai Silá, o grande prosador guineense (1)
Beja Santos
Abdulai Silá nasceu em 1958, em Catió. Estudou em Dresden, então República Democrática Alemã onde se licenciou em Engenharia Eletrotécnica. Além de engenheiro é também economista e investigador social. Foi cofundador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas – INEP, da primeira editora privada da Guiné-Bissau, a Ki Si Mon e da revista cultural Tcholona. Eterna Paixão é o primeiro romance guineense (1994) ao qual se seguiu a publicação de A Última Tragédia (1995) e Mistida (1997). Esta trilogia foi publicada em 2002 pelo Centro Cultural Português Praia-Mindelo. Importa esclarecer que não há nenhuma edição em Portugal deste autor, ele é editado em Bissau pela Ku Si Mon Editora Lda.
Em sucessivas entrevistas, Abdulai Silá fala das suas recordações, dos seus sonhos, da força da escrita, da mágoa que representam os sucessivos retrocessos da Guiné-Bissau. Falando da guerra de libertação diz o seguinte:
“Não é fácil para mim falar da guerra de libertação. As minhas lembranças são horríveis! Perdi o meu melhor amigo de sempre, o meu irmão Idrissa, que numa manhã de fevereiro de 1972 foi gravemente ferido. Tinha na altura oito anos de idade, ficou paraplégico, viveu mais seis anos. No mesmo dia, uma outra irmã minha, que tinha dez anos, perdeu uma perna. Ela era a melhor futebolista de Catió… podes imaginar como foi a vida dela depois? O meu pai morreu pouco tempo depois em consequência do choque que teve ao ver metade da família a sangrar. A minha mãe foi quem aguentou mais, mas perdeu a alegria da vida. Tomou conta do meu irmão paraplégico”.
No inverno rigoroso de 1984, em Dresden, Silá ficou mais de duas semanas retido no quarto, foi nessa altura que escreveu A última Tragédia. Escreveu depois Eterna Paixão, o primeiro livro que publicou. Mistida tem uma temática mais próxima do desencanto guineense, como ele observou a Fernanda Cavacas:
“As pessoas que estão hoje em situação de desenrasca tinham há pouco tempo outras preocupações, tinham outros sonhos. Os valores tradicionais africanos de solidariedade foram destruídos. Foram destruídos por pessoas concretas e essas pessoas, infelizmente, conseguiram destruir a tal ponto que puseram em questão os próprios valores seculares. E hoje transformam a vida nisso, numa coisa banal em que não há mais sonhos, em que a esperança foi enterrada… acho que nós ainda temos de encontrar uma explicação para tudo isto e, sobretudo, uma explicação para as gerações vindouras. O que é que a geração vindoura dirá em relação a nós? Quando nós destruirmos mesmo o nosso país com essa desgovernação, essa corrupção que acaba por dar cabo de nós mesmos, o que é que a geração vindoura dirá?”.
A Última Tragédia passa-se na Guiné colonial dos anos 1950. Tem um arranque luminoso:
- “Sinhora, quer criado?
Ela repetira esta frase já não sabia quantas vezes naquele dia. Uma pergunta imbuída de esperança, que colocara em muitas casas e em diversas pessoas. Até parecia que a origem das pessoas que a atendiam era determinada pela altura do sol: No início, quando o sol se encontrava lá em baixo, ainda mansinho, ela fora atendida quase sempre por jovens brancos, provavelmente filhos das senhoras brancas a quem ela de facto queria dirigir a falar; depois o sol subira, tornando-se bravo, agitando as pessoas e as coisas, e então, durante todo aquele período, só fora atendida por gente que certamente não habitava naquelas casas, uns empregados domésticos que apesar de serem, na quase totalidade dos casos, da sua raça, nem por isso se dignavam ouvi-la, deixá-la explicar direito as suas pretensões; enfim, o sol se acalmara de novo, o suor deixara de correr por todo o corpo e eis que finalmente ela localiza uma interlocutora condigna, uma senhora branca que habitava uma casa grande, que até parecia estar à sua espera”.
Depois de muitas peripécias, Ndani, é admitida como criada por Maria Deolinda Leitão, mulher de funcionário colonial. Dona Linda, esta, quer que a menina tenha “nome de gente”, trata-a por Maria Daniela. Ndani veio do Biombo amaldiçoada por bruxos, veio cheia de fome, procura adaptar-se à psicologia do branco. Dona Linda descobre que é uma agente da civilização, é preciso levar a criada à igreja. Cedo o proselitismo desta iluminada choca com a rotina das outras senhoras brancas, mais do que fazer rezas e procissões é preciso fazer escolas, assim se impedirá, controlando a escola, qualquer subversão que surja.
Em paralelo, o régulo de Quinhamel acorda para o sonho de construir uma casa como tem o funcionário colonial local e depois encontrar uma jovem esposa com regras de civilização. Ndani será eleita. O régulo pede ao professor local que venha à sua casa, quer passar a papel o seu testamento, não é para deixar dinheiro a ninguém, é para que se saiba o que o régulo Bsum Manky pensa da presença do branco, um plano de como tirar os brancos a mandar nesta terra. “Não é matar ninguém. Não é matar nem expulsar ninguém. É só pôr os brancos no seu lugar. Essa coisa de uma pessoa ir mandar na terra de outras pessoas não me agrada, não estou de acordo. Então eu posso sair daqui e ir mandar no chão dos Bidjogós, sem mais nem menos? As pessoas podem ir para onde quiserem ir, podem viver em paz onde quiserem viver, mas agora ir para mandar nas pessoas que encontram lá, para cobrar impostos, castigar, isso não pode ser”. Mas este régulo morre sem ter concluído o seu testamento. Ndani apaixona-se pelo professor, paixão correspondida. Partem para Catió, aqui o filho de um funcionário colonial procura fazer uma tropelia ao professor, este aplica um corretivo ao administrador que irá aparecer morto em casa. A reação da administração é encontrar um bode expiatório, monta-se uma cabala contra o professor, e mesmo com o médico a dizer em tribunal que o professor não assassinara ninguém, o professor será deportado para São Tomé. Como nas grandes obras românticas, Ndani irá todos os anos até ao cais do Pidjiquiti esperar pelo seu amante. Mas a atmosfera vingativa de África acaba por vencer, e Abdulai Silá termina o seu livro numa combinação espetacular entre o português e o crioulo guineense:
“Subitamente, sentiu um vento diferente a soprar. Estava carregado de muita humidade. Num instante tinha toda a roupa molhada e a água começou a dançar à frente, num ritmo absurdo que nem um kankuran tchaskiado. O ambiente à sua volta tornou-se turvo. Virou a cabeça para um lado e para o outro, mas descobriu que o cenário era sempre o mesmo. A água exibia a sua estranha dança e não deixava ver outra coisa. Abriu a boca e choupou uma boa quantidade. Começou então a ouvir uma melodia desconhecida, uma mistura de sons agudos que chegavam de todos os lados, fazendo vibrar as mãos e os pés sem parar. O ambiente tornava-se cada vez mais turvo, a água à sua volta dançando a um ritmo frenético. Tinha que olhar para aquele local de costume onde estava o seu homem à espera. Tinha que falar com ele, sem falta.
Tinha que dizer-lhe que estava morrendo de saudades…”.
Uma tragédia antiga, grega ou africana, a fatalidade de ver o amor roubado por ódios de poderes dominantes. Um livro impressionante que abre a carreira literária de Abdulai Silá.
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Nota do editor
Último poste da série de 17 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14483: Notas de leitura (704): A contestação contra a guerra colonial: A radiografia das universidades em 1971 feita por uma organização ultranacionalista (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
domingo, 19 de abril de 2015
Guiné 63/74 - P14491: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (12): Um blogue de desvairadas e bravas gentes...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Dois "cavaleiros", o J. L. Vacas de Carvalho (Lisboa) e o Ernestino Caniço (Tomar)... Ambos comandaram, no CTIG, o seu Pel Rec Daimler, sensivelmente na mesma altura, um no leste (Bambadinca, Pel Rec Daimler 2206, 1969/71), outro da região do Óio (Mansabá e Mansoa, Pel Rec Daimler 2208, 1970/72)...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > O nosso JERO, o "último monge de Alcobaça" e a filha do Manuel Joaquim, a Alexandra, reputada especialista em restauração artística (pintura mural) que nos honrou com a sua presença, acompanhando o pai e o "mano", o Zé Manel, o nosso "Adilan"
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > A Alexandra e o JERO... "Velhos" conhecidos do Mosteiro de Alcobaça e da paixão pelo património cultural...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > A Alexandra e o mano "Adilan", o "nha minino" do Manuel Joaquim, cuja história de vida é uma das mais fantásticas que cá contámos no nosso blogue...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > O Zé Manel e a "mana" Alexandra (de costas)
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Um homem feliz, o nosso coeditor Carlos Vinhal, a avaliar pelo seu sorriso aberto, aqui num "tête-a-tête" com a nossa camarada de armas, a Giselda Pessoa...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Da esquerda para a direita: (i) Vitor Caseiro (Leiria) (ex-fur mil da CCAÇ 4641, Mansoa e Ilondé, 1973/74); e (ii) Jorge Picado (Ílhavo) (ex- cap mil, CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72).
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Dois dos homens que "abriram" a guerra: o José Augusto Miranda Ribeiro (Condeixa) e o Joaquim Luís Mendes Gomes (Mafra / Berlim), o nosso poeta das "Baladas de Berlim"... Ambos são do tempo do caqui amarelo... Recorde-se que o José Augusto [Miranda] Ribeiro foi fur mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal, Outubro de 1963 a Julho de 1964) e Guiné (Olossato, Julho de 1964 a Outubro de 1965)... O nosso poeta, J. L. Mendes Gomes, esse, foi alf mil da CCAÇ 728 (Cachil, Catió e Bissau, 1964/66),
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Ao centro, o Jorge Rosales, "régulo" da Tabanca da Linha, tendo à sua esquerda o seu solícito e competente "secretário", o Zé Dinis...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Dois guineenses de alma e coração:
(i) O cor inf ref, Rui Guerra Ribeiro, filho o intendente Guerra Ribeiro (no tempo de Spínola), e administrador de Bafatá (o homem que construiu a piscina de Bafatá, a "princesa do Geba");
(ii) e o António Estácio, escritor... [O seu livro mais recente é sobre Bolama, mas o editor pede-lhe 4 mil euros para o pôr cá fora)...
Ambos têm costela transmontana: o António Estácio, filho de transmontanos, nasceu em Bissau e estudou no Liceu Honório Barreto, tendo mais tarde tirado em Coimbra o curso de engenheiro técnico agrícola; o Rui Guerra Ribeiro foi levado com escassos meses para Guiné onde o pai fez a carreira de administrador, estudou na metrópole, da 4ª classe ao 5º ano do liceu, voltou à Guiné, voltou a Portugal para fazer a academia militar, foi capitão da 15.ª CCmds, em Angola, onde foi ferido num braço; voltou à Guiné, para se recuperar; foi Ajudante de Campo do último Governador e Comandante-Chefe Bettencourt Rodrigues... Está convidado a integrar o nosso blogue e tem histórias para contar do dia, o 26 de abril, em que o MFA de Bissau tomou de assalto a fortaleza de Amura e destitui o Com-Chefe... (Diz ele que a história está mal contada e promete esclarecer alguns pontos do que se passou nesse dia...).
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Da direita para a esquerda: (i) Arménio Santos (Lisboa), bancário, dirigente sindicalista, deputado da Nação (pelo PSD) (, ex-fur mil de rec inf, Aldeia Formosa, 1968/70, entrou para a nossa Tabanca Grande em 5 de novembro de 2009, tendo por padrinho o Jorge Cabral); (i) o António Manuel Garcez Costa (Lisboa) (que foi locutor no PFA - Programa das Forças Armadas); e (iii) Paulo Santiago (Águeda) (que não precisa de apresentações, é um dos "velhinhos" da Tabanca Grande)...
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Foi um prazer enorme rever e abraçar o nosso veteraníssimo Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74), fotógrafo profissional, com estabelecimento em Guifões, Matosinhos)... Desde 2007 (Pombal), se não erro, que não vinha a um dos nossos encontros, por razões de agenda... É pai do nosso tabanqueiro Hugo Costa... (Espero que ele me mande algumas das fotos que tirou)...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Nota do editor:
Último poste da série > 19 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14490: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (11): Um salão, cheio que nem um ovo, uma forma digna e alegre de comemorar os 11 anos do nosso blogue, de celebrar a nossa amizade e camaradagem... As primeiras fotos (panorâmicas)
Último poste da série > 19 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14490: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (11): Um salão, cheio que nem um ovo, uma forma digna e alegre de comemorar os 11 anos do nosso blogue, de celebrar a nossa amizade e camaradagem... As primeiras fotos (panorâmicas)
Guiné 63/74 - P14490: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de abril de 2015 (11): Um salão, cheio que nem um ovo, uma forma digna e alegre de comemorar os 11 anos do nosso blogue, de celebrar a nossa amizade e camaradagem... As primeiras fotos (panorâmicas)
Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > X Encontro Nacional da Tabanca Grande > 18 de abril de 2015 > Um salão, cheio que nem um ovo, uma forma digna e alegre de comemorar os 11 anos do nosso blogue... 20 mesas redondas com 10 lugares cada... Convivas: 131 camaradas + 69 acompanhantes de todas as idades e de todos lados do país (esposas, filhos/as, netos/as, amigos/as)...
O nosso alfabravo para todos/as, a começar pela comissão organizadora (Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves e Miguel Pessoa)... E até para o ano, se todos/as quisermos... Aqui ficam as primeiras fotos... LG
Fotos: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados
LISTA FINAL DOS 200 PARTICIPANTES NO X ENCONTRO NACIONAL DA TABANCA GRANDE, MONTE REAL, 18 DE ABRIL DE 2015... (Para memória futura...)
Abel Santos - Leça da Palmeira / Matosinhos
Acácio Dias Correia e Maria Antónia - Linda-a-Velha / Oeiras
Agostinho Gaspar - Leiria
Albano Costa e Maria Eduarda - Guifões / Matosinhos
Alberto Godinho Soares - Maia
Almiro Gonçalves e Amélia - Vieira de Leiria / Marinha Grande
António Augusto Proença e Beatriz - Covilhã
António Brito da Silva e Isabel - Madalena / V. N. de Gaia
António Dias - Porto
António Estácio - Mem Martins / Sintra
António Faneco e Tina - Massamá / Sintra
António Fernandes Neves - Setúbal
António Fernando Marques e Gina - Cascais
António Joao Sampaio e Clara - Leça da Palmeira / Matosinhos
António José P. Costa e Isabel - Mem Martins / Sintra
António Manuel Garcez Costa - Lisboa
António Manuel S. Rodrigues e Rosa Maria - Oliveira do Bairro
António Maria Silva e Maria de Lurdes - Lisboa
António Martins de Matos - Lisboa
António Osório, Ana e Maria da Conceição - V. N. de Gaia
António Paiva - Lisboa
António Pimentel - Figueira da Foz
António Santos Pina - Lisboa
António Santos e família (6) - Caneças / Odivelas
António Sousa Bonito - Carapinheira / Montemor-o-Velho
António Souto Mouro - Paço de Arcos / Oeiras
Arlindo Farinha - Almoster / Alvaiázere
Armando Pires - Algés / Oeiras
Arménio Santos - Lisboa
Artur Soares - Figueira da Foz
Baltazar Rosado Lourenço - Nazaré
Belarmino Sardinha e Maria Antonieta - Odivelas
Benjamim Durães, Fábio, Rafael, Marta, Tiago, Pedro e Sérgio - Palmela
C. Martins - Penamacor
Carlos Alberto Cruz, Irene e Paulo Jorge - Paço de Arcos / Oeiras
Carlos Alberto Pinto e Maria Rosa - Reboleira / Amadora
Carlos Vinhal, Dina e 2 amigas- Leça da Palmeira / Matosinhos
David Guimarães e Lígia - Espinho
Delfim Rodrigues - Coimbra
Eduardo Ferreira Campos - Maia
Eduardo Magalhães Ribeiro e Carlos Eduardo - Porto
Ernestino Caniço - Tomar
Fernando Gouveia - Porto
Fernando de Jesus Sousa - Lisboa
Francisco Silva - Lisboa
Gil Moutinho - Fânzeres / Gondomar
Hernâni Joel Silva e Branca - Lisboa
Hélder V. Sousa - Setúbal
Idálio Reis - Cantanhede
J. L. Vacas de Carvalho - Lisboa
Joao Alves Martins e Graça - Lisboa
Joao Maximiano - Santo Antão / Batalha
Joao Sacoto e Aida - Lisboa
Joaquim Carlos Peixoto e Margarida - Penafiel
Joaquim Gomes Soares e Maria Laura - Porto
Joaquim Luís Fernandes - Maceira / Leiria
Joaquim Luís Mendes Gomes - Mafra
Joaquim Mexia Alves, Catarina e André - Monte Real / Leiria
Joaquim Pinto de Carvalho - Cadaval
Jorge Araújo e Maria João - Almada
Jorge Cabral - Lisboa
Jorge Canhão e Maria de Lurdes - Oeiras
Jorge Picado - Ílhavo
Jorge Pinto e Ana Maria - Agualva / Sintra
Jorge Rosales - Monte Estoril / Cascais
José Alberto Pinto - Barcelos
José Almeida e Antónia - Viana do Castelo
José António Chaves - Paço de Arcos / Oeiras
José Augusto MIranda Ribeiro - Condeixa
José Barros Rocha - Penafiel
José Botelho Colaço - Lisboa
José Casimiro Carvalho - Maia
José Diniz Faro - Paço de Arcos / Oeiras
José Eduardo R. Oliveira - Alcobaça
José Fernando Almeida e Suzel - Óbidos
José Leite e Ana Maria - Sintra
José Manuel Cancela e Carminda - Penafiel
José Manuel Lopes e Luísa - Régua
José Manuel Matos Dinis - Cascais
José Marques e Florinda - Paredes
José Miguel Louro e Maria do Carmo - Lisboa
José Nunes Francisco e família (5) - Batalha
José Pereira Augusto Almeida - Lamego
José Ramos Romão e Emília - Alcobaça
José Vieira Machado - Lisboa
José Zeferino - Loures
Juvenal Amado - Fátima / Ourém
Liberal Correia e Maria José - Ponta Delgada (RA Açores)
Lucinda Aranha e José António - Santa Cruz / Torres Vedras
Luís Duarte - Seixal
Luís Graça e Alice- Alfragide / Amadora
Luís Lopes Jorge - Monte Real
Luís Moreira - Mem Martins / Sintra
Luís Paulino e Maria da Cruz - Algés / Oeiras
Manuel Domingos Santos - Leiria
Manuel Domingues - Lisboa
Manuel Fernando Sucio - Vila Real
Manuel Joaquim, Alexandra e José Manuel - Agualva / Sintra
Manuel Lima Santos e Maria de Fátima - Viseu
Manuel Luís Lomba e Maria Arminda - Barcelos
Manuel Ramos - Lisboa
Manuel Reis - Aveiro
Manuel Resende e Isaura - S. Domingos de Rana / Cascais
Mario Fitas e Helena - Estoril / Cascais
Mario Vasconcelos - Guimarães
Miguel José Ribeiro Rocha e Olinda - Linda-a-Velha / Oeiras
Miguel e Giselda Pessoa - Lisboa
Mário Gaspar - Lisboa
Paulo Santiago - Aguada de Cima / Águeda
Raul Albino e Rolina - Vila Nogueira de Azeitão / Setúbal
Ribeiro Agostinho e Elisabete - Leça da Palmeira / Matosinhos
Ricardo Figueiredo e Cândida - Porto
Ricardo Sousa e Georgina - Lisboa
Rogé Guerreiro - Cascais
Rui Gouveia e Eulália - Leiria
Rui M. D. Guerra Ribeiro - Lisboa
Rui Pedro Silva - Lisboa
Rui Silva e Regina Teresa - Sta. Maria da Feira
Valentim Oliveira, Maria Joaquina, Cyndia e Carina - Viseu
Victor Tavares - Recardães / Águeda
Virgínio Briote e Irene - Lisboa
Vítor Caseiro e Maria Celeste - Leiria
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Nota do editor:
Último poste da série > 14 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14469: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de Abril de 2015 (10): a lista final dos 200 magníficos, por ordem alfabética e por concelho de residência
Último poste da série > 14 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14469: X Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 18 de Abril de 2015 (10): a lista final dos 200 magníficos, por ordem alfabética e por concelho de residência
Guiné 63/74 - P14489: Libertando-me (Tony Borié) (13): Era mesmo ele, o Vítor Carvalho
Décimo terceiro episódio da série "Libertando-me" do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66.
Já passava da meia-noite, como a nossa mente é jovem, pois agora pouco dormimos, sentamo-nos em frente ao computador, abrimos a página das mensagens e, um tal Vítor Carvalho, procura companheiros criptos do ano de 1964\66, e mais, quem tivesse passado pelo aquartelamento da Trafaria.
Era demais, será que... será ele... aquele companheiro inteligente, magro, muito bom em tudo o que fazia, mas sobretudo na disciplina de ginástica, parecia que tinha sido treinado para fazer parte dos atletas que naquele tempo iam aos “Jogos Olimpicos”, tal era a desenvoltura com que nos deliciava naquelas acrobacias, pois o instrutor dizia, dez exercícios deste modo, todos acabavam cansados, o Vítor continuava naquelas corridas desgastantes para a Costa da Caparica, por vezes levava a minha espingarda e, mesmo assim, chegava na frente. Era mesmo ele, e responde-me em seguida, dizendo: “...quanto eu adorava apanhar mais alguns como te apanhei a ti, deu-me uma alegria enorme, tenho esperanças de apanhar ainda mais algum”.
“...lembras-te quando íamos fazer os crosses até à Costa da Caparica, e o nosso amigo alferes Coutinho nos levava para a praia e para um café no centro da vila, onde bebíamos o nosso cafezinho e o grande Coutinho pagava a despesa?”.
“...também tinha o melhor pelotão, éramos famosos, éramos o 2.º pelotão. Tivemos coisas giras, tais como duas que me recordo bem, uma foi na parada, estávamos a marchar mas numa agradável cavaqueira e o oficial de dia, o Capitão Oliveirinha mandou parar o pelotão, cujo "comandante” era o instruendo Brandoa, que dava umas vozes em idioma “marroquino”, muito à maneira dele, e o dito capitão fez-nos marchar em ala, não sei se te recordas, era marchar em frente com as duas filas, e fizemos isso impecavelmente e o Oliveirinha disse-nos que realmente estava rendido ao 2.º pelotão”.
“...outra vez foi alguém que foi dizer que o 2.º pelotão ia para a mata contar anedotas e o comandante ordenou ao Coutinho que ficássemos no quartel a fazer ginástica com arma, pois nem isso nos tirou a nossa disciplina, e mesmo com o comandante na janela estivemos impecáveis”.
Pois, do companheiro “Brandoa”, cujo apelido era Lourenço, era da Brandoa, agora até nos lembramos muito bem, falava “marroquino”, “apache”, “cheyenne”, “Cherokee”, “Sioux”, “Navajo” e, talvez um pouquinho de “Balanta”, oxalá esteja vivo, leia esta mensagem e também apareça por aí.
O nosso companheiro Vítor, defendendo a bandeira do seu País, sem culpa absolutamente nenhuma, que uma tal personagem, que dava pelo nome de Luís Mendes de Vasconcelos, por volta do ano de 1617, após aquelas incursões portuguesas na África Austral, invadisse a aldeia de N’Dongo, em Luanda, território de Angola, e tivesse carregado 60 cativos a bordo do navio negreiro “São João Baptista”, enviando-os para o porto de Vera Cruz, no México. Ninguém ao certo sabe se o negócio era rendoso, houve alguns séculos de história, talvez maior que a “espada de D. Afonso Henriques”, mas o companheiro Vítor, tal como nós, num daqueles anos de guerra no Ultramar, não no navio negreiro “São João Baptista”, não indo para o porto de Vera Cruz, mas sim no navio português “Vera Cruz”, indo talvez para a aldeia de N’Dongo, em Luanda, território de Angola.
Este trocadilho faz alguma confusão, mas bate quase certo, qualquer dia vamos contar a continuação da viajem do navio negreiro “São João Baptista”, mas agora falemos do companheiro Vítor, que ia fardado, equipado, mentalizado e treinado para combate, tal como nós, para defender o seu País, a sua bandeira, a tal mãe Pátria, que muitos jovens, hoje, não sabem o que isso é, passou lá dois anos, sobreviveu e regressou, seguiu a sua vida, completou os seus estudos, que a guerra interrompeu, criou a sua família e, está aí a dar notícias, passado mais de cinquenta anos.
Isto não é absolutamente maravilhoso!
É mais um dos nossos, anda por aí, procura mais companheiros do curso da Trafaria, dos Criptos do ano de 1964.
Tony Borie, Abril de 2015
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Nota do editor
Último poste da série de 12 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14460: Libertando-me (Tony Borié) (12): Quatro da madrugada. Estou acordado
Já passava da meia-noite, como a nossa mente é jovem, pois agora pouco dormimos, sentamo-nos em frente ao computador, abrimos a página das mensagens e, um tal Vítor Carvalho, procura companheiros criptos do ano de 1964\66, e mais, quem tivesse passado pelo aquartelamento da Trafaria.
Era demais, será que... será ele... aquele companheiro inteligente, magro, muito bom em tudo o que fazia, mas sobretudo na disciplina de ginástica, parecia que tinha sido treinado para fazer parte dos atletas que naquele tempo iam aos “Jogos Olimpicos”, tal era a desenvoltura com que nos deliciava naquelas acrobacias, pois o instrutor dizia, dez exercícios deste modo, todos acabavam cansados, o Vítor continuava naquelas corridas desgastantes para a Costa da Caparica, por vezes levava a minha espingarda e, mesmo assim, chegava na frente. Era mesmo ele, e responde-me em seguida, dizendo: “...quanto eu adorava apanhar mais alguns como te apanhei a ti, deu-me uma alegria enorme, tenho esperanças de apanhar ainda mais algum”.
“...lembras-te quando íamos fazer os crosses até à Costa da Caparica, e o nosso amigo alferes Coutinho nos levava para a praia e para um café no centro da vila, onde bebíamos o nosso cafezinho e o grande Coutinho pagava a despesa?”.
“...também tinha o melhor pelotão, éramos famosos, éramos o 2.º pelotão. Tivemos coisas giras, tais como duas que me recordo bem, uma foi na parada, estávamos a marchar mas numa agradável cavaqueira e o oficial de dia, o Capitão Oliveirinha mandou parar o pelotão, cujo "comandante” era o instruendo Brandoa, que dava umas vozes em idioma “marroquino”, muito à maneira dele, e o dito capitão fez-nos marchar em ala, não sei se te recordas, era marchar em frente com as duas filas, e fizemos isso impecavelmente e o Oliveirinha disse-nos que realmente estava rendido ao 2.º pelotão”.
“...outra vez foi alguém que foi dizer que o 2.º pelotão ia para a mata contar anedotas e o comandante ordenou ao Coutinho que ficássemos no quartel a fazer ginástica com arma, pois nem isso nos tirou a nossa disciplina, e mesmo com o comandante na janela estivemos impecáveis”.
Pois, do companheiro “Brandoa”, cujo apelido era Lourenço, era da Brandoa, agora até nos lembramos muito bem, falava “marroquino”, “apache”, “cheyenne”, “Cherokee”, “Sioux”, “Navajo” e, talvez um pouquinho de “Balanta”, oxalá esteja vivo, leia esta mensagem e também apareça por aí.
O nosso companheiro Vítor, defendendo a bandeira do seu País, sem culpa absolutamente nenhuma, que uma tal personagem, que dava pelo nome de Luís Mendes de Vasconcelos, por volta do ano de 1617, após aquelas incursões portuguesas na África Austral, invadisse a aldeia de N’Dongo, em Luanda, território de Angola, e tivesse carregado 60 cativos a bordo do navio negreiro “São João Baptista”, enviando-os para o porto de Vera Cruz, no México. Ninguém ao certo sabe se o negócio era rendoso, houve alguns séculos de história, talvez maior que a “espada de D. Afonso Henriques”, mas o companheiro Vítor, tal como nós, num daqueles anos de guerra no Ultramar, não no navio negreiro “São João Baptista”, não indo para o porto de Vera Cruz, mas sim no navio português “Vera Cruz”, indo talvez para a aldeia de N’Dongo, em Luanda, território de Angola.
Este trocadilho faz alguma confusão, mas bate quase certo, qualquer dia vamos contar a continuação da viajem do navio negreiro “São João Baptista”, mas agora falemos do companheiro Vítor, que ia fardado, equipado, mentalizado e treinado para combate, tal como nós, para defender o seu País, a sua bandeira, a tal mãe Pátria, que muitos jovens, hoje, não sabem o que isso é, passou lá dois anos, sobreviveu e regressou, seguiu a sua vida, completou os seus estudos, que a guerra interrompeu, criou a sua família e, está aí a dar notícias, passado mais de cinquenta anos.
Isto não é absolutamente maravilhoso!
É mais um dos nossos, anda por aí, procura mais companheiros do curso da Trafaria, dos Criptos do ano de 1964.
Tony Borie, Abril de 2015
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Nota do editor
Último poste da série de 12 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14460: Libertando-me (Tony Borié) (12): Quatro da madrugada. Estou acordado
Guiné 63/74 - P14488: Parabéns a você (892): Augusto Vilaça, ex-Fur Mil Art da CART 1692 (Guiné, 1967/69); Leão Varela, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1566 (Guiné, 1966/68) e Victor Barata, ex-1.º Cabo Esp MMA/DO 27 da BA 12 (Guiné, 1971/73)
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Nota do editor
Último poste da série de 18 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14486: Parabéns a você (891): Raul Brás, ex-Soldado CAR da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)
sábado, 18 de abril de 2015
Guiné 63/74 - P14487: Manuscrito(s) (Luís Graça) (54): Dias de ira, aqueles, os da guerra... (Poema dedicado a todos os meus camaradas que me honram como grã-tabanqueiros, quer me acompanhem ou não, hoje, em Monte Real, no X Encontro Nacional da Tabanca Grande)
Dias de ira, aqueles,
os da guerra...
para os meus camaradas
que combateram
naquela terra verde e rubra
a que chamávamos Guiné,
e que a pátria, a mátria e a fátria
há muito esqueceram,
mas que me dão a honra
de partilhar memórias e afetos,
neste blogue,
desde há onze anos,
e que vão estar hoje reunidos
em Monte Real,
mostrando afinal
que o Mundo é Pequeno
e a nossa Tabanca… é Grande!
e recordando ainda, com saudade,
os camaradas e amigos
que nos últimos dois anos e menos de quatro meses,
desde o início de 2013,
nos deixaram,
ficando nós
os da guerra...
para os meus camaradas
que combateram
naquela terra verde e rubra
a que chamávamos Guiné,
e que a pátria, a mátria e a fátria
há muito esqueceram,
mas que me dão a honra
de partilhar memórias e afetos,
neste blogue,
desde há onze anos,
e que vão estar hoje reunidos
em Monte Real,
mostrando afinal
que o Mundo é Pequeno
e a nossa Tabanca… é Grande!
e recordando ainda, com saudade,
os camaradas e amigos
que nos últimos dois anos e menos de quatro meses,
desde o início de 2013,
nos deixaram,
ficando nós
mais pobres e tristes
( foram 17, numa lista, já longa, que vai em 40, desde 2007,
os que da lei da morte se foram libertando):
( foram 17, numa lista, já longa, que vai em 40, desde 2007,
os que da lei da morte se foram libertando):
Amadu Bailo Jaló (1940-2015)
António Manuel Martins Branquinho (1947-2013)
António Rebelo (1950-2014)
Armandino Alves (1944-2014)
Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014)
Fernando Brito (1932-2014)
Fernando Rodrigues (1933-2013)
João Caramba (1950-2013)
João Henrique Pinho dos Santos (1941-2014)
José Fernando de Andrade Rodrigues (1947-2014)
José Marques Alves (1947-2013)
Luís Borrega (1948-2013
Luís Faria (1948-2013)
Luís F. Moreira (1948-2013)
Manuel Martins (1950-2013)
Manuel Moreira (1945-2014)
Maria Manuela Pinheiro (1950-2014)
Cavalgam, caudalosos,
os rios
pela terra adentro,
enquanto fluem, ruidosos,
os dias da guerra.
os rios
pela terra adentro,
enquanto fluem, ruidosos,
os dias da guerra.
Rios que não são rios mas rias,
entranhas ubérrimas,
fustigadas pelo vento do Sará,
rias baixas pela manhã,
pedaços, braços de mar,
restos de tsunamis,
pontas de fuzis,
palavras acérrimas,
imprecações ao grande irã,
picadas minadas,
de ir e não mais voltar.
Dias que não são dias,
circadianos, mas fragmentos,
ora ledos ora amargos enganos,
estilhaços de tempo,
riscos nas paredes sujas dos bunkers,
feitos de troncos de cibe, argamassa
e chapas de bidões,
repentinas, fatais emboscadas,
breves finais de tarde,
instantes, flagelações, balas tracejantes
sob o céu verde e vermelho,
enquanto o capim arde.
Narciso, revês-te ao espelho,
quebrado,
vais seminu, de camuflado,
de azul, celestial,
ao encontro do anjo da morte
em Jugudul.
entranhas ubérrimas,
fustigadas pelo vento do Sará,
rias baixas pela manhã,
pedaços, braços de mar,
restos de tsunamis,
pontas de fuzis,
palavras acérrimas,
imprecações ao grande irã,
picadas minadas,
de ir e não mais voltar.
Dias que não são dias,
circadianos, mas fragmentos,
ora ledos ora amargos enganos,
estilhaços de tempo,
riscos nas paredes sujas dos bunkers,
feitos de troncos de cibe, argamassa
e chapas de bidões,
repentinas, fatais emboscadas,
breves finais de tarde,
instantes, flagelações, balas tracejantes
sob o céu verde e vermelho,
enquanto o capim arde.
Narciso, revês-te ao espelho,
quebrado,
vais seminu, de camuflado,
de azul, celestial,
ao encontro do anjo da morte
em Jugudul.
E não há estrelas, à noite,
nem djubis soletrando em árabe
as tabuínhas dos marabús,
allahu akhbar,
allahu akhbar,
allahu akhbar,
mas a bússola indica o norte, sideral,
nunca o sul,
nunca o nascer nem o morrer
numa curva apertada do Corubal.
Dies irae, dies illa,
dia de ira, aquele,
em que subiste o portaló,
o cadafalso do Niassa,
ou do Uíge ou do Ana Mafalda,
dias de ira, aqueles,
os da guerra!
nunca o sul,
nunca o nascer nem o morrer
numa curva apertada do Corubal.
Dies irae, dies illa,
dia de ira, aquele,
em que subiste o portaló,
o cadafalso do Niassa,
ou do Uíge ou do Ana Mafalda,
dias de ira, aqueles,
os da guerra!
Calai-vos,
rápidos do Saltinho,
cascatas de Cussilinta,
vós que mais não sois
do que canoas loucas,
desenfreadas, frenéticas,
levadas pelo macaréu da nossa raiva,
entre o Geba e a foz do Corubal.
Braços que não são braços,
amputados,
mas apenas tatuagens, traços,
letras de fado pungentes,
rápidos do Saltinho,
cascatas de Cussilinta,
vós que mais não sois
do que canoas loucas,
desenfreadas, frenéticas,
levadas pelo macaréu da nossa raiva,
entre o Geba e a foz do Corubal.
Braços que não são braços,
amputados,
mas apenas tatuagens, traços,
letras de fado pungentes,
amor de mãe,
pontes que são miragens,
tentáculos, serpentes,
lianas, cortadas pelas catanas,
pontes que são miragens,
tentáculos, serpentes,
lianas, cortadas pelas catanas,
a eito,
pela floresta-galeria adentro,
inferno tropical, túneis, tarrafo,
bolanhas, lalas, bissilões,
pontos de cambança,
flamingos vermelhos sangrando,
curvas da morte do Cacheu ao Cumbijã,
apocalípticos palmeirais,
pontas de punhais cravadas no peito,
irãs acocorados no alto dos poilões.
E depois o silêncio,
o impossível silêncio,
o silêncio das partituras,
dos mapas dos argonautas,
partículas, pausas, pautas,
cartas de tiro com claves de sol,
desidratação, a ogiva do obus,
o medo da avestruz,
o roncar do helicanhão,
gritos do djambé,
e do macaco-cão,
gemidos de kora,
espasmos de balafon,
a hiena que chora,
o dari que ri,
o hipopótamo que urra,
rajadas de kalash, ecos do bombolon,
pela floresta-galeria adentro,
inferno tropical, túneis, tarrafo,
bolanhas, lalas, bissilões,
pontos de cambança,
flamingos vermelhos sangrando,
curvas da morte do Cacheu ao Cumbijã,
apocalípticos palmeirais,
pontas de punhais cravadas no peito,
irãs acocorados no alto dos poilões.
E depois o silêncio,
o impossível silêncio,
o silêncio das partituras,
dos mapas dos argonautas,
partículas, pausas, pautas,
cartas de tiro com claves de sol,
desidratação, a ogiva do obus,
o medo da avestruz,
o roncar do helicanhão,
gritos do djambé,
e do macaco-cão,
gemidos de kora,
espasmos de balafon,
a hiena que chora,
o dari que ri,
o hipopótamo que urra,
rajadas de kalash, ecos do bombolon,
o ribombar do trovão,
bombas de fragmentação
que correm no dorso dos cavalos
desde o Futa Djalon.
Não vou poder ouvir o silêncio
que correm no dorso dos cavalos
desde o Futa Djalon.
Não vou poder ouvir o silêncio
do Cantanhez,
nem quero ouvir o grito da morte
outra vez.
v12 3 mar 2022
________________
Nota do editor:
Último poste da série > 13 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14463: Manuscrito(s) (Luís Graça) (53): A liberdade, a altiva garça real e a ociosa cegonha, agora desempregada, que já não traz os bebés de França...
nem quero ouvir o grito da morte
outra vez.
v12 3 mar 2022
Guiné 63/74 - P14486: Parabéns a você (891): Raul Brás, ex-Soldado CAR da CCAÇ 2381 (Guiné, 1968/70)
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Nota do editor
Último poste da série de 15 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14471: Parabéns a você (890): António Pimentel, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70)
Nota do editor
Último poste da série de 15 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14471: Parabéns a você (890): António Pimentel, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2851 (Guiné, 1968/70)
sexta-feira, 17 de abril de 2015
Guiné 63/74 - P14485: Convívios (666): CCAÇ 763, "Os Lassas" (Cufar, 1965/66): festa dos 50 anos, 17 de maio de 2015, Qta de Sto António, a 3 km da saída da A5 para Malveira... Inscrições, sem falta, até domingo, 20 de abril (Mário Fitas)
Nota do editor:
Último poste da série > 17 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14484: Convívios (665): Os Maiorais da CCAÇ 2381 vão ter o seu XXIV Encontro no próximo dia 9 de Maio de 2015 na Batalha (José Teixeira)
Guiné 63/74 - P14484: Convívios (665): Os Maiorais da CCAÇ 2381 vão ter o seu XXIV Encontro no próximo dia 9 de Maio de 2015 na Batalha (José Teixeira)
Em mensagem do dia 16 de Abril de 2015, nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), solicitou-nos a divulgação do XXIV Convívio dos Maiorais, a levar a efeito no próximo dia 9 de Maio na Batalha.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 17 de Abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14482: Convívios (664): Almoço do pessoal do BCAÇ 3832 (Guiné, 1970/73), dia 9 de Maio de 2015 em Celorico da Beira
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Nota do editor
Último poste da série de 17 de Abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14482: Convívios (664): Almoço do pessoal do BCAÇ 3832 (Guiné, 1970/73), dia 9 de Maio de 2015 em Celorico da Beira
Guiné 63/74 - P14483: Notas de leitura (704): A contestação contra a guerra colonial: A radiografia das universidades em 1971 feita por uma organização ultranacionalista (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 16 de Junho de 2014:
Queridos amigos,
A Feira da Ladra é sempre um alfobre de surpresas, ali encontrei um policopiado de 16 páginas da responsabilidade de um grupo ultranacionalista que inventariava a turbulência em meio universitário contra a guerra, dando conta do como e porquê.
Para melhor se entender a atividade desta Frente Nacional Integracionista, recomendo a leitura do documento que envio em pdf em que o investigador Riccardo Marchi nos dá uma panorâmica das direitas radicais em Coimbra até 1974. Só lendo esta documentação é que se pode ficar com a perceção da agitação estudantil e a sua importância para a criação de uma opinião desfavorável à continuação da guerra.
Um abraço do
Mário
A contestação contra a guerra colonial:
A radiografia das universidades em 1971 feita por uma organização ultranacionalista
Beja Santos
Um investigador social, Riccardo Marchi, vem há anos a estudar a evolução das direitas radicais portuguesas nomeadamente nos anos contíguos aos da guerra que travávamos em África. A nota mais saliente que Marchi assinala é a exacerbação destes movimentos criticando o que eles apelidavam a pusilanimidade do regime de Marcello Caetano para contrariar as campanhas em meio universitário das esquerdas contra essa guerra. Para compreender melhor como as direitas radicais contestaram Marcello Caetano vale a pena ler o artigo de Riccardo Marchi publicado num número da Revista Análise Social, volume XLIII, 2008, intitulado “A Direita Radical na Universidade de Coimbra (1945-1974)”, que se anexa em pdf.(1)
Um feliz acaso levou-me a encontrar um documento produzido em maio de 1971 por uma intitulada Frente Nacionalista Integracionista. Para eles, o pesadelo começara com a vitória do comunismo e das democracias na II Guerra Mundial, surgira um aliado inesperado, os EUA, cujos dirigentes viam na saída dos europeus de África e da Ásia uma excelente oportunidade para encontrar novos mercados. Os outros países abandonavam cobardemente as suas posições em África, escreve a Frente, Portugal, guiado pelo génio político Salazar, mantinha-se indiferente à demagogia das Nações Unidas. Assim se fabricou o terrorismo. A Frente recorda o que dissera o Alferes Robles, por ocasião da manifestação de 27 de agosto de 1963, no Terreiro do Paço: “Nada mais pedimos senão que a retaguarda cumpra também o seu dever, como nós estamos cumprindo o nosso! Esta guerra nunca se perderá em África mas poderia perder-se em Lisboa!”. Alude-se seguidamente à propaganda comunista e como esta se infiltrou no nosso movimento associativo, tal como já acontecera em França, durante a guerra da Argélia.
Referem as campanhas de contestação, ao longo dos anos de 1968 e 1969, em que as faculdades foram inundadas de cartazes contra a guerra do Vietname. Depois, começaram a circular em diversas faculdades panfletos em grande parte emanados da Esquerda Democrática Estudantil, movimento marxista, embora de linha antissoviética, em que a defesa do Ultramar era apresentada como uma guerra destinada a servir os lacaios dos grandes monopólios internacionais. A Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa foi a primeira a tomar a iniciativa de atacar abertamente a guerra, ao afixar, em abril de 1969, no seu jornal de parede um recorte do artigo “Programa do Ministério da Defesa: fechar a universidade e mandar os estudantes para a guerra”.
A campanha eleitoral de 1969 levou à manifestação do movimento associativo, a mesma Faculdade de Ciências afixou um jornal de parede com uma mensagem dirigida por Amílcar Cabral em que incitava a nossa juventude a desertar das fileiras. E vem o remoque: “Durante alguns dias, este documento permaneceu afixado sem que as autoridades académicas o mandassem retirar”. A Frente dá também a saber que a linha maoista estava muito ativa, reconhecendo os movimentos de libertação e apelando ao seu apoio político. É a partir daí que vão proliferar artigos da maior violência contra a defesa do Ultramar. Surge mesmo um panfleto com “exigências da juventude”: fim da guerra; solução pacífica do conflito com a independência dos povos africanos. As faculdades de Medicina e Direito de Lisboa também afixam cartazes contra a guerra. Nova crítica da Frente: “Indiferença das autoridades académicas. O subdiretor da Faculdade de Direito chegou mesmo a afirmar que esse problema não lhe interessava absolutamente nada, tanto mais que não o considerava da sua alçada”.
A cabine da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico transmitia durante as horas das refeições programas subversivos, atacando o colonialismo português. Os estudantes de Direito quiseram realizar em 18 de fevereiro um colóquio “Política Colonial”, orientado por Salgado Zenha, Afonso de Barros e Arnaldo Matos. Comentário da Frente: “Felizmente que nessa ocasião o diretor da Faculdade se mostrou à altura das suas obrigações e proibiu o colóquio”. Em Coimbra, realizou-se em 9 de março, dentro das instalações da Universidade, um colóquio sobre o serviço militar, um dos pontos analisados era o serviço militar como castigo. Acabou por se debater a guerra colonial. No final do colóquio, aprovou-se uma moção que classificava o ministro da Defesa Nacional e o secretário de Estado do Exército como inimigos da Academia.
A frente também está atenta ao que fazem os alunos do ensino secundário, registam um boletim do Liceu Nacional de Gil Vicente e fazem troça dos estudantes liceais nacionalistas: “A vossa comunicação distingue-se das demais pela contestação vigorosa e justa, pela mensagem válida aos corações portugueses de têmpera, que em África defendem o nosso património, regam as florestas a napalm, aquecem as palhotas dos negros com lança-chamas, engordam os corpos com chumbo, desmentindo assim os boatos de que as populações das nossas províncias ultramarinas estão subalimentadas e subdesenvolvidas…”. Também o Instituto Comercial de Lisboa incitava contra a guerra colonial. Preso o estudante Saúl Noronha da Costa, decretou-se greve às aulas, pediu-se a demissão do direito do Instituto, os estudantes fizeram uma manifestação de apoio que decorreu no Chiado e na Baixa.
Em Coimbra, uma multidão de associativos apedrejava quem saia do Teatro Gil Vicente onde nacionalistas e seus simpatizantes assistiam à representação de uma peça de Paul Claudel. A Frente não esconde a sua preocupação com o facto de que a partir de 1970 quase todas as associações propõem que se reflita sobre a libertação do Ultramar. O grupo cénico do Instituto Superior Técnico pretendia mesmo fazer um espetáculo sobre o colonialismo. Na Faculdade de Letras de Lisboa era distribuída a letra da balada de Manuel Alegre "Romance de Pedro Soldado", que visava criar na população sentimentos de derrotismo. No anfiteatro I, algumas centenas de estudantes, pouco antes do natal de 1970, discutiram a invasão da República da Guiné, classificando-a como um ato de agressão preparado pelo colonialismo português. Nesse mesmo mês de Dezembro, houve em Coimbra um convívio com Zeca Afonso, gritou-se contra a guerra colonial e aplaudiu-se entusiasticamente um texto de Amílcar Cabral intitulado “A Força das Armas”. E comenta a Frente: “O ambiente atingiu o paroxismo quando dois cabo-verdianos, após entoarem algumas canções nativas, leram uma poesia contra a guerra no Ultramar, tudo isto no meio de estrondosas ovações”.
A Frente explica porque procedeu a este levantamento: para demonstrar o espírito de traição que reina no associativismo estudantil e a necessidade que há de pôr termo a essa atividade bem como à benevolência com que é encarada por quase todas as autoridades académicas. Insistentemente, a Frente refere que as autoridades académicas têm sido negligentes a tomar medidas para que estes pasquins prontamente desaparecessem das paredes dos edifícios que a nação entregou à sua guarda.
Riccardo Marchi tem razão: estes grupos ultranacionalistas estavam ativos e identificavam os focos de contestação que se iam espalhando sobretudo nas universidades de Lisboa e Coimbra. Bom seria conhecer o trabalho destes grupos em 1972, 1973 e 1974. Pelo menos ficaríamos com uma ideia da temperatura da contestação universitária contra a guerra.
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Notas do editor
(1) - O PDF referido pelo nosso camarada Mário Beja Santos vai ser enviado à tertúlia
Vd. último poste da série de 14 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14468: Notas de leitura (703): Sinopse do livro "Guerra na Bolanha", por Francisco Henriques da Silva
Queridos amigos,
A Feira da Ladra é sempre um alfobre de surpresas, ali encontrei um policopiado de 16 páginas da responsabilidade de um grupo ultranacionalista que inventariava a turbulência em meio universitário contra a guerra, dando conta do como e porquê.
Para melhor se entender a atividade desta Frente Nacional Integracionista, recomendo a leitura do documento que envio em pdf em que o investigador Riccardo Marchi nos dá uma panorâmica das direitas radicais em Coimbra até 1974. Só lendo esta documentação é que se pode ficar com a perceção da agitação estudantil e a sua importância para a criação de uma opinião desfavorável à continuação da guerra.
Um abraço do
Mário
A contestação contra a guerra colonial:
A radiografia das universidades em 1971 feita por uma organização ultranacionalista
Beja Santos
Um investigador social, Riccardo Marchi, vem há anos a estudar a evolução das direitas radicais portuguesas nomeadamente nos anos contíguos aos da guerra que travávamos em África. A nota mais saliente que Marchi assinala é a exacerbação destes movimentos criticando o que eles apelidavam a pusilanimidade do regime de Marcello Caetano para contrariar as campanhas em meio universitário das esquerdas contra essa guerra. Para compreender melhor como as direitas radicais contestaram Marcello Caetano vale a pena ler o artigo de Riccardo Marchi publicado num número da Revista Análise Social, volume XLIII, 2008, intitulado “A Direita Radical na Universidade de Coimbra (1945-1974)”, que se anexa em pdf.(1)
Um feliz acaso levou-me a encontrar um documento produzido em maio de 1971 por uma intitulada Frente Nacionalista Integracionista. Para eles, o pesadelo começara com a vitória do comunismo e das democracias na II Guerra Mundial, surgira um aliado inesperado, os EUA, cujos dirigentes viam na saída dos europeus de África e da Ásia uma excelente oportunidade para encontrar novos mercados. Os outros países abandonavam cobardemente as suas posições em África, escreve a Frente, Portugal, guiado pelo génio político Salazar, mantinha-se indiferente à demagogia das Nações Unidas. Assim se fabricou o terrorismo. A Frente recorda o que dissera o Alferes Robles, por ocasião da manifestação de 27 de agosto de 1963, no Terreiro do Paço: “Nada mais pedimos senão que a retaguarda cumpra também o seu dever, como nós estamos cumprindo o nosso! Esta guerra nunca se perderá em África mas poderia perder-se em Lisboa!”. Alude-se seguidamente à propaganda comunista e como esta se infiltrou no nosso movimento associativo, tal como já acontecera em França, durante a guerra da Argélia.
Referem as campanhas de contestação, ao longo dos anos de 1968 e 1969, em que as faculdades foram inundadas de cartazes contra a guerra do Vietname. Depois, começaram a circular em diversas faculdades panfletos em grande parte emanados da Esquerda Democrática Estudantil, movimento marxista, embora de linha antissoviética, em que a defesa do Ultramar era apresentada como uma guerra destinada a servir os lacaios dos grandes monopólios internacionais. A Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa foi a primeira a tomar a iniciativa de atacar abertamente a guerra, ao afixar, em abril de 1969, no seu jornal de parede um recorte do artigo “Programa do Ministério da Defesa: fechar a universidade e mandar os estudantes para a guerra”.
A campanha eleitoral de 1969 levou à manifestação do movimento associativo, a mesma Faculdade de Ciências afixou um jornal de parede com uma mensagem dirigida por Amílcar Cabral em que incitava a nossa juventude a desertar das fileiras. E vem o remoque: “Durante alguns dias, este documento permaneceu afixado sem que as autoridades académicas o mandassem retirar”. A Frente dá também a saber que a linha maoista estava muito ativa, reconhecendo os movimentos de libertação e apelando ao seu apoio político. É a partir daí que vão proliferar artigos da maior violência contra a defesa do Ultramar. Surge mesmo um panfleto com “exigências da juventude”: fim da guerra; solução pacífica do conflito com a independência dos povos africanos. As faculdades de Medicina e Direito de Lisboa também afixam cartazes contra a guerra. Nova crítica da Frente: “Indiferença das autoridades académicas. O subdiretor da Faculdade de Direito chegou mesmo a afirmar que esse problema não lhe interessava absolutamente nada, tanto mais que não o considerava da sua alçada”.
A cabine da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico transmitia durante as horas das refeições programas subversivos, atacando o colonialismo português. Os estudantes de Direito quiseram realizar em 18 de fevereiro um colóquio “Política Colonial”, orientado por Salgado Zenha, Afonso de Barros e Arnaldo Matos. Comentário da Frente: “Felizmente que nessa ocasião o diretor da Faculdade se mostrou à altura das suas obrigações e proibiu o colóquio”. Em Coimbra, realizou-se em 9 de março, dentro das instalações da Universidade, um colóquio sobre o serviço militar, um dos pontos analisados era o serviço militar como castigo. Acabou por se debater a guerra colonial. No final do colóquio, aprovou-se uma moção que classificava o ministro da Defesa Nacional e o secretário de Estado do Exército como inimigos da Academia.
A frente também está atenta ao que fazem os alunos do ensino secundário, registam um boletim do Liceu Nacional de Gil Vicente e fazem troça dos estudantes liceais nacionalistas: “A vossa comunicação distingue-se das demais pela contestação vigorosa e justa, pela mensagem válida aos corações portugueses de têmpera, que em África defendem o nosso património, regam as florestas a napalm, aquecem as palhotas dos negros com lança-chamas, engordam os corpos com chumbo, desmentindo assim os boatos de que as populações das nossas províncias ultramarinas estão subalimentadas e subdesenvolvidas…”. Também o Instituto Comercial de Lisboa incitava contra a guerra colonial. Preso o estudante Saúl Noronha da Costa, decretou-se greve às aulas, pediu-se a demissão do direito do Instituto, os estudantes fizeram uma manifestação de apoio que decorreu no Chiado e na Baixa.
Em Coimbra, uma multidão de associativos apedrejava quem saia do Teatro Gil Vicente onde nacionalistas e seus simpatizantes assistiam à representação de uma peça de Paul Claudel. A Frente não esconde a sua preocupação com o facto de que a partir de 1970 quase todas as associações propõem que se reflita sobre a libertação do Ultramar. O grupo cénico do Instituto Superior Técnico pretendia mesmo fazer um espetáculo sobre o colonialismo. Na Faculdade de Letras de Lisboa era distribuída a letra da balada de Manuel Alegre "Romance de Pedro Soldado", que visava criar na população sentimentos de derrotismo. No anfiteatro I, algumas centenas de estudantes, pouco antes do natal de 1970, discutiram a invasão da República da Guiné, classificando-a como um ato de agressão preparado pelo colonialismo português. Nesse mesmo mês de Dezembro, houve em Coimbra um convívio com Zeca Afonso, gritou-se contra a guerra colonial e aplaudiu-se entusiasticamente um texto de Amílcar Cabral intitulado “A Força das Armas”. E comenta a Frente: “O ambiente atingiu o paroxismo quando dois cabo-verdianos, após entoarem algumas canções nativas, leram uma poesia contra a guerra no Ultramar, tudo isto no meio de estrondosas ovações”.
A Frente explica porque procedeu a este levantamento: para demonstrar o espírito de traição que reina no associativismo estudantil e a necessidade que há de pôr termo a essa atividade bem como à benevolência com que é encarada por quase todas as autoridades académicas. Insistentemente, a Frente refere que as autoridades académicas têm sido negligentes a tomar medidas para que estes pasquins prontamente desaparecessem das paredes dos edifícios que a nação entregou à sua guarda.
Riccardo Marchi tem razão: estes grupos ultranacionalistas estavam ativos e identificavam os focos de contestação que se iam espalhando sobretudo nas universidades de Lisboa e Coimbra. Bom seria conhecer o trabalho destes grupos em 1972, 1973 e 1974. Pelo menos ficaríamos com uma ideia da temperatura da contestação universitária contra a guerra.
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Notas do editor
(1) - O PDF referido pelo nosso camarada Mário Beja Santos vai ser enviado à tertúlia
Vd. último poste da série de 14 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14468: Notas de leitura (703): Sinopse do livro "Guerra na Bolanha", por Francisco Henriques da Silva
Guiné 63/74 - P14482: Convívios (664): Almoço do pessoal do BCAÇ 3832 (Guiné, 1970/73), dia 9 de Maio de 2015 em Celorico da Beira
1. Comentário deixado num dos Postes do nosso Blogue pelo camarada Diamantino Monteiro:
Sou o António Lopes Pereira, da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832
Camarada Luís Graça,
Venho-lhe pedir para me ajudar a divulgar este almoço/convívio entre os meus camaradas.
Uma óptima tarde a todos.
Venho por este meio informar a todos os interessados que se realiza um almoço/convívio em Celorico da Beira no próximo dia 09 de Maio.
O almoço realizar-se-á no Mercado Municipal, gentilmente cedido pela Câmara Municipal, no centro da Vila, e será servido pelo restaurante Artur.
A concentração será no Jardim Carlos Amaral (junto ao Centro de Saúde), a partir das 11h30.
Às 12h30 seguiremos para o local de almoço.
Às 13h00 será servido o almoço.
Às 17h30 será servido o lanche.
O Preçário mantém se igual ao do ano passado:
Crianças até 4 anos - Grátis.
Jovens até aos 10 anos - 17,5 Euros.
Adultos - 35Euros.
Responsável pela organização:
Júlio Xavier - 963 315 422 / 271 748 402
julioxavier14@sapo.pt
____________
Nota do editor
Último poste da série de 15 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14476: Convívios (663): Encontro do BCAV 3864, dia 23 de Maio de 2015 em Leiria (Vânia Santos/Vitor Santos)
Sou o António Lopes Pereira, da CCAÇ 3305/BCAÇ 3832
Camarada Luís Graça,
Venho-lhe pedir para me ajudar a divulgar este almoço/convívio entre os meus camaradas.
C O N V O C A T Ó R I A
Almoço/Convívio em Celorico da Beira no próximo dia 9 de Maio
Almoço/Convívio em Celorico da Beira no próximo dia 9 de Maio
Uma óptima tarde a todos.
Venho por este meio informar a todos os interessados que se realiza um almoço/convívio em Celorico da Beira no próximo dia 09 de Maio.
O almoço realizar-se-á no Mercado Municipal, gentilmente cedido pela Câmara Municipal, no centro da Vila, e será servido pelo restaurante Artur.
A concentração será no Jardim Carlos Amaral (junto ao Centro de Saúde), a partir das 11h30.
Às 12h30 seguiremos para o local de almoço.
Às 13h00 será servido o almoço.
Às 17h30 será servido o lanche.
O Preçário mantém se igual ao do ano passado:
Crianças até 4 anos - Grátis.
Jovens até aos 10 anos - 17,5 Euros.
Adultos - 35Euros.
Responsável pela organização:
Júlio Xavier - 963 315 422 / 271 748 402
julioxavier14@sapo.pt
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Nota do editor
Último poste da série de 15 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14476: Convívios (663): Encontro do BCAV 3864, dia 23 de Maio de 2015 em Leiria (Vânia Santos/Vitor Santos)
Guiné 63/74 - P14481: Os nossos seres, saberes e lazeres (87): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte IV) (Luís Graça): o muro da nossa vergonha europeia...
Berlim > "East Side Gallery" > 22 de março de 2015 > O famoso beijo entre dois "camaradas"... [O artista, ele próprio russo, passou por cima da idiossincracia do "beijo russo", deu à sua pintura mural uma outra conotação, histórica e política, a do beijo da morte... Entre os russos, o beijo na boca entre dois homens nada tem de chocante ou homofóbico, é de acordo com a tradição russa um grande sinal de afeto e gratidão...]
Господи! Помоги мне выжить среди этой смертной любви [em russo], Gospodi! Pomogi mne vyzhit' sredi etoy smertnoy lyubvi [em russo transliterado]
Mein Gott, Hilf Mir Diese Tödliche Liebe Zu Überleben [em alemão] |
Tradução: My God, Help Me to Survive This Deadly Love [inglês] | Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor mortal [português]...
1. Um dos mais famosos grafitos da "maior galeria de arte ao ar livre, do mundo", a chamada "East Side Galllery", situada numa seção de mais de 1,3 km, na parte oriental do antigo muro de Berlim, que escapou ao camartelo...
É um dos lugares obrigatórios dos percursos da "ostalgie"... [Um neologismo, usado pelos berlinenses, que deriva de Ost (leste) e Nostalgie (nostalgia)... Mais do que um sentimento, é um negócio, o turismo da "ostalgie" que alimenta museus, privados, excursões, visitas guiadas, restauração, hotelaria, arte, cultura...Não há, na Alemanha de hoje, "saudades" do regime da RDA onde parece que havia emprego para todos na proporção inversa da liberdade... Em relação ao passado (nazismo, holocausto, guerra, muro de Berlim, reunificação...) os alemãs lá vão fazendo, como podem, o difícil "coping".... Até inventaram um palavrão para designar esse fenómeno: Vergangenheitsbewältigung, a arte alemão de saber lidar com o passado...
Apesar de tudo, parece-me que, a nível público, os alemães (ou pelo menos os berlinenses) fazem-no melhor do que nós, que ainda não conseguimos fazer o luto de muita coisa, e nomeadamente a perda do nosso cordão umbilical histórico com o "além-mar" (, desde a nossa frota do bacalhau e a nossa marinha mercante, até às "joias da coroa" ultramarinas, India e Angola, por ex.) ou o debate sereno sobre o Estado Novo, a guerra colonial / guerra do ultramar / guerra de África, o 25 de abril e a descolonização...
Como é sabido, o muro esteve de pé entre 1961 e 1989, dividindo não só os berlinenses e os alemães, como o próprio continente europeu. A ser apropriada a expressão "muro da vergonha", ele foi historicamente o muro da vergonha de todos, nós, europeus... A reunificação da Alemanha, em 3 de outubro de 1990, marca o fim da chamada guerra fria, que opôs a Rússia soviética aos seus antigos aliados ocidentais da II Guerra Mundial (EUA, Inglaterra e França). Desgraçadamente, outros muros, menos visíveis, se estão a erguer na Europa de hoje, enter o norte e o sul, entre o oeste e o leste... A Rússia, por exemplo, é um urso ferido e humilhado,, o que não é bom para ninguém...
1. Um dos mais famosos grafitos da "maior galeria de arte ao ar livre, do mundo", a chamada "East Side Galllery", situada numa seção de mais de 1,3 km, na parte oriental do antigo muro de Berlim, que escapou ao camartelo...
É um dos lugares obrigatórios dos percursos da "ostalgie"... [Um neologismo, usado pelos berlinenses, que deriva de Ost (leste) e Nostalgie (nostalgia)... Mais do que um sentimento, é um negócio, o turismo da "ostalgie" que alimenta museus, privados, excursões, visitas guiadas, restauração, hotelaria, arte, cultura...Não há, na Alemanha de hoje, "saudades" do regime da RDA onde parece que havia emprego para todos na proporção inversa da liberdade... Em relação ao passado (nazismo, holocausto, guerra, muro de Berlim, reunificação...) os alemãs lá vão fazendo, como podem, o difícil "coping".... Até inventaram um palavrão para designar esse fenómeno: Vergangenheitsbewältigung, a arte alemão de saber lidar com o passado...
Apesar de tudo, parece-me que, a nível público, os alemães (ou pelo menos os berlinenses) fazem-no melhor do que nós, que ainda não conseguimos fazer o luto de muita coisa, e nomeadamente a perda do nosso cordão umbilical histórico com o "além-mar" (, desde a nossa frota do bacalhau e a nossa marinha mercante, até às "joias da coroa" ultramarinas, India e Angola, por ex.) ou o debate sereno sobre o Estado Novo, a guerra colonial / guerra do ultramar / guerra de África, o 25 de abril e a descolonização...
Como é sabido, o muro esteve de pé entre 1961 e 1989, dividindo não só os berlinenses e os alemães, como o próprio continente europeu. A ser apropriada a expressão "muro da vergonha", ele foi historicamente o muro da vergonha de todos, nós, europeus... A reunificação da Alemanha, em 3 de outubro de 1990, marca o fim da chamada guerra fria, que opôs a Rússia soviética aos seus antigos aliados ocidentais da II Guerra Mundial (EUA, Inglaterra e França). Desgraçadamente, outros muros, menos visíveis, se estão a erguer na Europa de hoje, enter o norte e o sul, entre o oeste e o leste... A Rússia, por exemplo, é um urso ferido e humilhado,, o que não é bom para ninguém...
A guerra fria marcou a nossa geração e as duas superpotências (EUA e URSS) diglariaram-se em muitos pontos do mundo (da Coreia a Cuba, do Vietname a Angola). através de terceiros a quem armamaram ou apoiaram de muitas outras maneiras [, como foi o caso da ex-Guiné portuguesa, onde a G3 era alemã ocidental, e a Kalash era russa; no caso da ex-RDA, todos os três movimentos nacionalistas lusófonos, PAIGC, MPLA e FRELIMO, que combateram contra o exército colonial português, beneficiaram da "solidariedade internacionalista" (sic) dos alemães de leste].
O mural é do artista russo Dmitri Vladimirovich Vrubel (n. 1960) e data de 1990 (restaurado em 2005) (*). Esta pintura mural pretende caricaturar o dirigente comunistas Leonid Brezhnev (1906-1982), russo, e o presidente Erich Honecker (1912-1994), alemão oriental, num dos seus famosos "beijos fraternos" (saudação tradicional russa). Dimitri Vrubel reproduziu aqui uma célebre foto tirada em 1979, por ocasião da celebração do 30º aniversário da fundação da República Democrática Alemão (RDA). A pintura mural tem as seguintes dimensões: 365 cm × 480 cm.
Berlim >"East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > Outra não menos famosa pintura... Em primeiro plano, o símbolo da RDA, o "Trabant" (ou "Trabi", em linguagem coloquial), a versão alemão oriental do... "carro do povo". Em segundo plano, o beijo dos "camaradas" Brezhnev e Honecker... Autor: Lake.
2. A "East Side Gallery" tem trabalhos de 118 artistas de 21 diferentes países, que usaram diferentes técnicas plásticas para comentar, livremente, num hino à paz e à liberdade, acontecimentos políticos decisivos dos anos em que caiu o muro de Berlim (1989) e acabou a guerra fria (1990)....
A "East Side Gallery" fica ainda no centro histórico de Berlim, na Mühlenstraße, em Friedrichshain-Kreuzberg, estendendo-se ao longo da margem direita do rio Spree que atravessa Berlim e Brandemburgo.
Berlim >"East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > Outra não menos famosa pintura... Em primeiro plano, o símbolo da RDA, o "Trabant" (ou "Trabi", em linguagem coloquial), a versão alemão oriental do... "carro do povo". Em segundo plano, o beijo dos "camaradas" Brezhnev e Honecker... Autor: Lake.
2. A "East Side Gallery" tem trabalhos de 118 artistas de 21 diferentes países, que usaram diferentes técnicas plásticas para comentar, livremente, num hino à paz e à liberdade, acontecimentos políticos decisivos dos anos em que caiu o muro de Berlim (1989) e acabou a guerra fria (1990)....
A "East Side Gallery" fica ainda no centro histórico de Berlim, na Mühlenstraße, em Friedrichshain-Kreuzberg, estendendo-se ao longo da margem direita do rio Spree que atravessa Berlim e Brandemburgo.
Berlim > "East Side Gallerey" > 22 de março de 2015 > O histórico dirigente soviético Mikhail Gorbachev (n. 1931), fazendo da foice e do martelo um "volante simbólico" da história, provável referência à sua política de reformas, consubstanciadas nas palavras de ordem Glasnost e Perestroika... Foi-lhe atribuído, muito justamente, o Prémio Nobel da Paz (1990). O mural está muito "vandalizado", não consegui saber quem era o autor...
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > A Alice Carneiro, nossa grã-tabanqueira, e a mana Nitas, na iminência de serem "atropeladas" por um Trabi (**)...
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > A Alice, ao longo do muro, saturado de grafitos... Esta parte correspondia, no passado, ao território de Berlim Oriental.
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > Uma secção do muro que foi deslocada da localização original, pro razões de acesso ao rio Speer... Do lado direito da foto era Berlim ocidental e do lado esquerdo, Berlim Oriental... Ao fundo a famosa ponte de tijolo, a Oberbaumbrücke, que foi em tempos a mais comprida da cidade (, datando de 1896). Continua a ser um dos ícones da cidade. Foi dinamitada, a secção central, pelos alemães em abril de 1945 para atrasar a chegada do exército vermelho. Com a criação do Muro, em 1961, a ponte passou a servir de fronteira entre o leste e o oeste. Havia aqui um dos "checkpoints" dos alemães orientais. Foi posteriormente reconstruída e devolvida ao seu esplendor em 1994.
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > Também há marcas de "tugas"... que por aqui passaram recentemente e quiseram deixar a sua "peugada"... Neste caso, de uma Rita Gaião e de uma Carol...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados
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Berlim >"East Side Gallery" > 22 de março de 2015 > A arma (sempre desconcertante e saudável) do humor...
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > A Alice Carneiro, nossa grã-tabanqueira, e a mana Nitas, na iminência de serem "atropeladas" por um Trabi (**)...
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > A Alice, ao longo do muro, saturado de grafitos... Esta parte correspondia, no passado, ao território de Berlim Oriental.
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > Uma secção do muro que foi deslocada da localização original, pro razões de acesso ao rio Speer... Do lado direito da foto era Berlim ocidental e do lado esquerdo, Berlim Oriental... Ao fundo a famosa ponte de tijolo, a Oberbaumbrücke, que foi em tempos a mais comprida da cidade (, datando de 1896). Continua a ser um dos ícones da cidade. Foi dinamitada, a secção central, pelos alemães em abril de 1945 para atrasar a chegada do exército vermelho. Com a criação do Muro, em 1961, a ponte passou a servir de fronteira entre o leste e o oeste. Havia aqui um dos "checkpoints" dos alemães orientais. Foi posteriormente reconstruída e devolvida ao seu esplendor em 1994.
Berlim > "East Side Gallery" A> 22 de março de 2015 > Também há marcas de "tugas"... que por aqui passaram recentemente e quiseram deixar a sua "peugada"... Neste caso, de uma Rita Gaião e de uma Carol...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados
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Notas do editor:
(*) Vd., postes anteriores >
9 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14450: Os nossos seres, saberes e lazeres (85): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte III) (Luís Graça)
1 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14428: Os nossos seres, saberes e lazeres (82): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte II) (Luís Graça)
31 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14424: Os nossos seres, saberes e lazeres (80): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte I) (Luís Graça)
(**) Último poste da série > 15 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14472: Os nossos seres, saberes e lazeres (86): Bruxelles, mon village (Parte 1) (Mário Beja Santos)
(*) Vd., postes anteriores >
9 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14450: Os nossos seres, saberes e lazeres (85): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte III) (Luís Graça)
1 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14428: Os nossos seres, saberes e lazeres (82): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte II) (Luís Graça)
31 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14424: Os nossos seres, saberes e lazeres (80): Berlim, cidade ainda hoje invisivelmente dividida: as marcas da guerra e do terror (Parte I) (Luís Graça)
(**) Último poste da série > 15 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14472: Os nossos seres, saberes e lazeres (86): Bruxelles, mon village (Parte 1) (Mário Beja Santos)
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