quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Guiné 63/74 - P1041: O Pimbas e os outros (Jorge Cabral)

Mensagem do Jorge Cabral, datada de 16 de Agosto de 2006:


Amigo Luis,

Conheci mal o Pimbas, conheci mal o Corte-Real, conheci mal o Magalhães Filipe, e ainda bem...

Parece que eram todos bons homens, ex-professores, que ao fim de trinta anos de carreira, haviam descoberto não ter vocação militar...

É necessário distinguir, entre a tropa miliciana, civís militarizados à força, e investidos em funções para as quais não estavam preparados, e os profissionais, designadamente os Oficiais Superiores.

Comandar um Batalhão exigia possuir qualidades de liderança, determinação e coragem, que a não existirem, deviam ter impedido a Promoção. Sabemos todos, e alguns pelas piores razões, que assim não sucedeu.

Talvez quem me conheceu e conhece, me possa considerar preconceituoso, dada a minha postura 200% paisana e anti-militar, mas sei que muitos viram, sentiram e sofreram, as prepotentes arrogâncias, os ocos autoritarismos e as criminosas incompetências.
Felizmente que consegui passar a comissão afastado da hierarquia, a qual imbuída de um espírito de casta, não compreendeu muitas vezes, que já não estava numa qualquer Unidade da Metrópole, mas sim em África e na Guerra. Aliás, tendo sido convidado em Julho de 1970 para ir para Bolama, dar instrução, recusei, precisamente por não querer integrar-me num Quartel "normal"...

Reitero o que já escrevi, sobre os quatro Comandantes de Batalhão de Bambadinca, meus contemporâneos - apenas o Polidoro me mereceu consideração, embora desconheça se gostava de ópera ou se alguma vez foi professor...

Continuação de Boas Férias, Amigo
... e desculpa lá, mas mesmo velho ou talvez por isso, não posso branquear a Verdade (a minha).

Grande, Grande Abraço
para ti, Camarada!

Jorge

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Guiné 63/74 - P1040: Hola, desde España pasando por Bafata (Felix Perales)

Simpática mensagem, datada de 25 de Agosto último, que me foi enviada por um cooperante espanhol, Felix Perales, a quem agradeço, em meu nome e em nome dos restantes amigos e camaradas de tertúlia, as palavras bonitas, simpáticas e solidárias que diz a nosso respeitpo e a respeito da 'nossa' Guiné. Esta é uma das muitas mensagens que estão na minha caixa de correio, que abri hoje, de passagem por Lisboa, e ainda em férias até início de Setembro. L.G.

Hola, le escribe Felix Perales, miembro de una asociacion llamada SILO, que en Mandiga, de Gambasse, significa Camino... Y eso es lo que estamos intentando hacer en el Bairro de Nema en Bafata en la tabanca de Gambasse, Dembamje, Sara-Meta, Priams donde hemos hecho unos jardines de infancia y un dispensario medico en Gambasse, ademas de asociacion de mulleres agricultoras..

Esto era un pequeña introduccion para que viera vds. lo que nos une y espor lo que he leido en su pagina el amor a Guinee con todas suscontradicciones que tiene el pais... Pero aun asi se le quiere y ellos nosquieren, porque una cosa que constatas al menos en las tabancas es que todos dicen que se vivia mejor con los portugueses como tambien pasaba en Guinea Ecuatorial antigua colonia [española] y que tambien estuve alli y pude constatar...

Bueno el motivo de escribirle es muy simple, solo darle las gracias por haber hecho la pagina por ver los mapas tan detallados... Es algo que a me ha emocionado ya que no es facil encontrar documentacion sobre Guinee Bissau y menos sobre la region de Bafata....Nada mas y disculpe mi atrevimiento de escribirle...y espero que algun dia podamos coincidir en Gambasse o Bafata y podamos charlar un abrazo y graciasde nuevo

Felix Perales

Guiné 63/74 - P1039: O Pel Caç Nat 52 no Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > Destacamento do Mato Cão > Pel Caç Nat 52 > 1973 > O Alf Mil Joaquim Mexia Alves, pousando com um babuíno (macaco-cão) mais o Braima Candé (em primeiro plano), tendo na segunda fila, de pé, o seu impedido, o Mamadu, ladeado pelo Manga Turé.

Foto: © Joaquim Mexia Alves (2006)


Mensagem do Joaquim Mexia Alves, de 4 de Agosto último:

Caro Luís Graça:

Espero que as férias estejam a correr bem, embora a gente não te dê descanso.

Guarda as histórias para quando as férias acabarem, mas como tu - tal como nós - gostas disto, acaba por ser um trabalho agradável, desde que não seja vivido como uma obrigação, tal como eu acredito que para ti não é.

Com efeito, para esclarecer o Beja Santos (1), o Pel Caç Nat 52 esteve largo tempo em Mato Cão, chegou comigo, salvo o erro, um mês ou dois antes do Natal de 72 e por lá foi ficando ao longo de 73.

Eu fui para a CCAÇ 15 em meados desse ano de 1973 e o Pelotão ainda lá ficou.

Quando acabares as férias, contarei estas andanças.

É interessante notar em mim, que tendo eu a chamada memória de elefante, para a minha vida passada, o período da Guiné não é preciso, e tenho muitas vezes de fazer um grande esforço para recordar com alguma precisão as coisas que por lá se passaram. As datas então são quase impossiveis de confirmar na minha memória.

Enfim, fenómenos da natureza do homem.

Abraço do
Joaquim Mexia Alves (2)

____________

Notas de L.G.

(1) Vd. post de 4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1024: Pel Caç Nat 52, destacamento de Mato Cão (Joaquim Mexia Alves)

(2) O Joaquim Mexia Alves, ex-alferes miliciano de operações especiais, durante o período de Dezembro de 1971 a Dezembro de 1973, pertenceu às seguintes unidades:

(i) CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas);

(ii) Pel Caç Nat 52 (Ponte Rio Undunduma, Mato Cão); e, por fim,

(iii) CCAÇ 15 (Mansoa ).