Marinha Portuguesa > Submarino classe Albacora. Fonte : © Marinha Portuguesa > Galeria Digital > Fotos > Submarinos (2004) (com a devida vénia...)
Marinha Portuguesa > Fragata classe João Belo (foto gentilmente cedida por Pedro Lauret e adaptada por L.G.).
Fonte: © Marinha Portuguesa (2004) (com a devida vénia...)
Marinha Portuguesa > Corveta classe João Coutinho (foto gentilmente cedida por Pedro Lauret e adaptada por L.G.)
Texto do Pedro Lauret (membro da nossa tertúlia, foi oficial imediato da LFG Orion - Guiné, 1971/73 -, sendo hoje capitão-de-mar-e-guerra na reforma e dirigente da Associação 25 de Abril) (2)
A Marinha Oceânica na Guerra Colonial
por Pedro Lauret
A Marinha é um ramo das Forças Armadas que tem tradicionalmente uma postura discreta, não evidenciando muitas das suas responsabilidades nem a forma como as cumpre, talvez porque saiba que como é importante num País com a História e Geografia como o nosso.
Esta postura muitas vezes a tem prejudicado por incompreensão. Quem não questionou, ontem como hoje: submarinos e fragatas, para quê?
Tudo isto vem a propósito dos transportes de tropas (1).
Talvez nem todos saibam que 90% do reabastecimento dos três teatros de operações [ - Angola, Guiné e Moçambique - ] nos 13 anos de guerra foram efectuados por via marítima, mas é verdade!
Talvez também nem todos se tenham apercebido que as áreas oceânicas que os nossos transportes de tropas atravessavam eram contíguas a mares territoriais de países hostis, países que, em muitos casos, tinham saído recentemente de situações coloniais. Países que assumiam protagonismo internacional crescente, que se organizavam a partir de Bandung, no movimento dos não-alinhados. Países que assumiam claramente posições agressivas contra a política ultramarina/colonial de Portugal. Países que faziam ouvir as suas vozes nas posições que as Nações Unidas iam assumindo contra a política do governo do nosso país.
O conjunto de deliberações e resoluções das Nações Unidas contra Portugal começava a justificar, face ao direito internacional, acções militares contra transportes de tropas e outros transportes logísticos.
Por este motivo foi necessário, com discrição, manter abertas as linhas de comunicação: proteger os transportes de tropas e materiais destinados à Guerra.
A Marinha assumiu essa missão tendo adquirido para o efeito (2):
- 4 Fragatas classe Comandante João Belo, construídas em França, tinham consideráveis capacidades artilheiras quer anti-superfície quer anti-aéreas e ainda capacidade anti-submarina;
- 4 Submarinos classe Albacora;
por Pedro Lauret
A Marinha é um ramo das Forças Armadas que tem tradicionalmente uma postura discreta, não evidenciando muitas das suas responsabilidades nem a forma como as cumpre, talvez porque saiba que como é importante num País com a História e Geografia como o nosso.
Esta postura muitas vezes a tem prejudicado por incompreensão. Quem não questionou, ontem como hoje: submarinos e fragatas, para quê?
Tudo isto vem a propósito dos transportes de tropas (1).
Talvez nem todos saibam que 90% do reabastecimento dos três teatros de operações [ - Angola, Guiné e Moçambique - ] nos 13 anos de guerra foram efectuados por via marítima, mas é verdade!
Talvez também nem todos se tenham apercebido que as áreas oceânicas que os nossos transportes de tropas atravessavam eram contíguas a mares territoriais de países hostis, países que, em muitos casos, tinham saído recentemente de situações coloniais. Países que assumiam protagonismo internacional crescente, que se organizavam a partir de Bandung, no movimento dos não-alinhados. Países que assumiam claramente posições agressivas contra a política ultramarina/colonial de Portugal. Países que faziam ouvir as suas vozes nas posições que as Nações Unidas iam assumindo contra a política do governo do nosso país.
O conjunto de deliberações e resoluções das Nações Unidas contra Portugal começava a justificar, face ao direito internacional, acções militares contra transportes de tropas e outros transportes logísticos.
Por este motivo foi necessário, com discrição, manter abertas as linhas de comunicação: proteger os transportes de tropas e materiais destinados à Guerra.
A Marinha assumiu essa missão tendo adquirido para o efeito (2):
- 4 Fragatas classe Comandante João Belo, construídas em França, tinham consideráveis capacidades artilheiras quer anti-superfície quer anti-aéreas e ainda capacidade anti-submarina;
- 4 Submarinos classe Albacora;
- 10 Corvetas classe João Coutinho e Baptista de Andrade.
Os transportes de tropas (TT) tinham embarcado um oficial superior da Armada: o Capitão de Bandeira, que tinha como missão superintender a disciplina a bordo e a sua articulação com os outros meios navais empenhados na sua segurança.
Os navios mercantes estavam preparados para, com facilidade, instalar peças de artilharia para auto-protecção.
Resumindo, a Marinha durante os 13 anos de guerra protegeu, discretamente, os transportes de tropas para os três teatros de operações.
Alguém pensou que sob as águas do seu transporte de tropas [ - Alfredo da Silva, Ana Mafalda, Manuel Alfredo, Niassa, Timor, Uíge -] (4), se poderia encontrar um submarino? ou que para além do horizonte poderia estar uma fragata ou corveta? Provavelmente não!
Pedro Lauret
__________
Notas de L.G.:
(1) Vd. por exemplo, post anterior, com data de hoje: Guiné 63/74 - P1299: Antologia (54): Transporte de tropas, por via marítima e aérea (CD25A / UC)
(2) Vd post de 1 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1137: Do NRP Orion ao MFA: uma curta autobiografia (Pedro Lauret, capitão-de-mar-e-guerra)
(3) Vd. Portal da Marinha Portuguesa > Guerra de África
(4) Vd. posts anteriores:
20 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1297: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (3): Do navio Timor ao Quartel de Santa Luzia
19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1296: O cruzeiro das nossas vidas (2): A Bem da História: a partida do Uíge (Paulo Raposo / Rui Felício, CCAÇ 2405)
12 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1271: O cruzeiro das nossas vidas (1): O meu Natal de 1971 a bordo do Niassa (Joaquim Mexia Alves)
Os transportes de tropas (TT) tinham embarcado um oficial superior da Armada: o Capitão de Bandeira, que tinha como missão superintender a disciplina a bordo e a sua articulação com os outros meios navais empenhados na sua segurança.
Os navios mercantes estavam preparados para, com facilidade, instalar peças de artilharia para auto-protecção.
Resumindo, a Marinha durante os 13 anos de guerra protegeu, discretamente, os transportes de tropas para os três teatros de operações.
Alguém pensou que sob as águas do seu transporte de tropas [ - Alfredo da Silva, Ana Mafalda, Manuel Alfredo, Niassa, Timor, Uíge -] (4), se poderia encontrar um submarino? ou que para além do horizonte poderia estar uma fragata ou corveta? Provavelmente não!
Pedro Lauret
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Notas de L.G.:
(1) Vd. por exemplo, post anterior, com data de hoje: Guiné 63/74 - P1299: Antologia (54): Transporte de tropas, por via marítima e aérea (CD25A / UC)
(2) Vd post de 1 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1137: Do NRP Orion ao MFA: uma curta autobiografia (Pedro Lauret, capitão-de-mar-e-guerra)
(3) Vd. Portal da Marinha Portuguesa > Guerra de África
(4) Vd. posts anteriores:
20 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1297: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (3): Do navio Timor ao Quartel de Santa Luzia
19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1296: O cruzeiro das nossas vidas (2): A Bem da História: a partida do Uíge (Paulo Raposo / Rui Felício, CCAÇ 2405)
12 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1271: O cruzeiro das nossas vidas (1): O meu Natal de 1971 a bordo do Niassa (Joaquim Mexia Alves)
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