segunda-feira, 7 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3032: PAIGC: Instrução, táctica e logística (13): Supintrep, nº 32, Junho de 1971 (XIII Parte): Armamento (A. Marques Lopes)




Quadro I - Evolução do armamento do PAIGC no TO da Guiné (1961-69)... Fonte: Supintrep nº 32, Junho de 1971. Naturalmente faltam os Strela, os mísseis terra-ar que apareceram em Março de 1973, nos céus de Guileje...


Continuação da publicação do Supintrep, nº 32, de Junho de 1971, documento classificado na época como reservado, de que nos foi enviada uma cópia, em 19 de Setembro de 2007, pelo nosso amigo e camarada A. Marques Lopes, Cor DFA, na situação de reforma :


PAIGC - Instrução, táctica e logística (13): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (Parte XII) > Logística:


a. ABASTECIMENTO DE MATERIAL DE GUERRA E INTENDÊNCIA (*)

1. Armamento e munições


Os grupos armados do PAIGC dispõem de material ligeiro moderno, próprio para o tipo de guerra que pratica, ao qual associa armas pesadas, tais como canhões sem recuo e morteiros de vários tipos, metralhadoras e peças anti-aéreas, metralhadoras pesadas, foguetões 122, havendo notícias de que possui já, ou possuirá a curto prazo, mísseis terra-ar [Strela]. Esta gama de armamento de origem russa, chinesa e checa, é recebida quer directamente desses países quer a partir de Cuba, e encontra-se descrito no SUBINTREP 33.

Dada a grande variedade de armas utilizadas e, dentro do mesmo tipo de armas, de vários calibres, poder-se-ia admitir que se verificassem deficiências ou dificuldades no seu emprego, estas últimas especialmente devidas a deficiências de reabastecimento. Tal não acontece, porém, e, muito ao contrário, em todas as acções que tem levado a cabo o IN tem vindo a actuar com crescente potencial de fogo em que o quantitativoe a variedade das munições consumidas revelam níveis apreciáveis, não sendo raras as flagelações em que são consumidas várias centenas de granadas de canhão e morteiro. A ausência de restrições no consumo de material é suficientemente elucidativa da “generosidade” dos países fornecedores.

O mesmo acontece com os engenhos explosivos, minas anti-carro e anti-pessoal, normalmente de fabrico russo, das quais o IN faz largo uso.

Considerando os vários tipos de armas utilizadas, julga-se que será de interesse incluir neste documento elementos respeitantes ao seu aparecimento no TO, o que constiturá uma pequena história das sucessivas “fases” em que podemos dividir o tempo que meneia entre a eclosão do conflito e os dias de hoje, fases essas definidas presisamente pela utilização de novos armamentos.

Consideram-se as seguinte referenciações (Vd. Quadro I, em cima):

Tipo de armamento - Espingarda gentílica de caça

Mês e ano do seu aparecimento - Junho de 1961
Local onde foi referenciado pela 1ª vez - S. Domingos

Pistola / Jul-Dez 1962 / Frente Sul

Pistola metralhadora e granada de mão / Jan 1963 / Tite

Mina Anti-carro / Jul 1963 / Estrada Fulacunda - S. João

Metralhadora ligeira / Jul -Dez 1963 /

Morteiro 82 / Jan-Fev 1964 / Buba, Ilha do Como

Metralhadora pesada 12,7 / Março de 1964 / Cabedú

Lança granadas-foguete / Ago 1964 / Piche

Morteiro 60, espingardas automáticas, semi-automáticas e minas generalizadas / Dez 1964

Canhão s/recuo 82 mm / Jul 1966 / Beli

Canhão s/recuo 75 mm / Nov 1966 / Canquelifá

Confirmação da utilização de meios rádio / Dez 1966

Lança granadas-foguete RPG7 / Nov 1967

Canhão s/recuo T21 / Jun 1968

Morteiro 120 / Ago 1968 / Gandembel

Foguetões 122 / Nov 1969 / Bolama



Lisboa > Museu Militar (1) > O foguetão 122 mm ou a arma especial Grad (na terminologia do PAIGC) (**). Os primeiros foguetões 122 mm terão sido usados, pela primeira vez, numa flagelação contra Bolama, em Novembro de 1969.


Foto [à esquerda]: © Nuno Rubim (2007). Direitos reservados.


Entrando em linha de conta com estes elementos, consideram-se as seguintes fases no desenrolar da luta:


1.ª FASE [1961/63]



Definida pelo uso de armas de caça e armas gentílicas e caracterizada também pela utilização de pistolas, pistolas metralhadoras e granadas de mão, a qual se estende até Julho de 1963.


2.ª FASE [1963/1966]

Caracterizada pela utilização de minas A/C e armamento pesado, nomeadamente morteiros 82, metralhadoras pesadas e lança granadas-foguete, até meados de 1966.

3.ª FASE [1966/69]

Caracterizada pela utilização de espingardas automáticas e semi-automáticas, canhões sem recuo (s/r) 75 e 82 mm, morteiros 120, a par de todas as outras anteriormente referenciadas.


4.ª FASE [Nov 1969... ]

O início desta fase, Novembro de 1969, é caracterizada pelo aparecimento no TO de foguetões 122, em paralelo com todo o restante armamento citado.

3. As arrecadações

São instalações de vários tipos onde o IN guarda o seu material, sendo a sua capacidade e construção dependente do escalão que servem. Verifica-se, assim, a existência de arrecadações de grande capacidade (Depósitos) construídas em betão nas bases das regiões fronteiriças, arrecadações mais pequenas, embora seguras, junto dos órgãos de comando das Frentes e Sectores, e pequenas arrecadações, muitas vezes simples buracos camuflados, junto dos acampamentos das unidades mais elementares.

Estas “arrecadações”, que possuem sempre um encarregado, o “responsável”, situam-se, especialmente as que servem unidades de pequenos efectivos, fora das áreas dos acampamentos de modo a não serem facilmente detectáveis.

A fim de protegerem o material guardado nestas “arrecadações” rudimentares, o IN utiliza plásticos, caixotes de madeira, de cibes e de ferro, além de outros materiais de protecção; nas “arrecadações” que reunem já razoáveis condições de armazenamento não são descurados os cuidados a ter com o material, sendo o mesmo colocado em caixotes que assentam em estacarias, defendendo-o assim da humidade e da bicharia.


4. Maneira como se processa o reabastecimento de material


Kandiafara e Koundara são, como se referiu já, as bases logísticas de apoio à Inter-Região Sul e Inter-Região Norte, respectivamente, sendo Boké e Kolda pontos de passagem e controle de viaturas e material nelas transportado. Este, vindo dos órgãos logísticos e centrais de Conakry, chega às bases inter-regionais onde fica registado e armazenado até ser feita a sua distribuição pelas bases que, nas regiões fronteiriças e no interior, servem as diferentes Frentes e Sectores. Aqui, por sua vez, acaba também por ser distribuído pelos acampamentos das diferentes unidades.

O procedimento adoptado para o processamento da distribuição do material é o seguinte: cada escalão elabora relações de material especificando nelas o material consumido ou desaparecido, o operacional e o inoperacional, o fornecido e o evacuado. Estas relações são enviadas periodicamente aos escalões superiores, os quais procedem aos necessários ajustamentos em função delas.



____________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 17 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2955: PAIGC: Instrução, táctica e logística (12): Supintrep nº 32, Junho de 1971 (XII Parte): Saúde (A. Marques Lopes)


(**) Vd. postes anteriores sobre o armamento do PAIGC:

13 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1756: Exposição de armamento apreendido ao PAIGC, aquando da visita de Américo Tomás (Bissau, 1968) (Victor Condeço)

17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1764: Armamento do PAIGC (1): Metralhadoras pesadas Degtyarev, antiaéreas (Nuno Rubim)

27 de Junho de 2007 >Guiné 63/74 - P1890: PAIGC: Gíria revolucionária... ou como os guerrilheiros designavam o seu armamento (A. Marques Lopes)

(...) Tipo de Armamento > DESIGNAÇÃO

Foguetão 122 mm > GRAAD ou JACTO DO POVO

Morteiro 120 mm > BADORA

Canhão S/R B-10 > BEDIS
Canhão S/R 75 mm > TECHONGO

Lança Granadas-Foguete PANCEROVKA P-27 > BAZOOKA BICHAN, LANÇA GRANDE, PAU DE PILA, BAZOOKA CHINÊS

Lança Granadas-Foguete RPG-2 > BAZOOKA CHINA, BAZOOKA LIGEIRO, LANÇA PEQUENO

Lança Granadas-Foguete 8,9 cm (M20 B1) > BAZOOKA CUBANA

Metralhadora Pesada DEGTYAREV (DSHK) Cal. 12,7 mm M-38/56 > DEKA, DESSEQUE, DCK,

Metralhadora Pesada GORYOUNOV Cal. 7,62 mm M-943 SG > TRIPÉ, GORRO NOVO

Metralhadora Pesada ZB – 37 ZDROJOVSKA > TRIPÉ, TRIPÉ BESSA

Metralhadora Ligeira DEGTYAREV DP Cal. 7,62 mm > BIPÉ DISCO ou DISCO BIPÉ SOVIÉTICO

Metralhadora Ligeira DEGTYAREV RDP Cal. 7,62 mm > BIPÉ CHECO, BIPÉ PACHANGA

Metralhadora Ligeira M-52 Cal. 7,62 mm > BIPÉ CAUDO, BIPÉ MAQUESSEN

Metralhadora Ligeira BORSIG Cal. 7,92 mm > BIPÉ

Espingarda Automática KALASHNIKOV (AK) Cal. 7,62 mm > AKA ou ACAG3, PM SOVIÉTICO

Espingarda Automática SIMONOV (SKS) Cal. 7.62 mm > CARABINA AUTOMÁTICA ou CHIME AUTOMÁTICA, CANHE BALE (JOL), CARABINA SINECE, CARABINA CHINESA, E.S.A SIMA

Espingarda M-52 Cal. 7,62 mm > CARABINA CHECA

Espingarda MAUSER K98K > MAUSER

Espingarda Semi-automática M-52 Cal. 7,62 mm > CHIME AUTOMÁTICA, CARABINA BOMBARDEIRA

Carabina MOSIN-NAGANT M-944 > CARABINA RÔSSIA (SOVIÉTICA

Pistola-Metralhadora M-23 > MERENGUE

Pistola-Metralhadora M-25 > MERENGUE ou RICON RICO

Pistola-Metralhadora SHPAGIN Cal. 7,62 mm M-941 (PPSH)> PACHANGA, METRO ou METAR

Pistola-Metralhadora SUDAYEV Cal. 7,62 mm M-943 (PPS) > PM de FERRO, 
DECÉTRIS,MODELO PACHANGA, PM CHINESA

Pistola-Metralhadora THOMPSON Cal. 11,4 mm > RICO JAZ-THOMPSON

Pistola-Metralhadora BERETTA N-38/42 e M-38ª> BERETTA

Pistola-Metralhadora SHMEISSER MP-38 e MP-40 > COPTER

Pistola CESKA ZBROJOVKA Cal. 7,65 mm > PISTOLA SEMI-AUTOMÁTICA

Pistola CESKA ZBROJOVKA Cal. 6,35 mm > PISTOLA SEMI-AUTOMÁTICA PEQUENA

1 comentário:

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