Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Guiné 63/74 - P4112: Blogpoesia (37): Para fechar o dia dos poetas da guerra colonial, celebrado hoje, aqui e em Coimbra... (Alberto Branquinho)
Caros Editores
Oportunamente aproveitando oportunisticamente a oportunidade aqui vai um meu, que (juro!) NÃO COPIEI do Jorge Cabral (*), até porque já está publicado há uns bons anos ( "Sobrevivências" - Espólio de Guerra).
Um abraço ... e desculpem qualquer coisinha...
Alberto Branquinho
NATUREZA MORTA
Em subida vertical
o cavalo-de-aço levou
um homem soltando ais
pernas duas cabeças
dois troncos braços
e não sei que mais
dentro de panos de tenda.
Quando o cavalo voou
deixando dor à passagem
toda a gente viu
que num repente ficou
toda de sangue a paisagem.
____________________________
E, porque não me é permitido falar (SEMPRE) do meu UMBIGO (**), vou abrir(-me) aqui uma excepção:
REGRESSO
Entre o limite de ser eu
ou ter sido outro
me disputei na guerra
nas insónias nevoentas
das noites que passavam lentas lentas
nos pequenos grandes nadas
nos dias que não passavam
ou não passavam depressa
nos tiros e granadas
que me rebentavam dentro da cabeça
me fico a pensar
se fui eu ou outro
que morreu
e não voltou.
Alberto Branquinho
__________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 30 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4109: Blogpoesia (36): E Viva a Vida, Vida a Poesia! (Jorge Cabral)
(**) Vd. o último poste da série > 5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3845: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (Alberto Branquinho) (19): O aniversário do Cabo Tomé
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2 comentários:
Boa Poeta.
Eu, fiquei um pouco por lá ...
Voltei outro, voltei mais vivo.
Jorge Félix
Caro Branquinho,
Quando o cavalo d´aço voa,
ficamos nós: enlameados, rotos, pés arrastando, BANDO de maltezes, procurando uma sombra de respeito e justiça.
Obrigado pelo poema!
Um abraço do amigo que regeita ser BANDO!
Mário Fitas
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