domingo, 29 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4090: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (2): Recuso-me a ser um bandalho e um rato cheio de medo (David Guimarães)

Guiné > Zona Leste > Xitole > 1970 > Abrigo onde estavam alojados a maior parte dos furriéis da CART 2716, entre eles o David Guimarães (na foto).

Foto: © David Guimarães (2005). Direitos reservados

[Revisão / fixação de texto / cor e bold: L.G.]

1. Mensagem do membro nº 3 da nossa Tabanca Grande, David Guimarães (ex-Fur Mil At Atilharia e Minas, Xitole, sede da CART 2716 / BART 2917, 1970/72),


Vi e ouvi, sim, essa coisa ontem (*). E não foi infelizmente, mas ainda vivo para ver a burrice de um ‘herói’, não sei se por encomenda mas que falou. Porque pensa que está com a tropa dele… Foi eticamente mau. Mostrou que afinal era um ‘parvo’ às de Spínola (Caco Baldé) (…)

Ele, major Almeida Bruno, no tempo, pelos vistos, tinha a solução da guerra na mão, quem sabe ?!... Formou a Companhia de Comandos Africana, a 1ª, mas pelos seus amigos, pelos vistos, fez e faz muito pouco. Mas isso é outra coisa.

Enquanto serviram e estiveram ao serviço, eram os valentes comandos africanos de Almeida Bruno… Talvez que hoje tivesse o Sr. General mudado de ideias e esquecido deles e sejam uns negros como os outros…

Também vi o Coronel Aparício a falar em morteiros que teriam sido disparados sobre a jangada e a descrição pouco convincente de como se deu o desastre. A culpa, claro, repartiu-a por todos e entretanto o General Felgas veio desmentir isso tudo, dos tiros de morteiro… Este também célebre ao tempo, claro (parece que é saudoso, hoje)… Pela incompetência de Comandar um Batalhão…

Aprendi ontem que afinal as nossas operações ao mato eram mentira ou então efectivamente a nossa táctica estava errada… Deveríamos ir por ali fora, tomar os campos do inimigo e de imediato montar lá um aquartelamento.

E ainda hei-de chegar à conclusão de que, sendo eu obrigado a ir para a guerra, fui afinal voluntariamente como na altura me ensinava a boa propaganda fascista.

Meus amigos e camaradas da Tabanca: em espaço curto e no meu mau português, vamos lá reescrever todas as mentiras que estão escritas no blogue, porque afinal ontem os operacionais que estiveram nos locais certos a mando, foram comparados a ratos cheios de medo.

Senhor general, acho que deveria ter um gesto de reparação, pedir desculpa do que disse ontem, da televisão abaixo, para milhares de portugueses que se revoltam, naturalmente… Porque de ‘bando’ a ‘bandalho’ a distância é curta e eu recuso a sê-lo… Que o seja então e só quem ontem se atreveu a insultar assim milhares e milhares de pessoas. Porque isso não é nem de general nem de soldado, é de homem com uma má criação qu eu desconhecia. E a má criação por vezes paga-se…

(...) Pois é, não deveria ter dito [o que disse], senhor general, porque insultou-nos, a todos… E todos os combatentes da Guiné obedeciam a ordens vindas dos Altos Comandos – e por vezes era cada ordem!

Um abraço,
David Guimarães

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 28 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4089: Bandos... A frase, no mínino infeliz, de um general (1): O nosso direito à indignação (Luís Graça / Mário Pinto / Jorge Canhão)

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