domingo, 29 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4104: Carta aberta a... (2): Sr. gen Almeida Bruno (2): Tinha pelo Gen João Almeida Bruno a maior consideração e respeito (J. Mexia Alves)

1. Mensagem de J. Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp, CART 3942 (Xitole), Pel Caç Nat 52 (Mato Cão / Rio Udunduma) e CCAÇ 15 (Mansoa), com data de 29 de Março de 2009:

Caros camarigos Luís, Carlos, Virgínio e todos os Atabancados

Tinha pelo Gen João Almeida Bruno, Major no meu tempo, a maior consideração e respeito.

O Maj Almeida Bruno foi a pessoa a quem pedi para sair da zona operacional do Batalhão de Bambadinca, por achar que tinha uma nítida incompatibilidade com o comando do Batalhão, e assim fui colocado na CCaç 15 dos Balantas de Mansoa.

O Maj Almeida Bruno era ou é ainda, também, amigo de um dos meus irmãos mais velhos que foi piloto da Força Aérea nos anos cinquenta.

Tudo isto para dizer que algo me ligava ao Gen Almeida Bruno, para além do respeito e consideração que me merecia.
Pois tudo isso desapareceu com esta frase do referido senhor.

Não foi uma frase infeliz!
Só o podia ser, se este militar não tivesse conhecimento do que se passava na Guiné, mas ele sabia bem e tinha acesso a toda a actividade operacional das companhias de quadrícula da Guiné.
Se havia algumas unidades, poucas, muito poucas, que se fechavam no arame, a maior parte delas cumpriam com grande risco a sua missão, indo muitas vezes para além dela.
Basta perceber que se Bissau nunca teve quaisquer problemas, era porque as unidades militares estacionadas na Guiné cumpriam o que lhes era exigido e elas se exigiam.
Aliás, a maior parte das pouquíssimas companhias que se fechavam no arame acabavam normalmente por pagar caro essa atitude.

A frase do Gen Almeida Bruno ofende-me mais que o recente artigo da Visão que fez levantar a nossa indignação.
Um jornalista, se pode ter conhecimento das coisas, pode não as ter vivido e portanto não poder aferir daquilo que notícia.

O Almeida Bruno tinha conhecimento e sabia das condições em que a maior parte das unidades militares viviam e cumpriam a sua missão, pelo que tinha de elogiá-las e ser-lhes profundamente agradecido.

Talvez Almeida Bruno devesse ter passado 9 meses no Mato Cão, enterrado num buraco no chão, sem luz e sem água, tendo por companhia a enormidade da mata envolvente e como meio de transporte um sintex a remos.
Talvez então percebesse! Mas a verdade é que ele sabia isto tudo e mesmo assim não se coibiu de proferir a aleivosia que proferiu.

Espero que o Almeida Bruno se retrate do que disse, e peça desculpa aos militares que deram as suas vidas na guerra da Guiné.
Assim talvez volte a ser na minha memória o homem que respeitei e pelo qual tinha consideração.

Julgo que deveriam ser enviadas ao Almeida Bruno todas estas mensagens de indignação dos ex-combatentes desta Tabanca Grande.
Mas também, não é pelo que um senhor militar diz, que a nossa honra e dignidade é afectada.
Quando as coisas ditas são tão longe da realidade e tão acintosas, o seu veneno acaba por cair em cima de quem as proferiu.

Abraço camarigo a todos do
Joaquim Mexia Alves
__________

Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4103: Carta aberta ao sr. Gen Almeida Bruno (1): Sinto-me muito honrado em ter pertencido a um dos tais bandos (José Teixeira)

4 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro camarigo, mais uma vez não deixo de registar a tua honestidade intelectual e, por isso, não posso também deixar de subscrever as tuas palavras.
Um abraço
Hélder S.

Julio Vilar pereira Pinto disse...

Amigo Mexia as tuas sabias palavras e a serenidade com que as dizes fazem com que eu assine por baixo aquilo que dizes.
Estes Xicos que ganharam as medalhas à custa dos tais bandos, são sempre a mesma coisa.
Se o General (não lhe chamo Senhor, não o merece) ler isto que venha pedir desculpa aos ENORMES en HEROICOS COMBATENTES DA GUINÉ (bandos).
Mais uma vez manifesto a minha admiração pelos ex- combatentes (bandos) da Guiné.
Júlio Pinto ex- combatente de Angola, vai-lhe-me Nª Senhora da Muxima

Anónimo disse...

Caro Camarigo
Como gostava de ser tão sereno como tu para poder exprimir calmamente aquilo que sinto quando nos fazem estas malandrices. Mas a IRA que me toma descontrola-me por completo o sistema nervoso e depois acaba por não sair tudo como queria.
Ao mandar um mail para a A25A, de que sou (era?) sócio queria falar de algumas coisas que agora focas, como precisamente a diferença entre o jornalista da Visão e a de quem esteve na Guiné, mas fui, como sempre, traído pelos meus nervos. Neste momento, pelos sintomas que já sinto, a tensão arterial já disparou.
Caro camerigo, mais uma vexz, subscrevo o que dizes.
Jorge Piacado

Anónimo disse...

SERÁ QUE O SR(?) GENERAL SE QUERIA REFERIR AOS OFICIAIS DO QUADRO QUE DESERTARAM PARA BISSAU QUANDO OS TOMATES CHEIRAVAM A CHAMUSCO ? POIS SENDO ASSIM ESTAMOS A SER INJUSTOS.
J CARVALHO
PIRATA DE GUILEJE