Camaradas,
Faço a minha apresentação formal com as fotografias da ordem e um pequeno historial da minha passagem por terras da Guiné.
Ora, se bem me lembro, fiz o Curso de Operações Especiais no CIOE, no 2º turno de 1972 e parti para Bissau, por via aérea, em Dezembro de 1972, integrado na 3ª CART do BART 6522.
Segui depois para Bolama para fazer o IAO, já com o conjunto do Batalhão e terminada esta instrução operacional segui para Sedengal, via Ingoré. Após algumas peripécias, bons e maus momentos, que talvez conte um dia se para isso tiver pachorra, memória (infelizmente e ao contrário de outros camaradas não registei esses momentos) e engenho.
Regressei em Setembro de 1974 também por via aérea.
Faço a minha apresentação formal com as fotografias da ordem e um pequeno historial da minha passagem por terras da Guiné.
Ora, se bem me lembro, fiz o Curso de Operações Especiais no CIOE, no 2º turno de 1972 e parti para Bissau, por via aérea, em Dezembro de 1972, integrado na 3ª CART do BART 6522.
Segui depois para Bolama para fazer o IAO, já com o conjunto do Batalhão e terminada esta instrução operacional segui para Sedengal, via Ingoré. Após algumas peripécias, bons e maus momentos, que talvez conte um dia se para isso tiver pachorra, memória (infelizmente e ao contrário de outros camaradas não registei esses momentos) e engenho.
Regressei em Setembro de 1974 também por via aérea.
Tinha como Comandante de Companhia o ex. Cap. Mil. Sérgio Faria, de quem prezo ser amigo, e que teve um papel extraordinário na organização do aquartelamento, criando as condições de habitabilidade e de segurança tão necessárias, através da mobilização, em condições muito difíceis e até penosas, dos soldados e graduados.
Conto aqui esclarecer também aquela questão da emboscada com seis mortos, em Julho de 1973, referida no P6004. É que uma acção militar (a história já foi publicada no Expresso) de que resultaram 2 cruzes de guerra e um prémio Governador da Guiné, não deve ser simplesmente referida como “… pessoal que, ao que parece, descontraída e irresponsavelmente ia de viatura para Bissau... desarmado ou sem escolta”.
Com os melhores cumprimentos,
Ricardo Pereira de Sousa
Alf Mil OpEsp/RANGER
3ª CART do BART 6522
- o nosso Camarada António Inverno, que também foi Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª CARTs do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74. Esteve no CIOE também no 2º turno de 1972;
- No poste P6004 encontra-se informação sobre o Cap Mil Inf Sérgio Matos Marinho de Faria, de quem, do mesmo modo, o António Inverno é amigo pessoal e que foi o comandante da 3.ª Companhia do BART 6522/72, mobilizada pelo RAL 5 (partiu para a Guiné em 7/12/1972 e regressou à Metrópole em 3/9/1974 - Ingoré e Sedengal, na região do Cacheu, a leste de Farim).
3. Amigo e Camarada Ricardo de Sousa, é da praxe (bem mais suave que a do C.I.O.E.), que em nome do Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote e demais tertulianos deste blogue, te diga aqui que é sempre com alegria que recebemos notícias de mais um Camarada-de-armas, especialmente, se o mesmo andou fardado por terras da Guiné, entre 1962 e 1974, tenha ele estado no malfadado “ar condicionado” de Bissau, ou no mais recôndito e “confortável” bura… ko de uma bolanha.
Tal como o Luís Graça já referiu inúmeras vezes, em anteriores textos colocados ao longo de perto de sete mil postes no blogue, que todos aqueles que constituíram a geração dos “Últimos Guerreiros do Império”, têm alguma coisa a contar da sua passagem da Guerra do Ultramar, que permaneça para memória futura e colectiva, deste violento e sangrento período da História de Portugal, de que nós fomos protagonistas no terreno, em alguns casos só Deus sabe em que condições o fomos.
Foram 12 anos de manutenção de um legado histórico que muitos ignoram e, ou, ostracizam por motivos diversos (cerca de 500 anos de permanência), à custa de muito sacrifício, privação de toda a ordem, dor, sangue, sofrimento, morte… que envolveu a movimentação de mais de meio milhão de portugueses em armas.
Como se não tivesse bastado, muitos de nós continuam a sofrer, pelo menos psicologicamente, nos últimos 36 anos com o modo ostracista e laxista como os políticos portugueses nos tratam.
Nós que, nos nossos 21/22/23 anos, demos o nosso melhor, como podíamos e sabíamos, muitas vezes mal treinados e armados, sabe Deus como alimentados e enfiados em autênticos buracos, construídos no lodo, embebidos em pó, lama, suor, mosquitos, etc., completamente hostis e perigosíssimos, sob vários aspectos, onde, além dos combates com o IN, enfrentávamos as traiçoeiras minas e armadilhas, as doenças a apoquentar-nos (paludismos, disenterias, micoses, etc.) e as nossas naturais angústias e temores, próprios das nossas tenras idades.
Nós até nem temos pedido muito, além de respeito e dignidade, que todos nós merecemos pelo que demos a esta Pátria, queríamos, e continuamos a querer, no mínimo, que os nossos doentes, física e psicologicamente, sejam tratados condigna e adequadamente, e o tratamento e acompanhamento dos mais carenciados e abandonados pela desgraçada “sorte” da vida.
Oferecendo-te então aqui as nossas melhores boas-vindas e ficamos a aguardar que nos contes episódios da tua estadia na Guiné, que ainda recordes (dos locais, das pessoas, seus hábitos e costumes, dos combates, dos convívios, etc.) e, se tiveres mais fotografias daquele tempo, que nos as envies, para as publicarmos.
Recebe pois, para já, o nosso virtual abraço colectivo de boas vindas.
O coeditor, Eduardo Magalhães Ribeiro.
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados.
Fotos: © Ricardo Pereira de Sousa (2010). Direitos reservados.
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Vd. último poste desta série em:
2 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6924: Tabanca Grande (240): António Barbosa, ex-Alf Mil Op Esp/RANGER (1º Pelotão da 2.ª CART do BART 6523 – Cabuca -, 1973/74)
7 comentários:
Caro camarada Ricardo
Boas vindas!
É sempre bom quando algum de nós vence as dúvidas e se decide a colaborar nesta obra colectiva.
Até porque parece que, em nome da verdade, se pode corrigir ou melhor esclarecer um ponto que está mal explicitado, relacionado com uma emboscada com mortos...
Contudo, fui procurar ao P6004 e encontrei a frase seguinte que refere esse assunto: "Antes, o seu pessoal tinha sofrido uma emboscada com seis mortos, "mortos com tiro na nuca" (sic), pessoal que, ao que parece, descontraída e irresponsavelmente ia de viatura para Bissau... desarmado ou sem escolta (Episódio sujeito a revalidação dos pormenores; não sei a data nem o local da emboscada)."
Pelo que se pode ler, não há uma 'história' da emboscada, há uma referência à sua existência e diz-se explicitamente que é um "episódio sujeito a revalidação dos pormenores; não sei a data nem o local da emboscada".
Portanto, pode ser chegado o momento dessa 'revalidação de pormenores', que se quer serena, esclarecedora, sem ser necessário 'dar bordoada'.
Um abraço
Hélder S.
Bem-vindo, caro camarada Ricardo.
Li, emocionado, a crónica/reportagem de Vicente Jorge Silva no Expresso. É preciso coragem para vir recordar (e esclarecer) momentos tão dramáticos como os que viveu nessa terrível emboscada.
Um abraço,
Carlos Cordeiro
BEM-VINDO AMIGO E CAMARADA DE GUINÉ RICARDO SOUSA ÉS MAIS UM PARA O NOSSO PELOTÃO DA TABANCA GRANDE.
UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA TI E TUA FAMÍLIA.
AMILCAR VENTURA EX-FURRIEL MILº MECÂNICO AUTO DA 1ªCCAV DO BCAV8323 PIRADA-BAJOCUNDA-COPÁ 73/74
Apesar de (se) saber [com excessivos "pormenores", vd Expresso 21Abr84, onde VJS se aproveitou da efeméride do 10º aniv. do 25A para escarafunchar na dolorosa memória de algumas famílias... ], nunca é demais relembrar que a todo o momento é devido o respeito a todos os familiares de todos os nossos camaradas-de-armas mortos em campanha. Assim, é óbvio que aqui não pode nem deve ser nomeado qual dos militares, do 1ºPelotão da 3ª/BArt6522, que morreram na emboscada sofrida em 07Jul73, no itinerário Sedengal > Ingoré (a 10km antes deste destino), foi "abatido pelo PAIGC com um tiro na nuca", de entre os seguintes seis:
– Fur mil Rui Alberto
– 1Cb At Modesto Ribeiro Nunes
– Sld At António Maria Azevedo da Silva
– Sld At António de Sousa Clara
– Sld At Benjamim Fernando Gomes da Silva
– Sld Cond Carlos António da Costa Salgado
Paz às suas Almas.
A "viatura" eram duas: seja, dois Unimog; e não iam "para Bissau".
As supra citadas "2 Cruzes de Guerra", foram atribuídas "por despacho de 06Out74" do CCFAG brg grd Carlos Fabião: ao 1Cb Joaquim Siopa Mendes Tomás (CG 4ªcl, OE.14/3ªsérie, de 1975); e ao comandante do citado 1º Pelotão, alferes miliciano de infantaria 'oesp' Ricardo Pereira de Sousa (CG 3ªcl, OE.18/2ªsérie, de 1975).
O artigo de VJS fala em quatro viaturas: 2 Berliet e 2 Unimog.
Carlos Cordeiro
http://group.xiconhoca.com/2008/12/23/port-hist-dez-anos-depois-do-25-de-abril/
CARO RICARDO PEREIRA,
UM GRANDE ABRAÇO DE BOAS VINDAS.
CÁ FICAREMOS À ESPERA DA HISTÓRIA DA TUA GUERRA.
MANUEL MAIA
DUPLAMENTE CAMARADA (CAMARADA DA GUINÉ E CAMARADA "RANGER") :
- MUITO PRAZER,BEM VINDO E CÁ FICAMOS A AGUARDAR AS TUAS ESTÓRIAS.
RAAAAAAAGER
YAAAAAAAAAA
Jose Carvalho Ranger 2º 72
Guileje 72
Gadamael 73
Paúnca 74
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