terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Guiné 63/74 - P7484: FAP (58): Se perguntar não ofende... Qual era a segurança dos camiões com bombas de avião que circulavam entre Bissau e Bissalanca ? (Nelson Herbert)

1. Comentário do nosso amigo Nelson Herbert ao poste P7303:

 Em miúdo, em Bissau,  um aspecto que sempre moveu a minha curiosidade, devido em parte à natureza letal da coisa (quiçá esteja errado),  era a aparente facilidade com que as bombas dos aviões eram por vezes expostas, em camiões abertos, defronte à messe dos sargentos da Força Aérea,  que eram meus vizinhos...

Era comum ver os tais longos camiões militares, de cor azul, a cor da força aérea, com carregamento de bombas (umas 10 a 20 peças), estacionados à porta da messe... Tudo assim exposto, com a criançada brincando ao largo...

Calculo que,  na viagem de regresso à Base de Bissalanca, tenha virado hábito dos motoristas desses camiões estacionar à porta da messe, para uma cervejinha qualquer... Quem sabe ?

Hoje pergunto: tal exposição não feria os mais elementares códigos de segurança ? Que riscos comportava ?  Ou era tudo natural e da praxe ?

Nelson Herbert

[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]

Foto: Bomba de Fiat G-91, de 750  libras. Cortesia do blogue do nosso camarigo Victor Barata, Especialistas da Base  Área 12 Guiné 1965/74 (a quem retribuímos as saudações bloguísticas pela quadra festiva de Natal e Ano Novo.
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Nota de L.G.: Último poste desta série > 16 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 – P7452: FAP (57): Será que a cúpula do PAIGC queria ganhar a guerra? (António Martins de Matos)

5 comentários:

Anónimo disse...

No fim da minha comissão, lembro-me um dia sentado com mais dois ou três camaradas da Companhia, numa esplanada que não consigo identificar agora, um camião carregado de bombas ao iniciar uma leve subida, começou a perder bombas que rolavam na inclinação.
Não sei se estavam carregadas ou não
José Brás

António Martins de Matos disse...

Caro amigo
Não sei o que lhe responda, eventualmente a segurança ao dito transporte seria entre mínima e nula.
Obrigado pela sua dica, isso só vem dar mais força ao meu post "Guiné 63/74 – P7452: FAP (57): Será que a cúpula do PAIGC queria ganhar a guerra?" .
Já agora uma correcção à foto inserida no seu post.
A bomba que aparece na foto debaixo da asa de um G-91 é a denominada de “750 libras”, à volta de 320 quilos, e não como está designado na foto.
Passou a ser usada após o aparecimento dos Strelas e fazia um buraco no chão onde podia caber um Unimog.
Foram usadas em tal quantidade que, em determinada altura e como já estivéssemos em rotura de stocks, tiveram que vir da Metrópole de Boeing 707, pelo menos já não paravam frente à messe dos Sargentos.
E já agora para responder ao José Brás, as bombas estavam sempre carregadas, o que as mantinha inofensivas era a falta das espoletas
Um abraço
AMM

Anónimo disse...

O Nelson ao fazer esta peergunta sobre os cuidados de segurança, com um ponto de vista que vem de quando era criança, dá um retrato da nossa guerra com tal realismo, que nos sugere resposta para quase todas as dúvidas que muitas vezes pomos em discussão.

Com espoleta como sem espoleta, não me parece que o Nelson (ou José Brás) estejam a imitar a guerra do Solnado.

Parabens pela pergunta bombástica!

Antº Rosinha

Luís Graça disse...

António:

Já corrigi, não se trata de facto de quilos mas de libras... Fui induzido em erro pela legenda da foto que vem no blogue do Victor Barata... Eles é que são especialistas... Bem me parecia que nunca chegámos a ter bombas de aviação, para os Fiat, com esse peso (750 kg)... Mas ouvi ao longe os Fiat, em Sinchã Jobel, largarem as suas "ameixas" (no meu tempo ainda não havia destas)... A coisa metia respeitinho...

Concordo contigo, o à vontade com que se andava em Bissau, pelo menos no meu tempo (1969/71), significava que nunca se avançou, felizmente, para a guerrilha e a contra-guerrilha urbana...Aí houve bom senso de parte a parte... Cabral ? Spínola ?

E as histórias que se contavam do Pilão não passavam de historietas para acagaçar os piras... Lembro-me de lá ter passado uma noite ou duas, e eu não era propriamente um gajo que gostasse de me armar em herói... Claro que estamos no tempo do Spínola... No tempo do Schulz ainda se encarou a hipótese de arrasar o Pilão... Se tivesse havido guerrilha urbana, os guineenses de Bissau teriam pago um preço muito alto...

Anónimo disse...

E nao e que conversa, puxa memoria ! Era habito ver esses camioes com tal carga letal, estacionados-como frisei mesmo defronte a messe dos sargentos...por sinal, junto a casa de uma alta patente do exercito ( cujo nome me escapa, mas que hoje acredito pertencer a "psico-militar"...um dia explico porque...os filhos eram meus colegas de escola e das brincadeiras de rua...nessa casa vi entrar, uma serie de vezes,em visitas prolongadas, o Joao Bacar Djalo)...seria pois o murro de vedacao dessa mesma residencia a "camuflar" a tal bomba de explosao extemporanea que tinha por alvo..acredito..os elementos da FAP..que junto ao "paredao"... aguardavam diariamente pelo autocarro...para as sessoes de cinema na Base de Bissalanca...

Nao sei no entanto precisar se depois dessa explosao os camioes continuaram com as tais paragens no local !

Quica alguem se recorde do oficial que habitava a residencia em questao !

Mantenhas

Nelson Herbert