domingo, 19 de junho de 2011

Guiné 63/74 - P8449: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (14): 16 de Dezembro de 2009, o Gabu, onde se fala mais francês do que português... (Parte I)




















Guiné-Bissau > Região do Gabu > Gabu > 16 de Dezembro de 2009 > A nova capital do leste, que veio destronar a decadente mas encantadora Bafatá, colonial... "Cidade comercial", diz o João... Onde se fala mais francês do que português, e correm muitos CFA... Das fotos, ressalta a ideia de dinamismo económico, de consumo, de vida, de direito à "felicidade", enfim, a ideia de uma nova África com futuro, que parace contrastar com quase todo o interior da Guiné... Pura ilusão ? O João foi, mais uma vez, "superlacónico" no seu diário, deixando a sua Nikon falar... (LG).


Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservado.


1. Continuação da publicação das notas do diário de viagem à Guiné, do João Graça, acompanhadas de um selecção de algumas das centenas fotos que ele fez, nas duas semanas que lá passou (*)...


16/12/2009, 3ª feira, 12º dia, visita a Gabu [, antiga Nova Lamego]

12.13. Gabu. Dei um passeio com Ali. Cidade Comercial.

(Continua)


[ Revisão / fixação de texto / título / selecção, edição e legendagem de fotos: L.G ]

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6 comentários:

Hélder Valério disse...

Caros camarigos

Após quase uma semana de ausência destas participações entro e deparo com estas fotos...

E fico a saber que o 'nosso Graça' tem o seu negociozinho no Gabú, conforme se pode ver a confirmação nas primeiras fotos.

Depois fico um bocado confuso...
Verifico que há uma local onde se faz "manecure" e depois tentei ler 'pedicure' mas a terceira letra é igual à da palavra 'manecure' pelo que o que é então justo ler-se é "penecure" e fico a pensar como será esse 'cure', para quê, porquê...

Bem, coisas da Guiné!

Abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

Manicure, pedicure... Não levas a coisa para o humor de caserna... Os comerciantes do Gabu, pela influência e pela proximidade com a Guiné-Conacri e o Senegal, se calhar falam melhor o francês do que o português... Os pintores de tabuletas, esses, não andaram seguramente na Alliance Française...

Quanto ao Estúdio Foto Graça, estou espantado com o espírito de empreendorismo da minha família... africana!

Sotnaspa disse...

Helder, Luís.

Eu não conheço esta cidade,nada têm haver com a de 1972, por motivos obvios, o tempo que passou desde então, o crescimento, o (des)ordenamento do território, etc... onde está a foto Graça esses edificios conheço, por outro lado não conheço as novas lojas de comércio que vemos nas fotos.
Quanto ao francês já no outro tempo havia por lá muito povo que só falava crioulo, pouco e francês muito.
Entretanto sabemos que o crescimento de Nova Lamego, neste tempo foi exponencial devido a muitas revoltas de ambos os lados da fronteira, e como sabemos do futa djalon para o Gabú é quase sempre a "descer", daí muito francês.

Um Alfa Bravo

ASantos
SPM2558

Cherno Baldé disse...

Caro Helder,

A acompanhar o boom comercial dos ultimos anos, existe actualmente na Guiné-Bissau uma industria muito florescente de letreiros e paineis publicitarios. Curiosamente, é um ramo ainda nao regulamentado ou se é, ninguém o fiscaliza, e como na Guiné de hoje como na Guiné de ontem o comerciante é invariavelmente um estrangeiro (Sirio/Libanes, Mauritaniano, Senegalés ou da vizinha Guinée-Conakry) tudo é feito ao improviso e ao menor custo, dai a multitude e a "riqueza" linguistica. Dava para uma bela antologia.

Um dia destes, passando no mercado de Bandim, deparamos com um letreiro que, a julgar pela forma, estava correctamente escrito em portugues e que dizia assim: "Vende-se vinho ao grosso".

Eu, claro, nao me apercebi de nada mas o consultor Portugues que me acompanhava nao conseguiu conter-se e desatou as gargalhadas.

Quanto ao Manicure...Pedicure, receio bem que seja do lote de modas de que estamos a tentar imitar da velha Europa. Mas podem ficar sossegados que ainda ninguém conseguiu viver deste oficio, nao admira, por isso, que a casa esteja fechada. Tratar das unhas nao sera das primeiras prioridades do Guineense comum.

Um abraco,

Cherno Baldé

Hélder Valério disse...

Caros camarigos

Não fiquem preocupados, apesar das vicissitudes da vida ainda cultivo de modo intensivo a ironia, o humor, principalmente o do estilo 'pantera côr-de-rosa', assim a modos que 'meio sacanita'.

Estava a ser irónico com a actividade, até aqui 'clandestina' (pelo menos para nós), da 'família Graça' na zona do Gabú... e estava a meter humor na questão do 'penecure', lembrando-me de associar a 'cure' a qualquer problema de 'pene..', por relacionamento a 'peniano', especulando assim sobre que males 'peneanos' havia necessidade de 'cura', podia ser que lá para as bandas do Gabú até tivessem encontrado um sucedâneo ou uma alternativa 'natural' a 'certos' comprimidos azuis...

Por isso, meu amigo Cherno, agradeço a informação, aliás bastante interessante e detalhada, sobre essa actividade publicitária, mas não me interrogava sobre os sucessos efectivos sobre os cuidados com as mãos e pés, que serão de atender mas acredito não serem prioritários. Estava mesmo a (tentar) fazer humor com a questão do 'penecure'...

Abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

Helder:

Percebi (e aprecio) o teu "sense of humor", que nada tem de caserna, e muito menos de "British"... É humor, e do bom, em português, do tal que não se fala (e devia falar) em Gabu (cidade de um país lusófono onde o português é pressuposto ser, ainda, a língua oficial)...

Tal como é em bom português que nos entendemos com o nosso amigo e irmão Cherno Baldé cuja presença, na Tabanca Grande, nos honra a todos.

Quanto ao "boom" dos neologismos, que havemos de fazer, camarada e amigo ribatejano ? Já o Eça de Queiroz, o grande, o delicioso, mestre da língua portuguesa, era frequentemente acusado de usar (e abusar) dos "francesismos" ou "galicismos")... Felizmente, o homem não chegou a conhecer a famigerada "francesinha" que agora faz as delícias dos tripeiros e dos turistas que vão à mesa tripeira... Já lhe chamam a "pizza" tripeira, um misto de megabomba cal
orica e de viagra da sexta-feira à noite... (justa ou injustamente, diga-se "en passant"...).

Dos males "penianos" (que se não se resolvem com a ida ao ou à "penecure" do Gabu...), se queixam as nossas sociedades ainda muito "falocráticas" e "patriarcais": veja-se o "boom" da venda directa do comprimidinho azul na Internet...

Um das cenas mais hilariantes (e ao mesmo pungentes) a que assisti no sul da Guiné, em Março de 2008, foi ver um régulo, ancião, pedir - através de intérprete - ao nosso Dr. Francisco Silva uma mezinha para os tais "males penianos"... Com quase 90 anos, o pobre do régulo tinha agora "chicha" fresca, uma bajudinha de 15 anos... Mesmo para com os "heróis", combatentes da liberdade da pátria, a idade é cruel e não perdoa...

Mas o que é quem tem isto a ver com a Nova Lamego do meu tempo, pergunta exasperado o António Santos, batendo com a mão na testa ?