O meu pai, meu velho, na inspecção saiu-lhe a fita vermelha. Mas, como os pais das nossas mulheres nossos pais são, apresento-lhes o meu sogro, meu camarada, pai da mulher com a qual casei em 1973 e que tem tido a paciência de me aturar e desculpar desde essa data até aos dias presentes.
José Colaço
Manuel de Assunção Peres
2. Este nosso camarada Manuel de Assunção Peres, nasceu em 17 de Abril de 1912 e faleceu em 29 de Dezembro de 1997, vítima de cancro pulmonar, talvez devido ao tabaco pois era um fumador viciado desde os bancos da escola primária. Quando morreu, tinha uma memória perfeita tanto em matemática como em português, disciplinas que gostava e que dominava com alguma facilidade.
Fez a tropa no quartel de Elvas, tendo sido promovido a 1.º Cabo.
Histórias da sua vida militar não as registei em papel nem em memória, culpa minha porque ele falou várias vezes no assunto, mas uma que me chamou a atenção e que registei em parte, foi quando lhe foi concedido um curto período de férias.
Ele mais um camarada do concelho de Odemira deram corda aos cordões das botas e marcharam a pé, de Elvas... até Castro Verde [, são mais de 200 km em linha reta!].
Um abraço
Colaço
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Nota do editor
Último poste da série de 12 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14353: Meu pai, meu velho, meu camarada (41): Jorge Manuel Augusto da Silva, o "binte oito", era um orgulhoso sapador de assalto, da arma de engenharia... Fez a tropa em Tancos, em 1947, ainda chegou a jogar futebol e era amigo do histórico guarda-redes do Porto, o Barrigana (Henrique Cerqueira)
Postes anteriores (desde o nº 30 da série):
3 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14316: Meu pai, meu velho, meu camarada (40): Torcato Prudêncio da Silva (1915-1977) faria 100 anos no passado dia 28 de fevereiro...Na tropa (entre 1936/37 e 1943), foi da arma de artilharia, como o filho que o recorda hoje com muita saudade (Torcato Mendonça, ex-alf mil art, CART 2339, Mansambo, 1968/69)
4 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11803: Meu pai, meu velho meu camarada (39): Amadeu Simões Picado, ilhavense, 1º cabo quarteleiro, da arma de engenharia, integrou o corpo expedicionário português, em França, na I Guerra Mundial (1917/18), e emigrou depois para os EUA onde trabalhou quase sempre como pescador... Só o conheci aos 9 anos, em 1946... (Jorge Picado)
12 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10790: Meu pai, meu velho, meu camarada (35a): José Baptista de Sousa (1904-1967), capitão médico-cirurgião, expedicionário, um 'anjo di céu', em São Vicente, fev 1942/ set 1944 - Parte I (Adriano Miranda Lima)
22 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10420: Meu pai, meu velho, meu camarada ( 32): Luís Henriques (1920-2012) evoca, em entrevista gravada em 10 de março de 2010, os sítios onde passou 26 meses, na ilha de São Vicente, em plena II Guerra Mundial: Mindelo, Lazareto, Matiota, São Pedro, Calhau...
21 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10284: Meu pai, meu velho, meu camarada (31): Expedicionários em Cabo Verde, mortos entre 1903 e 1946 e inumados nas ilhas de São Vicente e Sal (Lia Medina / José Martins)
3 comentários:
Colaço, eram homens do caraças!... Fizemos muitos quilóemtros a penantes, na Guiné, nas duras condições de guerra, clima e terreno, na Guiné do nosso tempo... Mas os nossos avoengos, que foram militares, estavam preparados para atravessar um continente, a pé e a cavalo...
Tiro o quico ao nosso camarada Peres, que deve ter feito a tropa na 1ª metade dos anos 30, no início do Estado Novo...
Caro amigo Colaço
Pois sim senhor!
A determinação pessoal, e para mais acompanhado, faz operar grandes feitos.
Nesse tempo, sem autoestradas, quase sem automóveis, com poucos ou raros transportes colectivos (onde o comboio predominava), 'andar a pé' era perfeitamente 'natural'. Só que distâncias dessas.... vai lá, vai!
O esforço foi grande mas a perspectiva de recompensa, fosse ela qual fosse, impôs-se e a viagem fez-se. E agora ficou registada!
Falhaste no registo de outras memórias mas agora ficaste redimido...
Abraço
Hélder S.
Ao trazer a este espaço as histórias dos nossos antepassados, é honrar a sua própria história e a história de todos nos.
As histórias de vida militar, como todos nós as temos, só podem ser obtidas pela transmissão oral das mesmas. Porém, a seu percurso militar, podemos encontra-lo nas fichas do cadastro individual, que se encontram à guarda do Arquivo Geral do Exército (para Sargentos e Praças e oficiais milicianos) ou no Arquivo histórico Militar, para oficiais de carreira.
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