Guiné > Zona leste > Setor L5 (Galomaro) > Cancolim > CCAÇ 3498 / BCAÇ 3872 (1972/74) > Foto 12 > Saída para o mato dos Vingadores para mais uma patrulha (2.º Pelotão, o meu grupo de combate, sempre pronto para uma patrulha; ficámos com este nome porque quase sempre nos tocava ir em busca do IN após os ataques ao aquartelamento).
Foto do álbum do Rui Batista, ex-fur mil, CCAÇ 3498 (Cancolim, 1972/74).(*)
1. Mails enviados ontem, com mais esclarecimentos e informações sobre o cativeiro e a fuga do José António Almeida Rodrigues (1950-2016), ex-sold at inf, CCAÇ 3498 / BCAÇ 3872 (Cancolim, 1972/74) (**)
A fuga do cativeiro [, em 7 de março de 1974,] foi por ele planeada com algum pormenor. Pediu para ir fazer as suas necessidades fisiológicas. E, segundo me parece, o local de cativeiro era perto do rio [Corubal] onde também se lavavam.
Com o tempo a atenção dos vigilantes foi abrandando e os oito prisioneiros (incluindo ele e o António Batista) eram deixados mais à vontade, o que ele aproveitou.
Uma canoa que se encontrava junto à margem foi o seu meio de transporte e a noite, que se aproximava, foi sua aliada, pois retardou a perseguição e lhe deu algum tempo decisivo para se afastar do local de presídio.
Não levava nada com ele, nem armas nem alimentos. Antes de amanhecer, escondia a canoa entre a vegetação e se refugiava numa árvore que lhe oferecesse as melhores condições de camuflagem e abrigo. Por duas vezes viu e sentiu passar por baixo dele os homens [do PAIGC] que o procuravam.
A sua alimentação foi a fruta que encontrou e algo a que ele chamava camarão que apanhava nas lamas [ou tarrafo] das margens do rio. [, Recorde-se que ele era caçador, tanto na Régua como em Cancolim].
Ao nono dia, encontrou dois nativos que trabalhavam numa bolanha e, quando sentiu confiança, contactou-os e eles o levaram [, de motorizada,] até ao Saltinho que era já muito próximo do local onde os encontrou.
Guiné > Zona leste > Setor L5 (Galomaro) > Cancolim > CCAÇ 3498 / BCAÇ 3872 (1972/74) >
Foto 1 > Aquartelamento de Cancolim [vd. mapa de Cansissé], a nordeste de Galomaro
Foto do álbum do Rui Batista, ex-fur mil, CCAÇ 3498 (Cancolim, 1972/74).
Fotos (e legendas): © Rui Baptista (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
Havia quem acreditasse que o militar, em virtude de problemas psíquicos, teria mesmo desertado para o PAIGC, havendo mesmo alguns convencidos de que ele prestara informações sobre uma tabanca, onde pernoitava um pelotão da sua companhia e, quando ali estava o seu próprio grupo, o local foi atacado, conseguindo o IN penetrar na mesma e matar 2 elementos do grupo.
A verdade do sucedido será difícil de encontrar. Se, no próximo almoço de nossa companhia, estivesse presente o então 2.º Comandante, eu procuraria falar com ele sobre este assunto, mas como o convívio vai ser na zona centro é possível que ele não esteja presente (esteve no ano passado porque foi em Braga e ele vive na Maia).
(*) Vd. poste de 14 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5466: Álbum fotográfico de Rui Baptista, ex-Fur Mil da CCAÇ 3489/BCAÇ 3872
(***) Vd.poste de 19 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8926: (Ex)citações (151): O Sold Rodrigues, prisioneiro do PAIGG (de Junho de 1971 a Março de 1974), pertencia à CCAÇ 3489/BCAÇ 3872, que esteve em Cancolim (1971/74) (Luís Dias)
(i) José Manuel de Melo Alves Lopes [, ex-fur mil, CART 6250/72, "Os Unidos de Mampatá, Mampatá, 1972/74, natural da Régua, conterrâneo, contemporâneo e confidente do fugitivo]:
A fuga do cativeiro [, em 7 de março de 1974,] foi por ele planeada com algum pormenor. Pediu para ir fazer as suas necessidades fisiológicas. E, segundo me parece, o local de cativeiro era perto do rio [Corubal] onde também se lavavam.
Com o tempo a atenção dos vigilantes foi abrandando e os oito prisioneiros (incluindo ele e o António Batista) eram deixados mais à vontade, o que ele aproveitou.
Uma canoa que se encontrava junto à margem foi o seu meio de transporte e a noite, que se aproximava, foi sua aliada, pois retardou a perseguição e lhe deu algum tempo decisivo para se afastar do local de presídio.
Não levava nada com ele, nem armas nem alimentos. Antes de amanhecer, escondia a canoa entre a vegetação e se refugiava numa árvore que lhe oferecesse as melhores condições de camuflagem e abrigo. Por duas vezes viu e sentiu passar por baixo dele os homens [do PAIGC] que o procuravam.
A sua alimentação foi a fruta que encontrou e algo a que ele chamava camarão que apanhava nas lamas [ou tarrafo] das margens do rio. [, Recorde-se que ele era caçador, tanto na Régua como em Cancolim].
Ao nono dia, encontrou dois nativos que trabalhavam numa bolanha e, quando sentiu confiança, contactou-os e eles o levaram [, de motorizada,] até ao Saltinho que era já muito próximo do local onde os encontrou.
Guiné > Zona leste > Setor L5 (Galomaro) > Cancolim > CCAÇ 3498 / BCAÇ 3872 (1972/74) >
Foto 1 > Aquartelamento de Cancolim [vd. mapa de Cansissé], a nordeste de Galomaro
(ii) Luís Dias, ex-alf mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) [, foto à esquerda, empunhando uma pistola-metralhadora, a PPSH, a famosa "costureirinha"]
Sei muito pouco sobre esse camarada, dado que o mesmo pertenceu a outra companhia do meu batalhão - a CCAÇ 3489, instalada em Cancolim. (***)
Sei muito pouco sobre esse camarada, dado que o mesmo pertenceu a outra companhia do meu batalhão - a CCAÇ 3489, instalada em Cancolim. (***)
O que sei foi de ouvir contar, ou seja, que o camarada não teria um comportamento normal, que teria um pouco de louco. Sabe-se que, em determinada altura, aquando de uma patrulha levada a cabo pelo seu pelotão, terá recusado sair com eles mas, mais tarde, com o seu grupo já no exterior, resolveu pegar no seu equipamento/armamento e sair do quartel, presumidamente, para uns, ir ter com o seu grupo, para outros, para ir em direcção a zonas do PAIGC. Ao certo não se sabe.
Quando já estávamos em Bissau, para embarcar para Lisboa, soube-se que o mesmo se evadira/fugira e se apresentara no nosso aquartelamento do Saltinho.
Oficiais do Batalhão (ao que julgo, o 2.º Comandante, o então Major Moreira Campos) foram falar com ele, no local onde estava preso, pois teria sido dado como desertor. Alguém contou que ele disse que se encontrava preso pelo PAIGC, juntamente com o Batista, da CCAÇ 3490 (, vítima da emboscada do Quirafo - foi assim que se soube que ele, afinal, estava vivo) e que, a determinada altura, alguém do pessoal do PAIGC lhe disse que o seu batalhão já estava em Bissau e iria embarcar para a Metrópole por ter terminado a comissão.
Foi então que decidiu "evadir-se", pois também achava que tinha terminado a sua comissão. Terá passado alguns dias no mato e descido o rio Corubal numa piroga, vindo mais tarde a alcançar o Saltinho.
Havia quem acreditasse que o militar, em virtude de problemas psíquicos, teria mesmo desertado para o PAIGC, havendo mesmo alguns convencidos de que ele prestara informações sobre uma tabanca, onde pernoitava um pelotão da sua companhia e, quando ali estava o seu próprio grupo, o local foi atacado, conseguindo o IN penetrar na mesma e matar 2 elementos do grupo.
A verdade do sucedido será difícil de encontrar. Se, no próximo almoço de nossa companhia, estivesse presente o então 2.º Comandante, eu procuraria falar com ele sobre este assunto, mas como o convívio vai ser na zona centro é possível que ele não esteja presente (esteve no ano passado porque foi em Braga e ele vive na Maia).
Era importante conseguir chegar à fala com alguém da própria companhia e, se possível, que pertencesse ao seu pelotão. Há um ex-furriel da CCAÇ 3489, que julgo fazer parte da Tabanca Grande, Rui Baptista [, foto à direita], que também acompanha o Facebook, pertencendo ao Grupo Fechado de Galomaro, destino e passagem, que talvez possa dar melhores detalhes sobre esse camarada.
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 14 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5466: Álbum fotográfico de Rui Baptista, ex-Fur Mil da CCAÇ 3489/BCAÇ 3872
8 comentários:
Recorde-se o que o Rui Baptista escreveu quando se apresentou à Tabanca Grande, no poste de 3 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5400: Tabanca Grande (192): Rui Baptista, ex-Fur Mil da CCAÇ 3489/BCAÇ 3872, Cancolim, 1971/74
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2009/12/guine-6374-p5400-tabanca-grande-192-rui.html
(...) A CCaç 3489 não teve muita sorte durante a comissão, principalmente nos primeiros meses. Logo no início em Cancolim, em três quintas-feiras seguidas, tivemos 4 mortos e 21 feridos: um morto e um ferido numa mina na picada entre Cancolim e o destacamento de Sangue Cabomba; 16 feridos ligeiros num despiste de uma viatura a caminho de Bafatá, e mais 3 mortos e 4 feridos na primeira flagelação do IN ao nosso aquartelamento.
Neste primeiro ataque tive a sorte de um ex-furriel dos velhinhos me ter empurrado para dentro da porta da Secretaria, ele, com esse gesto, acabou por ser ferido numa vista por um estilhaço de uma granada de morteiro 82 e eu escapei ileso.
A seguir a estes desaires tivemos o abandono [, deserção,] do Capitão e de um Alferes [, o do 3º pelotão, que pertencia o Rodrigues], e a partida forçada para as tropas africanas do alferes Rosa Santos, do meu pelotão [, o 2º , "Os Vingadores"].
Como o IN não nos dava tréguas, e com o pouco material de guerra que tínhamos para nos defender (na altura apenas um morteiro 81), com o assalto pelo IN ao nosso destacamento , de Sangue Cabomba],e a captura de 2 homens nossos, a fuga de um soldado [, o Rodrigues,] para o IN, juntamente com as notícias de mortos no Saltinho [, CCAÇ 3490,] e emboscadas no Dulombi [, CCAÇ 3491], o desânimo instalou-se nas nossas tropas.
Com a substituição do Capitão e dos alferes, acabamos por não ter um comando à altura de nos elevar o moral, passámos por um período do quase 'salve-se quem puder'. Valeu-nos o reforço de um Pelotão do Dulombi e a visita de alguns Páras [, do BCP 12,] para as coisas acalmarem em Cancolim.
O resto da comissão, principalmente os últimos 7 ou 8 meses de 1973, foi bem mais calmo. O último ataque a Cancolim foi em 20 de Janeiro de 1974, nesse dia o IN veio de manhã quase junto ao arame, apesar de muitos de nós andarem a jogar futebol, conseguimos fazer com que batessem em retirada deixando um morto no terreno.
A primeira vez que fui parar ao Hospital Militar de Bissau foi devido a uma febre que ninguém conseguiu identificar. Cheguei lá a 6 de Junho de 1972 e saí quase um mês e meio depois. A segunda vez foi pouco tempo depois da primeira, foi logo na coluna seguinte a me irem buscar a Bafatá, dia 14 de Agosto de 1972. Não era a vez do meu Pelotão fazer a coluna. Quem estava na escala era do 1.º Pelotão, comandado pelo Capitão, este alegando que não se sentia bem e como eu tinha estado fora da Companhia algum tempo, conseguiu convencer-me a substituí-lo dessa vez. Não gostei muito da ideia mas lá fui.
Após a saída de Bafatá comecei a sentir que algo não ia correr bem. Ao chegarmos a Sangue Cabomba, fui colocar o saco do correio (a mais sagrada das coisas para nós) na última viatura, e dei algumas indicações aos condutores de como iríamos proceder à passagem das zonas mais perigosas do resto do percurso até Cancolim.
Foi exactamente no último bocadinho do troço onde nos podiam emboscar que deflagrou a mina colocada na picada. A partir desse momento não me lembro de muita coisa, sei que ainda dei instruções ao homem do rádio para pedir o batimento da zona e também de pedir uma arma e água a um elemento da população e deste me dizer que a mina não era para mim ("Furriel, desculpa, a mina não era para ti" – foi o que me ficou gravado na mente).
A seguir fui evacuado de heli para Bafatá, recordo ainda de desmaiar sempre que me agarravam no ombro partido e de me terem posto numa maca dentro de numa DO 27. Acordei em Bissau. (...)
Parece-me ter ficado muito arreigada na memória do pessoal da CCAÇ 3489 (Cancolim, 1972/74) a a imagem (estereotipada) do Rodrigues como "desertor".
O Rodrigues tinha um "comportamento antisssocial", era agressivo, imprevisível, indisciplinado, "bicho do mato"... Ninguém tinha mão nele... O pelotão dele ficou sem alferes, logo cedo, quando ele não regressou não regressou de férias, na metrópole, tal como o capitão... Saía a seu bel prazer, para ir caçar, sozinho, ou com os caçadores da tabanca...
O Rui Silva disse-nos, ao telefone, que a maior parte da malta estava convencida que ele se tinha passado para o inimigo. Durante as 24 horas do seu desaparecimento, andaram atrás do seu rasto até ao Corubal. Encontraram munições (de G3), abandonadas, e que seriam presumivelmente dele... Logo a seguir o destacamento de Sangue Cabomba foi atacado (tal como Caoncolim)... Há quem "visse" o Rodrigues no meio dos "turras", a orientar o ataque!...
A malta nunca lhe perdoou a alegada "traição"!... E nunca fizeram questão de o procurar nem ele porcurou os seus antigos camaradas, na metrópole!... Em Bissau, quando esteve preso por "suspeita de deserção", o 2º comandante do batalhão terá falado com ele...Ele sempre se defendeu dizendo que tinha sido feito prisioneiro pelo PAIGC (e tratado como tal)...
O António Batista, que infelizmente já não está aqui entre nós, mas deixou-os um testemunho em vídeo, disse-nos, por mais de uma vez, que o Rodrigues levava porrada dos carcereiros... Nunca teve nenhum "tratamenyo VIP" como desertor... E aliciou o Batista para fugir com ele...
Está na altura de reparar esta injustiça... Ele nunca teve oportunidade de se defender em vida!... Agora é tarde, está morto e enterrado!... LG
Tinha ideia que o ataque a Sangue Cabomba tinha sido sim em Anhambe ou Anhame tabanca construida e fortificada a talvez 500 metros na direcção de Cancolim após uma subida em que o caminho para esse destacamento era fértil a partir do rio. Ali os guerrilheiros entraram pelos cavalos de frisa que deviam ser guardados pelas milicias uma vez que só lá havia uma secção do pelotão que estava em Sangue Cabomba. Diziam que Sangue Cabomba era lugar santo e assim nunca o atacaram.
Se não estou em erro o Capitão que substituiu o capitão Guarda chamava-se Rosa e conseguiu pôr a companhia nos eixos com a ajuda do pelotão do Dulombi e com a visita de para-quedistas fizeram lá e na zona de Galomaro
Isto é que eu me lembro mas posso estar enganado
Um abraço
O capitão Rosa? ficou celebre por ter respondido ao Gen Spinola que a nossa Pátria era onde tinhas paz, sustento e educação e que Portugal não era exemplo disso.
Zé Manel, de acordo com a tua versão (e das conversas que tiveste com ele), o Rodrigues (como era conhecido em Cancolim) não fez as nove noites e noves dias a pé..., mas sim, de noite, rio abaixo, de canoa... até perto do Saltinho. A montante do Saltinho, há vários rápidos, que tornam difícil, nomeadamente no tempo seco, a navageção... Não conheço essa parte do rio, só a montante (Cussilinta...). Mas faz sentido que o Rodrigues tenha deixado aí a canoa e procurado ajuda de dois homens que estavam a cultivar a bolanha... Por sorte, não era gente do PAIGC ou controlada por eles...
Nove noites a andar de canoa ( e ele não devia ser "perito" na arte de andar de canoa), quer dizer que o Rodrigues não pode ter andado mais do que 5 km por noite... 5 x 9 dá 45 km, que é mais ou mais a distância (pelo menos em linha reta) entre o Saltinho e a antiga Madina do Boé... O PAIGC tinha duas "prisões" na região do Boé, uma a que eles chamavam "Madina do Boé" e outra em "Boé Oriental"... Esta de "Madina do Boé" devia ser mais a sul da antiga Madina do Boé (o nosso aquartelamento retirado em 6/2/1969, mais próximo do ponto em que o Rio Corubal passa perto da fronteira com a Guiné-Conacri... ou seja, entre Gobige, Guileje e Madina do Boé... 5 km por noite, em plena época seca, com o rio com um caudal mais baixo, devia ser uma boa média para um homem em fuga, e possivelmente "aterrorizado"... As margens do Corubal infundiam-nos um terror imenso, de dia, quanto mais de noite!... E estamos a partir do princípio que ele conseguiu "apanhar" uma canoa equipada com o devido remo...
Correspondendo ao que o Luis nos pede e como elemento desta Tabanca Grande, respondo à questão colocade de, se devemos ou não aceitar como membro desta Tabanca o Rodrigues.
Partilhar com agrado um mesmo espaço que, segundo uma crónica, salvo erro do Luís Dias, nos diz que pode ter fornecido dados ao inimigo, os quais originaram a morte de outros camaradas é sempre complicado e revoltante, mas desconhecemos as circunstâncias...
Além disso, o desconhecimento de como tudo se passou, na dúvida e não sabendo nem tendo certezas de nada, entendo que deve ser considerado como mais um camarada que prestou serviço na Guiné.
Contudo, gostava de lembrar o que parece, isso sim não oferecer dúvidas, o reconhecer tratar-se de um camarada que nunca antes recebeu o apoio que necessitava, o que provavelmente evitaria que tivesse sido apurado para todo o serviço militar, nem depois, quando necessitava ainda mais e estava a sofrer...
BS
Juvenal: Sou eu que posso estar a trocar os nomes, seria bom que o Rui Bapstista confirmasse...
Sanguê Cabomba fica(va) a sudeste de Bafatá... E logo a seguir, muito perto, Anambé... Ver carta de Bafatá:
http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial18_mapa_Bafata.html
Cancolim fica(va) já no mapa de Cansissé, mais a leste:
http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial38_mapa_Cansisse.htm
Mais abaixo de Cancolim, ficava Madina Xaquili, onde a minha CCAÇ 12 teve o seu batismo de fogo, em julho de 1969 (!), numa altura em que o famigerado Mamadu Indjai pôs toda esta zona (o flanco sul do chão fula, do Corubal ao Cossé) a ferro e fogo... Foi o preço que tivemos de pagar pela retirada de Madina do Boé, meses antes (em 6/2/1969)...
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Madina%20Xaquili
Apesar reforço temporário de tropas pára-quedistas ao subsector de Galomaro (que, a partir de Agosto de 1969, passa a COP 7), bem como da CCAÇ 12 (que vai ter a sua estreia logo em julho de 1969, em plena época das chuvas), Madina Xaquili tornar-se-ia insustentável, sendo abandonada pela população e depois pelas NT em Outubro de 1969. Padada, mais a sul, também já tinha sido abandonada (não posso precisar em que altura). O PAIGC apertava o cerco ao chão fula, donde eram originários os soldados da CCAÇ 12.
Madina Xaquili fazia parte do mapa de Cansissé (1/50000). Com a retirada de Béli, Madina do Boé e Cheche, passou a haver um corredor por onde o PAIGC se infiltrava mais facilmente na parte sudeste do chão fula, a norte do Rio Corubal.
Em junho, tinha lá estado destacado o Fernando Gouveia (ex-alf Mil Rec e Inf, Agrupamento de Bafatá, Bafatá, 1968/70)...Com 10 militares metropolitanos e 38 milícias!... Havia o risco de um ataque do bigrupo do Mamadu Indjai a Madina Xaquili, como viria a acontecer um mês depois...
E foi em Madina Xaquili que ele se inspirou para escrever o seu belíssimo romance "Na Kontra Ka Kontra" (Porto, edição de autor, 2011)... Recorde-se que esta história de amo foi inicialmente difundida em 49 episódios no nosso blogue, "um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude", como nos chamou o historiador francês René Pélissier!...
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Na%20Kontra%20Ka%20Kontra
Caros Camarigos:
In dubio pro reo.
Ninguém sabe, ao certo, o que se passou com o Rodrigues de Cancolim. O que é dado por certo é que o nosso camarada, há poucos dias falecido, não foi talhado para a vida militar, e que desapareceu de Cancolim sendo depois feito prisioneiro. Sabe-se ainda que não terá gostado da prisão porque arriscou a pele empreendendo uma fuga perigosíssima por caminhos ínvios terminada com sucesso no Saltinho. Ninguém pode julgá-lo, com justiça, muito menos condená-lo, por isso - in dubio pro reo. Assim, seja admitido com todas as honras, no seio desta tabanca,a título póstumo. Quem se sentir à vontade que lhe atire a primeira pedra.
Um abraço
Carvalho de Mampatá.
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