domingo, 4 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18377: Blogpoesia (556): "Devasso minha alma...", "Moinho de vento", e "As regras...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Devasso minha alma...

Devasso minha alma aos raios luminosos deste sol nascente
E mergulho na profundidade da beleza.
Oiço Chopin na sua majestade sublime.
Abro todas as janelas, apesar do frio.
Entre a paz e a mansidão nas ondas deste mar de luz.
Desfraldo ao vento minhas asas e me baloiço como ave que despertou para a liberdade.
Minhas preces se elevam em oração aos céus.
Meu corpo fica etéreo como uma pena ao vento.
Avanço e brinco a dança das quimeras e da concórdia,
atrás das notas dum piano a arder.
Quem me dera saber cantar solfejos de oiro e diamante como retinem harmónicas as suas cordas tão vibrantes.
É luminoso este sol que faísca os olhos.
Meu peito quente arfa de consolação.
É o mês de Março que nasce da alvorada, anunciando a suave Primavera.
Pelos telhados brancos e copas nuas, cintilam os matizes que dormiam em invernosa sonolência.
Enquanto o piano como um gamo à solta, corre atónito pela encosta verde.
Bendito o sol que tudo alegra...

ouvindo Concerto nº 1 de Chopin, com Martha Argerich
Berlim, 1 de Março de 2018
7h51m
Jlmg

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Moinho de vento

Moro no topo do monte.
Perto das nuvens,
Vizinho do céu.
Me alimento do vento.
Brinco com ele.
Solto-lhe as asas.
Dou tantas voltas.
Fica sem norte.
Puxo a mó.
Moo o centeio.
Farinha tão branca,
Como a neve que cai.
Às vezes, eu choro,
Sozinho e sem vento.
Muitas, eu canto.
Feliz de contente.
Nasci um moinho,
Sou filho do vento.
Nada mais sei.
Bendigo a sorte
De morar onde moro
E ser o que sou…

Berlim, 2 de Março de 2018
19h44m
Jlmg

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As regras…

Apontam condutas.
Impõem deveres.
Ordenam o mundo.
Trazem a paz.
Reúnem as forças.
Remos dos braços.
Sulcam as águas.
Cortam as ondas.
Alcançam os fins.
Marcam o ritmo.
Abrem caminho.
Boas sementes,
Garantem bons frutos.
Nem demais nem de menos.
Sem elas o mundo
Se transforma num caos…

Berlim, 3 de Fevereiro de 2018
7h58m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18361: Blogpoesia (555): "Simplesmente um homem", por Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor do BCAÇ 3872

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