Citação: (1963-1973), "Combatente do PAIGC com um grupo de jovens carregadores", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43743 (2018-2-11)
Fonte: Portal Casa Comum > Fundação Mário Soartes > Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia)
Infografia: Jorge Araújo (2018)
Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger, CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue, desde março de 2018
GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > "PLANO DE OPERAÇÕES NA FRENTE SUL" [OUT-DEZ'69] - ATAQUE A BEDANDA EM 25 DE OUTUBRO DE 1969 (AO TEMPO DA CCAÇ 6, 1967/1974)
(Parte I)
1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Nas duas anteriores narrativas [P18346 e P18350], tivemos a oportunidade de partilhar com o colectivo da «Tabanca» o calendário do "plano de acções militares" do PAIGC, aprovado para ser operacionalizado durante o último trimestre de 1969 nas regiões do Quinara e do Tombali, situadas na zona Sul da Guiné, envolvendo a mobilização de um numeroso contingente de guerrilheiros de infantaria apoiados por uma quantidade considerável de equipamentos de artilharia pesada, incluindo peças anti-aéreas DCK.
Aos oito ataques a diferentes aquartelamentos previstos nesse "plano", os seus responsáveis militares, nomeadamente Nino Vieira (1939-2009), decidiram acrescentar mais um, exactamente ao mesmo local com que abriram as hostilidades – Buba, em 12OUT1969 – com o objectivo de corrigir os fracos desempenhos registados durante a primeira missão do seu "exército" neste "programa", depois de ela ter sido considerada de "enormes fracassos". Esta nova acção/missão, classificada como sendo um segundo ataque a Buba, ficou agendada para o dia 10 de Dezembro de 1969, com a qual se daria por encerrada esta "campanha".
Recorda-se que a elaboração desta narrativa, como de todas as outras que fazem parte deste dossier, tem na sua génese o relatório "das operações militares na Frente Sul" [http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40082 (2018-1-20)], documento dactilografado em formato A/4, sem capa e sem nome do seu autor [mas que seguiremos em frente na busca da sua identificação], localizado no Arquivo Amílcar Cabral, existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares. A esse documento base foram, ainda, adicionadas outras informações de diferentes fontes bibliográficas tendentes a ampliar a compreensão/explicação de cada ocorrência, gravadas nos dois lados do combate, instrumentos indespensáveis para o seu aprofundamento histórico.
2. AS ORIGENS DA CCAÇ 6 (COMPANHIA DE CAÇADORES N.º 6) – SUBSÍDIO HISTÓRICO
A CCAÇ 6 é a herdeira da estrutura orgânica da 4.ª CCAÇ (Companhia de Caçadores Nativos [ou Indígenas], esta criada e instalada primeiramente em Bolama em finais de 1959. Quatro anos e meio depois, em Julho de 1964, mudou-se para Bedanda, por necessidades operacionais, como resposta ao pedido de intervenção dos africanos no esforço da guerra. Foi aí, em Bedanda, que em 1 de Abril de 1967, decorridos três anos após a instalação dos seus primeiros efectivos, esta Unidade foi renomeada, passando a designa-ser por Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6 - "Onças Negras"].
Esta companhia de caçadores, constituída por praças africanas de Recrutamento Local, era enquadrada por oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole, tal como as restantes que foram organizadas nessa época no CTIG, cumprindo os últimos o período da Comissão de Serviço obrigatório previsto na Lei. Quanto aos primeiros, estes mantinham-se, marioritariamente, ligados à sua Unidade de base, uma vez que um dos objectivos emergentes para a sua criação foi/era a segurança e/ou defesa das suas populações, estando implicita neste conceito a actividade operacional na luta contra os grupos da/de guerrilha armados.
Para além da CCAÇ 6, o Aquartelemanto de Bedanda dispunha também de um Pelotão de Canhões sem Recuo [PCS/R], de um Pelotão de Artilharia «obus 14 mm» [Pel Art] e de um Pelotão de Milícias [Pel Mil n.º 143] da etnia fula.
Devido à sua intensa e porfícua acção operacional realizada ao longo dos anos, com importantes resultados obtidos nas múltiplas missões que lhe foram confiadas, a Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6] viria a ser merecedora de uma condecoração atribuída pelo Governo Central ao seu Estandarte [Cruz de Guerra de 1.ª Classe], em cerimónia pública presidida pelo Chefe de Estado, Almirante Américo Thomaz (1894-1987), de homenagem às Forças Armadas Portuguesas, realizada no Terreiro do Paço, em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1968, data que até ao «25 de Abril de 1974» era também conhecida como "Dia de Camões, de Portugal e da Raça".
Para que conste, eis a transcrição do texto que originou a condecoração tornado público na comunicação social [ex.: Diário de Lisboa, em 11 de Junho de 1968, p11; e Diário de Notícias, em 12 de Junho de 1968].
No dia seguinte, e com a aprovação do camarada Nino [Vieira], Comandante do Corpo Especial de Exército, nos prontificamos (as forças de Artilharia) a realizar a operação e a iniciá-la à mesma hora indicada para o dia anterior [17h15].
Realmente, às 15h30 inciamos a colocação das peças e a instalação das ligações telefónicas. Às 17h00 todas as peças estavam prontas para o tiro, quando descobrimos avaria na comunicação, devido a esse imprevisto só às 17h30 iniciamos o fogo de enquadramento com uma peça de canhão 75, desde a posição de fogo do GRAD. O inimigo [NT] respondeu imediatamente, cortando a instalação em dois pontos. Só 15 minutos depois retomamos a direcção de tiro e demos por terminado o enquadramento para as [peças] GRAD.
Imediatamente as peças de canhão abriram fogo, realizando tiro indirecto desde a distância de 2.000 metros. Do posto de observação, pareceu-nos (a visibilidade, dada a hora já avançada da tarde, era deficiente) ser um tiro efectivo, cobrindo a zona indicada.
A CCAÇ 6 é a herdeira da estrutura orgânica da 4.ª CCAÇ (Companhia de Caçadores Nativos [ou Indígenas], esta criada e instalada primeiramente em Bolama em finais de 1959. Quatro anos e meio depois, em Julho de 1964, mudou-se para Bedanda, por necessidades operacionais, como resposta ao pedido de intervenção dos africanos no esforço da guerra. Foi aí, em Bedanda, que em 1 de Abril de 1967, decorridos três anos após a instalação dos seus primeiros efectivos, esta Unidade foi renomeada, passando a designa-ser por Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6 - "Onças Negras"].
Esta companhia de caçadores, constituída por praças africanas de Recrutamento Local, era enquadrada por oficiais, sargentos e praças especialistas oriundos da Metrópole, tal como as restantes que foram organizadas nessa época no CTIG, cumprindo os últimos o período da Comissão de Serviço obrigatório previsto na Lei. Quanto aos primeiros, estes mantinham-se, marioritariamente, ligados à sua Unidade de base, uma vez que um dos objectivos emergentes para a sua criação foi/era a segurança e/ou defesa das suas populações, estando implicita neste conceito a actividade operacional na luta contra os grupos da/de guerrilha armados.
Para além da CCAÇ 6, o Aquartelemanto de Bedanda dispunha também de um Pelotão de Canhões sem Recuo [PCS/R], de um Pelotão de Artilharia «obus 14 mm» [Pel Art] e de um Pelotão de Milícias [Pel Mil n.º 143] da etnia fula.
Devido à sua intensa e porfícua acção operacional realizada ao longo dos anos, com importantes resultados obtidos nas múltiplas missões que lhe foram confiadas, a Companhia de Caçadores n.º 6 [CCAÇ 6] viria a ser merecedora de uma condecoração atribuída pelo Governo Central ao seu Estandarte [Cruz de Guerra de 1.ª Classe], em cerimónia pública presidida pelo Chefe de Estado, Almirante Américo Thomaz (1894-1987), de homenagem às Forças Armadas Portuguesas, realizada no Terreiro do Paço, em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1968, data que até ao «25 de Abril de 1974» era também conhecida como "Dia de Camões, de Portugal e da Raça".
Para que conste, eis a transcrição do texto que originou a condecoração tornado público na comunicação social [ex.: Diário de Lisboa, em 11 de Junho de 1968, p11; e Diário de Notícias, em 12 de Junho de 1968].
Fonte: Ultramar TerraWeb - Portal dos Veteranos dao Ultramat: Angola, Guiné, Moçambique, 1959-1975 [http://ultramar.terraweb.biz/10Jun1968_Lisboa.htm (com a devida vénia)]
3. O ATAQUE A BEDANDA EM 24OUT1969… QUE PASSOU PARA 25OUT1969 DEVIDO A SUCESSIVAS FALHAS NA SUA ORGANIZAÇÃO
Desenvolvimento da acção:
No dia 24 de Outubro [de 1969], às 17h15, as forças do Corpo Especial de Exército deviam atacar as instalações militares do campo de Bedanda com as seguintes forças, assim constituídas [apresentamos um quadro comparativo entre o 1.º ataque a Buba, em 12OUT1969, e este 2.º a Bedanda]:
Contavamos com a ajuda de 80 "povo" no transporte das munições até à posição de fogo. Devido ao número insuficiente de transportadores não pudemos concentrar no local toda a quantidade de munições necessária e muito menos distribui-la a tempo para as 3 posições de fogo, razão principal porque tivemos que adiar a missão.
Por acaso, as forças de infantaria tinham tido muitas dificuldades e atrasado bastante a sua chegada ao local e a tomada de posição no trerreno, não se verificando portanto qualquer desajuste.
No dia 24 de Outubro [de 1969], às 17h15, as forças do Corpo Especial de Exército deviam atacar as instalações militares do campo de Bedanda com as seguintes forças, assim constituídas [apresentamos um quadro comparativo entre o 1.º ataque a Buba, em 12OUT1969, e este 2.º a Bedanda]:
Contavamos com a ajuda de 80 "povo" no transporte das munições até à posição de fogo. Devido ao número insuficiente de transportadores não pudemos concentrar no local toda a quantidade de munições necessária e muito menos distribui-la a tempo para as 3 posições de fogo, razão principal porque tivemos que adiar a missão.
Por acaso, as forças de infantaria tinham tido muitas dificuldades e atrasado bastante a sua chegada ao local e a tomada de posição no trerreno, não se verificando portanto qualquer desajuste.
Realmente, às 15h30 inciamos a colocação das peças e a instalação das ligações telefónicas. Às 17h00 todas as peças estavam prontas para o tiro, quando descobrimos avaria na comunicação, devido a esse imprevisto só às 17h30 iniciamos o fogo de enquadramento com uma peça de canhão 75, desde a posição de fogo do GRAD. O inimigo [NT] respondeu imediatamente, cortando a instalação em dois pontos. Só 15 minutos depois retomamos a direcção de tiro e demos por terminado o enquadramento para as [peças] GRAD.
Imediatamente as peças de canhão abriram fogo, realizando tiro indirecto desde a distância de 2.000 metros. Do posto de observação, pareceu-nos (a visibilidade, dada a hora já avançada da tarde, era deficiente) ser um tiro efectivo, cobrindo a zona indicada.
Citação: (1966-1970), "Guerrilheiros do PAIGC transportando as peças de um canhão sem recuo [B-10]", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/ fms_dc_44172 (2018-2-11) (com a devida vénia).
Fonte: Portal Casa Comum > Fundação Mário Soartes > Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia)
Final da Parte I.
Na Parte II desta narrativa, serão abordados os seguintes pontos:
1 – Conclusão do desenvolvimento da acção e respectivos resultados.
2 – Análise crítica à actuação da artilharia.
3 – Correcção das informações obtidas posteriormente pelo PAIGC.
4 – Quadro de baixas militares da CCAÇ 6 (de 1Abr1967 a 27Abr1974).
5 – Quadro de baixas militares da 4.ª CCAÇ (de Jul1963 a Fev1967).
Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
26FEV2018.
Na Parte II desta narrativa, serão abordados os seguintes pontos:
1 – Conclusão do desenvolvimento da acção e respectivos resultados.
2 – Análise crítica à actuação da artilharia.
3 – Correcção das informações obtidas posteriormente pelo PAIGC.
4 – Quadro de baixas militares da CCAÇ 6 (de 1Abr1967 a 27Abr1974).
5 – Quadro de baixas militares da 4.ª CCAÇ (de Jul1963 a Fev1967).
Obrigado pela atenção.
Com forte abraço de amizade,
Jorge Araújo.
26FEV2018.
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Nota do editor:
16 comentários:
Malta de Bedanda, valentes "Onças Negras", então não há aqui uma palavrinha de apreço pelo trabalho do nosso novo editor ?
Parece me inflacionado o número de armas pesadas para tantos combatentes...
... e pouco "povo"...80 pobres diabos tal como os nossos que ao primeiro tiro largavam tudo...
Cheira me que o relatório é para valorizar a artilharia e impressionar o chefe.
Luís, és capaz de ter razão... vou tomando notas e no final darei a minha opinião fundamentada nos documentos consultados. Ainda é cedo para arriscar o autor do relatório, uma vez que este é só o segundo ataque do "plano"...
Jorge Araújo.
Quantos quilos por cabeça ? Jorge, podes fazer as contas ? Conta as cabeças e estima a carga. Acho que os gajos faziam batota, tal como nós nos relatórios... E os palermas dos historiadores levam tudo a letra.. a
... sabes quanto pesa um morteiro 82 é um canhão sem recuo ? Os historiadores, que não andaram na puta da guerra não dabem mas tu tens a obrigação de lhes dizer... S
Luís, como sabes, a minha especialidade era de infantaria (concluída em "formato" acelerado).
Em actividade operacional, só transportava a G3 que, segundo creio, pesava um pouco mais de 4 quilos (!?)
Quanto ao peso dos morteiros e suas características, anexo este link
http://www3.dsi.uminho.pt/academiamilitar/2002/pdf/Powerpoint/MORTEIROS.pdf
Jorge Araújo
Jorge: aqui tens alguns elementos para te ajudar a fazer às contas à tonelagem de material levada para atacar Bedanda em 25/10/1968
O morteiro russo m/41, 82 mm, pesava 56 kg, o tubo tinha um comprimento de 1,2 m, a granada pesava 3,05 kg... A guarnição era de 4 homens...
9 morteiros são 504 kg... 85 granadas somam 259,25 kg... Quantos carregadores são precisos para transportam, à cabeça ou às costas, mais de 760 kg ? No caso das granadas, podem ir em lotes até 10 granadas... Digamos, que eram precisos cerca de 9 a 10 homens... 9 morteiros (prato mais o tubo) são 18 homens... Arredondemos para 30 homens, só para os morteiros... Peso médico: 750 kg / 30 = 25 kg...
Esqueci-me de citar a fonte:
82-BM-41
From Wikipedia, the free encyclopedia
https://en.wikipedia.org/wiki/82-BM-41
Sobre o canhão s/r B-10... São 9 com 90 granadas...
B-10 recoilless rifle
From Wikipedia, the free encyclopedia
https://en.wikipedia.org/wiki/B-10_recoilless_rifle
Peso
85.3 kg
ou 71.7 kg sem rodas...
A granada podia variar enyre os 3,5 kg e os 4,5 kg (conforme o modelo, russo, chinês...)...Vamos arredondar par 4 kg...
Guarnição: 4 homens
Peso total:
9 x 71,7 = 645, 3 kg.
90 x 4 = 360 kg...
Só para o transporte dos canhões s/r seriam precisos 20 homens (peso médio: 30 kg)
Para as granadas, mais 20...
Grad ou o "jacto do povo", 122 mm, portátil... Guarnição: 3 h0mens:
"Grad-P Light portable rocket system": The complete system comprises a 9P132 single-round man-portable launcher (it can be reloaded and used again), a 9M22M 122 mm high-explosive fragmentation rocket and a fire control panel. The system was developed in the middle of the 1960s for North Vietnamese forces at war with the US. It was not accepted for service with the Russian Army, but it was and is still popular with paramilitary and guerrilla forces.
https://en.wikipedia.org/wiki/BM-21_Grad
Cada foguete devia pesar c. de 60 kg... com 2 a 3 metros de comprimento...Deviam ser precisos dois homens para pegar um numa ponta e outro noutra...
No ataque a Bedanda, temos 3 peças Grad com 6 foguetes cada... Contabilizo mais 30 homens...
Agora, temos ainda mais 5 bigrupos com armas autiomáticas e 7 RPG (não sabemos se são RTP 2 ou RPG 7)...Cada bigrupo era composto por 30 / 40 homens... Temos entre 150 e 200 homens... Quantas granadas de RPG ? Não sabemos...
Cada granada de RP 7 pesava 7 kg...
https://en.wikipedia.org/wiki/RPG-7
A de RPG 2, pronta a disparar, pesava 4,67 k...
https://en.wikipedia.org/wiki/RPG-2
7 LGFog eram 14 homens (1 apontador e 1 municiador)... mais não sei quantos carregadores...
80 carregadores no total era pois insuficiente... O gajo que escreveu o relatório estava a mandar poeira para os olhos do Amílcar Cabral que nunca deve ter carregado às costas com um molhe de granadas...
Jorge, era uma logística do caraças... Tudo a "penantes", a andar quilómetros, no sul do país, onde ainda há dias chuvas em outubro...
Gostava de saber quem foi o autor do relatório... Seguramente um artilheiro, formado na Rússia, com toda a certeza um cabo-verdiano... Mas o fulano, apesar da aparente honestidade quando à descrição factual do desenvolvimento da ação, deve ter inflacionado alguns nºs dos efetivos utilizados... Aquele arsenal todo era para arrasar e conquistar Bedanda!... Com postos de observação de tiro, linhas telefónicas, etc... Isto já não é guerrilha, é guerra clássica!...
Jorge, o bigrupo do Mário Mendes tinha 38 elementos...Fizeste a sua análie sociodemográfica...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2016/12/guine-6374-p16865-do-outro-lado-do.html
Bate certo com a ideia que tenho do bigrupo... Que era um pouco maior do que o nosso grupo de combate... Um bigrupo reforçado podia ir aos quarentas e tais...
Fui ao portal Guerra Colonial 1961-1974 esclarecer a questão do bigrupo... Afinal era assim:
(...) No que diz respeito ao pessoal, embora as características da luta de guerrilhas torne difícil precisar os efectivos empenhados e estabelecer estimativa esclarecedora, o comando militar português considerava, em 1971, as seguintes bases:
Efectivos por unidades:
- bigrupo > 38/44
- bigrupo reforçado > 70
- grupo de artilharia > 50
- grupo de canhões/morteiros > 23
- grupo de foguetões/antiaéreos > 16
Efectivos por regiões:
Inter-Região Norte:
- Frente São Domingos/Sambuiá > 630
- Frente Canchungo/Biambe > 760
- Frente Morés/Nhacra > 680
- Frente Bafatá/Gabu Norte > 730
Inter-Região Sul:
- Frente Bafatá/Gabu Sul > 200
- Frente Bafatá/Xitole > 160
- Frente Buba/Quitafine > 1230
- Frente do Ouinara > 560
- Frente de Catió > 370
Além destes efectivos, que totalizavam cerca de cinco mil e quinhentos elementos para o Exército Popular, há que acrescentar cerca de dois mil milícias, novecentos a mil em cada inter-região. (...)
http://guerracolonial.org/index.php?content=334
Observações - Eu acho que o Spínola e a sua rapaziada também arredondava os números para cima... No fundo, convinha-lhes "sobrevalorizar" as tropas do PAIGC para melhorar os termos de negociação com o Marcelo Caetano e a sua brigada do reumático... Spínola precisava urgentemente de reforços, em homens e material...
Em suma, enganávamo-nos uns aos outros... Os comandantes do PAIGC enganavam o Amílcar Cabral que por sua vez enganava os seus amigos e aliados para obetr mais armas, dinheiro e apoios diplomáticos... A gente enganava o Spínola e este enganava o Marcelo e companhia...
No fim, quem se lixou fomos todos nós, de um lado e do outro, que andámos a matar-nos uns aos outros...
Luís, não é crível que aqueles relatórios não fossem feitos "ao espelho" por gente tão preparada como o Amílcar e de acordo com ele para cubanos e russos e suecos verem e lerem e não esmorecerem com as ajudas que eram enormes.
Já aqui foram testemunhados os bombardeamentos como o de Guidage bem junto ao marco da fronteira no Senegal, e pelos relatos das enormidades de artilharia utilizada, só mesmo quem acreditava nestes relatórios é que podia fornecer tanta quantidade de material de guerra que eram custos formidáveis.
E aqueles estudantes estavam tão preparados, que mesmo sem Amílcar,(assassinado) a diplomacia internacional ainda foi mais incrementada.
Misseis, suecos, independência unilateral, isto tudo sem Amílcar.
De facto, Amílcar e os autores destes relatórios estiveram sempre feitos, e sim, atiraram com areia a meio mundo, e até a nós (tugas e a quem estava connosco).
É caso para dizer que só não atiraram areia para os olhos dos guineenses do PAIGC.
Vamos lá "BER".
Toda a gente "aldrababa",mas os maiores aldrabões eram eles "IN"
Quanto aos cálculos aqui feitos estão todos errados ,porque quando queriam fazer uma operação desta envergadura e no interior da Guiné, faziam o transporte do material de guerra por etapas, e colocavam-no em pleno mato de forma camuflada e em sítios diferentes.
Faziam-no de forma inteligente porque se fossem interceptados e tivessem que abandonar o material não se perdia tudo e depois não necessitavam de tantos recursos humanos para o transporte para não falar da possibilidade de serem detectados se fossem muitos.
Quem é que ia verificar se os relatórios feitos pelos "comandantes" estavam correctos ?
Tudo isto teria até bastante piada se não tivesse sido trágico.
Se os historiadores se basearem nos nossos relatórios e nos deles..será a adulteração completa dos factos...porque simplesmente toda a gente mentia consoante as suas conveniências.
AABB
C.MARTINS
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