Bom senso…
Entre o doce e o ácido mora o bom senso.
Gosta das encostas abrigadas e soalheiras.
Se abriga do sol nas tardes de Verão.
Deita-se com as galinhas e chama por tu ao sono.
Pensa duas vezes antes de sorrir.
Faz-se caro.
Nunca responde à primeira se o chamam.
Não gosta de ser o último nem o primeiro.
Lava sempre a fruta antes de a comer.
Nunca gasta o último tostão. Prefere esperar que venha o segundo.
Nunca adormece sem rezar ao Criador.
E, se se esquece, agradece o acordar…
Ouvindo o barítono Kaufmann
Mafra, 26 de Maio de 2018
20h42m
Jlmg
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Este sol da manhã…
Brindou-nos este sol da manhã,
Com pezinhos de lã,
Com seus raios de luz.
Tudo ficou doutra cor.
As copas das árvores derramam sombra no chão.
Os prados reluzem brandindo humidade.
As ruas secaram.
A lama das bermas enrugou tolhida de medo.
Pairam quietas as nuvens no céu, a ver no que dá.
Os cavalos preferem a palha seca à erva molhada.
Os chinelos da praia de olhos despertos já me fizeram sinal.
Vou esperar para ver como diz o freguês.
Assim, com este sol,
Já apetece sonhar…
Mafra, 25 de Maio de 2018
7h37m
Jlmg
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Minha pena é de oiro…
A minha pena solidária mantém a cadência certa de há vinte anos.
A tinta que consome em cada carga, dá e sobra para os devaneios de cada dia.
Seu bico é de oiro.
Seu traço é fino.
Se a querem ver contente, é pôr-lhe à frente um tema, por mais simples,
O devassa, da popa à ré e sua, sua como um pintor cansado que quer ver na tela sua ideia na forma exacta.
Me espera atenta.
Dorme comigo à cabeceira.
Quanta vez me chama pela madrugada
Porque pressentiu cardume.
Sinto medo de a perder um dia.
Que seria eu sem ela?...
Mafra, 21 de Maio de 2018
18h50m
Jlmg
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Ruminar o nevoeiro…
Amanheceu.
Sonolentas, as árvores, com porte e garbo,
Ruminam a manta do nevoeiro sem fim.
Apático, o prado verde aguarda que o sol o desperte do sono.
O silêncio que toda a noite dormiu,
Espreguiça as asas, prontinho a ir.
O cuco da praxe acabou agora a única ladainha que sabe.
Deserta a rua, desperta faminta dos rodados que a sobem e descem com pressa.
Entretanto, alheios às horas, os cavalos vizinhos que a fome acordou,
Rapam a erva fresquinha, com a boca no chão.
Mafra, 20 de Maio de 2018
8h35m
Jlmg
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Nota do editor
Último poste da série de 20 de Maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18656: Blogpoesia (567): "Altos andores...", "Partilhar...", e "Cirurgia dos mistérios...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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