terça-feira, 29 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18690: FAP (106): Fotos da montagem dos primeiros FIAT's G-91 R/4 destinados à Esquadra de Tigres de Bissalanca (Mário Santos, ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Santos (ex-1.º Cabo Especialista MMA da BA 12, 1967/69), com data de 23 de Maio de 2018:

Caros amigos e camaradas.
Estas são algumas das fotos de montagem em 1965 dos primeiros Fiat`s G-91 R/4 que iriam constituir a famosa “Esquadra de Tigres de Bissalanca” onde voaram alguns dos nossos Magnificos Tabanqueiros como José Fernandes Nico, António Martins Matos, e Miguel Pessoa.

Estas foram as primeiras cores onde em fundo cinzento escuro sobressairiam a Cabeça de Tigre e na entrada de ar do reactor uma Boca de Tubarão.
Sem ser uma máquina excepcional, equipada com um motor Bristol Siddeley Orpheus 803 turbojet, 22.2 kN (5,000 lbf) e com uma autonomia de apenas 1150 Km não era o ideal de que necessitávamos, tendo em conta que tínhamos de cobrir toda a área Guineense somente a partir de uma única Base em Bissalanca.
Aqui ficam as fotografias para vosso conhecimento. Envio em anexo.

Abraço
Mário Santos








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Nota do editor

Último poste da série de 18 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18648: FAP (105): 28 de julho de 1968, o dia em que o Fiat G-91, nº 5411, pilotado pelo ten cor Francisco Dias Costa Gomes, foi abatido sob os céus de Gandembel, por fogo de AA (Antiaérea)

10 comentários:

Manuel Luís Lomba disse...

Olá, Mário
Por ter estado algum tempo sem computador, aproveito para dar a explicação retardatária ao último parágrafo do meu P18623.
O PAIGC tinha seleccionado e enviado para a URSS 20 jovens guineenses para formação de pilotos e serviços afins e, no rescaldo da crise dos "3 G´s", começou a circular o boato que tinha MIG`s prontos a lançar-se sobre Bissau,etc. Num mês, a capital e os principais povoados da Guiné ficaram desertos das famílias de oficiais, evacuadas para a Metrópole.
Dizia-se que o boato fora lançado pelo PAIGC e propalado pelo então "Movimento dos Capitães", embrionário do MFA, a criar ambiente psicológico e massa crítica para os seus desígnios.
MFA houve só um - o da Guiné e mais nenhum.
Abr.
Manuel Luís Lomba

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Mário, parabéns pelas fotos!... Mas diz-me onde é que foi feita a montagem... Em Bissalanca, presumo... Os Fiat G-91 não tinham autonomia para chegar à Guiné... Um alfabravo, Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Mário, vejo agora pelas legendas que a montagem foi feita na BA 12, em Bissalancas... Os aviões vieram de barco, em "kits" de montagem... Foi isso ?... E já agora quem é quem ? Os camaradas que aparecem nas fotos...

Mário Santos disse...

Saudações e um abraço fraterno a todos os camaradas de todas as armas.
Manuel Lomba, tens razão o famigerado golpe de 25A teve inicio na Guiné. Os Migs, foram efectivamente uma manobra de diversão.
Eu conheço alguns dos protagonistas.
É verdade que os Fiat's foram todos montados na Guiné.
Creio bem que chegaram de barco, embora eu ainda não estivesse lá na altura.

Fui um dos substitutos do pessoal de manutenção que executa a montagem, mas infelizmente não sei nomes nem patentes.
Presumo que seriam Sargentos e 1°Cabos Especialistas MMA, Eletricistas e Armamentos.
Lamento não poder ajudar mais e melhor.
Passaram mais de 50 anos....
Abraço a todos!

Mário Santos disse...

Em minha opinião,o regime ditatorial foi derrubado pelos militares, porque não dava mostras de encontrar soluções para o problema da guerra.
E não encontrava porque as soluções eram, de facto, difíceis e exigiam muita ponderação.

O que se passou a seguir foi uma rebelião de jovens com pouco sentido de Estado e não vale a pena estar a perder mais tempo com isso.

Nessa altura em 1974 o Exército já estava minado pelas oposições, e pelos vistos também os outros 2 Ramos e, excitados pela aventura da conspiração, os jovens oficiais avançaram para o derrube do regime para acabar com a guerra e voltarem a ter uma vida descansada.

Só que na vida das nações os regimes mudam pelas mais diversas razões mas o essencial, e que é necessário preservar a todo o custo, são os elementos fundamentais da Nação: o Povo e o Território. Não se derrubam regimes pondo em causa a Nação. Portanto, o acabar com a guerra não devia ter sido feito contra a população que acreditava no Portugal Multirracial e Pluricontinental, nem à custa do território que herdámos e que a história nos legara.

E ainda que os ventos fossem de mudança em todo o mundo, a verdade é que com as independências, não parece que os povos que foram "colonizados por nós" tenham melhorado grande coisa. A única diferença percetível é hoje serem colonizados e escravizados por outras potências mais poderosas e pelos próprios esbirros da mesma cor e raça!

Todavia, sabendo que nunca poderíamos ganhar a guerra porque não tínhamos peso estratégico para derrotar o sistema adversário, a saída tinha que passar por um processo negocial e para isso não podíamos baixar os braços sem mais nem menos. Só jogando com as vantagens que ainda tínhamos e uma delas, a mais importante, era a ocupação do terreno, seria possível garantir algumas coisas como a permanência e a segurança das nossas populações em África. Ora nada disso foi equacionado porque as oposições, de todos os calibres, estavam obcecadas com o "derrube da ditadura". Esse, o derrube do regime, apareceu assim como o objectivo máximo para um novo paradigma quando na realidade o objectivo máximo devia ter sido terminar a guerra nas melhores condições possíveis para a Nação. Assim, para esses descabeçados que planearam o 25A e se esqueceram do dia seguinte, atirámos a toalha ao chão e ficámos à mercê dos nossos adversários no terreno e dos interesses e estratégias que pululavam à sua volta.

Outro ponto que deve ser relevado é que as responsabilidades do antigo regime neste assunto terminaram no dia da revolução. Nesse dia essas responsabilidades passaram automaticamente para quem assumiu o poder e que foram os militares. No entanto, o MFA não tinha capacidade nem condições para tamanha tarefa, até porque ficou logo à mercê das oposições e dos políticos de pacotilha que, nessa altura, brotaram do chão como cogumelos, cada uma pensando que tinha uma solução para o País quando, na realidade, eram apenas um bando de incompetentes levianos.

No fim de contas o desastre que vivemos acabou por ser uma responsabilidade de todos os portugueses, porque a Nação somos todos nós incluindo aqueles de quem discordamos profundamente. Foi a pouca educação, incluindo a política, a falta de consideração de uns pelos outros, o baixo sentido do colectivo, a tendência para resolver tudo em cima do joelho, etc. que nos impediu de resolver o problema da guerra, não só de uma forma mais digna mas, acima de tudo, procurando defender os interesses nacionais, isto é os interesses de todos nós.

Grande abraço

Mário

Henrique Cerqueira disse...

Mário...Mário... é a vida camarada.Não há como travar o progresso.E queiramos ou não as descolonizações fizeram parte do progresso.Agora se correram bem ou mal...Também fez parte do progresso.
Não havia mesmo volta a dar aquilo tinha mesmo que acabar.Só beneficiava com as colónias meia dúzia de famílias o resto era "carne para canhão"mas isso já era desde o tempo das primeiras colonizações.
Graças á revolução de Abril que se pôs alguma ordem nisso e assim pelo menos os povos libertados podem escolher quem os ajuda ou explora mas,será sempre segundo a vontade deles e quem sabe um dia acertam.
Um abraço e fico por aqui dando vivas ao 25 de Abril.
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Manuel Luís Lomba, bom comentário, somos obrigados a esquecer o MFA, e ponto.
Mário Santos, não posso deixar de estar a 100%, ou mais, com toda a tua leitura dos fatais acontecimentos que colocaram Portugal como um 'Protectorado do Mundo', quando antes era o maior 'Império do Planeta Terra'. Ponto.
Parabéns e um Abraço a ambos.
Virgílio Teixeira

Mário Santos disse...

Por norma não gosto de polémicas. Não fujo à discussão ,mas prefiro o diálogo olhos nos olhos. É óbvio que ninguém pode parar o progresso. Tentar fazê-lo seria não só um contrasenso, mas também um suicídio, pelo menos social. A Politica do "Estado Novo" que nos conduziu a um atraso técnico e analfabetismo de décadas é disso um exemplo bem concreto e definido.
Já quanto a golpes militares, e descolonizações a granel tenho algumas dúvidas.
Quanto a mim o 25A, foi mais uma questão de militares a defenderem os seus interesses corporativos do que uma revolução para beneficio geral do país e do seu povo.
"Os colonizadores" ao contrário do que muitos camaradas de palavra fácil escrevem, não se traduzem em meia dúzia de Empresas exploradoras de pretos. Na Guiné, Angola e Moçambique viviam mais de um milhão de portugueses que contruíam ou tentavam uma vida com muito trabalho, por vezes à custa de sangue, suor e lágrimas.

Por cá, é verdade que avançámos socialmente mas à custa do que nos obrigaram a abdicar…
agricultura, pescas e produção industrial já eram. A divida pública é impagável. A corrupção, o compadrio e tráfico de influências estão em roda livre e o fosso entre ricos e pobres não para de aumentar. Tudo a bem do progresso. A saúde pública também vai de vento em popa. Enfim, poderia continuar até que a mão doesse, mas não valerá a pena. Nós portugueses, somos quase todos clubistas e cada um tem a sua própia cor preferida.

Um abraço aos acordantes e discordantes!


Tabanca Grande Luís Graça disse...

Camaradas, temos uma grande tendência para as manobras de... diversão. Todas as discussões sõa legítimas e desejáveis, mas parece-me que há questões sobre as quais nunca haverá, entre camaradas de armas, ex-combatentes no TO da Guiné, consensos, muito menos unanimidades: refiro-me em especial à "interpretação" da nossa história recente, e em especial o 25 de abril e a descolonização...

O que está em causa, no poste do Mário Santos, é a capacidade da FAP e dos seus Zés Especiais em realizar uma tarefa, seguramente complexa e delicada, da montagem dos Fiat G-91... na BA 12, em Bissalanca, sem os meios tecnológicos que a FAP disporia seguramente na Metrópole... Põr uma esquadra, operacional, a voar, em 1965, foi obra!...Tínhamos pilotos, treinados, competentes, motivados...Eram precisas as máquinas, fiáveis...

É nesse sentido que eu saudei as fotos e as legendas do Mário Santos!... LG

Henrique Cerqueira disse...

Já escrevi aqui que a minha maior admiração foi precisamente a operacionalidade e profissionalismo dos mecânicos e especialista da FAP durante uma operação de recuperação de um heli em pleno mato após queda por avaria. Esfalfamos-nos todos em louca correria pelo mato fora desde Bissorã até ao local do acidente para proteger o pessoal da FAP.Outras veses foram eles com os Fiats e helis-canhão(Lobo-Mau)ou heli-transporte nas evacuações. Por tal eu penso que é essa mesma a importância do nosso blog podermos falar das nossas actividades enquanto militares operacionais no teatro de guerra. Agora aqui neste blog me parece que um dos requisitos é não se discutir ações politicas,religiosas e talves futebol (Já agora não resisto o meu único querido e amado clube é o PORTO CARAGO) Pronto...pronto prometo não falar mais de clubismos e etc...Um abraço a todos os camaradas da Guiné e bloguistas deste espaço.
Henrique Cerqueira