domingo, 5 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20527: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (2): o elogio do arroz de lingueirão do "100 Pratus - White Sand Club", restaurante e bar de tapas, Praia da Areia Branca, Lourinhã


Lourinhã > Praia da Areia Branca > O Arroz de lingueirão do "100 Pratus - White Sand Club"




Lourinhã > Praia da Areia Branca >  O elogio do Arroz de lingueirão do "100 Pratus - White Sand Club"


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em fevereiro de 2018, já lá vão quase dois anos, inaugurámos uma nova série: "No céu não há disto...Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande"... 

Com muita pena minha, vejo que os nossos "vagomestres' andam falhos de inspiração ou, mais provavelmente, "cansados da guerra"... Como nós todos!... Esperavam-se sugestões, para a construção do roteiro gastronómico da Tabanca Grande... Mas não vieram. Fartos de coer "estilhaços de frango" ou "esparguete de cavala" estamos nós...

Lembrei-me desta série porque há dias, no último dia do ano, levei os meus cunhados do Porto, o Gusto e a Nitas,  a visitar a Quinta da Bacalhoa -. Adega / Museu + Palácio,  logo de manhã, às 10h00, e no regresso fomos comer um peixinho grelhado (garoupa e linguado) no "Baluarte de Sado" (*)...

Às vezes, a nota da "segunda vez" não é tão boa como a da "primeira"... Neste caso, repito o elogio que fiz no poste que inaugurou esta série (*)..

2. O que me traz aqui hoje, quase dois anos depois, é um  "arroz de lingueirão", que comi num  restaurante da minha terra, daqueles todos envidraçados que agora crescem como cogumelos ao longo da nossa costa... Neste caso, junto à foz do Rio Grande, na Praia da Areia Branca, na Lourinhã, "capital dos dinossauros".

Chama-se, algo pomposamente, "100 Pratus - White Sand Club"... Nem é rigorosamente um "restaurante", mas mais um bar de tapas e saladas, que também serve  refeições de faca e garfo, no interior e na esplanada...Tem página no Facebook, lincar aqui:

Confesso que ultimamente sou fã da "comidinha" do "100 Pratus"... Simples, caseira, apetitosa, bem apresentada e bem servida, em qualidade e quantidade...E a preços perfeitamente razoáveis, Além de ser um dos meus locais preferidos para a cavaqueira de sábado de manhã, com os meus amigos de tertúlia, e de ter gente a servir, amabilíssima, simpática e professional, e, ainda, de ter uma localização privilegiada, à beira mar, é já também uma surpreendentemente agradável referência em termos de restauração. 

Nos últimos tempos já lá comi dois pratos muitíssimo bem confeccionados; uma cachupa (que bem merecia uma morna!) e uma feijoada de choco... E ontem, sábado, comi um arroz de lingueirão que se soube pela vida, como se costuma dizer por aqui!... 

Enfim, foram três "pratus" de chapa 100!..A minha forma de apreço e gratidão é,. muitas vezes, a de escrever umas quadras populares, ou até um soneto, na toalha de mesa de papel ou até no guardanapo. E foi o que fiz ontem, e que hoje aqui reproduzo.

Tenho duas expressões para elogiar as nossas fabulosas comidinhas portuguesas, do tempo das nossas mães e avós, e que alguns restaurantes, incluindo alguns da nossa querida terra, conseguem "replicar"... Uma dessas expressões, usava-a com o meu velho pai, quando o levava a almoçar, já estava ele, com a minha mãe, num lar: "Coma, pai, que no céu não disto!"... (Sem ofensa, para os crentes)... Outra expressão que eu uso, para fazer uma elogio às nossas comidinhas, seja em casa ou no restaurante, é a seguinte: "Ó Avilez, não tens cá disto ?!"... (Sem ofensa, para o grande "chef" Avillez...).

Elogio do arroz de lingueirão do "100 Pratus"

1

Mas que arroz divinal,
O de lingueirão, do "100 Pratus",
Por aqui não há igual,
Nem argumentos contra factos.

2
Parabéns à cozinheira,
Vou cá voltar outra vez,
Isto é comida caseira,
Disto não tem o Avillez.

3
Com cebolinha, cremoso,
Sem areia, nem uma pontinha,
Podia estar mais caldoso,
Diz a minha Alicinha.

4

Para mim, estava perfeito,
Comi que nem rei nem duque,
E prometo, logo que der jeito,
Pôr um "gosto" no Facebook!



Luís Graça (Lourinhã),
Praia da Areia Branca,
Restaurante "100 Pratus",
4/1/2020, 14h30


PS1 - Já lá pus um "gosto" no Facebook do "100 Pratus"... E deixei lá estas quadras. Aliás, deixei lá o manuscrito com as quadras...É  uma forma de praticar a arte do  dom de dar, receber e retribuir... Devo acrescentar o que me disse  a gerência: fazem o arrozinho de lingueirão, sempre que há matéria-prima, lingueirão fresco, na praça. Por acaso hoje havia, vi-o nas bancas da praça da Lourinhã a 11,99 € o quilo. A cachupa é também quando calha, uma vez por mês... Mas o melhor é consultar a respetiva página do Facebook. O prato do dia é anunciado na véspera.

PS2 - Declaração de conflito de interesses: não sou dono, nem sócio, nem amigo do dono do restaurante...Nem   nenhum familiar ou amigo meu trabalha no "100 Pratus"... Sou apenas cliente, quando lá vou, em geral ao fim de semana, à Praia da Areia Branca, Lourinhã. É um dos meus locais de tertúlia.

3 comentários:

Valdemar Silva disse...

Luís
É uma forte imagem com cheiro e sabor, e como diria o outro: o simples visionamento da imagem pode causar dependência irreversível.
Quando em 1961-62-63 passei férias fazendo campismo selvagem em Troia, era frequente fazermos arroz de canivetes, ou melhor dizendo canivetes com arroz tal era a quantidade deles que se apanhava na maré baixa enterrados na areia. A técnica era localizar um orifício na areia e meter a mão, com cuidado para evitar cortes, até chegar ao fim da concha e trazer para cima com a palma da mão.
Eram dois/três dias seguidos de arroz de canivetes até passar a canivetes assados na brasa com sal e sumo de limão.
Ouvindo os Beatles na telefonia a pilhas, mesmo com um pouco de areia à mistura, era comidinha abençoada.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

lingueirão | s. m.

lin·guei·rão |güei|
(língua + -eirão)
substantivo masculino
1. Língua grande.

2. [Zoologia] Molusco acéfalo bivalve, com concha rectangular estreita e longa. = CANIVETE, LIGUEIRÃO, LINGUEIRÃO-DE-CANUDO, LONGUEIRÃO, NAVALHA, NAVALHEIRA


"lingueirão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/lingueir%C3%A3o [consultado em 05-01-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ó Valdemar, foi um fim de semana (quase) perfeito... Em casa tinha comido na véspera um Xarém, outro produto típico da nossa gastronomia do litoral, de origem algarvia (tal como o arroz de lingueirão). E no dia anterior, foi um polvo panado com arroz de feijão, no Restaurante Foz, também ali na Praia da Areia Branca...

Também me lembro, numas férias algarvias, no Alvor, na casa de um velho pescador, andar a apanhar lingueirões com uma bisnaga de sal, à noite, com um candeio, com os putos... Ensinaram-me a técnica: deitava-se uma pitada de sal no orifício do bivalve, e aparecia logo meia concha à superfície... O jogo era viciante, que um gajo chegava a ser "apanhado" pela maré...

Bons tempos... Eram férias, como as tuas, que não se repetem mais... A primeira vez que comi arroz de lingueirão foi na "Fábrica"!, um tasco ali para os lados de Cacela Velha, Tavira...

Bom domingo, bom ano. Luís