segunda-feira, 1 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21028: Os nossos últimos seis meses (de 25abr74 a 15out74) (20): Fotos do álbum do José Lino Oliveira (ex-fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 12jul74 - 15out74) - Parte II: O adeus a Mansoa: 9 de setembro de 1974: o fur mil op esp / ranger Eduardo Magalhães Ribeiro arria a bandeira verde-rubra, na presença dos representantes do MFA e do PAIGC












 Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) >  9 e setembro de 1974 > Cerimónia da entrega (simbólica) do território aos novos senhores da Guiné, o PAIGC,  e  da retirada, ordeira, digna e segura, das últimas tropas portuguesas. Mansoa, em pleno coração do território, na região do Oio, serviu perfeitamente para esse duplo propósito... São fotos históricas, em que se vê o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro, fur mil op esp / ranger, a arriar a bandeira verde-rubra. (O MR é membro da nossa Tabanca Grande, há mais de 15 anos, desde 1/11/2005 (*)...

Já agora, pergunta-se: de quem era o camião , de cor vermelha ou grená, que está estacionado frente ao pau da bandeira ? Devia ser do PAIGC ou ao serviço do PAIGC...


Fotos (e legenda): © José Lino Oliveira (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Mansoa > 1974 > José Lino Oliveira

1. C
ontinuação da publicação do álbum fotográficos do José Lino [Padrão de] Oliveira [ex-fur mil amanuense, CCS/BCAÇ 4612/74, Mansoa, Cumeré e Brá, 12-7-1974 / 15-10-1974, a mesma unidade a que pertenceu o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro; membro da nossa Tabanca Grande desde 31/12/2012; vive em Paramos, Espinho] (**)

Parte II - Mansoa > 9 de setembro de 1974

Mas este, não seria ainda o último ato da soberania portuguesa...O BCAÇ 4612/74 seria colocado depois de 9/9/1974, no BENG 447, em Brá, Bissau, e,  conforme informação (e fotos, estas já de melhor qualidade,  do José Lino Oliveir, a publicar nos dois próximos postes), a útima bandeira portuguesa a ser arriada, no CTIG, seria no próprio "dia do  embarque", ou seja, mais de um mês depois, em 15/10/1974

E, "por coincidência, também foi o Magalhães Ribeiro a arriar a Bandeira", diz o José Lino Oliveira.. Será que o nosso "ranger" (e querido coeditor, anigo e camarada MR) confirma ?

________________

Notas do editor:

Mansoa > 9 de setembro de 1974 >
Comissário político do PAIGC,
Manuel Ndinga, prestando declarações
à imprensa. Foto: Eduardo Magalhães
Ribeiro (2005)
(*) Vd. poste de 1 de novembro de 2005 > Guiné 63/74 - P284: Tabanca Grande: Eduardo Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp do BCAÇ 4612/74 - Eu estava lá, na entrega simbólica do território (Mansoa, 9 de Setembro de 1974)

(...) Eu estive na Guiné, em Mansoa, em 1974, na CCS do BCAÇ 4612/74 (o último batalhão que partiu para a Guiné e também o último que de lá saiu), e participei, ali, na entrega do aquartelamento ao PAIGC e na simbólica entrega do território, que incluiu uma muito concorrida cerimónia do último arriar de bandeira nacional, com cerimónia oficial, na Guiné, e o hastear da primeira bandeira da Guiné-Bissau.(...)

(...) "Estiveram presentes nessa cerimónia: a CCS do BCAÇ 4612/74, comandada pelo major Ramos de Campos; o comandante  do mesmo batalhão, ten cor Américo C. Varino; um grupo de combate, um grupo de pioneiros, Maria Cabral (viúva de Amilcar Cabral) e o comissário político Manuel Ndinga, do PAIGC [, foto à direita]; e, pelo CEME do CTIG, o major  Fonseca Cabrinha. (...)

(...) "A bandeira foi arriada por mim, à data furriel miliciano de operações especiais, Eduardo José Magalhães Ribeiro. À cerimónia compareceram ainda 
uns largos milhares de nativos locais, de diversas etnias: 
papéis, balantas, fulas, futa-fulas, mandingas, manjacos, etc., 
e umas dezenas de jornalistas de todo o mundo. (...)

(...) Um guerrilheiro do PAIGC hasteia a bandeira da nova República da Guiné-Bissau. Os inimigos de ontem dão-se as mãos e prometem cooperar, no futuro, numa base igualitária, falando a mesma língua. Sob a bandeira do PAIGC os vários povos da Guiné lutaram pela indepência mas é através da língua portuguesa (oficial) que se entendem. (...)

5 comentários:

Ze Luis disse...

Meu caro Luís Graça de vez em quando lá me lembro de dedicar umas poucas linhas sobre o assunto: _" Últimos a embarcar de regresso a casa, após a Independência.
É caso para dizer" Eu se não falar Arrebento": -Ao longo destes anos todos, desde que a Guiné- Bissau começou a ser governada exclusivamente pelo PAIGC, que tenho lido várias imprecisões relativamente à data e quem realmente foram os últimos militares a sair daquele país; apesar de já ter sido demonstrado até com a cópia da ordem de serviço para a forma como se ia embarcar quais os Batalhões e os navios onde iriam embarcar. O último navio a sair do Porto de Bissau foi o "Uíge", mas não foram nele que vieram a últimas tropas. Estas vieram no "Niassa", que como se sabe nem chegou a entrar nas águas territoriais da nova Nação. Correndo o risco, de ser repetitivo; devo dizer que o "Uíge", desatracou perto das 15 horas da tarde do dia 14 de Outubro de 1974, e os últimos militares começaram a marchar para o porto perto, das 23:30 horas, desse dia, já que quando tocasse a última badalada da noite desse dia, já as lanchas de desembarque vinham a navegar ao encontro do "Niassa".
- Eu sei que éramos 2 Batalhões, que encontrei alguns militares do outro batalhão, que moravam em Almada, tal como eu, mas não me lembro que batalhão era. O meu era o BCAV8320/73, e curiosamente há uns meses atrasados encontrei um desses rapazes do outro Batalhão, mas ele não se recorda nem da companhia que ele pertencia. Só se lembra de nos termos encontrado a bordo do navio, e dos outros camaradas, companheiros de viagem.
Aqui deixo um abração do tamanho do mundo, para todos os que andaram pelas picanhas da Guiné.

Valdemar Silva disse...

Não sei se existem outras fotografias do último arriar a Bandeira na Guiné, mas nesta fotografia vemos algo de extraordinário: os militares do IN também fazem a continência ao último arriar da Bandeira Portuguesa.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Zé Luís que subscreve o primeiro comentário é o nosso camarada José Luís da Silva Gonçalves:


22 DE SETEMBRO DE 2016
63/74 - P16514: Tabanca Grande (496): José Luís da Silva Gonçalves, ex-Soldado Radiotelegrafista da 2.ª CCAV/BCAV 8320/73 (Olossato, 1974), 729.º Grã-Tabanqueiro

Cherno Baldé disse...

Caro Valdemar,

O que é mais "extraordinario" (desculpem a redundancia) ???

O facto de o PAIGC (militares do IN, dizes tu) fazer a continencia ao arriar da Bandeira Portuguesa ou o inverso. Isto aconteceu repetidamente nessa fase da entrega dos quarteis e do territorio. Eu, ainda criança de 13/14 testemunhei o acto na minha terra e, como se lembram, desabafei num dos meus escritos (memorias de infancia) dizendo que "provavelmente, na historia dos conflitos armados, era a primeira vez que a parte derrotada estava contente com a sua derrota".

Quanto ao PAIGC, se lhes pedissem, nessa altura, que tirassem as cossadas calças da farda cubana que usavam para levar no C*** acediam de boa vontade, porque sabiam que, dentro de poucos dias, seriam os donos daquilo tudo, para abandalhar como so eles sabem fazer.

Por outro lado quero esclarecer que, o nome correcto do Comissario Politico na imagem é Manuel Nandigna (nao Ndinga), ja falecido, filho de um controvérso e poderoso Régulo ou Chefe Balanta do Sul do pais (Afuam Nandigna), que colaborava com o regime colonial e, nesta qualidade, tinha granjeado muita estima e consideraçao junto das autoridades do territorio. Teve muitos filhos/as que foram depois estudar na Europa, incluindo Portugal, antes e depois da independencia. A fama dos seus actos e a impunidade de que gozava era tao gritante que depois quando alguém era apanhado em flagrante num delito de abuso de poder dizia simplesmente: Sim, é a Afuam Nandigna, e depois ???... E depois, nada acontecia.

Assim, pouco a pouco, a Guiné foi-se abandalhando a Afuam Nandigna ou melhor a afuam PAIGC.

Um abraço amigo,

Cherno Baldé

Valdemar Silva disse...

Caro Cherno Baldé
O que vejo de extraordinário na fotografia é a possibilidade de, seis meses antes, poder ter havido um ataque pelos mesmos elementos do IN (PAIGC), ao Quartel de Mansoa com a mesma Bandeira hasteada.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz