quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23741: "Despojos de Guerra" (Série documental de 4 episódios, SIC, 2022): Comentários - Parte V: 4º e último episódio, "Laços de Sangue", hoje, 5ª feira, dia 27, às 20h00, na SIC Notícias, Jornal da Noite


Série documental "Despojos de guerra", 4ª episódio: "Laços de sangue", Fotograma do "trailer" (3' 58''). Um dos entrevistados é o José Maria Indequi, secretário da direção da Associação da Solidariedade dos Filhos e Amigos dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné-Bissau (FIDJU DI TUGA).

1. Sinopse, com a devida vénia, SIC Notícias > 25 out 2022, 12h17;

Chamam “filhos de tuga” aos mestiços nascidos das relações entre militares portugueses e mulheres africanas que foram deixados para trás. Entre a revolta e a esperança, ainda hoje tentam encontrar um nome de pai e descobrir a outra metade da sua identidade, como sucede aos irmãos Elva e José Maria Indequi.

"Despojos de Guerra" revela histórias extraordinárias de espionagem, patriotismo, sobrevivência e romance, tendo como pano de fundo a guerra colonial portuguesa em África (1961 a 1974).

Com recurso a imagens de arquivo extraordinárias e pela primeira vez submetidas a um processo de colorização inédito em Portugal, esta série documental, com assinatura de Sofia Pinto Coelho, vem dar voz a heróis anónimos que relatam agora, na primeira pessoa, as encruzilhadas que enfrentaram em tempo de guerra e de descolonização.

"Despojos de Guerra" é uma coprodução da Blablabla Media com a SIC, com o apoio à inovação audiovisual do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual.

Esta quinta-feira é apresentado o último episódio da série documental "Despojos de Guerra", disponível na plataforma Opto.

Sobre este tema, e sob o descritor "filhos do vento", temos mais de 6 dezenas de referências no nosso blogue. ]

19 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Por que razão não se encontra, pelo menos, um solução legislativa, política, para estes casos, à semelhança da que foi encontrada para os descendentes dos judeus sefarditas portugueses ? Estes filhos de militares portugueses, ao fim destes anos todos, verdadeiros "despojos da guerra", deveriam ter direito, pelo menos, à nacionalidade do progenitor... Já defendemos este ponto de vista aqui, neste blogue... Luís Graça

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Houve alterações recente ao regulamento da nacionaliddae portuguesa, mas que não contempla estes casos, tanto percebo por uma leitura, rápida, em cima do joelho... Talvez os juristas da Tabanca Grande nos possam ajudar...


Decreto-Lei n.º 26/2022, de 18 de março
Publicação: Diário da República n.º 55/2022, Série I de 2022-03-18, páginas 2 - 59
Emissor: Presidência do Conselho de Ministros
Entidade Proponente: Justiça
Data de Publicação: 2022-03-18
ELI:https://data.dre.pt/eli/dec-lei/26/2022/03/18/p/dre/pt/html
Páginas: 2 - 59
Versão pdf: Descarregar Icon PDF blue
SUMÁRIO
Altera o Regulamento da Nacionalidade Portuguesa

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Boa piada Luís! "Por que razão não se encontra, pelo menos, um solução legislativa, política, para estes casos, à semelhança da que foi encontrada para os descendentes dos judeus sefarditas portugueses?"
Pelo bom resultado que deu a solução dos "sefarditas" é de repetir mais vezes... Vantagem não noto nenhuma, mas que o meu país fez triste figura, lá isso fez e continua a fazer. Mas já estamos habituados.
Nesta perspectiva, acho que já me deveriam ter vindo buscar para rei de Portugal e dos Algarves e etc. pois sou descendente do D. Afonso Henriques (o antigo) porque o moderno (o Arreda) acabou nos USA. Esperto foi ele.
Admito que os filhos de militares portugueses, "tenham direito, pelo menos, à nacionalidade do progenitor"... Porquê? Não sei. Mas aceito-o. Serão mesmo verdadeiros "despojos da guerra"? Cuidado! São pessoas.
Qual será a vantagem para os próprios disso?

Logo à noite, não se esqueçam: ponham os capacetes, logo a seguir ao jantar pois a cantiga do colonialismo, do racismo e mais um ou dois -ismos que apareçam, vai soar e bem alto.
Vai ser dito que cada companhia, ao sair do TO da PU deixou para trás um rancho de crianças só filhas de mãe (com percentagem e tudo, como está na moda)...
O sistemático "carinho" com que este assunto é tratado causa-me suspeita.
Não há outros "despojos" por ventura mais contundentes e dolorosos? Se calhar há, mas não tem o mesmo impacto e não aumenta o "share".
Espero que estes "despojos" não sejam mais uma história da "esgarçadinha" e da "povrezinha" a puxar a lágrima ao canto do olho.
Amanhã falamos.

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

23 DE SETEMBRO DE 2011
Guiné 63/74 - P8813: Filhos do Vento (1): Nem branquear os casos nem culpabilizar ninguém (José Saúde)


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/09/guine-6374-p8814-filhos-do-vento-1-nem.html

(...) "Filhos do Vento" é o princípio de um tema por mim lançado à opinião pública quando em causa está justamente os muitos "desvarios" que a guerra de África proporcionou.

Ninguém, ou quase ninguém, passa impune a uma realidade que nos foi sobejamente conhecida. Não fui e não fomos anjos imaculados. Não vamos é branquear verdades adquiridas. Consumadas.

O momento não passa pela culpabilização daqueles que, num acto sexual, não meditaram as causas subsequentes. Imputar responsabilidades "às cabeças de vento", penso, ser um tema perverso. Importante é trazer à discussão factos conhecidos. Reais.

Sou de opinião que a temática tem estatuto para uma ampla discussão. Procurar, e saber, presenças humanas onde o fenómeno se consumou. Conhecer mulheres "usadas" sexualmente num clima de guerra; crianças, hoje adultas, frutos desses encontros amorosos; militares que partiram, e jamais voltaram, mas que esvaziaram cromossomas em vaginas completamente desprotegidas. Enfim, um conjuntos de adjectivações por enquanto sem resposta. (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Se o Abramovich é português, por que não também, baseado no "jus sanguinis", o José Maria Indequi ? Ou a Elisa Gomes ? Ou o Fernando Hedgar da Silva ? Ou a Inês Miriam Henrique ? E tantos outros e outras, filhos de militares portugueses que fizeram a guerra do uktramar / guerra colonial ?...

Para não falardos que já morreram como Ivo da Silva Correia (Fajonquito, c. 1974 - Bissau, 21/10/2017)...

https://www.dn.pt/sociedade/pedido-de-nacionalidade-portuguesa-abramovich-nao-foi-contactado-sobre-inqueritos-e-mantem-que-cumpriu-a-lei-14593320.html

... E sem esquecer, por outro lado, os "filhos do sonho", aribuídos ao querido, saudoso e inimitável "Alfero" Cabral...

Estórias cabralianas (89) > Os Filhos do Sonho

por Jorge Cabral

Grande escândalo em Missirá. A bela bajuda Mariama, apareceu grávida. Sobrinha do Régulo e há muito prometida a um importante Daaba de Bambadinca, era preciso averiguar..,

Reuni com o Régulo e chamámos a rapariga, Após um interrogatório cerrado, ela, muito a medo, esclareceu:
– O pai era o Alfero…
– Mas quando e onde?
– É que uma noite sonhei com ele…

O Alfero riu, mas o Régulo pareceu levar a sério e apontou mesmo outros casos, que tinham acontecido no passado…Felizmente eu estava a acabar a comissão, mas nunca esqueci o episódio... E quando começava um ano lectivo, avisava sempre as alunas:
– Nunca sonhem com o Professor…

Ultimamente, por via do Facebook, ganhei vários amigos empresários da Guiné, que me fazem propostas de negócios…Um quer construir uma discoteca em cada Tabanca, outro uma pista de gelo a norte de Finete, e outro ainda um viveiro de sardinhas no Mato Cão…Não me lembro das mães deles, mas certamente, quando eram bajudas, sonharam com o Alfero…Trata-se de um gene cabraliano…

J. Cabral

[ex-alf mil at art, cmdt do Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, 1969/71]

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2015/09/guine-6374-p15070-estorias-cabralianas.html


Anónimo disse...

Luis Graça e António Pereira da Costa, inteiramente de acordo com a vossa opinião.
Acontece é que Abramovich e outros "sefarditas" tem poder e dinheiro e influências a que o poder é permeável.É essa a diferença entre estes e os denominados "filhos do vento.
Um Abraço
Carlos Gaspar

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Confirmo alguns dos receios do António J. Pereira da Costa... Vi a reportagem que, para mim, não trouxe nada de novo, para além da história de vida de mais três guineenses, que eu oiço sempre com empatia, dois homens e uma mulher, filhos de pais portugueses, e que continuam a conservar a mágoa de não cohecerem o pai (o caso do Zé Maria Indequi e da sua irmã Eva) ou que, já tendo falado ap telefone com o provável progenitor (um ex-furriel, a viver na zona de Cascais- Estoril), não conseguiu ainda fazer o teste de ADN (caso do Erasmo Carlos Fonseca (já entrevistado pelo "Público" em 2013)...

Estranhei que a equipa da SIC tendo estado em Bissau, não falou da associação "Fidju di tuga" (de que o Indequi é ou foi secretário da direção) e não conseguiu avançar som números: afinal, quantos são os descendentes, ainda vivos, de militares portugueses, que estiveram na Guiné, entre 1961 e 1974 ? Há um "cadastro" feito pela associação (que foi fundada em 2013, se não erro) ?... Deve haver números, estimativas, nomss, contactos...

Cai-se, mais uma vez, nas "generalizações abusivas": (i) "inúmeros combatentes mantiveram relações sexuais com mulheres guineenses" (sic); (ii) "a maior parte delas foi vítima de violência sexual" (sic)... Voltam à baila as prostitutas e as lavadeiras...

A crer no testemunho dos filhos, mais uma vez as mães, já falecidas (como no caso do Zé Maria e da Eva, que terão nascido no Pelundo, ela talvez em 1969, ele em 1971, havendo uma outra irma,que entretanto morreu), nunca revelaram o nome (e o posto) do(s) homem (ns) com quem mãe (manjaca?) terá feito vida em comum... Por que é que terão levado esse "segredo" para o túmulo ? Já ouvi mais casos, relatados nas reportagens da Catarina Gomes...

São pessoas humildas e onde, aparentemente, não há manifestações de ódio ou ressentimento, que foram muito discriminadas quando novos, e que tiveram diferentes destinos: o Zé Maria, por exemplo, foi acolhido por uma instituição (católica ?), aprendeu português, estudou no estrangeiro (Cuba, Brasil, China), é hoje funcionário do Ministériop da Agricultura... Não culpa a mãe, entende as circunstâncias... e exige pouco: gostava de conhecer o pai (se ainda for vivo) ou alguém da família, gostava não ser filho de pai incógnito, gostava de obter a nacionalidade portuguesa, para ele e sobretudo para o seu filho pequeno (que é mesmo "branquinho"...) para um dia poder ter uma bolsa, e estudar em Portugal...

O pai do Zé Maria Indequi seria um militar da CCS / BCAÇ 2884 (maio de 69 / fev 71), ao tempo do ten cor Romão Loureiro (nome que é expressamente citado como comandante)... Mais diz o Zé Maria que haveria "muitos filhos de portugueses" por todo o Cacheu...

A reportagem da SIC também não quis abordar a questão, mais vasta, da aplicação da lei da nacionalidade portuguesa a estes casos...

armando pires disse...

Quero saudar, e acompanhar o camarada "anónimo" (José Saúde), que escreveu:

"O momento não passa pela culpabilização daqueles que, num acto sexual, não meditaram as causas subsequentes. Imputar responsabilidades "às cabeças de vento", penso, ser um tema perverso. Importante é trazer à discussão factos conhecidos. Reais.
Sou de opinião que a temática tem estatuto para uma ampla discussão. Procurar, e saber, presenças humanas onde o fenómeno se consumou. Conhecer mulheres "usadas" sexualmente num clima de guerra; crianças, hoje adultas, frutos desses encontros amorosos; militares que partiram, e jamais voltaram, mas que esvaziaram cromossomas em vaginas completamente desprotegidas. Enfim, um conjuntos de adjectivações por enquanto sem resposta. (...)"

Todavia, sem embargo de acompanhar, como disse, e subscrever a opinião de José Saúde(?), lamento, e interrogo-me se ninguém sente um impulso de indignação perante o anátema que está a ser lançado sobre os milhares de combatentes que passaram pela Guiné, sobre as suas companheiras e filhos.
Será que em Angola e Moçambique nunca fez VENTO?
Deixem-me terminar com o episódio não ficcionado:
Quando a jornalista Catarina Gomes editou o livro "Filhos do Vento", perguntou-me a minha:
- Ó pai, eu tenho algum irmão guineense?
Um abraço a todos os camaradas.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Zé Saúde telefonou-me logo que terminou a exibição deste episódio... O tema é-lhe muito caro, foi ele que levantou, no blogue, a "poeira" com a história da menina do Gabu (que infelizmente morreu cedo mas ainda andou ao colo dos militares que, co ele, passaram por Nova Lamego em 1973/74).

Eu sei que a jornalista (e realizadora) Sofia Pinto Coelho falou várias vezes com o Zé ao telefone... No final ficam gravados umas escassas dezenas de segundos da conversala com ele, sobre um assunto complexo e delicado que tem de ser contextualizado... E, como diz Armando Pires, corre-se o risco de se transformar tudo isto uma tremenda arma de arremesso contra os "tugas" da Guiné... Mas sabemos que em televisão a mensagem e o "medium" se confundem muitas vezes..

Um pequeno detalhe, que não é de somenos importância: não se bebia cerveja Nocal na Guiné, senhores/as jornalistas... E também havia justiça militar que julgava casos de violação, pelo menos no meu tempo (1969/71)...









Antº Rosinha disse...

Falava-se muito em Bissau ainda no tempo de Luís Cabral, que teria sido trazido para Portugal uma criança filha de um militar, durante uma visita presidencial o que caiu muito bem na opinião geral, de Bissau.

Em Gabu ficou lá um cabo na independência, com uma ninhada grande de rapazes e raparigas.

Vivia com muitas dificuldades, mas não abandonou a criançada.

Provavelmente seria muito mais visível o fenómeno da mestiçagem em Angola.

Valdemar Silva disse...

A SIC transmitiu o último "Despojos de Guerra", este sobre os "Filhos do Vento".
Provavelmente a SIC teve muitos telefonemas sobre o ter dado a ideia da nossa tropa ter deixado por lá filharada por todos os cantos. Por muito menos tem havido "porrada" aqui no blogue.
Ainda não percebi, provavelmente nunca perceberei, se os "Filhos do Vento" foi por haver aqueles casos concretos e mais uns ou, antes, a ideia de haver informação de uma certa gabarolice do 'com certeza um homem não era feito de pau'.
Eu, durante quase dois anos, convivi muito diretamente com os soldados fulas da minha CART11 e nunca ouvi da parte deles que os brancos andavam fazer filhos às lavadeiras ou outras bajudas. Em Contuboel e Nova Lamego havia prostituição e não eram as lavadeiras.

Mas a SIC tem de pagar direitos de autor ao nosso Blogue por apresentar a Página de Apresentação e a célebre fotografia do Alfero Cabral agarrado a três bajudas com um toalha à cintura. Não consegui ver se na ficha técnica no final aparecia agradecimento ao nosso Blogue.
Pois Luís, a cerveja Nocal e os Paras em combate de boina também são cenas da treta. Treta também me pareceu aquela filha do tuga a falar crioulo com um vestidinho apresentável andar a vender mancarra pela população da tabanca.
Bem, o nosso Blogue já apareceu na televisão.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, essa imagem de antologia do "alfero Cabral" agarrado às suas queridas bajudas mandingas, não gostei nada que aparecesse... Lá no céu dos combatentes ele vai-se sorrir, matreiro... Mas não havia necessidade
... Não o entenderam, não o leram... Citaram outros, no fim,
nos agradecimentos como o António Teixeira, "Tony", já também falecido, o João Sacoto, o Luís Graça, etc, mas não o Cabral. Era o mínimo. E o Ze Saúde tambem devia aparecer Sim, há uma referência ao blogue onde o tema tem sido mais do que debatido sem complexos... Não precisamos de lições de ninguém. Muito menos de aplausos ou de "likes". Fazemos o nosso trabalho, cumprimos uma missão que também é de "serviço público".

Vim á casa de banho, aproveitei para te responder, não leves a mal, que mais logo tenho "aplicação militar", leia-se... fisioterapia. Dorme bem.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

E dói - me o braço. Tomei a p... da "bacina", logo duas, que o "bicho" anda aí...

Antº Rosinha disse...

Os antigos garotos dos quarteis imitavam na brincadeira o soldado tuga a assediar a "lanvanderra": Ó Merria bomos casarri ou não bomos casarri?

Tal como a reportagem, foi mesmo muito pontual, foi mesmo de "contar pelos dedos de uma mão" estes casos passados na Guiné.

Algumas crianças ficaram de facto abandonadas tal como aconteceu com os muitos comandos, estes sim, um desastre humano.

Deu-se depois mais guarida em passaportes e nacionalidades para Portugal, àqueles que nos queriam ver pelas costas.

Anónimo disse...

Enfim! Mais do mesmo, pseudo jornalismo, atirando para a lama milhares de ex combatentes, partindo de meia dúzia de casos, que obviamente devem ser dados a conhecer e se for o caso disso imputar responsabilidades, mas que não são mais que isso, meia dúzia de casos.
Sou da opinião que é um assunto que pode e deve ser objeto de análise, devidamente contextualizado, ouvindo ex combatentes, muitos deles ainda vivos e com várias comissões nos 3 teatros de guerra, bem como especialistas e estudiosos do assunto.
O comum do cidadão, confrontado com esta reportagem fica com a ideia que esta era uma situação generalizada, como tal atingindo todos aqueles que, para além de todos os perigos e privações que passaram, são agora, também, apelidados de criminosos de guerra e predadoras sexuais.
Todos nós temos filhos e netos que ao verem estes programas, olham para nós, pensando que afinal existem outros membros da família para lá do oceano. Isto não é sério. Merecíamos mais respeito.
Embora não seja relevante para o caso, incomoda-me ficar a imagem que tudo se passa apenas na Guiné.
Mais do que em qualquer outro território existem histórias comoventes de apoio às populações nos cuidados de saúde, na educação, e outras necessidades primárias, criando laços afetivos que perduram até hoje. Ver a inúmera quantidade de ONGs criada por antigos combatentes na ajuda às antigas tabancas por onde andaram no tempo da guerra. É ver o entusiasmo e o carinho como estes ex combatentes são recebidos nas sua inúmeras visitas à Guiné.
Joaquim Costa

Antº Rosinha disse...

Joaquim Costa, a gente podemo-nos indignar, mas a nossa indignação não nos deve cegar.

Analisemos com atenção qual a razão porque periodicamente e sub-repticiamente aparecem na televisão e jornais em certas "horas mortas" e sem qualquer sentido, nos atiram à cara a pouca vergonha daqueles que avançaram em força para o ultramar.

É que de vez em quando, em contra partida aparecem os grandes heróis que precisam ser vangloriados, aqueles que deram o fora, principalmente os que os paisinhos os podiam manter pelas capitais da Europa, a estudar e a cantar.

Esses sim, e outros que até são pela implosão do monumento dos descobrimentos, é que sub-repticiamente vão a estes pormenores dos últimos 13 dos 500 anos de Portugal pelo mundo fora.

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Sucedeu o que se previa. O programa não foi mau, foi horroroso, foi miserável.
Qual foi a participação do blog naquela pepineira? Muita ou mesmo pouca que tenha sido é inaceitável que suceda. Esta forma de nacional-porreirismo com "filhos vento" e do "tuga" é algo de idiota de que nos deveríamos abster. O assunto está mais que debatido e não tem pernas para andar. Já o tínhamos concluído. P***a!...

Entre outras coisas poderíamos perguntar o que fazia o Gen. Arnaldo Schultz, a discursar, naquela bandalheira, com má forma e péssimo conteúdo?

"Adeus Guiné tragumeu dever comprido, ma não arrependido por tanto por ti lutaaaaar"...

Não será muito dignificante que o blog ou quaisquer dos seus associados se associem a qualquer "iniciativa de divulgação" deste tipo.
E, para terminar, pergunto: o que é que quer aquele empresário guineense vir fazer a Cascais/Estoril para ver o pai? É para obter o quê? Já o ouviu, segundo disse...
Os "sefarditas" estão a tornar safadistas, como se tem visto e agora arranjavam-se mais alguns... por outra via, a sexual...

Um Ab.
António J. P. Costa

PS: Podem tirar os capacetes, porque a "série" já acabou.

Carlos Vinhal disse...

Luís, e o que pensaram os que não estiveram "lá" ao verem aquela foto do nosso alfero Cabral? Como a interpretaram? E a que propósito apareceu ali?
E a que propósito estão sempre a falar das nossas queridas lavadeiras? Também tive lavadeiras aqui na metrópole, nomeadamente em Vendas Novas e em S. Martinho (Funchal) e nunca me passou pela cabeça ir com elas para a cama ou para o pinhal. Tenho da minha lavadeira Binta, de Mansabá, uma terna recordação que me acompanhará até à morte. Espero que seja viva, esteja bem e bonita como era naquele tempo. Quando ia levar ou buscar roupa ao meu quarto, fazia-se sempre acompanhar de uma irmazinha muito jovenzinha. Nós militares não éramos bárbaros nem violadores. Se houve exageros da parte de alguns de nós também houve reciprocidade de afectos entre militares e naturais.
E... parece que só houve filhos do vento na Guiné. Não se fala de Angola nem de Moçambique. Porquê? Pois, estão longe, como lixo debaixo do tapete.
Enfim, uma série que foi mais do mesmo e que nada trouxe de novo a nós e aos que não estiveram "lá".
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

Anónimo disse...


Ramiro Jesus
28 out 2022 20:23

Olá Luís e toda a Tabanca, boa-tarde.

A propósito do programa da SIC - que, afinal, não era um programa, mas umas reportagens apresentadas no Jornal da Noite - gostava de dizer o que penso e de saber a opinião de outros ex-combatentes.

E começo já por manifestar a minha completa desilusão, até pelo nome e o enquadramento das apresentações.
Pois é, um programa com um título tão sugestivo, ou até pomposo, afinal, é integrado, por partes, no noticiário do dia, uma vez por semana?

E nos principais protagonistas não apareceu, nunca, um combatente do mato ou da bolanha?
Bom, aqui tenho de reconhecer que o (na altura) tenente Pessoa e a enfermeira Giselda, protagonizaram cenas reais e horríveis de mato e bolanha, mas foram os únicos.

E parece-me que a SIC podia ter ensinado alguma coisa aos nossos filhos e netos, acerca da verdadeira natureza daquelas guerras, de como foram vividas e das consequências históricas das mesmas, se tivesse feito um correcto enquadramento.

Ora, parece-me que, quem nada sabia, mesmo que tenha visto, pouco ou nada aprendeu. E, quanto a mim, a História é feita dos bons e dos maus episódios protagonizados pelos povos e nações.

Um Abraço!
Ramiro Jesus