VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O ex-alf mil João Mata e o ex-cap mil António Vaz, da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69). O João Guerra da Mata foi o último comandante do destacamento da Ponta do Inglês, um dos míticos topónimos da guerra da Guiné...
Foto: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
1. Mensagem do nosso camarada António Vaz (ex-Cap Mil da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69), com data de 4 do corrente:
- Não tenho a certeza de ter aterrado no sítio certo… - disse, ao aterrar, o Brigadeiro Spínola.
- Saiba V. Exa. que está na Ponta do Inglês - respondeu o Alf Mil João Mata que usava na ocasião calções, barba, tronco nu e uma extraordinária boina de cor verde alface com uma estrela de metal.
A Ponta do Inglês
A Cart 1746 saiu de Bissorã a 7 de Janeiro de 1968, seguindo de Bissau para o Xime via Bambadinca, a bordo da barcaça Bor. Um Grupo de combate seguiu directamente para a Ponta do Inglês onde rendeu o pessoal da CCAÇ 1550.
Este Pelotão da Cart 1746 era comandado pelo Alf Mil Gilberto Madail que lá permaneceu cerca de 4 meses sendo substituído por outro comandado pelo Alf Mil João Guerra da Mata que lá esteve até Outubro data em que este Destacamento foi abandonado.
A Ponta do Inglês foi ocupada e os abrigos construídos em Dezembro de 1964 na Op Farol pela CCAÇ 508, comandada pelo malogrado Capitão Torres de Meireles, morto em combate na Ponta Varela.
Este destacamento teve sempre uma triste sina porque não tinha meios senão para ESTAR. A dispersão de meios que encontramos no L1 a isso conduzia. Nunca serviu de nada a não ser castigar, sem culpa formada, as guarnições que para lá eram enviadas.
Não controlavam nada na foz do Corubal e nada podiam fazer em conjunto com o pessoal do Xime para manter aberto o itinerário Ponta do Inglês/Xime porque a Companhia do Xime ocupava também Samba Silate, Taibatá, Demba Taco e Galomaro. Assim o seu isolamento era, foi, praticamente total.
Os géneros só a Marinha os podia levar e o mesmo se pode dizer das munições, correio, tabaco, combustível, etc.
A chegada dos abastecimentos era motivo de alegria geral como se pode ver nas imagens que junto.
Por muito que o pessoal controlasse os gastos, a falta de quase tudo fazia-se sentir. Bem podia o Comando da Companhia pedir insistentemente pela vias normais a satisfação dos pedidos que não conseguíamos nada. Cheguei a tentar meter uma cunha directamente na Marinha, mas as prioridades eram outras. Como alguns géneros recebidos da Companhia que lá tínhamos rendido estavam deteriorados, a situação ainda foi pior. Esta situação originou, a pedido do Alf Madail, o Fado da Fome, que o Manuel Moreira ilustrou nas quadras populares da sua autoria.
O Destacamento da Ponta do Inglês era a pequena distância da margem do Rio Corubal e tinha a forma quadrangular. A guarnição era formada por 1 GComb + 1 Esq/Pel Mort 1192 e pelo Pel Mil 105.
O destacamento era formado por 4 abrigos principais nos vértices para o pessoal, para a mecânica e rádio. O combustível e as munições ficavam na parte mais perto do Corubal; na parte central sob uma árvore frondosa (poilão ?) um abrigo mais pequeno onde ficava o Alferes, o enfermeiro e logo ao lado o forno do pão e uma cozinha, tudo muito rudimentar. Tinha o espaldão do Morteiro na parte central. Não tinha, ao contrário do Xime, paliçada e apenas duas fiadas de arame farpado.
Os abrigos eram de troncos de palmeira com as indispensáveis chapas de bidão, terra e não eram enterrados. Uma saída na direcção do rio e outra no lado oposto para as idas à água e à lenha. No destacamento havia um Unimog para estas tarefas.
A água era tirada a balde de um poço existente a cerca de 700 metros do arame farpado que também era utilizado pela população, totalmente controlada pelo IN, e pelo próprio IN, sem nunca este ter aproveitado as nossas idas à água e à lenha para nos incomodar e vice-versa
Diz o M. Moreira:
O poço era um só,
Estava longe do abrigo,
Dava a água para nós
E também p’ro Inimigo.
Nunca percebi por que razão se fez o Destacamento, afastado do único poço com água potável... Uma proposta de sã convivência? O caso é que resultou.
O que se passou nos tempos infindáveis em que o gerador esteve avariado, assunto já abordado neste Blogue, por quem o foi substituir, depois de aturados pedidos a Bissau sem que se resolvesse em tempo útil, é inenarrável.
As garrafas de cerveja penduradas no arame farpado, cheias de combustível, tinham que ser continuamente acesas nas noites de chuva forte ou de vento. O risco que a “malta” corria nessas circunstâncias, sendo a única coisa iluminada na escuridão, tornando-se um alvo fácil era enorme, embora, que me lembre, nunca tenha havido flagelações nessas alturas.
Flagelações houve muito poucas - seis - sem grandes consequências, a água do poço nunca foi envenenada e mesmo sabendo que a resistência oferecida pelas NT, aquando dos ataques, fosse de nutrido fogo mantendo o IN em respeito, penso que este nunca empenhou efectivos suficientes e capazes para provocar danos consideráveis. No fundo o IN sabia que enquanto aquele pessoal ali estivesse enquistado, a tropa do Xime, com a dispersão acima referida, estaria muito menos apta a fazer operações complicadas.
As relações entre o pessoal podem considerar-se muito boas, não havendo atitudes condenáveis, que até seriam possíveis num ambiente concentracionário como aquele. A convivência com a Milícia logo de início se mostrou muito favorável porque, abastecendo-se de géneros junto das NT, passaram a pagar muito menos do que anteriormente porque os preços eram os mesmos que nos eram debitados sem alcavalas de qualquer espécie. Não me recordo da existência de familiares a viverem com o pessoal africano, mas segundo o testemunho do Tabanqueiro Manuel Moreira, uma mulher deu à luz na época em que lá esteve e foi o 1.º Cabo Enf Cordeiro Rodrigues - o Palmela - ajudado por ele que assistiram ao parto.
Com a falta de géneros tudo se aproveitava incluindo a caça, que se resumia a tiro de rajada para bandos de aves grandes, pernaltas (não sabemos quais) e se caiam nas redondezas eram o pitéu desse dia. As noites eram passadas como se calcula, com as sentinelas nos quatro cantos do quadrado e a malta a ver e a ouvir os rebentamentos que vinham da direcção de Jabadá, de Tite, Porto Gole e do Xime, claro. Pode ser sinistro mas não é difícil pensar que muitos diriam:
- Antes eles do que nós.
Como de costume, depois das tarefas de rotina, quando o calor era menos intenso seguia-se o eterno futebol com bolas dadas pelo MNF, de péssima qualidade, substituídas pelas tradicionais trapeiras. Num dos reabastecimentos que se fizeram conseguimos levar para alem de gado mais miúdo algumas vacas, que como sabemos, na Guiné são de pequeno porte. Como o futebol também farta, houve alguém que sugeriu tourear uma das vacas que ainda estava viva para tardios bifes.
Foi uma festa com as peripécias inerentes à Festa Brava e todos os dias “a las cinco en punto de la tarde” soltava-se a vaca e era um corrupio de faenas com cornadas… incompetentes. O tempo foi passando e já só restava um dos pobres animais para animar os fins da tarde.
Como o reabastecimento nunca mais chegava e o atum com arroz já não se podia ver e muito menos comer o Alf Mata teve de decidir entre o partido pró-tourada e o partido pró-bife. Não foi fácil, mas acabou por vencer este último. Convocou-se o Soldado Condutor J. Viveiro Cabeceiras que também era padeiro, magarefe e pau para toda a obra, que procedeu à matança. Começando a esquartejar a rês, vai ter com o Alferes e informa-o que a vaca estava tísica, pulmões quase desfeitos.
- Come-se a vaca ou não se come a vaca?
Nova discussão e resolveu-se não aproveitar as vísceras e apenas o músculo. Assim se comeu carne assada sem problema de maior. Quando esta acabou voltou-se ao atum aos enlatados, tudo coisas que já escasseavam mas o pessoal andava triste com a falta dos fins de tarde taurinos. Então o Cabeceiras foi ter com o Alferes e disse-lhe:
- Meu Alferes a malta anda tão triste que se quiser e autorizar eu faço de vaca pois guardei os CORNOS.
E assim de conseguiram mais uns fins de tarde…
Felizmente com a redistribuição das Forças no terreno, iniciada pelo Brig Spínola, foi a Ponta do Inglês evacuada sem problemas em 7/8 de Outubro de 1968, pondo-se fim ao disparate da sua existência.
Há uma enorme falta de informação (para mim) sobre a evacuação da Ponta do Inglês; nem na história do BART 1904, nem na da CART 1746, apenas é mencionada a data em que se efectuou. Tenho ideia que, para além do pelotão da 1746, Secção de Morteiros e Milícia, estiveram na Ponta do Inglês pessoal de outras unidades a montar segurança (mas quais?) enquanto o pessoal carregava a barcaça Bor de todo o material e bagagem da rapaziada. Estivemos nas imediações da Ponta Varela a assegurar a passagem da Bor a caminho de Bambadinca. Foi uma operação, para mim sem nome, que envolveu mais meios que não recordo.
Segundo informação de oficiais do BART 1904, o Brig Spínola com o respectivo séquito aterrou na Ponta do Inglês, já ia adiantado o carregamento da Bor, mandando evacuar a segurança, depois de se ter armadilhado o que estava determinado, e só depois reparou que já não havia segurança nenhuma e que ele e os outros Oficiais que o acompanhavam tinham ficado, como hei-de dizer, abandonados na margem do Corubal com o pessoal do ou dos helis a chamá-los quando se aperceberam da situação.
O pelotão da Cart 1746 chegou ao Xime sem problemas e todos tivemos uma enorme alegria por voltarmos a estar juntos. ....E na verdade o que vos doi... É que não queremos ser heróis (FAUSTO).
António Vaz, ex Cap Mil
PS - Esta estória da Ponta do Inglês só foi possível com as recordações do Manuel Moreira (releiam o Fado da Fome), do João Guerra da Mata, o ex-Alferes – último comandante daquele destacamento, e de Vera Vaz nas interpretações desenhadas.
_________
Nota do editor:
Último poste da série > 28 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9956: Memória dos lugares (184): Gadamael Porto e Gadamael Fronteira na região de Tombali (Manuel Vaz / Cherno Baldé)
Flagelações houve muito poucas - seis - sem grandes consequências, a água do poço nunca foi envenenada e mesmo sabendo que a resistência oferecida pelas NT, aquando dos ataques, fosse de nutrido fogo mantendo o IN em respeito, penso que este nunca empenhou efectivos suficientes e capazes para provocar danos consideráveis. No fundo o IN sabia que enquanto aquele pessoal ali estivesse enquistado, a tropa do Xime, com a dispersão acima referida, estaria muito menos apta a fazer operações complicadas.
As relações entre o pessoal podem considerar-se muito boas, não havendo atitudes condenáveis, que até seriam possíveis num ambiente concentracionário como aquele. A convivência com a Milícia logo de início se mostrou muito favorável porque, abastecendo-se de géneros junto das NT, passaram a pagar muito menos do que anteriormente porque os preços eram os mesmos que nos eram debitados sem alcavalas de qualquer espécie. Não me recordo da existência de familiares a viverem com o pessoal africano, mas segundo o testemunho do Tabanqueiro Manuel Moreira, uma mulher deu à luz na época em que lá esteve e foi o 1.º Cabo Enf Cordeiro Rodrigues - o Palmela - ajudado por ele que assistiram ao parto.
Com a falta de géneros tudo se aproveitava incluindo a caça, que se resumia a tiro de rajada para bandos de aves grandes, pernaltas (não sabemos quais) e se caiam nas redondezas eram o pitéu desse dia. As noites eram passadas como se calcula, com as sentinelas nos quatro cantos do quadrado e a malta a ver e a ouvir os rebentamentos que vinham da direcção de Jabadá, de Tite, Porto Gole e do Xime, claro. Pode ser sinistro mas não é difícil pensar que muitos diriam:
- Antes eles do que nós.
Como de costume, depois das tarefas de rotina, quando o calor era menos intenso seguia-se o eterno futebol com bolas dadas pelo MNF, de péssima qualidade, substituídas pelas tradicionais trapeiras. Num dos reabastecimentos que se fizeram conseguimos levar para alem de gado mais miúdo algumas vacas, que como sabemos, na Guiné são de pequeno porte. Como o futebol também farta, houve alguém que sugeriu tourear uma das vacas que ainda estava viva para tardios bifes.
Foi uma festa com as peripécias inerentes à Festa Brava e todos os dias “a las cinco en punto de la tarde” soltava-se a vaca e era um corrupio de faenas com cornadas… incompetentes. O tempo foi passando e já só restava um dos pobres animais para animar os fins da tarde.
Como o reabastecimento nunca mais chegava e o atum com arroz já não se podia ver e muito menos comer o Alf Mata teve de decidir entre o partido pró-tourada e o partido pró-bife. Não foi fácil, mas acabou por vencer este último. Convocou-se o Soldado Condutor J. Viveiro Cabeceiras que também era padeiro, magarefe e pau para toda a obra, que procedeu à matança. Começando a esquartejar a rês, vai ter com o Alferes e informa-o que a vaca estava tísica, pulmões quase desfeitos.
- Come-se a vaca ou não se come a vaca?
Nova discussão e resolveu-se não aproveitar as vísceras e apenas o músculo. Assim se comeu carne assada sem problema de maior. Quando esta acabou voltou-se ao atum aos enlatados, tudo coisas que já escasseavam mas o pessoal andava triste com a falta dos fins de tarde taurinos. Então o Cabeceiras foi ter com o Alferes e disse-lhe:
- Meu Alferes a malta anda tão triste que se quiser e autorizar eu faço de vaca pois guardei os CORNOS.
E assim de conseguiram mais uns fins de tarde…
Felizmente com a redistribuição das Forças no terreno, iniciada pelo Brig Spínola, foi a Ponta do Inglês evacuada sem problemas em 7/8 de Outubro de 1968, pondo-se fim ao disparate da sua existência.
Há uma enorme falta de informação (para mim) sobre a evacuação da Ponta do Inglês; nem na história do BART 1904, nem na da CART 1746, apenas é mencionada a data em que se efectuou. Tenho ideia que, para além do pelotão da 1746, Secção de Morteiros e Milícia, estiveram na Ponta do Inglês pessoal de outras unidades a montar segurança (mas quais?) enquanto o pessoal carregava a barcaça Bor de todo o material e bagagem da rapaziada. Estivemos nas imediações da Ponta Varela a assegurar a passagem da Bor a caminho de Bambadinca. Foi uma operação, para mim sem nome, que envolveu mais meios que não recordo.
Segundo informação de oficiais do BART 1904, o Brig Spínola com o respectivo séquito aterrou na Ponta do Inglês, já ia adiantado o carregamento da Bor, mandando evacuar a segurança, depois de se ter armadilhado o que estava determinado, e só depois reparou que já não havia segurança nenhuma e que ele e os outros Oficiais que o acompanhavam tinham ficado, como hei-de dizer, abandonados na margem do Corubal com o pessoal do ou dos helis a chamá-los quando se aperceberam da situação.
O pelotão da Cart 1746 chegou ao Xime sem problemas e todos tivemos uma enorme alegria por voltarmos a estar juntos. ....E na verdade o que vos doi... É que não queremos ser heróis (FAUSTO).
António Vaz, ex Cap Mil
PS - Esta estória da Ponta do Inglês só foi possível com as recordações do Manuel Moreira (releiam o Fado da Fome), do João Guerra da Mata, o ex-Alferes – último comandante daquele destacamento, e de Vera Vaz nas interpretações desenhadas.
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9956: Memória dos lugares (184): Gadamael Porto e Gadamael Fronteira na região de Tombali (Manuel Vaz / Cherno Baldé)
7 comentários:
António:
Depois desta teatral e antológica apresentação do João Mata, à chegada do Brig Spínola, pira, à famigerada Ponta do Inglês, o teu alferes fica automaticamente grã.-tabanqueiro!... Só precisa de mandar as duas fotos tipo passe da praxe!
António, tu como "padrinho", ficas encarregue destas diligências!...
E agora deixa-me, aqui da Madalena, Vila Nova de Gaia, mamdar-te um abraço emocionado pela tua reconstituição da ascensão e queda do destacamento da Ponta do Inglês, lugar a que me ligam muitas emoções de guerra! A mim e à malta da CCAÇ 12!
Parabéns também à tua filha Vera Vaz pela ternura e pelo talento das suas ilustrações... É espantoso como a malta do blogue ainda me/nos consegue surpreender e emocionar... quase todos os dias.
Prometo, com tempo e vagar, reunir as muitas informações, dispersas, que temos sobre a Ponta do Inglês nos nossos 10 mil postes (nº atingido ontem!).
Um abraço ao nosso novo grã-tabanqueiro, João Mata, que ficou à minha e tua e nossa mesa, em Monte Real, no passado dia 21 de abril, mas com quem mal tive tempo de trocar meia dúzia de palavras!
Um abraço também para o Manuel Moreira, o "fadista da fome"...
PS - Já agora, António, traz também para a maior "caserna" virtual do mundo (passe a publicidade...) o teu/nosso Gilberto Madail, Ou manda-lhe uma Alfa Bravo quando o vires por aí. Será que ele conseguiu organizar alguma partida de futebol na Foz do Corubal entre as NT e os rapazes do PAIGC ? Era a cereja no bolo, depois desta história do poço, à Raul Solnado!!!... Repara que a partilha do poço não era caso virgem... O Marques Lopes já nos contou uma história semelhante, lá no subsetor de Geba...
Provérbios sobre Fome
Quem disse que "a fome é má conselheira", nunca passou fome... Mnauel Moreira, tens aqui mais provérbios sobre a fome para escreves mais uams letras de fados...
"A fome alheia faz prover minha ceia."
"A fome carrega nas costas a justiça."
"A fome dá ao pobre o direito sagrado de importunar o rico."
"A fome é a melhor cozinheira."
"A fome é a melhor mostarda."
"A fome é inimiga da alma."
"A fome é inimiga da virtude."
"A fome é má conselheira."
"A fome é o melhor tempero."
"A fome faz a onça sair do mato."
"A fome faz sair o lobo ao povoado."
"A fome não espera pelo tempo da fartura
"À fome não há pão duro."
"A fome não tem lei."
"A hora de comer é a da fome."
"Asno que tem fome, a manjedoura come."
"De fome ninguém vi morrer, a muitos sim, de muito comer."
"Fome de caçador, sede de pescador."
“Fome e esperar faz desesperar."
"Fome e frio entregam o homem ao seu inimigo."
"Fome que espera fartura não é fome."
"Fome que se satisfaz com ceia não é fome."
"Juntar a fome com a vontade de comer."
"Nem com tanta fome ao prato, nem com tanta sede ao pote."
"Para quem tem fome, não há pão ruim."
"Quando o amo é glutão, passam fome o criado e o cão."
"Quem está com fome, não escuta conselhos."
"Quem tem fome, alhos come."
"Quem tem fome, não olha o que come."
"Quem tem fome, sonha com pão."
"Quem tem fome, tudo come."
Caros camarigos
Excelente história.
Recheada de 'colorido', com indicações preciosas sobre o modo de vida naquelas paragens.
E com o 'picante' da visita de Sexa (que na altura não tinha vindo na 'mexa' mas parece que teve de sair nela).
Gostei.
Abraço
Hélder S.
REDACÇÃO--A VACA
Eu gosto muito da vaca.A vaca é a mulher do vaco.A vaca tem uma mama com 4 teitas--tetas entre as pernas que estão debaixo do rabo.As que dão leite são leiteiras e tem pintas brancas à volta do corpo todo, as outras são pretas ou castanhas.Quando se apertam as tetas sai leite.Só comem erva e como comem muita esta volta para a boca e voltam a comela outra vez.
As que não dão leite servem paralavrar a terra ou puxar carros dos bois.
As vacas em geral quando são mortas daonos a pel que serva para fazer sapotos e outras cosas, a carne e os CORNOS que servem para a gente comer.
PS
Ora se os cornos servem para a nossa alimentação..porque é que..
Nota --esta redacção foi escrita em 1958 e por acaso..só por acaso não é da minha autoria.
O autor, meu companheiro de carteira levou uma "carga de porrada" da professora que era completamente neurótica.
Ainda dizem que nos tempos antigos é que era bom..coisas.
C.Martins
Mensagem de ontem do Antº Vaz:
Caros camaradas
Obrigado pelas palavras enviadas.É sempre bom quando alguém "sente" aquilo que se escreve.
Uma correcção necessária : A Vera Vaz é minha neta e tentar desenhar "de ouvido" foi muito divertido.
Um abraço do António Vaz
O nosso Com-Chefe há-de lá voltar, á Foz do Corubal, no final da Op Lança Afiada, em março de 1969. Depois disso, e pelo menos no meu tempo (maio de 1969/março de 1971) não tenho ideia de a Marinha ter andado pelo Corubal... Mais tarde (1972 ?), há-de de ser construído o aquartelamento de Ganturé na margem esquerda, frente à Ponta do Inglês... Os páras da BCP 12 e a 38ª CCmds, do nosso camarada Amílcar Mendes, muito lá penaram...
Vd. carta de Fulacunda
http://www.ensp.unl.pt/luis.graca/guine_guerracolonial15_mapa_Fulacunda.html
Quando eu fui á Ponta do Inglés,estava em Porto-Gole a fazer uma electrificação do posto avançado no cruzamento que dava para Mansoa e Enxalé,quando chega um LDP a Porto-Gole deixar mantimentos para aliviar carga e vinha um Camarada operador de motores fixos com um gerador para a Ponta do Inglés,pedui-me para ir com ele,pois só tinha o tempo da maré para efectuar o trabalho,lá fui o gerador foi descarregado para cima do unimog,tudo há unha e descarregado do mesmo modo,feita as as ligações arranca-se com o gerador mas o mesmo não debitava,problema na ponte rectificadora,a Marinha não podia esperar pois corria o risco de ficar em seco,regressei até Porto-Gole tendo o meu Camarada ficado lá a resolver o problema,não encontrei na Guiné nada comparado a este local,garrafas penduradas no arame farpado a fazer a iluminação e de alarme ao mesmo tempo,foi uma viagem que não esqueci.
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