1. Mensagem do Tony Borié, um camarada luso-americano, a propósito de um comentário do editor L.G. ao seu último poste, P10524:
Olá, Luis. Este poema (*), vai para o meu espólio de guerra. Já lá está.
In Luís Graça > Blogpoesia > Elegia para um paisano.
2. Comentário do Tony Borié ao comentário do editor L.G.:
Olá, Luis:
O teu poema ao Vat 69 e outros" scotchs" é um hino às horas que nós, antigos combatentes, passávamos, nos intervalos da guerra, que sofremos no corpo e na alma!. Bem hajas. Nessas horas, éramos nós, oriundos da Europa, onde entre dois scotchs, dávamos largas aos nossos sentimentos, de amizade, abraços, amor ao próximo, esperando a paz dentro da guerra, e algumas chorávamos, lembrando o nosso recanto no Portugal, que o mapa colocou à beira mar plantado!.
Nota do editor:
Olá, Luis. Este poema (*), vai para o meu espólio de guerra. Já lá está.
Que o Criador continue por muitos e longos anos a inspirar-te, e dar voz aos teus sentimentos, que são o de muitos milhares de antigos combatentes, felizmente ainda vivos, e que os podem ler, e ver neles a sua imagem reflectida.
Estou um pouco longe do meu querido Portugal, já não uso o passaporte de Portugal, mas continuo a chorar ao ouvir o hino de Portugal e a sofrer ao lembrar-me na nossa vivência em África.
Por favor, continua a dar vida à tua página na Internet, que é um grande motivo de coragem, e a voz de milhares de antigos combatentes. Talvez sem quereres, já fazes parte do património da história do nosso conflito com as antigas colónias de África.
Um abraço do amigo, Tony Borié.
(*) Comentário de Luís Graça ao poste P10524:
Tony, Ganda Cifra!... Pois que viva o Vat 69!... Ajudou-nos a (sobre)viver!... (Felizmente que eu nessa altura não era um homem... da saúde pública!).
(...) Retenho ainda a imagem
Do nosso patético duelo
No bar de sargentos de Bambadinca,
Tendo por arma, letal,
Uma garrafa de VAT 69
(Ou era Jonhnie Walker ?
Ou White Horse,
a tal do cavalinho branco ?
Já não me lembro do rótulo,
Sei apenas que era scotch,
E do bom,
Daquele que vinha
From Scotland
For the Portuguese Armed Forces
With love!)…
Um duelo de morte,
Gole a gole,
Até ao gole final,
Em menos de 15 minutos!...
Com árbitro e tudo,
Apostas a dinheiro,
Mirones e claques de apoio,
Como mandavam as regras
Dos apanhados do clima de Bambadinca!
Apanhados do clima, dizes bem,
Exaustos,
Usados e abusados,
Filhos de um Sísifo menor,
Condenados ao mais insano dos suplícios,
Uma guerra a que chamavam
De contra-guerrilha,
Uma guerra do gato e do rato…
Não, não, era a roleta russa,
Ninguém tinha pistolas de tambor,
Era o fado lusitano,
Era o fado da Guiné,
Meu camarada, meu amigo, meu irmão,
Era a nossa triste condição,
Era a nossa quiçá estúpida, mas viril, maneira
De matar… o tempo,
O tempo em tempo de guerra,
O tempo de espera entre uma e outra operação.
O tempo de espera que podia ser
Entre a vida e a morte.
Era a insanidade mental,
Era a raiva, traiçoeira,
Tony, Ganda Cifra!... Pois que viva o Vat 69!... Ajudou-nos a (sobre)viver!... (Felizmente que eu nessa altura não era um homem... da saúde pública!).
(...) Retenho ainda a imagem
Do nosso patético duelo
No bar de sargentos de Bambadinca,
Tendo por arma, letal,
Uma garrafa de VAT 69
(Ou era Jonhnie Walker ?
Ou White Horse,
a tal do cavalinho branco ?
Já não me lembro do rótulo,
Sei apenas que era scotch,
E do bom,
Daquele que vinha
From Scotland
For the Portuguese Armed Forces
With love!)…
Um duelo de morte,
Gole a gole,
Até ao gole final,
Em menos de 15 minutos!...
Com árbitro e tudo,
Apostas a dinheiro,
Mirones e claques de apoio,
Como mandavam as regras
Dos apanhados do clima de Bambadinca!
Apanhados do clima, dizes bem,
Exaustos,
Usados e abusados,
Filhos de um Sísifo menor,
Condenados ao mais insano dos suplícios,
Uma guerra a que chamavam
De contra-guerrilha,
Uma guerra do gato e do rato…
Não, não, era a roleta russa,
Ninguém tinha pistolas de tambor,
Era o fado lusitano,
Era o fado da Guiné,
Meu camarada, meu amigo, meu irmão,
Era a nossa triste condição,
Era a nossa quiçá estúpida, mas viril, maneira
De matar… o tempo,
O tempo em tempo de guerra,
O tempo de espera entre uma e outra operação.
O tempo de espera que podia ser
Entre a vida e a morte.
Era a insanidade mental,
Era a raiva, traiçoeira,
Era a lucidez da loucura a tomar conta
De nós….
(...)
De nós….
(...)
In Luís Graça > Blogpoesia > Elegia para um paisano.
2. Comentário do Tony Borié ao comentário do editor L.G.:
Olá, Luis:
O teu poema ao Vat 69 e outros" scotchs" é um hino às horas que nós, antigos combatentes, passávamos, nos intervalos da guerra, que sofremos no corpo e na alma!. Bem hajas. Nessas horas, éramos nós, oriundos da Europa, onde entre dois scotchs, dávamos largas aos nossos sentimentos, de amizade, abraços, amor ao próximo, esperando a paz dentro da guerra, e algumas chorávamos, lembrando o nosso recanto no Portugal, que o mapa colocou à beira mar plantado!.
Nas minhas andanças pelo mundo, em alguns países, não havia Vat 69, e então olhava a garrafa e pedia um "cavalinho branco" [, White horse,] , como me sabia esse scotch, fechava os olhos e pensava no chão vermelho, no arame farpado, e no cheiro a camuflado sujo, roto e cheio de lama que via nos meus colegas secarem encostado ao meu mosquiteiro!.
Não vou continuar, porque vou começar a ser piegas, e isso não é bom num antigo combatente!. Um abraço, Tony Borié.
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Nota do editor:
Último poste da série > 10 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10513: (Ex)citações (199): Nunca me considerei, não fui, não sou nem pretendo ser um “valentão” (Belmiro Tavares)
2 comentários:
Pois!
Quando passei por Piche, mesmo na messe comia-se muito mal, talvez pela virtude de ali a alimentação ser a mesma para todos.
Mas no que respeita a bebidas... meus senhores, era para fartar, e de grande qualidade. Whiskies, cognacs, gins, vinhos do Reno, e de boas marcas e preços.
Por vezes chegava do mato a desoras para almoçar, e sem outro recurso para além da cantina, onde me dirigia, pedia uma lata de leite condensado, que fazia poff no estômago, e de urgência, marchava um whisky duplo, bem aviado, para amenizar a catadupa de açucar ingerido.
Hoje manda a insulona.
Abraços fraternos
JD
Pois. E não esquecer os "Old Parr,Dimple e os Glaiva.
Já agora uma pequena estória passada comigo no Biambe.
Normalmente a malta só ia para a cama perto da meia-noite e como tal tinhamos que ocupar o tempo.Quase sempre e quando inventavamos novos jogos saía asneira.Vai daí alguns de nós apostamos em beber tudo que houvesse de líquido no bar. Claro que começamos pelos Whiskys,cervejas,sumos,Fantas, Coca-colas,Compais, etc...O pior foi que após todas essas bebidas ,haveriam tambem no bar outos líquidos,tais como Champôs para o cabêlo.Como aposta é aposta,lá foi mais um trago de Champô.Resultado???Uma grande bebedeira,"carga ao mar" toda a noite e uma semana de uma terrível ressaca.
Já agora,não me lembro se o Champô fêz "bolhinhas"ou não.Certo ,certo é que me lembro dos primeiros Whiskys.O resto é estória...
Um abraço
Henrique Cerqueira
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