sexta-feira, 21 de junho de 2013

Guiné 63/74 – P11743: Memórias de Gabú (José Saúde) (28): À volta do meu novo livro "As minhas memórias de Gabu"


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos mais uma mensagem desta sua série.



Camaradas, 

Envio mais um apontamento com uma entrevista minha ao Diário do Alentejo, onde, obviamente, de "AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU". Aproveito para informar que já falei com o Zé Teixeira, Tabanca de Matosinhos, e apontei a minha ida para o dia 20 de Julho, dia em que haverá um almoço extensivo para a malta da Guiné.

À volta de um livro 
Histórias que nos remetem para a nossa presença na guerrilha da Guiné 


Reafirmo, convincentemente, que a nossa presença na Guiné, continua albergada num recanto das nossas recordações. Fomos jovens e prestámos serviço militar obrigatório nesta antiga Colónia Ultramarina. Sei que tudo são memórias passadas, todavia existem evidentes resquícios que permanecem nas nossas vivências onde existem frenéticos sons e imagens que nos transportam para eloquentes momentos de dor e de prazeres inacabados. 

Pejados com um saltitar constante pela orla de sentimentos comuns construídos num terreno fumegado pelos odores de uma guerrilha que teimava em não dar tréguas, somos hoje antigos combatentes que perfilhamos ideias e trocamos ávidas opiniões acerca desse pequeno torrão africano que dá pelo nome Guiné. 

Recentemente fiquei pasmado com as imagens (fotos) que o nosso camarada Zé Carvalho, também meu camarada RANGER, trouxe à estampa (a caixinha mágica que se tornou comum, computador), dando a conhecer realidades vividas no ano de 2010 aquando de uma viagem feita à sua, nossa, Guiné. Aliás, outros camaradas o têm feito dando a conhecer verdades indesmentíveis vividas na Guiné de hoje.

Identifico escolas onde se encontram crianças sedentas em assimilar novos conhecimentos, sendo a sua principal finalidade a aprendizagem e o desbravar persuasivas inteligências remetidas ao interior de uma mata que outrora conheceu histórias de guerra deveras mirabolantes. 

Os ícones da nossa presença em terras guineenses são agora relíquias degradadas por um tempo que conheceu profundas alterações físicas, designadamente. Os camaradas que outrora pisaram esses palcos, remete-os, melhor, remete-nos para inolvidáveis e nostálgicas observações que nos conduzem, geralmente, a uma verdade inesquecível onde coabitámos ao longo de largos meses como combatentes no ativo. 

As cantinas, messes, fornos onde se cozia o pão, atrevo-me a parafrasear o povo, “o pão que o diabo amassou”, os quartéis feitos às necessidades que o tempo impunha, bem como um rol de “atrativas” instalações que na altura urgiam para fazer face às carências impostas, são agora preciosidades gastas pelo tempo que recusa esconder exequíveis memórias do antigamente. Os tetos, alguns, desapareceram mas existem ainda paredes que teimam em manter-se hirtas. Nós, portugueses que conhecemos os horrores da guerra, vincamos em cada pedaço de terra guineense uma marca que ficará gravada para a eternidade. 

Nesta viagem memorial facultada pelo nosso camarada Zé Carvalho, coloco-me à volta de um livro que recentemente editei que tem como principal finalidade reconhecer histórias que nos remetem para a nossa presença na guerrilha da Guiné. 

GUINÉ-BISSAU AS MINHAS MEMÓRIAS DE GABU 1973/74 são histórias de um furriel miliciano/ranger, eu de carne e osso, que cruzou a guerra com a paz. A temática prima pela visualização de lugares comuns, das crenças de uma população que vivia encaixada entre as duas frentes no conflito, o nosso dia-a-dia como militares no terreno, bem como no interior dos quartéis, a luta pelo poder – chefe da tabanca – entre etnias, os homens e as mulheres grandes consideradas, para os nativos, pessoas com saberes ancestrais, enfim, um rol de situações abordadas que nos conduzem pausadamente a uma visualização de acontecimentos que marcarão para sempre a nossa ação no palco da guerra.

Claro que a temática abordada é universal e cruza linhas de fronteira por nós palmilhadas. Por uma questão de princípio, e respeito, não entro em ondas eletrizantes, concluindo sim que a problemática dos mitos é para mim uma coisa de somenos importância. Importante é a panóplia de acontecimentos que ainda, hoje, mexem com os nossos egos. 

A apresentação oficial da minha última obra, em Beja, está agendada para o dia 4 de junho na Biblioteca Municipal José Saramago, 21h30, sendo que os ecos do acontecimento são também motivo para a imprensa escrita se debruçar sobre a temática.

Eis pois uma entrevista concedida ao Diário do Alentejo, nesta sexta-feira, 21 de junho.


Um abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
___________

Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

14 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 – P11389: Memórias de Gabú (José Saúde) (27): Capa da obra "As minhas memórias de Gabu" 

1 comentário:

JOSE CASIMIRO CARVALHO disse...

Obrigado pelos encómios duplo camarada