(Continua)
Reprodução das 6 primeiras páginas da brochura de 14 páginas, "Soldado!, Coisas importantes que deves saber. Aos jovens soldados do Exército Português", ª ed. [Lisboa: SPEME - Serviço de Publicações do Estado Maior do Exército, 1970, 14 pp.]
1. É um documento teórico-ideológico, igual ao de muitos outros exércitos pelo mundo fora, mas no nosso caso elementar, destinado a uma população de baixa literacia, que só conhecia, no máximo o livro da 4ª classe. Muitos de nós deverão tê-lo lido ou folheado, nomeadamente os que pertenceram ao contingente geral.
É pena que, na 5ª edição, já de 1970 (!), ainda apareça a palavra "privilégio", mal grafada, como "previlégio" (p. 3)... Por outro lado, o grafismo e as ilustrações são, em 1970, já muito obsoletos... Mas o exército, e o seu estado-maior, era uma instituição conservadora... Enfim, os demais comentários, nomeadamente sobre o conteúdo da brochura, ficam para os nossos leitores.
O célebre Tio Sam, desenho por J.M. Flagg... Cartaz norte-americano, de 1917, inspirado no original britânico, de 1914. Foi usado pelo exército norte-americano para recrutar soldados tanto para a Primeira como para a Segunda Guerra Mundial. Imagem do domínio púbklico. Cortesia de Wikipedia.
Outro ícone da propaganda de guerra, inspirador de uma série de cartazes posteriores; Lord Kitchener Wants You... Cartaz que representava Lord Kitchener, o Secretário de Estado da Guerra, incitando os britânicos a alistaram-se no exército, em 1914. Imagem do domínio público. Cortesia da Wikipedia. [Ver aqui mais posters sobre recrutamento militar: US Navy, 1863-1939].
O exemplar da brochura "Soldado!, Coisas importantes que deves saber", digitalizado, chegou-nos por mão do César Dias. Mas o precioso exemplar original, em papel, estava/está nas mãos do Fernando Hipólito que já aceitou o meu convite para se sentar à sombra da Tabanca Grande...
Mail enviado, na sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2014, 10:57
Assunto: Livro soldado
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Bom dia Luis,
Bom dia Luis,
Mais um livro do Soldado, tinhamos um específico para Tavira, este era para a generalidade dos futuros militares. Mais uma relíquia que o [ Fernando] Hipólito sacou do baú.
Um abraço, César.
Na volta do correio, respondi ao César, com conhecimento ao Fernando, nestes termos:
"Cásar: só podemos estar muito profundamente agradecidos ao Fernando por mais esta preciosidade, depois do guia do instruendo... Eu quero apresentá-lo à Tabanca Grande. Só preciso de uma foto atual, e duas linhas, a dizer por onde andou em Angola... (Vou lá desde 2003)...
O Fernando já ganhou o direito de se sentar, contigo, comigo, com o Levezinho e outros camaradas, à sombra do poilão da Tabanca Grande!... Se me quiser mandar uma ou mais fotos dele, em Angola, ótimo" (...)..
Recorde-se que já foi publicado, aqui, o "guia do instruendo", usado no CISMI, Tavira, que nos chegou também por mão do César Dias, tendo o original sido-lhe dado pelo seu camarada de recruta, o Fernando Hipólito, que será depois mobilizado para Angola.
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Nota do editor:
24 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12770: CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, Tavira, 1968: Guia do Instruendo (documento, de 21 pp., inumeradas, recolhido por Fernando Hipólito e digitalizado por César Dias) (5) : Quinta e última parte (pp. 19-21): O jornal "Atalaia" , a rádio "CISMI"... e as 29 capelas e igrejas de Tavira
Nota do editor:
24 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12770: CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, Tavira, 1968: Guia do Instruendo (documento, de 21 pp., inumeradas, recolhido por Fernando Hipólito e digitalizado por César Dias) (5) : Quinta e última parte (pp. 19-21): O jornal "Atalaia" , a rádio "CISMI"... e as 29 capelas e igrejas de Tavira
6 comentários:
berrr...que arrepio .
Mais tarde merecerá um comentário ,mas para já...
O único fator arrepiante para mim e na primeira leitura é o tipo de linguagem aplicada no texto da brochura.
Exemplo: « Os fracos e doentes ficam livres...» » ...os ladrões e...»
A esta hora até nem sei explicar bem mas, que me arrepiei...
Henrique Cerqueira
"Vinte, vinte e um anos... Estás prestes a atingir ou já atingiste a maioridade"...
É preciso contextualizar: face ao Código Civil de 1966 (que entrou em vigor em 1/1/1967), muitos "mancebos", sobretudo o do contingente geral, que iniciavam o serviço militar, ainda eram "menores"...
Recorde-se que nessa época a maioridade, para ambos os sexos, só se atingia aos 21...
É um documento, interessante para se perceber uma época... e que como tal está datado!...
Eu ainda hoje não tenho nada contra em relação dos apelos ao Patriotismo. Nada tenho a opor á linguagem que incentiva a ser um bom soldado e até reconheço que na maioria dos casos a malta aprendeu alguma coisa, tanto a nível humano como a nível de conhecimentos práticos ou teóricos. Sim é verdade que em muitos casos o serviço militar e até a ida ao Ultramar funcionou como rampa de lançamento para o melhoramento da vida de muitos homens. Por tal não é por aí que o "Gato vai ás filhós".
Agora como diz a brochura : « De todos NÓS , aqui fica um primeiro abraço de amizade e confiança »
Tretas ,grandes tretas da altura, pois que nunca recebi o tal abraço e a primeira coisa que faziam quando cruzávamos as portas do quartel para dentro era de imediato nos reduzir a condição humana a níveis mais abaixo de quem nos recebia. Portanto o "TAL ABRAÇO" ficava sempre na brochura.
Já sei que eram outros tempos, blá,blá...mas já nesses tempos nós os jovens tínhamos o sentido da responsabilidade e sentimental.
Bom este meu comentário é apenas isso ,um comentário á pseudo ação psicológica que os nossos governantes e responsáveis militares de então. Só que pelo menos na minha época a juventude já não ia muito em cantigas de ânimo leve. Só que o poder mandava e nós cumpríamos.
Um abraço
Henrique Cerqueira
A idade da maioridade só foi alterada em 1977. Todos os mancebos na data da inspecção eram menores.E muitos foram incorporados com 20 anos.Não podiam casar sem autorização dos Pais, mas podiam partir para a Guerra...
J.Cabral
Na SIC Radical num programa de jovens apareceu um jovem, recentemente, a dizer que o que mais desejava na vida era ter sido estudante no 25 de Abril.
Diz-lhe o rapaz da televisão se seria bom com Salazar, PIDE, Censura, etc.
Tal qual, com tudo aquilo, diz o jovem, cheio de adrenalina.
Há tanta maneira de ver a vida!
Embora se votasse só aos 21 anos, já com 16 anos no Liceu, muitos meninos participavam no saneamento de professores no 25 de Abril.
Claro que hoje, um jovem, formado, em casa dos pais, e a primeira saída de casa. é de manhã levar o cachorrinho ao jardim, não é a mesma coisa do velho pai ou avô que antes da Guiné era levar as ovelhas para a pastagem.
As voltas que o mundo dá!
Tens razão, alfero Cabral... Talvez por isso, e até para fugir à dupla tirania do Estado e do pai-patrão, em certos sítios os jovens não se casavam, raptavam a noiva... Por ex., no Alentejo...
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