quinta-feira, 7 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14581: (Ex)citações (274): Ainda a propósito do aniversário da nossa querida Enfermeira Paraquedista Giselda Pessoa (Francisco Baptista)

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviada ao nosso editor Luís Graça em 30 de Abril de 2015, a propósito do aniversário da querida Enfermeira Paraquedista Giselda Pessoa:

Eu sou um transmontano que resolveu romper as amarras do silêncio a que a solidão e a meditação imposta pelas montanhas, vales e isolamento, e o orgulho dos povos pobres da montanha, têm condenado os meus conterrâneos.
Essa pobreza e despojamento também nos permite falar cara a cara, com todos os poderes, sem abdicarmos nunca da nossa dignidade.

Amiga Giselda, desculpa o meu excesso de confiança, e tudo isto porque, o amigo Luís Graça, em email decidiu revelar além da tua antiguidade e dedicação a esta Tabanca Grande, as tuas origens transmontanas. Os meus camaradas que me desculpem mas quando me falam nessa Pátria primordial, tão desigual e desnivelada, que deu pão, azeite e vinho a tantos em troca de tanto suor, sorrisos e lágrimas. Essa terra tão dura, povoada de rochas de xisto, cantaria, estevas e giestas, e alguns terrenos cultiváveis, continua a ter um poder e uma mística espiritual que faz vibrar as cordas mais sensíveis dos antigos transmontanos.

 © Giselda Pessoa - 2.º Sargento Enfermeira Paraquedista do BA 12

As nossas raízes continuam a acompanhar o nosso crescimento até ao fim das nossas vidas. A nossa identidade genética está lá, está cá dentro, para ser reconhecida por todos.

Amiga Giselda tento escrever um hino em prosa a todas essas mulheres transmontanas que cultivavam batatas, cenouras, feijões, sécias e outras flores na horta . "Num aparte lembro-me de a minha mãe regatear, como uma leoa, com o meu pai, um bom lugar para plantar as suas flores na horta".

O que escrevo pretende também ser um uma homenagem à tua coragem, à tua camaradagem e se me permites, também ao batalhão das tuas colegas enfermeiras paraquedistas.

Com reconhecimento e emoção envio-te um grande beijo.
Saúde para podermos festejar o teu aniversário por muitos anos.

Francisco Baptista
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Nota do editor

Último poste da série de 30 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14549: (Ex)citações (273): A propósito de "O Vento Mudou".... No Festival RTP da Canção de 1967, o Eduardo Nascimento ganhou com o todo o mérito, porque era a melhor canção, e rompia com o chamado "nacional cançonetismo"... É falso que o Salazar tenha imposto o seu nome para ir ao festival da Eurovisão (Nuno Nazareth Fernandes, autor da música, e ex-alf mil, BENG 447, Bissau, 1972/74)

3 comentários:

manuel amaro disse...

Meu caro Francisco Baptista

Gosto sempre de ler os teus escritos, mas hoje, especialmente este escrito sobre a Camarada Enfermeira e Transmontana Giselda. Fez-me recordar os meus amigos transmontanos e a sua forma de manifestarem e afirmarem essa sua condição. Ao longo do último meio século conheci "milhões" de transmontanos, com destaque para Jornalistas, Sindicalistas e Desportistas. Mas aquela frase é comum e "mortífera, como uma flecha"... "eu sou assim, porque sou transmontano..." e eu sentia vontade de lhes dizer que se fossem minhotos ou alentejanos também podiam ser "assim". Mas não. Sempre aceitei que se eles eram aquilo que descreviam e se achavam que eram assim por serem transmontanos, então, só podia ser verdade.
A Giselda Pessoa e o Francisco Baptista, são assim porque são transmontanos.
Que sejam assim, porque estão muito bem, e que continuem por longos anos.

Um Abraço

Manuel Amaro

Anónimo disse...



Amigo e camarada Manuel Amaro:

Muito obrigado pelas tuas palavras e pelo teu elogio aos transmontanos, que eu acho exagerado nos tempos que correm. Antigamente Trás-Os-Montes era uma província que primava pela qualidade dos seus produtos, a vitela mirandesa, barrosâ ou maronesa, os presentos, os salpicões, as alheiras, as chouriças e o outro fumeiro.
Os homens enrijecidos pelos frios agrestes de Invernos muito duros e por verões quentes e ensolarados, isolados pelos montes e as distâncias, tiveram que desenvolver entre eles laços de lealdade e solidariedade.
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, vias rápidas, auto-estradas, televisão, internete e outros, com a entrada do mercado de consumo, que esses meios expandem , com os respetivos benefícios e maleficios, tudo se alterou.
Ainda há produtos transmontanos autênticos mas já escasseiam bastante a transformação das relações entre as gentes e as relações de mercado produziram também um transmontano mais standardizado, mais cidadão de Portugal e da Europa.
Procuro há alguns anos estudar esta mudança, porque eu acho que por respeito aos antigos transmontanos, não devemos andar a querer vender vitela mirandesa, criada em estábulo, por vitela mirandesa criada no lameiro. Nem devemos alardear qualidades e virtudes do homem transmontano, quando o Marão era uma barreira difícil de transpor e hoje está aberta a toda a grande sociedade nacional e internacional. As condições do meio e as condições sociais contribuem muito para formar o carácter do homem.
Amigo Amaro sei, disseste-me há algum tempo que foste substituir o furriel enfermeiro Antunes que tinha sido gravemente ferido.
Eu e o Zamith Passos que foi furriel no mesmo pelotão que eu, conseguimos descobri-lo e pela primeira vez esteve no almoço da C.Cac. 2616 no dia 2 deste mês.
Estou a pensar remeter um texto para o nosso blogue com fotos dele.
Está rijo e saudável.
Um grande abraço

Francisco Baptista

manuel amaro disse...


Camarigo Francisco Baptista

Obrigado por tudo.
Principalmente por descobrires o Antunes.Eu perdi o contacto com o Antunes quando ele mudou de residência, de Odivelas para outra terra, que não sei qual.
Gostaria de ver essas fotos e se possível ter o contacto dele...

Eu não fui propriamente substituir o Antunes. Eu só estive em Buba, durante os 35 dias de férias do Dr. Sérgio Ribeiro, em Junho/Julho de 1970.
O Zamith Passos já encontrei há uns anos, nos tempos em que BCAÇ 2892 organizava os convívios.

Um Abraço.

Manuel Amaro