Lisboa > Livraria Bar Les Enfants Terribles > Cinema King > 2 de novembro de 2013 > 19h00 > Sessão de lançamento do livro de poesia do nosso camarada J. L. Mendes Gomes, "Baladas de Berlim" (Lisboa, Chiado Editora, 2013) > Da esquerda para a direita: Luís Graça, que apresentou o livro: o autor e o seu filho mais velho, Paulo Teia, padre jesuíta, que apresentou o pai e o poeta; e ainda a representante da Chiado Editora...
Foto: © Virgínio Briote (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]
Berlim > 2012 > Joaqum Luis Mendes Gomes, com dois dos seus netos
Foto: © J. L. Mendes Gomes (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados
alto minho...
subi às terras altas do alto minho,
cada vez mais verdes,
cheias de rochas e de castelos,
igrejas brancas
e campanários.
onde o vinho cresce enforcado por estas gentes pacatas
e derrama a sua bênção
lá por volta do mês de agosto.
e uma manta alta de pinheiros bravios
se estende abundante
por essas encostas serranas.
e há rios caudalosos,
minho, lima, cávado e ave,
descendo em correrias,
lá das montanhas,
serpenteando campos
e vinhedos,
em busca do mar.
onde havia mulheres tão atentas e corajosas,
como a maria da fonte,
fazendo frente
e pondo na ordem
os desacatos loucos
desses políticos.
onde vive um povo alegre
e trabalhador,
que enxameia de festas e romarias,
a temporada fértil
do estio e do outono...
onde portugal se enlaça a espanha,
pelo norte e pelo leste.
póvoa de lanhoso,
na casa do meu irmão,
desabafo
cheguei de novo a berlim,
aqui há ordem,
Nota do editor:
Último poste da série > 3 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14559: Blogpoesia (413): No dia em que se lembram todas as Mães, um poema do nosso camarada Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887 (Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)
subi às terras altas do alto minho,
cada vez mais verdes,
cheias de rochas e de castelos,
igrejas brancas
e campanários.
onde o vinho cresce enforcado por estas gentes pacatas
e derrama a sua bênção
lá por volta do mês de agosto.
e uma manta alta de pinheiros bravios
se estende abundante
por essas encostas serranas.
e há rios caudalosos,
minho, lima, cávado e ave,
descendo em correrias,
lá das montanhas,
serpenteando campos
e vinhedos,
em busca do mar.
onde havia mulheres tão atentas e corajosas,
como a maria da fonte,
fazendo frente
e pondo na ordem
os desacatos loucos
desses políticos.
onde vive um povo alegre
e trabalhador,
que enxameia de festas e romarias,
a temporada fértil
do estio e do outono...
onde portugal se enlaça a espanha,
pelo norte e pelo leste.
póvoa de lanhoso,
na casa do meu irmão,
desabafo
cheguei de novo a berlim,
deixei-a despida, gelada e triste,
encontrei-a verde,
recheada de arvoredo,
denso e gigantesco,
entrelaçando as casas.
um céu azul e luminoso,
um fervilhar de gente alegre e descontraída a passear na rua,
nada de stresses,
vivendo a vida em festa.
desigualdades, aqui não há.
toda a gente igual
e trabalha,
cada um faz bem o que sabe e que é capaz.
toda a gente dorme descansada...
como gostaria eu que o meu portugal,
como gostaria eu que o meu portugal,
que é tão lindo e rico,
vivesse igual.
mas não,
há uma casta de privilegiados,
há uma casta de privilegiados,
parasitas e oportunistas,
uma dúzia só...
que os explora.
desenfreadamente.
como uns selvagens...
apoderaram-se do poder.
e, pasme-se!, pela via democrática!...
que terrível paradoxo.
que ninguém desata...
aqui há ordem,
respeito das regras.
tudo funciona perfeito,
desde as escolas, tribunais e aos hospitais.
cada um tem sua vez.
e não espera muito.
o estado se preocupa, se antecipa
na solução dos problemas dos seus cidadãos.
uma verdadeira sinfonia,
uma verdadeira sinfonia,
com bons maestros. ...
e não estou a exagerar nem a fantasiar.
e não estou a exagerar nem a fantasiar.
berlim, 3 de maio, 11h45
[ex-Alf Mil, CCAÇ 728,
Cachil, Catió e Bissau, 1964/66]
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Nota do editor:
Último poste da série > 3 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14559: Blogpoesia (413): No dia em que se lembram todas as Mães, um poema do nosso camarada Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887 (Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)
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