1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau,
1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre
outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:
O mundo é cruel...
Não é pão com manteiga.
O mundo é cruel.
Selvagem também.
Trucida os fracos e pobres.
Serve aos ricos.
Tem fome de paz.
A vida vegeta à volta dos réis.
Terra deserta.
Queimada do sol.
Escrava sem lei.
Não há irmã nem irmão.
Adversários em vez de irmãos.
Servos do mal.
Terra sem céu.
Repasto de vermes.
Ópio dos maus.
Cloaca opaca.
Dejectos nojentos.
Covil de leões.
Ouvindo Michael Jackson - Earth Song (Official Video)
Mafra, 4 de Abril de 2020
13h18
Jlmg
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Triunfo da esperança
Quando tudo parece desabar,
Se destroçaram a arrogância e os poderes da escravidão.
Jazem no chão, inertes.
Debandaram seus alcaides.
Ruiram seus castelos.
Ficaram sós e nus.
Se reergueu a vida em força pelo meio dos destroços.
A justiça venceu.
As almas se voltaram para os céus.
Se deixaram extraviar pela sedução do mal.
Viram riquezas onde abundava a miséria.
Deixaram arrastar-se pelas miragens de quem pensa ser rei e a terra o seu reinado.
Se apaziguou a ira.
De novo, choveram bênçãos.
É hora de reconstruir e continuar nosso caminho.
Ouvindo Mendelssohn: 4. Sinfonie (»Italienische«) ∙ hr-Sinfonieorchester ∙ Paavo Järvi
Mafra, 3 de Abril de 2020
11h49m
Jlmg
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Os nossos pilares
Sem coluna vertebral, seríamos uns moluscos ou como as focas.
Teríamos de roçar o chão para ir daqui ali.
Como a vela ao barco, dão-lhe prumo e direcção.
Nos mantém de pé.
Podemos ir além.
Dar a volta ao mundo.
Nossos horizontes serão como procuremos.
As balizas de nossos olhos.
Isto para o nosso corpo.
Mas temos alma.
A sentimos dentro.
Uma energia infinita
Que nos alimenta vivos
E faz senhores da terra.
Suas dimensões transcendem os nosso braços.
Vão do chão aos céus.
Norteia nosso caminho.
Dá-nos conta de nossos limites.
Confinam com os de quem vai ao lado
E é semelhante a nós.
Seus pilares são os valores.
O bem e a justiça.
O que quero para mim
Quero também para o outro.
Fabricam paz e um sentimento de alcance infindo.
Vai do respeito ao amor.
Os alicerces da felicidade que ilumina e enriquece a vida.
Mafra, 2 de Abril de 2020
17h52m
Jlmg
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Nota do editor
Último poste da série de 29 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20788: Blogpoesia (669): Coluna de Aldeia Formosa para Buba (Fradique Morujão da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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