domingo, 5 de abril de 2020

Guiné 61/74 - P20818: Tabanca dos Emiratos (2): Viagem até ao emirato de Fujairah - Parte I: o forte (Jorge Araújo)

 

Foto 3 - Emirados Árabes Unidos > Emirato de Fujairah (Fujeira) >  Março de 2020 > Largo interior do complexo do Forte de Fujairah, a única foto onde apareço...



Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); um homem das Arábias... doutorado pela Universidade de León (Espanha) (2009), em Ciências da Actividade Física e do Desporto; professor universitário, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), Portimão, Grupo Lusófona; vive entre entre Almada e Abu Dhabi; autor da série "(D)o outro lado do combate"; nosso coeditor.





IDA AO EMIRADO DE FUJAIRAH (FUJEIRA),
UMA VISITA PARA PARTILHAR:
- O «FORTE DE FUJAIRAH» -


Mapa geográfico dos Emirados Árabes Unidos com indicação dos seus sete Emirados: Abu DhabiDubaiSharjaha, Ajman, Umm al QuwainRa's al Khaimah e Fujairah

1.  - INTRODUÇÃO

As primeiras notícias sobre o «coronavírus» - «COVID-19» - e o aparecimento dos primeiros casos da doença no País levaram as autoridades locais a tomar medidas de orientação sobre a sua prevenção. Uma delas determinou a suspensão da actividade académica, pela elevada interacção social e meio facilitador a eventuais contágios. A esta decisão superior, seguiu-se outra fazendo antecipar de quinze dias o período de férias previsto no calendário lectivo do ano em curso.

Ao impedimento de saída do País, mas com total liberdade de mobilidade interna, pegámos no carro e deslocámo-nos ao Emirado de Fujairah (Fujeira), situado a três centenas de quilómetros, na costa leste, banhada pelo Golfo de Omã.

No sentido de partilhar esta viagem com o Fórum, eis uma pequena resenha histórica.    
  
2.  - OS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS [EAU]

Situado no sudeste da Península Arábica, no Médio Oriente, o território dos Emirados Árabes Unidos [EAU ou UAE] faz fronteira com Omã (a leste), com o Qatar e Golfo Pérsico (a norte) e com a Arábia Saudita (a sul e a oeste).

Formado por uma confederação de monarquias árabes, chamados «EMIRADOS», estabelecida oficialmente em 02 de Dezembro de 1971, cada um dos sete emirados possui total soberania sobre os assuntos internos. Localizados na entrada do Golfo Pérsico, os sete emirados que constituem o país são: Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al Quwain, Ra's al Khaimah (a oeste) e Fujairah (a leste). A capital é Abu Dhabi, a segunda maior cidade dos Emirado Árabes Unidos. (ver mapa acima).

3.   - O EMIRADO DE FUJAIRAH (FUJEIRA)

O Emirado de Fujairah está separado do resto do país pela linha irregular das assombrosas «Montanhas Hajar», constituídas numa cordilheira situada entre o leste dos Emirados Árabes Unidos e o nordeste de Omã, sendo considerada a maior cadeia de montanhas no leste da península Arábica.


Foto 1 - «Montanhas Hajar»


O Emirado de Fujairah, com uma área de 1.166 km2 e uma população superior a cento e cinquenta mil habitantes, é o principal centro urbano da costa leste dos Emirados Árabes Unidos, cujas praias a norte são consideradas das mais bonitas do país. A sua parte histórica continua muito presente, onde existem vários pontos turísticos antigos que podem ser visitados. Para além de várias fortalezas centenárias, há ainda a mesquita mais antiga do país – a «Mesquita Al Badiyah».


Foto 2 - «Forte e Mesquita Al Badiyah»


Em termos de superfície, Fujairah é o quinto maior entre os sete emirados dos EAU, e o único que está localizado no Golfo de Omã, ao contrário dos outros, que estão situados ao longo do Golfo Pérsico.

3.1 - O FORTE DE FUJAIRAH (FUJEIRA)

O Forte de Fujairah (Fujeira) é um dos tesouros arqueológicos deste Emirado, alguns dos quais datam do século XVI, incluindo castelos, fortes, torres e mesquitas. Esses fortes e castelos foram usados para defender e repelir invasores, mantendo assim a integridade da identidade de Fujairah. Um dos principais e maiores fortes deste Emirado, o «Forte de Fujairah» é caracterizado pela localização numa colina alta na antiga região de Fujairah, e foi construído a cerca de 20 metros acima do nível do mar, com uma visibilidade de toda a cidade a três quilómetros da costa.

O projecto deste «Forte» difere completamente dos projectos de engenharia usuais dos restantes fortes nos Emirados Árabes Unidos. O «Forte» está incluído num complexo com várias casas antigas e uma mesquita. É composto por três torres circulares e uma quarta torre quadrada e uma unidade alta que se parece com uma torre, estas foram ligadas por uma parede entre as torres para formar um salão central no meio. Este projecto irregular emergiu como uma das várias características, da forma das rochas com as quais o «Forte de Fujairah» foi construído.

Para além das rochas acima referidas, o «Forte» foi construído com uma selecção de materiais locais, incluindo feno de argila de pedra, lama, cascalho, gesso e madeira.

Em 1925 foi feito o primeiro restauro do «Forte» e, em meados da década de 1960, realizou-se outro restauro devido ao colapso da torre e da praça norte. Entre 1998 e 2000, o Departamento de Antiguidades e Património fez uma reforma geral no forte e nas suas torres, na qual utilizou os mesmos materiais da sua construção.

FOTOGALERIA DA VIAGEM
  












Emirados Árabes Unidos > Emirato de Fujairah (Fujeira) > Forte > Março de 2020 > Fotogaleria



Fotos (e legenda): © Jorge Araújo (2020). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Principal fonte de consulta:
Desdobrável do Fujairah Tourism & Antiquities Authority
Fujairah Fort
Tradução e adaptação do Inglês.


Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um grande abraço (virtual) e um apelo para que se cuidem durante (mais) este novo tempo excepcional nas/das nossas vidas.   
Jorge Araújo.
18MAR2020
______________

Nota do editor:

6 comentários:

Valdemar Silva disse...

Jorge Araújo
Por aí é que se deve estar bem. Quentinho q.b., poucos 'covidados' e fácil mobilidade.
Por cá 27º em Março, frio e queda de neve em Abril, 'covidados' aos milhares e nada de passeatas que em casa é que se deve estar.
Essa dos 'fortes para defender e repelir invasores no séc. XVI', não é explicado quem seriam os invasores, que muito provavelmente seriam portugueses do capitão Albuquerque. Sabe-se que o Forte de Omã foi construído por portugueses, será que esse de Fujairah também foi construído por portugueses? E nesse caso os invasores seria muçulmanos.
Por curiosidade, os brasileiros dizem Emirado e nós Emirato, nem no Houaiss aparece Emirato nem no Porto Editora aparece Emirado.

Ab. saúde da boa e bons passeios.
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

emirato | s. m.

e·mi·ra·to
(emir + -ato)
substantivo masculino
O mesmo que emirado.

Palavras relacionadas: emirado

"emirato", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/emirato [consultado em 06-04-2020].


emirado | s. m.

e·mi·ra·do
(emir + -ado)
substantivo masculino
1. Estado ou região governada por um emir.

2. Dignidade de emir.


Sinónimo Geral: EMIRATO


"emirado", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/emirado [consultado em 06-04-2020].

Manuel Luís Lomba disse...

A ideia da valia estratégica do mar, estreito de Ormuz e das praias das Arábias, no contexto da decisão "colonialista" do rei D. Manuel I da reconquista de Jerusalém, do Cairo e de Meca, com o supremo objectivo da superação do Cristianismo ao Islão e do monopólio do comércio das especiarias e metais preciosos do Oriente, é da autoria do Almirante Afonso de Albuquerque, assim como ideia da construção do Canal do Suez, que deixou os touros e as touradas de Vila Franca para fazer de Goa a cabeça do Império Português do Oriente.
Os Portugueses revelaram-se melhores como imperialistas que como monopolistas e colonialistas.
Esse forte de Fujeira parece de inspiração da arquitectura militar romana, com semelhanças aos castelos subsistentes por cá, evoluídos dos "castrum" nativos. E, se datado de 1550, a época áurea dessa geo-estratégia portuguesa e erguido contra os colonialistas, só pode ter sido contra os portugueses, porque esse seu império só durou 150 anos, mantendo 0 residual durante 461 anos - até à invasão indiana, em 1961.
Será plausível ser obra dos portugueses, talvez construído pelo Almirante Afonso de Noronha, que trocou Vila Real pelo comando e governo dessas zonas, nas quais construiu forte e defendeu Ormuz dos ...Turcos.
Ab.
Manuel Luís Lomba
.

Jorge Araujo disse...

Caro Luís Lomba,

Obrigado pelo subsídio histórico acima, que nos permite abrir novos caminhos no aprofundamento das origens dos nossos "tesouros" espalhados pelo mundo.
De facto, foi a partir do século XV, particularmente no reinado de Manuel I, que os “lusitanos” se lançaram na descoberta de outras paragens (“Era dos Descobrimentos”) e que depois se transformou na manutenção da sua autoridade e exploração, também designada por “Era da Exploração”, início do “colonialismo” e do “mercantilismo”.
Porém, neste processo nunca estivemos sós. Outros povos, particularmente de nações europeias, seguiram na mesma “onda”, estabelecendo os seus “Impérios” e promovendo algumas das suas práticas culturais.
Daí que, não devemos excluir a possibilidade da construção do “Forte de Fujairah” (Fujeira) ser da autoria dos nossos antepassados. Vamos tentar encontrar mais algumas “pistas”.
Saúde da boa… sem stress.
Um abraço (virtual).
Jorge Araújo.

Hélder Sousa disse...

Só duas pequenas curiosidades levantadas pelo que o Manuel Lomba refere

O Afonso de Albuquerque deixou fama por aqueles lados..
Li em tempos, algures, que no Mar Vermelho há um peixe particularmente voraz a que os nativos chamam "Alphonso", em "lembrança" desse personagem.

A quinta ou propriedade que era de sua pertença, entre Vila Franca e Alhandra estava na posse do cavaleiro tauromáquico José Mestre Baptista aquando das terríveis cheias de Novembro de 1967. Atingida pelas enxurradas ali sucumbiram os cavalos que lá estavam.

Hélder Sousa

Manuel Luís Lomba disse...

Olá, Hélder.
As guerras daquele tempo obedeciam a uma moral milenar - quem não matasse, pessoalmente e a eito, não ganhava respeito. Esse foi o "método de Albuquerque", criador do Império Português do Oriente e o elevador do rei de Portugal a ... Senhor da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia.
Em regra, o senhor ou primeiro mandante da guerra, o rei, não alinhava (excepção para o imberbe, misógino e tolo do nosso D. Sebastião).
A curva do vírus da "matança a eito" da da nossa Guerra da Guiné já era achatada, influenciou o Alpoim Calvão e a sua a ir a Conacri, mas não influenciou nem os "capitães de Março". nem os "capitães de Abril" nem os 2capitães do antigamente", no seu contro no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo.
A moral da guerra do nosso tempo, electrónica, digital e por drones, é dissuasora, tornou-a menos provável. Como já aconteceu, o seu mandante poderá ser o primeiro candidato a "lerpar".
Ab
Manuel Luís Lomba