terça-feira, 29 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P5032: Blogoterapia (127): Somos de facto um povo de poetas, de soldados com cravos na boca das espingardas (Carlos Geraldes)

1. Mensagem de Carlos Geraldes, ex-Alf Mil da CART 676, Pirada, Bajocunda e Paúnca, 1964/66, com data de 26 de Setembro de 2009:

Caro amigo Vinhal:

Quando me atrevi a enviar os meus escritos para a Tabanca Grande nunca poderia adivinhar a recepção de que estou a ser alvo.
Fiquei tão emocionado como na véspera do dia em que embarquei de regresso à, então chamada Metrópole, após aqueles dois anos de incertezas, dúvidas e terrores por que passei. Somos de facto um povo de poetas, de soldados com cravos na boca das espingardas. As atitudes que por vezes alguns tomam de machismo violento, não passam de uma máscara a que recorrem os fracos e os cobardes, receosos de os tomarem por isso mesmo.

Assim, não poderei afastar-me por muito tempo nem para muito longe. Estou irremediavelmente ligado ao blogue como se um cordão umbilical ainda me ligasse ao ventre materno. Os comentários que me foram dirigidos são as vozes dos meus irmãos que julgava mortos e enterrados no meio do matagal para lá da curva do rio.

Felizmente estão aqui bem vivos e vão-se juntando cada vez mais para ajudar a sufragar a dor e o sofrimento que um povo fez a outro povo. Levaremos ainda muito tempo a tentar compreender como foi possível aquela guerra, as cruezas daquela guerra entre homens bons e simples, sonhadores e sábios, que no dia do armistício se abraçaram comovidos com a memória lavada, mas com o coração quente de alegre fraternidade.

Como foi possível esquecer os massacres, os assassínios, as humilhações, os roubos, as violações? Só pela presença de um outro poder, que nunca quisemos admitir, constatar. Não, não me refiro a Deus, esse ser criado pelo homem, para lhe servir de panaceia e o livrar de pensamentos vertiginosos quando se debruça nos porquês do Universo. Não, refiro-me talvez a um poder que provém das profundezas do Cosmo, que nos antecedeu, nos guiou até aqui e irá conduzir toda a Humanidade até ao fim dos tempos. Uns dirão: é o Amor! Balelas! É fácil demais.

Eu diria antes que é o progresso das civilizações, o aperfeiçoamento das relações humanas. Hoje já não olhamos com estranheza outro ser humano só porque é de outra cor. Mas era assim há 300 anos atrás, quando o considerávamos um objecto, um ser sem alma, tal como um animal ou um vegetal? Agora é muito diferente não é?

Bom, mas desculpa-me estar para aqui a filosofar sem jeito. O que eu queria dizer também é que vou anexar a este e-mail um documento escrito em Paúnca, a pedido dos chefões daquela altura (1965) e que é mais ou menos um Relatório de Situação que obedecia a um esquema já predeterminado para aquele tipo de relatórios usados pelas NT (e para mostrar serviço, é claro). Fui eu que o escrevi por ordem do meu capitão e o que é facto é que não contém qualquer facto empolado ou embelezado. Naquela data, a situação ali era mesmo aquela, pelo menos aos meus olhos.

Hasta siempre,
Carlos Geraldes
__________

Notas de CV:

O texto referido pelo nosso camarada Carlos Geraldes, por ser muito extenso, vai ser publicado na sua série Gavetas da memória.

Vd. último poste da série de 16 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4963: Blogoterapia (126): Pensar em voz alta: Em noite e dia de "cerrar dente" (Torcato Mendonça)

Guiné 63/74 - P5031: Notas de leitura (25): "Memórias de um guerreiro colonial", de José Talhadas - Parte III (Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos, ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70, com data de 25 de Setembro de 2009:

Caríssimo Carlos,
Aqui vai o terceiro e último texto sobre a obra do sargento Talhadas, muito digna da nossa atenção.

Já tenho mais dois livros para ler: “Um amor em tempos de guerra” do Júlio Magalhães e “Os heróis e o medo” de Magalhães Pinto.

Não prometo para quando há recensões, estou num momento crucial da escrita da "Mulher Grande" e tenho afazeres profissionais inadiáveis.

Um abraço do
Mário


Memórias de um guerreiro colonial (3)
Beja Santos

A Guiné, entre 1970 e 1971

O Destacamento de Fuzileiros Especiais 12, a Unidade do Sargento Talhadas, entrou em ritmo frenético operacional, ao longo de 1970. Como ele escreve:

Foram assaltados acampamentos no interior do território. Foram feitas acções armadas contra aldeias, onde podiam pernoitar grupos de guerrilha. Foram realizados golpes de mão em áreas junto, ou mesmo dentro, do Senegal, que culminaram com a mais espectacular, a entrada na base de Sanou, dois quilómetros internada na região de Casamansa, no prolongamento das então portuguesas bolanhas de Sano e Bucaur. Mas, no ritmo operacional, a nossa fronteira verdadeira era o rio Cacheu. Saltitávamos, entre as duas margens, por um território extenso, com a parte sul totalmente despovoada de quartéis”.

Comparativamente à comissão anterior (entre 1967 e 1969), havia cada vez mais operações e os fuzos eram a única Unidade de intervenção do COP 3. O Sargento Talhadas dá a sua opinião sobre a evolução da guerra:

As unidades do Exército limitavam as suas deslocações ofensivas à volta dos seus acampamentos, que sofriam, constantemente, bombardeamentos, que os desgastavam. Havia muita desmoralização entre as tropas, chegadas à colónia, cada vez mais, com uma instrução deficiente, ainda por cima dirigida por capitães cansados. Qualquer deslocação entre dois aquartelamentos exigia a organização de toda a máquina militar desse quartel, e o movimento dessas tropas transformava-se mesmo em pesadelo, em termos de segurança”.

E relata a emboscada a elementos da Companhia de Bigene montada pelo PAIGC que, perante a fraca capacidade dos emboscados, permitiu a aproximação dos guerrilheiros. Pediu-se apoio aos fuzos que, quando chegaram, encontraram soldados completamente desorientados, encolhidos debaixo das viaturas:

Contaram então que os guerrilheiros os tentaram apanhar à mão, tendo eles escapado, andando à volta dos veículos, numa correria que mais parecia uma brincadeira entre o gato e o rato. Os homens do PAIGC, que não quiseram – ou não puderam – abater os soldados, acabaram por retirar, levando algumas armas e equipamento rádio. Fez-nos recordar um episódio da guerra do Solnado”.

O Sargento Talhadas não esqueceu Sambuiá, o cemitério de fuzileiros na Guiné. Era um ponto estratégico, uma zona de cambança do PAIGC do interior do Senegal para sul do Cacheu, terreno de vegetação frondosa, mata fechada, muito palmeiral e abertas com capim alto. O inimigo tinha na região alguns grupos de combate. Foi aí que em 24 de Outubro de 1970 morreu o telegrafista Max Mine. O inimigo fez uma emboscada perfeita, com diferentes grupos, os fuzos perderam capacidade de manobra. Max Mine fora atingido gravemente com uma bazucada. Os helis vieram salvar a situação, com o Lobo Mau à frente. Escreveu então à namorada:

Fomos emboscados e quase todo o destacamento foi apanhado em campo aberto. É terrível sentir a morte de um colega, com o qual vivíamos há nove meses. Era um jovem satisfeito com a vida e que assim de um momento para o outro desaparece”. E o autor explica Max Mine: “De seu nome Ulisses de Pereira Correia, adquiriu essa alcunha nas andanças de comboio entre a sua Beira Baixa e Lisboa. Quando lhe perguntaram em que carruagem vinha ele, respondeu: na do Max-Min, referindo-se ao facto de estar indicado apelas os lugares a informação de mudança de temperatura, conforme se queria mais calor ou mais frio”.

As recordações de Max Mine permitiram ao autor regressar à base de Sano e a novas Operações com destruição de moranças e captura de material.

Da base de Ganturé, donde os fuzileiros vigiavam o Cacheu, a Unidade do Sargento Talhadas partiu para dar protecção à construção de uma estrada alcatroada entre Teixeira Pinto e Cacheu: durante 24 horas consecutivas, uma Unidade de Fuzileiros patrulhava a região e ao fim desse tempo era substituída por uma Companhia de Comandos. Depois do assassinato de três majores e um alferes, em Abril de 1970, o estado de espírito em Teixeira Pinto era de desalento e frustração. Cresceram as tensões e ouve mesmo confrontação entre militares, entre fuzos e soldados africanos. A Unidade do Sargento Talhadas foi punida, foram metidos numa lancha, ficaram três dias ao largo de Bissau. Daí foram transferidos para Porto Gole. Foi a partir daqui que passaram a intervir na região do Corubal. Voltaram a destruir acampamentos e, na região de Gampará capturaram imenso material e destruíram um hospital. Recebe o segundo prémio Governador da Guiné, é condecorado com a medalha de Valor Militar com Palma, casou.

Na segunda metade de 1971 voltou a Ganturé, recomeçaram as Operações, capturaram o Comandante, mas a vida no COP 3 passara a ser desinteressante. A qualquer momento, a guerra reacendia-se, as tropas especiais pouco mais podiam fazer que fazer recuar temporariamente as forças do PAIGC.

A comissão acabou, o Sargento Talhadas ficou na Marinha, foi destacado para a capitania de Setúbal.


Por fim, Angola

Tudo começara em Angola, tudo iria acabar em Angola. A seguir ao 25 de Abril, foi-lhe feito o convite para integrar uma Unidade que iria preceder à transição dos postos navais para os antigos guerrilheiros ao longo do rio Zaire. Ele pensava que ia voltar à Luanda dos tempos maravilhosos da sua adolescência. Encontrou uma cidade cheia de medo onde se movimentavam os refugiados à procura do primeiro meio de transporte para fugir. Partiu para o rio Zaire e precedeu à entrega do posto da Pedra Feitiço à FNLA. Surgiram os desacatos e as tensões. O Sargento Talhadas não apreciou o que viu em gente que renegava aos seus princípios. Volta à Luanda e assiste ao caos, que ele descreve minuciosamente. E por fim deixou Angola abordo do paquete Uige:

Eu que fora um guerreiro colonial de alma e coração, abandonava a terra de expansão portuguesa, sem glória”.

Encostado à amura do navio, as lágrimas rolam-lhe pela face. A pátria em que acreditara deixara de existir.

As memórias do Sargento Talhadas são expressivas, na singeleza de alguém que não precisa de promover vanglórias ou dourar a imagem. Tudo ressuma a sinceridade, sente-se que ele responde por tudo quanto experimentou e observou. Disciplinado, não deixa de protestar perante inúmeras injustiças que presenciou. Por todas estas razões, o registo de todas as suas recordações merecia ser amplificado pelo próprio, juntando-se a ele muitos outros testemunhos das forças especiais.

Este livro passa a pertencer ao património do blogue.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 25 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5011: Notas de leitura (24): "Memórias de um guerreiro colonial", de José Talhadas - Parte II (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P5030: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (7): Servir Bissau: uma contenda inglória onde o pesadelo e o ronco se misturavam

1. Mensagem de José da Câmara (*), ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73, com data de 25 de Setembro de 2009:

Olá Carlos,
Junto encontrarás mais uma página das minhas memórias.
Como sempre faz aquilo que entenderes por bem.

Um abraço amigo com votos de muita saúde para ti e para toda a tabanca.
José Câmara


Servir Bissau: uma contenda inglória onde o pesadelo e o ronco se misturavam

Acabada a cerimónia de recepção às forças agora chegadas à Guiné, o Comandante da CCaç 3327, Cap Mil Rogério Rebocho Alves, reuniu com todos os graduados. Nessa reunião ficámos a saber que um GCOMB iria de imediato para o destacamento de Dungal, o qual seria rendido de quinzenalmente. Para além do Grupo de Combate, uma Secção foi reforçar o destacamento de Nhacra. O objectivo era adaptar a Companhia ao mato da Guiné. Os outros dois GCOMBS e duas Secções ficariam em Bissau, tendo como principal missão a segurança de algumas instalações militares, o patrulhamento dos bairros de Bissau, das tabancas e zonas limítrofes da cidade, e os serviços próprios de qualquer quartel. A tudo isso se juntava a Guarda de Honra que, semanalmente, se fazia no cemitério na exumação dos nossos camaradas caídos pelos diferentes pedaços da Guiné. Traumatizante demais para os soldados da minha Companhia. Antes da sua guerra já tinham contacto com a morte.

As instalações, cuja segurança militar ficariam à guarda e responsabilidade da CCaç 3327, eram as seguintes:

1 – Palácio do Governador da Guiné
2 – Quartel da Amura
3 – Instalações da Rádio
4 – Hospital Militar 241
5 – O Laboratório

Naquela reunião, o Comandante da Companhia solicitou três voluntários para chefiarem os serviços da Guarda ao Palácio do Governador. Ninguém se ofereceu para este trabalho, aparentemente fácil, mas de uma grande responsabilidade. Assim, a escolha do próprio Comandante recaiu no Fur Mil de Operações Especiais, Carlos Alberto R. P. da Costa, no Fur Mil de Armas Pesadas Manuel Lopes Daniel e em mim. Nós, os indigitados para o serviço ao Palácio do Governador, ficámos ainda com a responsabilidade de fazermos um serviço de Sargento de Dia, na rotação normal, que acontecia de oito em oito dias.

O trabalho em Bissau era intenso, embora não oferecesse os perigos que o mato escondia. Para se ter uma ideia daquela intensidade, ao fim de trinta e sete dias de Guiné ainda foram encontrados três soldados sem um dia de folga. A intensidade do trabalho aliado à disciplina imposta pelo Comandante do AGRBIS transformou esta estadia em Bissau num autêntico pesadelo.

Nesta contenda inglória que foi a nossa guerra em Bissau, os únicos felizardos fomos nós, os Sargentos da Guarda ao Palácio. O nosso trabalho era, comparativamente com o trabalho dos nossos camaradas, bastante mais suave. Mesmo assim, um dos meus camaradas de serviço ao Palácio, não se livrou do castigo à ordem. O furriel viu-se obrigado a participar de um soldado adido à nossa Companhia, na altura sob o seu comando, que se ausentou do seu posto de serviço, sem a devida autorização ou substituição. Na sua primeira e única participação que fez, o furriel não indicou o artigo do RDM infringido e esse lapso foi o suficiente para que fosse castigado com cinco dias de detenção. O soldado foi punido com vinte dias de prisão.

Entrámos de imediato ao serviço (28 de Janeiro de 1971) ao Palácio, embora, os primeiros dias fossem apenas de sobreposição e sem qualquer responsabilidade da nossa parte. Tomámos o primeiro contacto com aquilo que seria a nossa responsabilidade. A nossa missão principal seria, sem dúvida, a segurança diária do Palácio, e, todo o aparato que englobava o içar da bandeira e o render da guarda ao Domingo. Nas tarefas diárias e no Render da Guarda a colaboração dos cabos e dos soldados era fundamental. O seu aprumo, destreza e rapidez em todos os processos envolvidos eram primordiais para o sucesso da missão. Acrescento, com algum orgulho, que os soldados da minha Companhia estiveram à altura da missão.

A guarda ao Palácio englobava as seguintes forças essenciais:

a) - Uma Secção de tropa regular, comandada por um Sargento da Guarda, que tinha a seu cargo os postos de sentinela ao fundo do jardim e ainda um posto de sentinela ao lado direito do jardim. A segurança era feita durante o dia do lado de fora do jardim. Com o render dos postos de sentinela às seis horas da tarde a segurança passava a ser feita do lado de dentro dos muros.
b) - Uma Secção da Polícia Militar, incluindo um sargento e um oficial, que tinha a seu cargo o pórtico principal do Palácio e o portão lateral de serviço geral.
c) - Durante a noite, entre as dezoito e as seis horas, a segurança era reforçada com um elemento da Polícia de Segurança Pública, que ficava encarregado do espaço entre a casa da guarda e do pessoal civil servente do Palácio e o edifício principal.
d) - Também durante a noite, a segurança era ainda reforçada com um cão treinado em segurança e respectivo tratador, na altura um pára-quedista, que tinha a seu cargo o patrulhamento do interior do jardim


Com a devida vénia ao autor da fotografia. Vista aérea de Bissau sendo bem visível o complexo do Palácio. 1 – Casa da Guarda 2 – Casa da Polícia Militar

Toda a responsabilidade da segurança recaía nos ombros do sargento da guarda. Cabia-lhe a implementação das regras estabelecidas. Mantinha em ordem todo o material de guerra à sua disposição: metralhadoras, munições e granadas de mão. Era responsável por encaminhar todas as mensagens chegadas via CTT, conforme o seu grau de segurança. Respondia directamente ao Oficial Ajudante de Campo do Governador sobre qualquer assunto de segurança julgado pertinente. Elaborava e assinava o seu relatório de serviço que era entregue no Comando do AGRBIS logo após a sua chegada a este complexo militar.

Durante cerca de dois meses, essa foi parte do meu trabalho, esta foi a minha Guerra em Bissau. Mantive, sempre, óptimas relações com todas as forças de segurança, incluindo os oficiais da Polícia Militar, que nunca me regatearam a sua compreensão. Encontrei no Ajudante de Campo do Governador, na altura um capitão, muito mais que um militar. Nesse oficial encontrei alguém que compreendia que nós, militares obrigados ao serviço, éramos pessoas que cometíamos erros, que falhávamos, mas que também tínhamos qualidades humanas a respeitar.

Fev71 - O Fur Mil José Câmara, Sargento da Guarda, no interior do jardim do Palácio do Governador da Guiné

Devo confessar que as boas manobras militares sempre me fascinaram. A organização, a ordem, a unidade, a beleza do movimento são, essencialmente, a base desse fascínio. Ainda hoje isso acontece.

Em Bissau, em frente ao Palácio do Governador, iria ter a oportunidade de ver essas manobras ao mais alto nível, e, eventualmente, participar nelas, quiçá a pior parte. A responsabilidade era grande, pois milhares de pessoas observavam, ao pormenor, essas manobras na praça do Império e o desfile das tropas na Avenida da República.

No Domingo de manhã acontecia ronco grande em Bissau

O atavio militar das Praças da Guarda era o fardamento n.º 2, com cordões brancos nas botas, tendo como armamento a G3. O Sargento da Guarda também vestia o fardamento n.º 2, com luvas brancas e cordões das botas da mesma cor. O seu armamento era a FBP. Durante a cerimónia o carregador na arma estava vazio. Em verdade se diga, os carregadores que estavam nas cartucheiras estavam devidamente carregados.

Postal da época da Guerra na Guiné - Aspecto do Render da Guarda

Para além das Praças da Guarda, as Forças em Parada eram, normalmente, as seguintes: dois Grupos de Combate reduzidos, nesta nossa participação, da CCaç 3327, com fardamento n.º 2 e G3, um Pelotão da Polícia Militar em camuflado e G3, e um Grupo do Destacamento de Fuzileiros Navais em fardamento branco e G3. Os Leopardos (se a memória não me falha essa era a sua sigla e sujeito a correcção) de Bissau, com os seus inconfundíveis turbantes vermelhos, eram a Banda Militar que nos acompanhavam nestas cerimónias.

Após o içar da bandeira e o render da Guarda, as forças desfilavam pela Avenida da República indo destroçar junto ao Quartel da Amura.

Postal da época da Guerra na Guiné – A excelente Banda Militar de Bissau

Nunca poderei esquecer a atenção e o respeito que os guineenses demonstravam nestas cerimónias. Novos e velhos, homens e mulheres seguiam com muita atenção todos os pormenores do içar da bandeira e do Render da Guarda. Vi muitos deles saudar com continência a Bandeira que subia no mastro, e senti o calor de milhares de palmas quando as nossas tropas acabavam as manobras em frente ao Palácio e desfilavam pela Avenida da República. Nestas ocasiões, devo confessar, não sentia que os guineenses procuravam a sua independência. Quanto muito desejavam a paz, a mesma paz que nós procurávamos. Nós éramos a sua esperança.

Foi essa atenção, respeito e calor humano que eu senti das populações da Guiné, num simples içar de uma Bandeira Nacional e de um desfile militar, que começaram a despertar em mim o amor por aquela terra mártir e a sua gente que, ainda hoje, perdura e... perturba.

José Câmara
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 10 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4935: Os Nossos Enfermeiros (4): Valioso trabalho desenvolvido pelo Fur Mil Enf Rui Esteves (CCAÇ 3327) e a sua equipa (José da Câmara)

Vd. último poste da série de 6 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4906: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (6): AGRBIS, um inferno no meio da guerra

Guiné 63/74 - P5029: Meu pai, meu velho, meu camarada (16): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (3) (Luís Graça)

Luís Henriques (n. 1920, Lourinhã) é mobilizado para Cabo Verde durante a II Guerra Mundial. Com 21 anos por completar, era o 1º Cabo Inf, nº 188/41, 1º Pelotão, 3ª Companhia, 1º Batalhão, Regimento de Infantaria nº 5 (Caldas da Rainha). Esteve no Mindelo, S. Vicente, entre Julho de 1941 e Setembro de 1943. Neste episódio, conta como foi de táxi da Lourinhã para Lisboa, em estrada de macadame (70 km), com mais camaradas, chegando atrasado à formatura para o embarque, em 15 ou 16/7/41... Ouve, pela última vez, marchando a caminho do Cais da Rocha Conde de Óbidos, a voz da sua amiguinha Fernandinha que se veio despedir dele e dos demais "soldados que iam para a guerra"...

Vídeo (4' 15''): Luís Graça (2009). Alojado em You Tube > Nhabijoes

Lourinhã > Rua Grande (ou Roão Jpão Luís de Moura)> Praça de táxis > Finais dos anos 40, c. 1950 (?) > Postal da época... Do lado esquerdo, não visível na foto, a Escola do Ensino Primário Conde de Ferreira onde estudei (1954/58), infelizmente já deitada abaixo tal como o coreto, do Largo Coreto, ao lado da Igreja Matriz, antiga igreja do convento dos Franciscanos, coreto de que se vê, na foto, à esquerda, uma nesga da cobertura...

É uma rua bonita, do Séc. XVIII... Para ñós, era a Rua Grande, por onde passva todo o trânsito local, regional e nacional (Felizmente, hoje é uma rua pedonal... A política do bota-abaixismo do presidente da Câmara Municipal deposto com o 25 de Abril de 1974, levou à perda deste belíssimo património edificado, a escola e o coreto... O edifício, nas traseiras da praça de táxis, também já não existe... O resto da praça mantêm-se de pé, em especial os edifícios do lado esquerdo (antigos edifícios da Repartição de Finanças e do Tribunal da Comarca; neste último está instalado o Museu da Lourinhã, onde se pode ver uma das mais valiosas colecções paleontológicas da Europa).

Caldas da Rainha > "15/7/41. A despedida das tropas expedicionárias de Cabo Verde. R.I. 5, Caldas da Rainha. Luís"



Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > S/ legenda nem data. O Serpa Pinto ao largo da Baía do Porto Grande, Mindelo (presume-se). Esteve ao serviço da Companhia Colonial de Navegação desde 1940 a 1954, senão me engano. Foi comprado em 2ª ou 3ª mão...

Cabo Verde >S. Vicente > Mindelo > "23/7/1941. Chegada ao 1º Batalhão Expedicionário do R.I. nº 5 a São Vicente, Cabo Verde. Na fotografia estou eu com alguns camaradas da minha companhia. No porto do Mindelo fomos entusiasticamente recebidos. Luís Henriques". [Partida a 15 (?) ou talvez 16 de Julho de 1941, do Cais da Rocha Conde de Óbidos, Lisboa].

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Luís Henriques em 10 de Maio de 1942. Na praia do Monte Branco, Lazareto, S. Vicente".

"Todas as manhãs depois do trabalho é o banho, a nossa alegria. Nesta altura pouco sabia nadar. Julho de 1942 [, um ano depois de ter chegado à ilha]. Luís Henriques". [ Devido à frequente presença de tubarões, a praia de banhos tinha algumas protecções; o mai pai contava-me histórias dos temíveis tubarões que infestavam a costa de Cabo Verde...]

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Um número de ginástica feito pela 2ª Companhia que deixou uma boa impressão à assistência. Lazareto em festa, aos 23 de Julho de 1942 [, 1º aniversário da chegada à Ilha]. Luís Henriques".

Cabo Verde > Ilha de S. Vicente > Mindelo > "Comemoração de Aljubarrota em S. Vicente. Desfile de todas as tropas e viaturas.. A 1ª e a 3ª Companhias do [1º Batalhão do] R.I. 5. Mindelo, 14/8/43". (*)

Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservadas

Cabo Verde > Barlavento > Ilha de S. Vicente > Mindelo > Belíssima "vista da cidade de Mindelo na baía do Porto Grande, com o Monte Cara (à esquerda) e Santo Antão (ao fundo, à direita)"...

A cidade "ocupa uma área total de 67 km² a noroeste da ilha, na Baía do Porto Grande, porto natural formado pela cratera submarina de um vulcão com cerca de 4 km de diâmetro. O Ilhéu dos Pássaros com 82 metros de altitude e que hospeda um pequeno farol, sinaliza a outra extremidade da cratera"...

Capital do concelho de S. Vicente, Mindelo, cidade cosmopolita, é a segunda maior do arquipélago (a seguir à Praia, capital política e administrativa do país), tendo cerca de 70 mil habitantes... No seu liceu (o único do Barlavento), estudou Amílcar Cabral (foi para lá aos 17 anos, em 1941). É também o berço da morna, a terra do Bana e da Cesária... Tem um ciclo de fomes, secas e epidemias mas também de contestação social que marcaram as suas gentes...

Para saber mais sobre a sua história (económica, social e cultural) do Mindelo, vd. excelente artigo da Wikipédia (que é omisso, no entanto, sobre o importante contingente de tropas portuguesas expedicionárias durante a II Guerra Mundial).

Foto: Pitt Reitmaier (2005). Imagem copyleft. Fonte: Wikipédia (com a devida vénia...)
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de

28 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5022: Meu pai, meu velho, meu camarada (15): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (2) (Luís Graça)

27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)

27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5019: Meu pai, meu velho, meu camarada (13): Mindelo, ontem e hoje ( Lia Medina / Nelson Herbert / Luís Graça)

20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P5028: (Ex)citações (48): Leiam os lábios dos poetas: O Portugal Futuro, de Ruy Belo (Luís Graça)

1. Comentando o poste de 28 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5024: Da Suécia com saudade (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (13): Portugal é um país de tolerância e humanismo

(...) Caro António Graça de Abreu!

O poeta Ruy Belo [foto à esquerda] (não meu familiar) escreveu:
-O meu país? O meu país é o que o mar não quer! (...)

As palavras são de outro Belo, o José, um camarada da Guiné, um português da diáspora em terra de Vikings, ...

Deixem-me que cite um dos meus poemas preferidos do Ruy, que a Pátria, ingrata, deixou morrrer ou matou precocemente... em 1978. Como tem deixado morrer ou matado, precocemente, alguns dos melhores de nós... Permitam-me também a pequena vaidade de citar a minha dedicatória, à Alice, à Joana e ao João, constante da minha tese de doutoramente em saúde pública, Política(s) de saúde no trabalho: um inquérito sociológico às empresas portugueses (Universidade Nova de Lisboa, 2004). (*)

Dedicatória

À minha mulher Alice e aos meus filhos Joana e João. Eles têm sido os meus grandes companheiros da aventura da vida. E são as únicas pessoas do mundo a quem eu tenho o dever de não decepcionar. Eles foram uma fonte estimulante de inspiração e um ponto fulcral de apoio no decurso da realização deste trabalho. A investigação e a escrita são um longo e às vezes doloroso exercício de solidão. Com eles e por eles consegui vencer a minha atávica síndroma do ponto final. Espero que eles tenham sempre orgulho em mim. Eu tenho orgulho neles. E sobretudo confiança. Porque eles fazem parte da ideia do Portugal futuro, aqui tecida por um homem de palavra(s) como eu, e um dos meus poetas favoritos, Ruy Belo. LG.
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É também uma homenagem, a minha homenagem pessoal, aos nossos dois camaradas que hoje fazem anos, o António Bastos e o Manuel Vieira Moreira... Que eles continuem a poder dizer, tal como o poeta: Portugal será e lá serei feliz... (**) L.G.

Ruy Belo:

O Portugal futuro


O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro


In Belo, R. (2000) - Todos os Poemas.
Lisboa: Assírio & Alvim. 366-367.

______________

Notas de L.G.:

(*) Último poste desta série (Ex)citações:

20 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4983: (Ex)citações (47): Sexo e amor em tempo de guerra (Juvenal Amado / S.N.)

(**) Vd. postes de:

29 de Setembro de 2009 >Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)

29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)

Guiné 63/74 – P5027: Estórias do Fernando Chapouto (Fernando Silvério Chapouto) (6): As minhas memórias da Guiné 1965/67 – A morte do Fur. Mil. Tomé!

1. Continuamos a publicar as memórias do nosso Camarada Fernando Chapouto, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 1426, que entre 1965 e 1967, esteve em Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda. Este é o 6º poste desta sua série, continuando os postes P4877, P4890, P4924, P4948 e P4995:


AS MINHAS MEMÓRIAS DA GUINÉ 1965/67

A morte do Fur Mil Tomé!

Camamudo. Da esquerda para a direita: O Autor, o Furriel Tomé e o Amareleja (soldado da Secção do Furriel Tomé)

Em Março, entramos num programa de rotatividade entre Camamudo, Cantacunda, Banjara e Geba. Dois meses em cada lugar. Começamos por Camamaudo/Cantacunda, onde a vida era comer, dormir, caçar, jogar à bola e, de vez em quando, dar uma volta pelas Tabancas a fim de verificarmos se tudo estava normal e se era necessário alguma coisa da nossa parte.

Em princípios de Maio de 1966, seguimos para Banjara, mais umas operações, mais emboscadas do IN, sem quaisquer resultados práticos ou nefastos para as nossas tropas.

No perímetro exterior, em volta do destacamento, haviam inúmeras armadilhas colocadas pelo Furriel Tomé, para nossa segurança interna.

Por volta de meados deste mês a alimentação escasseou, pelo que, tivemos que recorrer à caça, chegando muitas vezes a irmos até Mansaina em busca de javalis da bolanha, mas, além de alguns rastos, nem vê-los.

Até que no dia 22JUN66 o pior aconteceu, por volta das 07h00/07h30 da manhã, o Furriel Tomé passou por mim, quando eu estava a escrever um “bate-estradas” para a família e me disse, para eu lhe guardar o pequeno-almoço (dado que era eu o responsável pela alimentação, além de estar sempre pronto para todo o serviço), dizendo-me que ia à caça.

Como era costume ele fazer essas saídas sozinho não me preocupei. Passados uns minutos largos, ouvi um forte rebentamento na direcção para o lado onde ele se tinha deslocado.

Eu saí cá fora e pensei: «O Tomé já se foi!».

Por volta das 10h00/10h30, ainda não havia qualquer sinal do Tomé. O Alferes disse-me: «O Tomé ainda não chegou, mas não há problemas pois já é hábito ele, só chegar tarde».

11h00 nada, 11h30 nada. Fui ter com o Alferes e disse-lhe: «Aquele rebentamento está-me a cheirar a esturro, temos que ir à procura dele.»

Nem uma resposta do Alferes. Ao meio-dia, ainda não havia qualquer sinal do Tomé.

Perante a passividade do Alferes, pedi-lhe autorização para ir à procura dele.


Com a sua anuência, chamei um elemento da secção que tinha andado com ele a armadilhar a periferia e, acompanhado da minha secção, da secção do Tomé e da do Furriel Catrola, que também se ofereceu para ir, fomos pela picada fora à sua procura.

A picada era pouco usada, encontrando-se coberta de mato alto e denso. Passados mais ou menos uns quinhentos metros, detectamos a primeira armadilha por ele montada e verifiquei que estava tudo em ordem. Continuamos a marcha em fila indiana, mais uns quinhentos metros em linha aproximadamente, a que se seguia uma curva. Eu ia na retaguarda e, a dado momento, vi todos os que seguiam à minha frente atirarem-se para o chão. Eu fiquei em pé sem saber o que se passava. Fui então ter com o pessoal mais avançado, que me disse que estava alguém deitado no chão, a uns duzentos e cinquenta metros.

Logo me apercebi que aquele vulto era o meu Camarada Tomé.

Combinei com o Catrola a estratégia a adoptar para nos acercarmos do corpo. Eu ia por um dos lados da picada, por dentro do mato, e ele ia pelo outro lado. A secção mais avançada ficou onde estava e só avançaria, se eu desse ordem nesse sentido, ou em caso de emergência, se fosse preciso, avançaria em nosso auxílio sem qualquer ordem.

Também ficou estabelecido que eu verificaria se o corpo estava armadilhado.

Iniciamos então a movimentação conforme o previsto e quando passei ao lado do corpo, pois fui mais até mais à frente um pouco bater a zona, verifiquei de imediato que o corpo era o do Furriel Tomé.

Como não detectei nada suspeito e depois de tomar todas as precauções necessárias à nossa segurança, desloquei-me até ao local onde estava o corpo prostrado e fiz uma pesquisa, em volta e por baixo do cadáver, a ver se encontrava alguma armadilha.

Não encontrei nada, pelo que passei à verificação se o corpo estava mal tratado e, para meu espanto, nem um arranhão se via, excepto um pequeníssimo orifício por baixo da orelha esquerda.

A bandoleira da G3 estava toda estilhaçada, mas a minha maior surpresa era a posição em que ele se encontrava, de joelhos com os braços em cima das pernas e a cabeça metida entre os joelhos.

Perguntei a mim mesmo como foi possível, cair numa armadilha colocada por ele próprio, o que só pode ser justificado pelo seu esquecimento do local da colocação.

Arranjaram-se uns voluntários para irem buscar uma maca e outros para transportarem o corpo.

Como a maca nunca mais chegava, carregamos o Tomé às costas até ao aquartelamento, ficando estendido na cave, em cima dumas tábuas o resto do dia e durante a noite, porque só no dia seguinte é que uma coluna o veio buscar.

Secção do Furriel Tomé (o quinto a contar da esquerda), na foto ajudando a construir o abrigo em Banjara, em DEZ1965, e que faleceu em 22JUN66, numa armadilha montada pelo próprio

Um forte abraço do,
Fernando Chapouto
Fur Mil Op Esp/Ranger da CCAÇ 1426

Fotos: © Fernando Chapouto (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de MR:

Vd. postes anteriores desta série, do mesmo autor, em:

Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)

O nosso camarada Manuel Vieira Moreira (*), ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69, hoje dia 29 de Setembro de 2009, acrescenta mais um ano de vida na sua existência, que esperamos se prolongue por mais uns poucos de anos, digamos até aos 100, porque quando estivermos lá perto, será uma meta ao alcance do comum mortal.

Muito a sério, desejamos todos, que esta data festiva seja repetida por muitos e bons anos, com qualidade, junto de quem lhe quer bem..



Manuel Moreira apresentou-se à Tabanca em Novembro de 2008, assim:

Olá, Luis Graça.

Sou Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mecânico Auto da CART 1746 que esteve em Bissorã de Julho de 1967 a Janeiro de 1968 e Ponta do Inglês, onde fiz a "Canção da Fome" (**), enviada pelo meu grande amigo e conterrâneo Paulo Santiago (somos ambos de Aguada de Cima) e Xime de Janeiro de 1968 a Junho de 1969.

Teria muito gosto em saber o endereço do nosso amigo Sousa de Castro.

Um Grande Abraço.



(**)CANÇÃO DA FOME

Estamos num destacamento,
A favor de sol e vento,
Na Ponta do Inglês .
Não julguem que é enorme
Mas passamos muita fome,
Aos poucos de cada vez.

A melhor refeição
Que nos aquece o coração,
É de manhã o café;
Pão nunca comi pior
Nem café com mau sabor
Na Província da GUINÉ.

Ao almoço atum a rir
E um pouco de piri-piri,
Misturado com Bianda,
E sardinha p´ró jantar
E uma pinga acompanhar
Sempre com a velha manga.

Falando agora na luz
Que de noite nos conduz
As vistas par' ó capim:
Se o gasóleo não vem depressa,
Temos Turras à cabeça,
Não sei que será de mim.

Quando o nosso coração bole,
Passamos tardes ao Sol
Junto ao Rio, a esperar
De cerveja p'ra beber
E batatas p'ra comer
Que na lancha hão-de chegar.

A fome que aqui se passa
Não é bem p'ra nossa raça,
Isto não é brincadeira
E com isto eu termino
E desde já me assino

...MANUEL VIEIRA MOREIRA.
__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1009: Cancioneiro do Xime (1): A canção da fome (Manuel Moreira, CART 1746)

24 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2066: Em busca de... (9): Malta da CART 1746, a unidade do Alf Mil Gilberto Madail e do 1º Cabo Manuel Moreira (J. M. OIiveira Pereira)

27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69

12 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4177: Tabanca Grande (133): Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69

Vd. último poste da série de 29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)

Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)

Hoje, dia 29 de Setembro de 2009, está de parabéns o nosso camarada António Paulo Bastos (*), 1.º Cabo do Pel Caç 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66.

Ao António Bastos, vimos através do nosso Blogue, desejar-lhe um dia muito feliz junto dos seus familiares e amigos, e que esta data seja festejada ainda por muitos anos, cheios de saúde e boa disposição

Recordemos um dos seus contactos com o nosso Blogue:

Amigos companheiros da Tabanca Grande, a todos um saudoso Natal e um próspero Ano Novo. Que o novo Ano lhes traga tudo de bom e que os companheiros que ainda não foram à Guiné, vão este Ano.

Amigo Carlos, perguntas-me se não quero fazer parte da Tabanca Grande? Pois meu amigo, eu agradeço o convite e vou aceitar, porque sou dos que não larga a Net, a procurar tudo que diga respeito à Guiné ou até à guerra.

Amigo, sobre mandar fotos da minha guerra e sobre as que fiz das vezes que lá voltei (3) poucas tenho, mas tenho alguns vídeos. Também te informo que sobre computador sou um autêntico analfabeto, sempre que preciso de alguma coisa tenho de pedir ajuda.
Mas vou tentar enviar algumas.

Vou falar sobre a minha vida militar.

No dia 12 de Janeiro 1964 assentei praça no RAAF de Queluz, depois fui transferido para uma Bateria que existia em Porto Btandão, aí fiz a recruta e jurei bandeira em Queluz. Depois foi para o RI1 na Amadora onde fiz a especialidade. Tinha como oficial comandante de pelotão, um Tenente que se chamava (já faleceu) Nuno Nest Arnout Pombeiro que era genro do Comandante da Unidade, Coronel Américo Mendonça Frazão (faleceu como General). Aí acabei a especialidade e fui mobilizado para a Guiné, incorporado num Pelotão Caçadores 953, independente.

Embarquei para a Guiné no dia 15 de Julho de 1964, onde cheguei a 21. Desembarquei e fui para Amura, aí permaneci duas horas, sendo depois escoltado pela Polícia Militar até João Landim, onde rendemos o Pelotão Caçadores independente 857.

Dali fomos para Bula, Comando de Batalhão 507, cujo Comandante era o Tenente Coronel Hélio Felgas (já falecido). Depois das apresentações fomos para Teixeira Pinto, onde ficámos adidos à Companhia de Artilharia 527, comandada pelo capitão António Amorim Varela Pinto.

Eram já 16 horas quando almoçámos, dali seguimos para Cacheu onde permanecemos até ao dia 9 de Março de 1965, regressando novamente a Bissau para seguirmos para Farim, via Mansoa e Mansabá. Jantámos e às quatro horas da manhã seguimos então para Farim.

Aí já nos esperava o BCav 490, comandada pelo Tenente Coronel Cavaleiro. Permanecemos lá uns dias.

No dia 23 de Março de 1965 deu-se a grande invasão de Canjambari onde a guarnição era composta pelas Companhias 487 e 488, Pelotão Morteiros 980, um Pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Africanos, um Pelotão Auto-metrelhadoras e o meu, o 953.

Eram 6,30 horas quando rebentou uma mina debaixo de uma GMC e começámos a embrulhar até às 16,00 horas. Quando os T6 largaram as bombas, o IN logo nos deixou, mas por poucos dias, porque depois começaram a atacar-nos no acampamento. Este era para ficar em Canjambari praça, mas o Comandante mandou-nos recuar para Canjambari Morcunda.

Começámos logo a fazer o aquartelamento com palmeiras. De dia trabalhava-se, de noite era um desassossego, porque vinham visitar-nos e fazer alguns tiritos. Também tínhamos as operações a nível de duas secções de brancos e uma de africanos. Infelizmente numa dessas operações tivemos duas baixas na 488. Os trabalhos e até a pista para a avioneta foram todos feitos à força de braço.

Com a saída do BCav 490, veio o 733, comandado por Tenente Coronel Glória Alves, que infelizmente nos deixou no dia 30 de Novembro. Passámos a descansar e viemos para Jumbembem onde permanecemos três meses, regressando um mês a Canjambari.

Em Maio de 1966 regressámos a casa.

Um pouco abreviado é esta a minha vida militar.

Amigos e companheiros desculpem-me alguns erros, mas foi uma 4.ª classe tirada a martelo.

Vou-me despedir e desejando a todos os amigos um Natal muito feliz.
Até breve
A.Paulo Bastos




__________

Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

26 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3524: O Nosso Livro de Visitas (46): A. Paulo, Pel Caç 953, Guiné, 1964/66

12 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3610: Tabanca Grande (104): António Paulo Bastos, 1.º Cabo do Pel Caç 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)

16 de Dezembro de 2008> Guiné 63/74 - P3637: Em busca de... (58): 2.º Sargento Coelho da 1.ª CCAÇ Africanos (Farim) (António Paulo Bastos)

3 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3837: Memória dos lugares (16): Cacheu, 1964 (António Paulo Bastos, Pel Caç 953, 1964/66)

14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4187: Convívios (108): Pessoal dos Pelotões 953; 954; 955; 956 e 1.ª CCAÇ Africanos, em Azeitão, dia 2 de Maio de 2009 (António Bastos)

26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4590: Controvérsias (21): O helicóptero do PAIGC, visto na zona do Cacheu pela 1ª vez na madrugada de 13/10/64 (António Bastos)

Vd. último poste da série de 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5017: Parabéns a você (28): Luís Borrega, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72 (Os Editores)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P5024: Da Suécia com saudade (13) (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (13): Portugal é um país de tolerância e humanismo

1. Mensagem de José Belo (*), ex Alf Mil Inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70, actualmente Cap Inf Ref, a viver na Suécia, com data de 14 de Setembro de 2009:

Caros Amigos e Camaradas!

Tão perto, e tão longe, dos fuzilamentos contínuos da guerra civil espanhola, Portugal libertou-se das ditaduras do antes e depois... sem um único fuzilamento, com tudo o que isso significa de tolerância e humanismo.

Estive presente na Assembleia do MFA, nas instalações da Manutenção Militar, em Lisboa aquando do rescaldo do 11 de Março, a tal em que alguns camaradas militares, mais exaltados, mas poucos, pediam o fuzilamento dos que bombardearam o RALIS, causando mortos.

O pêndulo movimentou-se, e, aquando do 25Nov75, numa reunião no Regimento de Comandos, foram de novo sugeridos fuzilamentos, mas agora para alguns da chamada esquerda do MFA.

Em AMBAS(!!!) as ocasiões, a esmagadora maioria dos presentes repudiou vivamente estas sugestões.

E, apesar de um Camarada e Amigo, militar-poeta, ter escrito:

- Quando reacontecer Abril... na madrugada anterior, prendam-se todos os cravos(!), quero continuar a acreditar que os nossos tão, injustamente ironizados, brandos costumes, mais não são que o fantástico resultado de uma maneira de estar na vida, tão característica do nosso querido Portugal!

Um abraço amigo do
José Belo
Estocolmo 14/9/09
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4965: Os Nossos Enfermeiros (6): Os Nossos Anjos da Guarda (Joseph Belo)

Vd. último poste da série de 20 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4709: Da Suécia com saudade (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (12): O meu tecto mais não é que o soalho do vizinho

Guiné 63/74 – P5023: Filatelia(s) (4): Selos postais em circulação na GUINÉ - 1962/74 (Magalhães Ribeiro)


1. Do arquivo pessoal, do Eduardo José Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger da CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré, Brá e Mansoa 1974:

Camaradas,

Dando seguimento à série sobre a filatelia na Guiné, no período entre 1964 e 1974, contabilizei, num dos melhores catálogos da especialidade sobre selos postais das “Colónias portuguesas” do ano de 2008, emitido pela AFINSA de Portugal, que segundo indicação contou com a orientação técnica do Instituto de Expertização de Filatelia Portuguesa, 26 selos que foram postos em circulação entre 1964 e 1974, na então Guiné Portuguesa.

É evidente que nos primeiros anos de guerra deviam existir, quer em Bissau na estação central dos correios, quer nos estabelecimentos espalhados pelo território bastantes selos ainda dos anos 50.

Assim, segundo constava, era vulgar ver inúmeras cartas em circulação com selos desses anos.

Um dos fenómenos mais curiosos sobre a filatelia corrente, durante a estadia dos portugueses naquelas terras, de que me apercebi em 1974, foi o seguinte.

Nas suas breves passagens por Bissau, quer por encomendas posteriores via diversos meios, quer para seu uso pessoal, quer para desenrascar os amigos mais próximos, o pessoal que se deslocava para os diversos aquartelamentos no interior, adquiriam abastadas quantidades de selos, de modo a garantir a legalidade da sua correspondência habitual.

Depois, devido à falta de tempo para escrever às famílias, namoradas e amigos, e, ou, a desmotivações ou indisposições de diversas origens, como por exemplo dias e dias em acções repetitivas e rotineiras e por isso sem matérias inspiradoras, não utilizavam os mencionados selos.

Este fenómeno acontecia ainda que em 1974, pois eu cheguei a enviar muitas cartas para o Continente, com selos dos anos 60 e, mais curioso ainda, é que uma vez esgotados os selos postais, além de usar os aerogramas (quando os havia claro), eu, e não só, colávanos nas cartas selos da Assistência.

Engraçado é que nunca uma carta me foi devolvida, ou deixou de chegar ao destinatário por esse motivo.

Com os devidos agradecimentos à AFINSA Portugal, publico a seguir algumas das páginas do seu catálogo, em que são expostos os ditos selos e algumas das suas características identificativas.

Nesta última coluna do lado direito, podem ver-se selos da "Assistência", que eram utilizados pela tropa nacional como selos postais, vendo-se o nº 29 que circulou desde 1968 a 1974.

Um abraço Amigo,
Magalhães Ribeiro
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74

Documentos: © AFINSA Portugal (2009). Direitos reservados.
___________
Notas de M.R.:

Vd. postes anteriores desta série em:

12 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4940: Filatelia(s) (1): Amílcar Cabral (1924-1973), "fundador da nacionalidade" (João Lourenço)

15 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4952: Filatelia(s) (2): Envelopes e selos comemorativos da Proclamação do Estado da Guiné-Bissau - 1974 (Magalhães Ribeiro)

23 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5000: Filatelia(s) (3): Selos emitidos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU Após a Proclamação da Independência (Jorge Picado)

Guiné 63/74 - P5022: Meu pai, meu velho, meu camarada (15): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (2) (Luís Graça)

Cabo Verde > S. Vicente > Parte setentrional da ilha > Excerto de mapa de 2007, da autoria de Francisco Santos. Imagem copyleft (Fonte: Wikipédia).

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Matiota e a sua baía que é a melhor de S. Vicente, aonde se passa um bocado divertido. Maio de 1943. L. Henriques". (*)

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "A cidade do Mindelo e ao fundo o enorme Monte Verde [, 750 m]. Vê-se parte da baía da Galé. S. Vicente. Maio de 1943. Luís Henriques"

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Aspecto da cidade do Mindelo, tirado do Oeste [, ou seja, do lado do Lazareto]. Vê-se os importantes depósitos dos óleos (?) da Shell. Outubro de 1941".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo (ou Tibeira de Julião ?) > "Jantar em San Vicente. Nos tera. Nativos em festa. Recordação da minha estada em C. Verde (Expedição). 1941-1943. Luís Henriques".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Dias depois da nossa chegada. O regresso do banho da linda Praia da Matiota em Agosto de 1941. S. Vicente, C. Verde. Luís Henriques".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Em 18/5/43, junto às flores pois o mês indica ser primavera. Os 3 sinceros amigos são fotografados como recordando a sua expedição em C. Verde: António, José e Luís. Lazareto, S. Vicente".

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Os amigos juntos de umas tantas trincheiras perto do mar. Maio de 1942. Luís Henriques, em Vicente, Cabo Verde". [ Luís Henriques é o terceiro a contar da esquerda]

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "No dia 1 de Julho de 1942, depois de alguns quilómetros em marcha feita pelo Batalhão até à Ribeira de S. Julião [no interior da ilha, a sul do Mindelo]. Alguns cabos da 3ª Companhia, reunidos junto à quinta. Entre eles, Luís Henriques. S. Vicente" [O me pai era um militar nuito activo: fazia natação, jogava futebol e voleibol, lia, escrevia todas as semanas dezenas de cartas para os seus camaradas analfabetos; para ocuopar o tempo e manter em alta o moral das tropas, as chefias militares organizavam torneios de futebol e voleibol - muito popular na época - entre militares de diferentes ramos e unidades; parte do batalhão do meu pai estava em S. Vicente, outra parte estava na ilha vizinha, Santo Antão].

Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Junho de 1943. Alguns internados do depósito dos convalescentes. Entre eles, estou também eu, sentado, lendo [o livro ] Os Bastidores da Grande Guerra. Luís Henriques , 1º Cabo nº 188/41, 1º Batalhão Expedicionário, R.I. nº 5. S. Vicente. C. Verde" [ O meu pai é o primeiro da 1ª primeira fila, do lado direito; se não me engano, ele esteve internado cerca de 4 meses, já no final da comissão, por doença de pulmões; a morbimortalidade entre os expedicionárias era elevada].


Fotos (e legendas) © Luís Graça (2009). Direitos reservadas

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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste anterior da série: 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)