Foto: © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados.
O temo sniper, abaixo utilizado pelo Zé Dinis, só pode ser entendido em sentido figurado, claro está... É uma liberdade literária, que corre no entanto o risco ser mal interpretada... Mas esses são os eternmos problemas da comunicação humana...
O nosso o blogue é público e é de... borla (embora tenha custos directos, indirectos e ocultos, é bom que se saiba)... Ninguém paga um tostão para ler, escrever ou comentar o blogue... Nem que fzaer que fazer parte dsa Tabanca Grande... Todos, "os de fora e os de dentro", têm o direito de manifestar, com elegância e civilidade, as suas diferenças, preferências e divergências, contar as suas memórias, cultivar os seus afectos, a respeito da Guerra da Guiné, no período grosso modo que vai de 1961 a 1974... Só não há lugar aqui para os ódios de estimação... E julgo que ninguém, no blogue, cultiva ódios de estimação...e muito menos resolve a tiro... as diferenças de opinião ou de interpretação dos factos.
O meu apelo para 2011 só pode ser este: Camaradas, amigos, camaridos, leitores, visitantes (regulares ou ocasiaonais) deste espaço da blogosfera, vamos ser mais mais tolerantes, cordatos, imaginativos, criativos e sobretudo mais participativos... Mas também, meus queridos editores, conselheiros, colaboradores, autores e comentadores, vamos ter que ser mais inflexíveis, em 2011, no que diz respeito ao... respeito das nossas regras de convívio... Vamos evitar expressões, palavras ou termos que podem ser ser mal interpretados... Sniper, por exemplo, pode ser uma delas... De preferência ponha-nas em itálico, ou usem-nas com pontinhos, quando usarem a linguagem de caserna: f... ou p... ou c... (É que queremos que os nossos netos e bisnetos nos leiam...).
Em 23 de Abril de 2011, o nosso blogue fará 7 anos. Obrigados aos amigos e amigas, bem como aos ex-camaradas de armas que nos felicitaram, por estes dias, não tanto pela obra feita, como sobretudo pela multiplicação das tabancas por este país, como a de Matosinhos, por exemplo, aqui no Norte, e sobretudo pela oportunidade, através do blogue e de múltiplas iniciativas (dos múltiplos blogues, páginas na Net e no Facebook) para, ao alcance de um clique ou à distância de um braço, à mesa de um restaurante ou de uma esplanada, podermos (re)unir-nos, (re)conhecer-nos, (re)encontrar-nos, sermos solidários uns com os outros e com o povo da Guiné-Bissau, identificar a peça do puzzle do que faltava na nossa memória, confirmar a data da emboscada em que perdemos o nosso melhor amigo, partilhar a foto da bajuda que suavizou a nossa solidão, ajudar a fazer ou aliviar o luto (patológico) que ainda atinge milhares de famílias que perderam os seus entes queridos na guerra do ultramar, revisitar a aldeia onde reforçámos a autodefesa e fomos recebidos com o melhor que os aldeões nos tinham para dar, o bu...rako onde onde estivemos enterrados (como tupeiras ou ratos), o sítio onde demos e levámos manga de porrada, enfim reler com outros olhos os aerogramas e cartas que (não) mandávamos para casa, as notas que escrevemos nos nossos pequenos diários, os trilhos onde deixámos sangue, suor e lágrimas, as minas que pisámos, que levantámos, que nos estropiaram... mas também os momentos de festa, de amizade, de camaradagem, de camarigagem, como dizemos agora (o termo é do Joaquim Mexia Alves), e ainda os momentos, de loucura, de bravata, de coragem, de aprendizagem, de nobreza, de humanidade...
Confesso que nem sempre tem sido fácil... Não é fácil esquecer, não é fácil perdoar, não é fácil expor em público os sentimentos mais íntimos que ainda hoje estão associados àquela terra e àquela guerra... Mas tenhamos algum orgulho num blogue que consegue, a maior parte das vezes, unir muitas pessoas da nossa geração, independentemente do que eram e do que são...
É um blogue que é (ou pretende ser) contra o pensamento único, e que não está ao serviço de ninguém, a não ser dos combatentes que fizeram a guerra e das vítimas que a sofreram... Não sei, caros leitores, quando o blogue acaba (fisicamente...), a guerra, essa, vai acabando à medida que formos morrendo de um lado e do outro... Este ano, por exemplo, foram sete os camaradas que nos deixaram... Sem eles, a nossa Tabanca Grande ficou mais pobre e mais triste...
Estamos a agora a caminho das 2,3 visualizações de páginas... Somos 464 "tabanqueiros" registados, não conseguimos chegar à meta dos 500, mas lá chegaremos, sem pressas... São números que valem o que valem... Simpáticos, sem dúvida, mas que em contrapartida nos criam a todos nós, editores, colaboradores, apoiantes, autores, leitores... uma acrescida responsabilidade. Há muita gente que nos lê e que todos os dias espera mais e melhor... Como fundador, administrador e editor de um blogue (que é feito a muitas mãos), não posso nem devo ser juiz em causa própria: atrever-me-ia, no entanto, a dizer que devemos ter uma pontinha de orgulho também pela obra feita e sobretudo pela cultura de tolerância e de convivialidade que temos vindo a construir...
Espero que continuemos a ser, ontem, hoje e amanhã, sobretudo leais e frontais uns com os outros, na diversidade que é também a nossa riqueza: é, de resto, a lealdade e a frontalidade, o que se espera de um camarada, é o que que se exige de um amigo, e por mais razão ainda é o que define verdadeiramente um camarigo... Lealdade não é unanimismo, nem seguidisimo, nem hipocrisia; e frontalidade é assertividade, é sermos capazes de falar para os outros, olhos nos olhos, sem recurso à picardia, difamação, insulto ou insinuação...(LG).
1. Mensagem pré-natalícia do nosso camarigo José Manuel Matos Dinis, com data que o para o caso já não interessa, porque passou a ser intemporal:
Olá juventude, boa noite!
Ligo o computador e leio estas mensagens. Antes do mais, quero agradecer-vos a confiança que em mim depositam, e espero continuar a merecer. Hoje de manhã fiz um comentário sobre o que me parece ser o busílis. Se me permitem, vou passar adiante sobre o texto original do Eduardo, a resposta do Vasco, as preocupações do Torcato e do Zé Brás.
Não vou pelos heroísmos, que alguns relatam com maior ou menor sobriedade, mas refiro-me aos vedetismos e às tricas. Por isso, no tal comentário, propunha alguma contenção e cuidado no discurso escrito. Temos entre nós um camarada que se farta de apresentar trabalho, e adoptou uma posição de quase outsider, provavelmente para não alimentar polémicas. E tem-se aguentado. Já pensei adoptar a mesma atitude, acabar a história da minha CCaç e arrumar as botas até alguma inspiração. Mas é-me difícil, pois grangeei amizades entre os participantes e, com mais ou menos discernimento tenho-me aguentado.
De facto, temos que distinguir no blogue, aqueles que dão um contributo positivo pelas suas intervenções, ora pela qualidade literária, ora pela riqueza argumentada, ou pela qualidade da investigação e interesse colectivo da informação transmitida, até pelo humor ou pelo sentimento aglutinadores. Felizmente, que temos entre nós gente de qualidade, apesar do diferentes pontos de vista. O pior são os snipers.
Para estes, proponho-vos que os deixemos intervir, mesmo quando nos criticam, sem responder a provocações, porque trata-se de gente que gosta, por um lado, da polémica pela polémica; por outro, de se sentirem acarinhados pelo elogio.
Concluí que não dá para reflectirem sobre os seus comportamentos e provocações. Mas, em sociedade temos que conviver, e aprendemos a evitar quem nos desagrada. Façamos o esforço de não fazermos ataques pessoais, porque, pela experiência, só podem redundar em cansaço.
Não sei se transmiti alguma ideia aproveitável, mas faço seguir o texto sem o reler. Sejam indulgentes comigo.
Abraços fraternos
JD