terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15756: Tabanca Grande (482): Constantino Ferreira D'Alva, ex-Fur Mil Art da CART 2521 (Aldeia Formosa, Nhala e Mampatá, 1969/71)

1. Mensagem do nosso camarada, e novo amigo tertuliano, Constantino Ferreira D'Alva, ex-Fur Mil Art da CART 2521, que palmilhou terras do leste, mas propriamente Buba e Aldeia Formosa, nos idos anos de 1969 a 1971:

Caríssimo Camarada Carlos Vinhal.
Por indicação do meu amigo José Brás, venho apresentar-me ao "serviço" da Tabanca Grande.

Constantino Ferreira
Prestei serviço militar na Guiné, de Abril de 1969 a Junho de 1971.
Furriel Miliciano
Bissau, Buba, Aldeia-Formosa, foi o meu destino.
A minha companhia foi a CART 2521.

A coluna que nos veio "buscar" a Buba, usou pela primeira vez a estrada nova, teve três mortos nessa famigerada "estrada nova".
Regressou connosco a Aldeia-Formosa pela estrada velha. Nunca mais foi usada a "estrada nova".

A TECNIL, que rasgou essa nova estrada, permaneceu em Aldeia Formosa a construir a nova pista alcatroada, para ser utilizada pelos caças Fiat.

Tudo para sul e para leste, tinha sido estrategicamente abandonado.
Assim começou a minha "andança" por "estradas" e bolanhas da Guiné.

Escrevi no Jornal de Arganil, algumas "viagens no tempo" sobre esses tempos passados na Guiné, que poderei enviar para o blogue, se for considerado conveniente.

Por agora, apenas envio um compacto biográfico.

Grato pela atenção,
Constantino Ferreira D'Alva












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2. Comentário do editor

Caro Constantino Ferreira
Bem-vindo à tertúlia, apadrinhado pelo nosso comum amigo José Brás.

Começo por te dizer que és o primeiro elemento da CART 2521 que se apresenta na Tabanca Grande, logo tens responsabilidade acrescida para nos dares a conhecer o percurso e os factos mais importantes da tua CART, além, é claro, das tuas próprias memórias.

Palpita-me que tens por aí fotos para publicar, peço-te que quando mandares as próximas, mandes também as respectivas legendas com as datas, locais, nomes dos fotografados, etc.
Textos acompanhados de fotos também ficam mais enriquecidos.
Manda que nós publicamos.

Partindo do princípio que sabes do funcionamento e fins do nosso Blogue abstenho-me de escrever mais pormenores.

Já sabes que os editores ficam por aqui ao teu dispor, e se quiseres conhecer a malta, tens brevemente a oportunidade de participar no nosso convívio de 16 de Abril próximo, em Monte Real, sobre o qual começaremos brevemente a falar.

Antes de terminar não posso deixar de te enviar um abraço em nome da tertúlia e dos editores.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15550: Tabanca Grande (481): Osvaldo Pereira da Cruz, 1.º Cabo Radiotelegrafista (rendição individual) – Piche 1969/71. É o grã-tabanqueiro n.º 710

Guiné 63/74 - P15755: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (38): De 10 a 31 de Julho de 1974

1. Em mensagem do dia 11 de Fevereiro de 2016, o nosso camarada António Murta, ex-Alf Mil Inf.ª Minas e Armadilhas da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), enviou-nos mais uma das suas Memórias, a 38.ª.


CADERNO DE MEMÓRIAS
A. MURTA – GUINÉ, 1973-74

38 - De 10 a 31 de Julho de 1974

Da História da Unidade do BCAÇ 4513: 
(continuação)

JUL74/10 – (...). Continua a verificar-se o cessar-fogo tácito em todo o TO. Prossegue a mentalização das populações, militares e milícias africanos, como preparação para a Independência. Continua a notar-se a adesão ao PAIGC da população, especialmente dos mais jovens, notando-se por enquanto nos Homens Grandes uma certa reserva.

JUL74/11 – (...). Após a passagem por A. FORMOSA de um Furriel dos Comandos Africanos, começou a esboçar-se na CCAÇ 18 uma mudança de atitude quanto ao problema da entrega do armamento e passagem à disponibilidade. Embora ainda não tivessem sido recebidas directivas a este respeito, dentro da mentalização que se vem fazendo tem-se de facto notado ultimamente esta mudança de atitude.

JUL74/19 – (dos Factos e Feitos, pág. 31). A fim de assistir a uma reunião no Comando-Chefe, respeitante a contracção do dispositivo das NT e receber directivas, seguiu para BISSAU o Comandante.

Tendo sido recebidas as directivas para desactivação dos Pelotões de Milícias, foram reunidos no Comando do Batalhão, o Comandante do Batalhão, Comandante da Companhia de Milícias, assim como os respectivos Comandantes de Pelotão, a quem foi comunicado, em sequência da mentalização que se vinha fazendo do antecedente, a maneira como iria ser feito o seu desarmamento e as condições em que os referidos milícias continuariam a usufruir das suas regalias.

Após várias trocas de impressões ficou assente que se iniciava o respectivo desarmamento no dia seguinte. Quanto às populações que tinham armamento distribuído para colaborarem nas autodefesas, e para se proceder ao seu desarmamento, foram reunidos neste Comando todos os “Homens Grandes”, entre os quais se encontravam o Régulo IAIA e o CHERNO SECUNA.

JUL74/20 – Iniciou-se sem quaisquer espécies de problemas o desarmamento dos Pelotões de Milícia do Sector S-2.

JUL74/21 – Comandante regressou de BISSAU.


Das minhas memórias: 

21 de Julho de 1974 (domingo). Guerrilheiros do PAIGC em Nhala (novamente). 

[Salto as notas deste dia. Quero realçar a seguir, algumas fotografias que ajudam à compreensão da época que se vivia. (Julgava que já tinha sido claro a esse respeito). Estas fotografias são importantes, na medida em que mostram o contexto em que se faziam certos “disparates” (como vestir uma camisola com a cara do Amílcar Cabral, fazer-se fotografar ao lado do inimigo, etc.) que tanto chocam hoje os veteranos que não viram o fim da guerra. É devido a esse contexto que eu desvalorizo esses disparates e, se os compararmos, por exemplo, com o hastear da bandeira do PAIGC nos quartéis ou nas tabancas, quando Portugal continuava a manter ali a soberania, o que se dirá então? Chocante? Estou convencido que isto estava a acontecer um pouco por todo o lado na Guiné e, o que ontem era chocante, hoje banalizou-se, perdeu importância e não tem retorno].

Nesta data, 21-07-74, chegaram mais uma vez os guerrilheiros. Pediram autorização para dormirem na escola. Aí, hastearam a bandeira do PAIGC e, quando chegou a hora, procederam à cerimónia de arrear a bandeira. O único incidente passou-se comigo. O alferes do PAIGC no fim da cerimónia abordou-me (eu estava a fotografar), para dizer que quando estavam a entrar Nhala e nós procedíamos ao arrear da nossa bandeira, todo o bigrupo parou em sentido, mesmo os que ainda estavam fora do aquartelamento. Agora ali, eu não mandara pôr em sentido os soldados – e eram muitos – que assistiam ao arrear da bandeira deles... Achou que não houve retribuição nas honras à bandeira. Como se as honras devidas à bandeira de um país soberano, fossem as mesmas a prestar à bandeira de um partido que, oficialmente, ainda não passava disso.

[Era este contexto concreto o que se vivia e não outro, como ainda há dois ou três meses atrás. E que adiantava agora lembrarmo-nos que foram eles que feriram e mataram os nossos amigos e companheiros de armas? Tão despropositado como admitir-lhes que entrassem pelo aquartelamento adentro, à procura de quem lhes matou o familiar ou o camarada. Todos sabíamos que o nosso convívio com eles estava por dias apenas e, com maior ou menor frieza e distanciamento, tínhamos de lidar com eles sem conflitos desnecessários, sendo certo que era com eles que seriam tratadas as formalidades da entrega do território. 

Receio que tudo o que ficou dito possa parecer uma grande necessidade de justificação da minha parte. Deixo já claro: não o faria e não voltarei a abordar o assunto. Mas gostava, sinceramente, que quem não viveu aquele período inédito do fim da guerra, pudesse partilhar a minha informação, histórias e fotografias (mais as dos outros que “fecharam” a guerra), sem as tentar compreender à luz de um tempo passado. Mas, até a nós, o tempo novo, de tão novo e tão inédito, todos os dias nos surpreendia: nada estava previsto, pouco se conseguia planear e a maioria das situações eram resolvidas à medida que surgiam. Apenas as directivas superiores, quando chegavam, eram aplicadas sem empenhos imaginativos. 

Nota: As fotografias a cor, derivadas de slides, são minhas. As outras foram-me cedidas pelo meu amigo ex-Furriel Mil Trms José Roque, a quem agradeço]. 

Foto 1 – Nhala, 21-07-1974. Guerrilheiros do PAIGC na tabanca. Sempre muito disciplinados e contidos.

Foto 2 – Nhala, 21-07-1974. O Alferes Mil. Campos Pereira, actualmente Comandante da Companhia, circula pensativo por entre os guerrilheiros.

Foto 3 – Nhala, 21-07-1974. Alferes do PAIGC, Fur Mil Trms J. Roque e um guerrilheiro.

Foto 4 – Nhala, 21-07-1974. Alferes do PAIGC e alguns militares de Nhala trocando impressões.


Fotos 5 e 6 – Nhala, 21-07-1974. Bandeira do PAIGC hasteada junto à escola.

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Notas quase “telegráficas” dos meus últimos dias na Guiné.

20-07-1974 – Ainda não sei se terei de cancelar as férias. Os acontecimentos estão a evoluir rapidamente. (No dia seguinte anotaria que tinha sabido de Bissau que estava tudo pronto para viajar); temos já directrizes sobre a forma de entregarmos as instalações e os equipamentos ao PAIGC; recebemos ordens de desarmar as populações; o nosso armamento está ser limpo e encaixotado; o Comandante do Batalhão foi chamado a Bissau para receber instruções.

22-07-1974 – A Companhia de Mampatá já tem dois grupos em Buba que embarcam amanhã. Os outros dois em Mampatá, (...); continuam a sair companhias do teatro de operações (TO).

28-07-1974 – Sigo amanhã para Bissau. Em 1 de Agosto embarco de férias para a Metrópole; por aqui muita chuva; continuam a sair Unidades.

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Retomo a História da Unidade. 

JUL74/22 – Pelas 10h00 quando o Comandante e o Oficial de Operações se deslocavam para MAMPATÁ contactaram com GR/PAIGC, estimado em 40 elementos armados e que se encontravam estacionados junto do Reordenamento/ÁFIA, e cujo Chefe se encontrava em MAMPATÁ.
Contactado o mesmo neste Destacamento, em conversa cordial disse chamar-se RAYMO CHAMBU e obedecendo a ordens superiores, tinha saído há dois dias de KANSEMBEL para efectuar um patrulhamento a esta região, mas que nesse dia regressaria.

- Procedeu-se em A. FORMOSA à inauguração da Sala do Soldado, que tomou o nome de Sala “25 de Abril”.

JUL74/23 – Completou-se o desarmamento dos Pelotões de Milícia de CUMBIJÃ, A. FORMOSA, COLIBUIA, ÀFIA e MAMPATÁ.

- CART 6250 deixou o Subsector de MAMPATÁ, seguindo para BISSAU, via BUBA, para aguardar embarque para a Metrópole.

- A pedido de duas comissões organizadas por militares da CCAÇ 18, e Milícias, foi pedido a BISSAU autorização para os mesmos se deslocarem ao Comando-Chefe para tratar de diversos assuntos relacionados com o desarmamento dos militares e algumas regalias pecuniárias dos milícias. [Sublinhado meu, tal como seguintes].

- Com o desarmamento dos Pel Mil de BUBA e NHALA, completou-se o desarmamento de todos os pelotões de Milícia do Sector S-2.

JUL74/24As comissões da CCAÇ 18 e Milícias seguiram para BISSAU via fluvial.

(...).

JUL74/28 – Escalou A. FORMOSA o NORD ATLAS. Neste avião regressou a comissão da CCAÇ 18, que em reunião havida neste Comando relatou as suas diligências em BISSAU.

JUL74/29Apesar das diversas reuniões havidas com elementos da CCAÇ 18, estas mostraram-se na disposição de não entregarem o armamento, mesmo aqueles que conforme comunicação da 1.ª Rep/CTIG, acabaram o tempo normal de serviço e têm de passar à disponibilidade.

Presume-se que esta sua atitude esteja relacionada, não só com a vinda do Furriel Comando Africano a A. FORMOSA, como também com atitudes tomadas pelo PAIGC em algumas regiões já sob o seu controle. 

(...).

JUL74/31 – Esteve presente em A. FORMOSA uma delegação da 4.ª Rep/CTIG, chefiada pelos Exmos Majores PIRES AFONSO e COSTA PINTO, que veio tratar de assuntos relacionados com a desactivação de COLIBUIA e CUMBIJÃ em particular e duma maneira geral da desactivação do Sector S-2.

- Acompanhados do Comandante deslocaram-se a COLIBUIA e CUMBIJÃ e acompanhado do Oficial de OP/INF deslocaram-se a BUBA e NHALA.

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Eu já não iria assistir à desactivação de nada. A não ser à desactivação de mim próprio dali a um mês em Lisboa, bilhete na mão a sair de casa da tia no Restelo para o Aeroporto, telefone a tocar, não embarques, já regressaram todos, passou aqui um soldado de Coimbra em casa dos teus pais a avisar, que bom, podes voltar já para casa... [Uns segundos de silêncio, uma coisa a nascer-me no estômago, sem querer acreditar no que ouvia. A seguir, explodi]. Que bom, uma porra! Já pensaste que entregaram aquilo sem eu estar presente, vim sem me despedir de ninguém, vou lá deixar a roupa e o meu dólmen, os livros, os diários, o artesanato, o meu caixote de uísque, a minha pressão de ar 4,5, etc., etc. Que pulhice foi esta? Porque não me chamaram? E agora ainda tenho de pedir à tia que me deixe ficar para amanhã, a ver se descubro onde e quem me desactive de vez.

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Deixo algumas fotografias da viagem de Aldeia Formosa para Bissau, com paragem em Catió. Sem o saber, estava a fotografar aquelas terras pela última vez. Não precisam legendagem.







Fotos 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 13.

(continua)
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Nota do editor

Poste anterior da série de 9 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15728: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (37): De 1 a 8 de Julho de 1974

Guiné 63/74 - P15754: Fotos à procura de... uma legenda (71): Spínola e Costa Gomes no Cantanhez: fotos do livro de José Moura Calheiros, "A última missão" (1ª ed., Porto: Caminhos Romanos, 2010) (Rui Pedro Silva, ex-cap mil, CCV 8352, Caboxanque, 1972/74)


Foto nº 1 (p. 351)


Foto nº 2 (p. 336)



Fotp nº 3 (p. 337)


Três Fotos do livro de Jose Moura Calheiros [, 2º cmdt do BCP 12, Guiné, 1972/74, na altura major, hoje cor pára, reformado], "A Última Missão", 1ª ed. (Porto: Caminhos Romanos, 2010, 638 pp.). Digitalizadas por Rui Pedro Silva e reproduzidas aqui, com a devida vénia ao autor e editora.

Fotos: © José Moura Calheiros (2010). Todos os direitos reservados. [Edição: Rui Pedro Silva / LG]


1. Mensagem de ontem, do Rui Pedro Silva, membro da nossa Tabanca Grande, ex-alf mil, CCAÇ 3347 (Angola, 1971), ex-ten mil, BCAÇ 3840 (Angola, 1971/72), e ex- cap mil, CCAV 8352 (Guiné, Caboxanque, 1972/74): 


Olá, Luís: O prometido é devido. (*)

Junto envio três digitalizações de fotos do livro do cor pára ref Moura Calheiros. Mantive a legenda que acompanhava, no livro, cada uma das fotos.

Em duas das fotos ]nºs e 3] estão homens grandes da zona com o cap paraquedista Terras Marques [, cmdt da CCP 122 / BCP 12].

Numa das fotos de pé e de boina o cap Carvalho Bicho [, comandante da CCaç 4541/72, sediada em Caboxanque]. [Foto nº 3].

Estas reuniões eram frequentes e tanto aconteciam em Caboxanque como nas povoações da zona, umas mais orientadas para a acção psicossocial outras orientadas para obtenção de informações com algum valor operacional.

Na outra foto [n.º 1] veem-se os generais Costa Gomes e Spínola, o tenente-coronel Araújo e Sá, atrás do alferes que se encontra em primeiro plano e de costas o cap Carvalho Bicho e atrás do gen Spínola e entre este e o tenente coronel Araújo e Sá [, cdmt do BCP 12,] estou eu.

Um abraço, Rui




Capa do livro de José Moura Calheiros,  "A Última Missão" (Porto, Caminhos Romanos,
2ª edição, 2011). A 1ª edição de 2010.



2. Mail enviado ao Rui, a 13 do corrente:

Rui: Não tenho aqui o livro do Moura Calheiros, tenho-o no meu gabinete... Digitaliza-me essa foto,  onde tu apareces com o Costa Gomes e o Spínola, o José Moura Calheiros já me autorizou a reproduzir a parte do seu livro relativa à Guiné... Só tenho a 1ª edição (2010). Ele disse-me  que saiu,. em 2011, uma 2ª edição, revista e aumentada.

Fico feliz por teres dado "sinais de vida"!... Completa então a legenda desta e da outra foto (*)...

Um abraço fraterno... Luís

PS - Encontramo-nos em Monte Real, em 16 de abril ? Temos o XI Encontro Nacional da Tabanca Grande... A rapaziada está a ir-se abaixo das canetas, que a vida é uma picada cheia de minas e armadilhas...Como informático, preciso do teu bom conselho sobre este património riquíssimo, o blogue, que é de todos nós... Faço cópias de segurança, regularmente, mas o nosso servidor é o Blogger da Google, uma das mais poderosas e influentes megaempresas do mundo...

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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 13 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15743: Fotos à procura de... uma legenda (70): Spínola e Costa Gomes em Caboxanque, com o Cap Cav Carvalho Bicho, outros oficiais, um milícia e o chefe da tabanca (Rui Pedro Silva, ex- cap mil, CCAV 8352, Caboxanque, Cantanhez, região de Tombali, 1972/74)

Guiné 63/74 - P15753: Parabéns a você (1034): António Eduardo Carvalho, ex-Cap Mil Inf das CCAÇ 3 e CCAÇ 19 (Guiné, 1974) e José Maria Pinela, ex-1.º Cabo TRMS do BCAV 3846 (Guiné, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 14 de Fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15744: Parabéns a você (1033): Senhora D. Clara Schwarz, Centenária Amiga Grã-Tabanqueira, Mãe do nosso falecido amigo Carlos Schwarz (Pepito), e decana da Tabanca Grande... Faz hoje 101 anos!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15752: Notas de leitura (808): “Spínola”, de Luís Nuno Rodrigues, A Esfera dos Livros, 2010 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Abril de 2015:

Queridos amigos,
Na releitura desta obra de Luís Nuno Rodrigues fui agradavelmente surpreendido por um dado que já era óbvio na primeira leitura: o investigador deixa bem escarrapachado que Spínola nunca se furtou a informar os seus superiores sobre a evolução militar, em todas as fases críticas, nos cinco anos em que foi Comandante-Chefe. Se é facto que vai ziguezaguear em Maio de 1973, aceitando inicialmente a retração do dispositivo, prontamente se apercebeu que ficaria manietado no coração da Guiné, perdendo o controlo das franjas e desconhecendo inteiramente o que a guerrilha e a Organização da Unidade Africana preparavam depois da declaração unilateral de independência.
Spínola deixa a Guiné mas o mito ficara intocado e apresentar-se-á como o militar providencial no Largo do Carmo.

Um abraço do
Mário


Spínola e a evolução militar da Guiné (1968-1973) (2)

Beja Santos

A correspondência trocada entre Spínola e os seus superiores, no comando da Guiné, à luz do trabalho desenvolvido por Luís Nuno Rodrigues na biografia que escreveu sobre o mediático homem do monóculo, A Esfera dos Livros, 2010, torna claro, a despeito de certos excessos de pendor melodramático que a verificação que era transmitida sobre a evolução militar era fiável e baseada em dados fundamentados. 

Não cabe, neste tipo de apontamentos, explanar sobre o desenvolvimento económico e social que Spínola imprimiu à província. Terá certamente sentido ver como ele pretendeu encontrar soluções políticas confiando que Marcello Caetano apostasse numa política de “autonomia progressiva”. Os dois encontram-se no Buçaco no Verão de 1970, Caetano trabalha na proposta de revisão condicional. Spínola compromete-se a enviar um documento, envia-lhe em Outubro um relatório que servirá de base ao seu livro "Portugal e o Futuro"; relatório que ele intitulará “Algumas ideias sobre a estruturação política da Nação”

Sente-se animado pela tese federativa. Mas, inexoravelmente, caminhava-se para a deterioração das relações. Spínola aspirava a uma candidatura presidencial, Caetano aposta em manter Américo Tomás. A chamada Ala Liberal parecia entusiasmada com a eventual candidatura de Spínola à presidência da república. Depois Spínola é repreendido por Caetano quando concedeu uma entrevista ao Diário de Lisboa. E visando uma solução negocial para o problema guineense, Spínola pede a Caetano para se encontrar com Senghor. Sabemos como posteriormente Caetano desautorizou Spínola para novos encontros, na correspondência de ambos transparece um tom discordante onde outrora havia coloquialidade. 

Segundo Luís Nuno Rodrigues, em Outubro de 1972, Spínola, em férias no Luso, recebeu uma mensagem urgente do inspetor Fragoso Allas, o responsável pela PIDE da Guiné, dizendo que Amílcar Cabral estava na disposição de ir a Bissau conferenciar consigo e, inclusivamente, com o próprio Marcello Caetano. Este continua a rejeitar qualquer tipo de contactos. 

Spínola escreve-lhe em 24 de Outubro, reiterando as suas apreensões, seria “a última hipótese do Governador da Guiné dialogar com Amílcar Cabral em situação transitória de manifesta superioridade”. Caetano responde que “para a defesa global do ultramar é preferível sair da Guiné por uma derrota militar com honra, do que por um acordo negociado com os terroristas, abrindo caminho a outras negociações”.

1973 é o ano crítico das suas relações. A 20 de Janeiro é assassinado Amílcar Cabral. Não vale a pena entrar na polémica sobre os labirintos deste assassinato, continua tudo por esclarecer, o importante são as grandes mudanças no terreno, ditadas pela chegada dos misseis antiaéreos Strela. Perdida a supremacia aérea, ocorre em Maio uma grande ofensiva militar do PAIGC que deixou marcas indeléveis. 

A 22 de Maio Spínola envia ao General Costa Gomes um conjunto de pareceres e propostas relativos à nova situação militar na Guiné, evocava uma reunião extraordinária de Comandos realizada a 15 de Maio. Impunha-se tomar decisões urgentes no âmbito da manobra militar, abriam-se três alternativas: redução da área a defender com vista à economia de forças; conservação do atual dispositivo sem qualquer reforço à luz de um espírito de defesa a todo o custo; e reforço do teatro de operações em meios, em ordem a manter a superioridade sobre o inimigo no quadro da manobra atual. 

Nesse mesmo dia Spínola escreve ao Ministro do Ultramar: “o governador apenas pode informar o Governo central sobre a gravidade do momento, em ordem a que as medidas adequadas sejam tomadas por quem tem competência para as adotar, nada mais restava fazer do que aguardar serenamente o desfecho que prevemos, o colapso militar"

Em Junho, poucos dias depois do ataque a Gadamael, Costa Gomes deslocou-se a Bissau. O centro das discussões passa pela adaptação do conceito de manobra. Spínola declara a necessidade do recuo de “muitas das guarnições de fronteira para posições previamente selecionadas mais no interior que, pelo seu menor número e adequada localização, minimizem os riscos a que atualmente estão expostas e permitam obviar quando possível à situação crítica que a escalada do inimigo nos criou”

Costa Gomes concorda com a análise de Spínola, a manutenção do dispositivo só seria possível com volumosos meios adicionais, absolutamente impossível de os fornecer. Anos mais tarde, numa fase litigiosa com Costa Gomes, Spínola dirá que foi este quem fizera semelhante proposta, o que é falso.

Mas Spínola acabaria por mudar de ideias, opondo-se à retração do dispositivo militar, pelo menos enquanto essa retração não fosse acompanhada de um reforço substancial dos meios à sua disposição. Volta a queixar-se amargamente ao Ministro do Ultramar, diz-lhe sem rebuço que a guerra na Guiné exigia medidas que iam frontalmente contra a linha política a que ele se considerava vinculado, a seu tempo propusera soluções para o problema da Guiné que tinham sido rejeitadas: 

“Agudiza-se o problema da minha substituição que peço a Vossa Excelência seja considerada a tempo de possibilitar a alteração do dispositivo militar que é mister fazer”.

E Luís Nuno Rodrigues finaliza dizendo que perante a impossibilidade na solução política e face a um cenário de eventual repetição da situação de Goa em 1961, Spínola decidia abandonar as suas funções na Guiné. Chegou a Lisboa em 6 de Agosto de 1973, e comunicou a sua decisão a Caetano: “Senhor Presidente do Conselho, venho dizer-lhe que regressei de vez”.

Um talentoso General, Bethencourt Rodrigues, aceita, depois de muito rogo de Caetano, substitui Spínola. Na aparência, a guerrilha não ganha intensidade, o PAIGC tinha preparado nova ofensiva para Maio de 1974, novamente no Norte. A situação política em Portugal decompunha-se no início do ano, Caetano, em desespero, procura negociações à revelia da sua matriz ideológica. É tarde, muito tarde, os militares, sobretudo aqueles que conheciam a Guiné, sabem que já não há solução militar possível para a Guiné e para Moçambique. Tudo acabará num quase sereno golpe militar, no Largo do Carmo, em meados da tarde de 25 de Abril, Caetano entrega simbolicamente a Spínola.
A descolonização vai começar.
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Nota do editor

Poste anterior de 12 de Fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15738: Notas de leitura (807): “Spínola”, de Luís Nuno Rodrigues, A Esfera dos Livros, 2010 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15751: (De)caras (30): Vencendo o medo, a estigmatização e a hipocrisia social gerados pela doença oncológica: mensagens de apoio à coragem e diginidade do nosso camarada António Eduardo Jerónimo Ferreira


Coimbra > IPO (Institituto Português de Oncologia)  > 2015 > Foto tirada durante a quinta sessão de quimioterapia no IPO de Coimbra: o nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Cobumba eBissau, 1972/74). Tem um blogue, Molianos.  (Molenos ou "Molianos" é uma povoação da freguesia de Évora de Alcobaça, concelho de Alcobaça).

Foto (e legenda): © António  Eduardo Ferreira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


Gestor de ausências 

É o tempo que não volta. 

A saúde que nos abandonou. 

Aquela mulher que um dia nos olhou ternamente, 
mas não deixou o seu contacto.

Alguns amigos que supunhamos ter, 
ao mais leve estremecer se evaporaram. 

Alguém que disse sim com a voz… 
e não com o pensamento. 

O passarinho que todos os dias cantava à nossa janela, 
e o gato, um dia, devorou. 

O nosso amigo que um dia uma mina destroçou. 

O caminho por onde passávamos, 
já lá não está. 

Alguém, que era único, 
e um dia a morte levou. 

Ainda há quem diga, 
ele já nada faz. 


António Eduardo Ferreira



1. Seleção de 10 comentários ao poste P15737  (*) (incluindo mensagens  enviadas para o correio interno da Tabanca Grande) (**):


(i) Maria Arminda [Santos]: 

Olá, António Ferreira. Parabéns por esse espírito lutador e de esperança que revelou no seu depoimento. É um desabafo e uma lição de vida. Entre camaradas e amigos que passaram por dificuldades na mesma guerra, faz todo o sentido trazer ao conhecimento de todos, o seu estado de saúde. Fez muito bem. Para quê esconder, uma doença que cada vez está mais presente nas nossas vidas e que quando se revela há que a encarar com serenidade, fé e esperança?!.. Apesar de tudo por que passou, veja que está e continuará a estar entre nós.

Alguém disse que "há um cancro adormecido em cada um de nós" e que um dia, desperta!... Há três anos em (2012) o meu despertou, ou por outra, um feliz acaso permitiu-me o conhecimento da sua existência e que felizmente foi retirado a tempo e sem consequências. Não necessitei de nenhum tratamento adicional, mas apenas a vigilância periódica, que ainda se mantêm. Penso que irei ter alta após a próxima colonoscopia, que aguardo não revelar alterações.

Devemos todos fazer os exames de rotina que nos forem aconselhados, pois há bastante sucesso, em muitos casos.

Desejo-lhe a continuação de uma boa recuperação.

Um abraço amigo,
Mª Arminda Santos.


(ii) Tony Borié (EUA):

Olá, António. Também sou António, também fui afectado com a doença de câncer, também me submeti ao tratamento de radiação e outros tratamentos que me deixavam sem forças e atormentado, às vezes desejando e tendo atitudes não muito comuns num combatente que fomos, mas no fundo resisti, com tu vais resistir e, vais viver muitos anos, és um combatente e isso faz-te diferente, bebeste água da bolanha e resististe, ouviste tiros dirigidos a ti e aos teus companheiros e resististe, sofreste a amargura de viver em zona de combate e resististe, portanto esta fase menos feliz da tua vida é somente a vivência de outra guerra, onde vais sair com vida, tornar a conviver normalmente com a família e amigos, e com vontade, entre outras coisas, de escrever as tuas vivências para os teus companheiros de guerra que te admiram!

Um abraço de esperança, companheiro António.
Tony Borié


(iii) António Medina (EUA):

Olá. Luís: acabei de ler o teu mail relacionado com a doença do câncer que está afectando muitos dos nossos camaradas da Guerra da Guine.

Fui vítima do câncer da próstata há cerca de três anos atrás, gracas a Deus foi visto a tempo e hora, hoje me sinto curado de acordo com a opinião dos médicos que me assistiram durante aquele período turbulento da minha vida.

Apanhei 48 sessões de radioterapia, nunca até hoje tomei sequer um comprimido por nunca me ter sido indicado. O Hospital Oncológico Dana Farber em Boston me mantem sob vigilância, apresentando-me de seis a seis meses para uma avaliação não só pelo toque rectal mas também pelas diferentes análises a que me sujeito. Fica sempre alguma mazela como assim a ereção. Mas sinto-me porreiro e opino a qualquer um que não faça da doença um tabu, deve comunicá-lo abertamente e actuar quanto mais depressa possível procurando assistência médica. Tratando é que se encontra a cura.

Melhoras a todos aqueles que sofrem dessa maldita enfermidade.

Um abraço,
A. Medina



Boa tarde, Luis Graça. Estive na Guiné-Bissau de 1966 a 1968 (Mansabá, BCAV 1897).

Em 2009 foi-me descoberto um cancro (linfoma). O mundo caiu na minha cabeça , mas com a ajuda de um excelente oncologista, das medicações , da família e amigos, estou aquí , mas em alerta para que não retorne .

Precisamos ter fé. Abraços,
Armandino

(v) Mário Beja Santos:

Caro António Eduardo Ferreira, um blogue de camaradas da Guiné é um anfiteatro adequado para tu te exprimires com a autenticidade com que o fizeste. Faço parte de uma organização onde se agrupam mais de duas dezenas de associações de doentes crónicos: esclerose múltipla, traumatizados cranioenceláficos, Alzheimer, doenças reumáticas, doentes da próstata, doentes reumáticos, e por aí adiante. 

Aqui há uns mese atrás entrei lampeiro numa conferência internacional sobre multimorbilidade e envelhecimento. Um colega de ocasião achou estranho eu estar com ar tão afoito, não sei se ele estava à espera que eu me arrastasse com canadianas ou tivesse um ombro mais alto do que outro. Expliquei que era doente crónico como ele, que há 20 anos ou mais tomo sulfato de glucosamina para travar a degenerescência das cartilagens dos joelhos, tenho tido sorte; expliquei-lhe igualmente que tomo três comprimidos diariamente para aplacar as dores na perna esquerda, sequela da segunda operação que fiz à L4. 

E lá procurei dizer-lhe que é preciso ter sorte, já Napoleão Bonaparte dizia que gostava de ter generais aguerridos mas que em batalha preferia que eles tivessem acima de tudo sorte. Isto para dizer que também nos habtiuamos ao sofrimento e que é um dos mais negros preconceitos não dizer a verdade sobre o nosso estado de saúde, esse silêncio acaba por nos fazer sofrer mais. E hoje muitos cancros estão a ser debelados, desde o da mama ao da próstata. 

Espero que na vida tu tenhas pelo menos tanta sorte como eu tenho tido e recebe um abraço do
Mário




Camarada António Ferreira: este teu depoimento não é uma queixa, um desabafo, um "fado da desgraçadinha". Pelo contrário é um depoimento de um HOMEM! Observado de outro ângulo - é, até, boa literatura.

Dizes (e muito bem!) que há quem esconda a doença, como se isso diminuisse a condição de homem (ou mulher), como se afectasse a honra da família, como se fosse um mal peganhento, contagioso, uma coisa porca e extra-terrestre.

Pois, Vinicius de Morais, no seu célebre poema, no qual refere a grande proliferação da doença (nas suas variadíssimas nuances...), chega a afirmar que "até Deus tem câncer!".

Recebe um GRANDE e FORTE abraço do
Alberto Branquinho



(vii) Luís Graça:

António Eduardo Jerónimo Ferreira, emocionei-me, primeiro, com (e depois orgulhei-me de) o teu testemunho!...

Ès digno da nossa geração (sofrida mas corajosa) que esteve na Guiné e fez a guerra da Guiné... O teu depoimento é também uma pedrada no charco da hipocrisia (social) que rodeia a doença oncológica no nosso país... Hipocrisia, estigmatização e discriminação...

Quem disse que o teu testemunho não tem nada a ver connosco, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné ?  Hoje já falamos em neoplasia, cancro... Há uns anos atrás nem sequer a palavra nos atrevíamos a pronunciar: fulano tal morreu de doença incurável... Felizmente que hoje a maior parte dos cancros são curáveis e a taxa de sobrevivência é elevada...

Tenho um filho, que é psiquiatra, e que é nosso grã-tabanqueiro, que escolheu ir trabalhar no IPO de Lisboa... Precisamos, todos, de reforçar a rede de apoio psicossocial ao doente oncológico!... Acredito que temos, neste momento, muitos camaradas nossos em sofrimento, a lidar e a lutar contra esta doença!... Estes precisam do carinho, apoio e solidariedade de todos nós... Afinal, a nossa vida tem sido um picada cheia de minas e armadilhas!...O cancro espreita-nos a todos!...

O meu amigo Sobrinho Simões, uma autoridade mundial na matéria, diz que um em cada dois dos portugueses vai ter um cancro em 2050... E que isso não é nenhuma tragédia, é o preço que temos de pagar por viver cada vez mais anos...

Um xicoração fraterno, António Eduardo!... Bebo um copo à sua saúde, à tua convalescença, à tua coragem, à tua dignidade, á tua camaradagem!... Luís

PS - Por que é que o raio do cancro haveria de ser um tabu ? Por que é que não haveria de ser um dos tópicos do nosso blogue ? Se as balas da russa Kalashnikov e os "rockets" chineses das RGP não nos mataram, a nós, felizardos, que fomos à guerra e regressamos a casa, sãos e salvos, com maiores ou menores mazelas, se alguma coisa haveremos de morrer, se calhar de cancro, quem sabe ?!.. Pois que não seja,  ao menos,  de morte macaca, e que quando a malvada chegar, para nos cobrar o bilhete de viagem para o "outro lado donde não se regressa", que seja ao menos com lucidez e dignidade!...



És de facto um exemplo ao dar a cara sobre uma coisa que muitos escondem.

És igualmente um exemplo pela coragem que demonstras, pois nunca é fácil a entrada nesses hospitais e menos ainda quando se vai a uma consulta, o primeiro impacto é complicado, mas ao encararmos de frente o problema e aceitá-lo, tal como se apresente, torna mais fácil a vida e os tratamentos.

És um lutador e espero que recuperes rapidamente.
Um abraço,
BS

(ix) Francisco Baptista:

Amigo António Ferreira:  obrigado pela lição de optimismo e coragem que nos dás,  não só aos que sofrem desse mal mas também a todos e são tantos que têm familiares ou amigos atingidos por ele.
Pela tua coragem psicológica e intelectual tu demonstras ser um guerreiro que não esmorece na luta e ainda arranjas forças para dares alento a outros que necessitem. O teu texto é um hino à vida e merecia ter uma divulgação maior do que a deste blogue para ser lido por mais gente a quem por vezes falta o ânimo que a ti te sobra.

Desejo-te também as tuas rápidas melhoras e ai dando notícias.

Um grande abraço,
Francisco Baptista.


Força, António,  e a resignação com enfrentaste sobre rodas as minas e as emboscadas na Guiné. 

Enfrentando as atribulações da vida, o homem poderá sofrer derrotas, mas não será vencido! 

Estou certo do restabelecimento da tua saúde e hoje vou beber por ela.

Aquele abraço,
Manuel Luís Lomba
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 11 de fevereiro de 2016 >  Guiné 63/74 - P15737: Blogoterapia (274): Portas estreitas da vida onde nem sempre se consegue passar (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo Condutor Auto, CART 3493, Mansambo, Fá Mandinga, Bissau, 1972/74)

(...) A minha doença foi diagnosticada nos últimos meses do ano de dois mil e quatro, seguiram-se cinco meses de espera e a cirurgia em fevereiro do ano seguinte, hoje talvez esperasse menos tempo, passados cerca de dois meses, fui sujeito a trinta e cinco tratamentos de radioterapia, reagi sempre bem, os efeitos secundários foram quase inexistentes. Ao longo destes anos continuei sempre a ser seguido no IPO de Coimbra.

No início do ano passado [, 2015,] os valores tumorais estavam demasiado altos, foi então que foi decidido que tinha de fazer quimioterapia o que aconteceu a partir do início do mês de abril, seguiram-se dez tratamentos com intervalos de três semanas. No início fiquei um pouco assustado,  atendendo ao que ouvia falar acerca dos possíveis efeitos secundários, no primeiro dia fui acompanhado por uma pessoa de família ao tratamento, a viagem é de aproximadamente cem quilómetros de minha casa até ao hospital, nas restantes nove sessões a que fui sujeito entendi que não era necessário ir alguém comigo.

Tudo foi menos complicado que eu imaginava (...). Terminadas as dez sessões, fim do tratamento, senti um alívio enorme próprio de quem passou por mais uma porta estreita da vida, daquelas que nunca se sabe se conseguimos passar, os efeitos secundários comparando com o que acontece a algumas pessoas foram poucos,  o que me permitiu continuar a fazer uma vida quase normal, com exceção do dia do tratamento, todos os outros continuei a fazer a caminhada como antes fazia, de aproximadamente uma hora. (...)

Hoje assino com o nome completo,
António Eduardo Jerónimo Ferreira

Guiné 63/74 - P15750: Questões politicamente (in)correctas (47): o menino guineense, fumador passivo, o militar, inveterado fumador, e o neto holandês que quer que o avô chegue aos 100 anos: "Oh opa, was je in de oolog in Guinee. Wie waas in Guinee leven tot 100 jaar" (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70)


Guiné > Zona leste > Região de Gabu > CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) > O fur mil Valdemar Queiroz, com um menino ao colo, e a fumar...


Foto: © Valdemar Queiroz (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


 1. Mensagem de Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]


Data: 14 de fevereiro de 2016 às 03:22

Assunto: O Menino e o fumo dum cigarro


Quando o meu filho mostrou, pela primeira vez, ao meu neto, esta fotografia do avô na guerra na Guiné, o meu neto disse:

De opa's roken net de jongen [ o avô está a fumar junto dum menino!]. 

O meu neto é holandês.

Evidentemente, estávamos em 2009 e o meu neto achou estranho que se fumasse junto dum menino, em 1969.

...Fumar um cigarro é como sentir uma alegria que não fica só em nós......

... Quem me dera fumar dois cigarros, num fim de tarde, em Nova Lamego, ou até três, também, em Canquelifá.

... Quem me dera fumar uns cigarros em Guiro Iero Bocari, com 24 anos, ou já 25. .....

E durante mais de 35 anos continuaram as cigarradas até 2010.

Tinha que dar, no Hospital Amadora-Sintra, com internamento, muito debilitado durante 35 dias, com uma DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica,

Nuca mais fumei, mas continuo a ter grandes dificuldades em me deslocar pra qualquer lado com obstrução respiratória.

Tenho que me aguentar, vou-me aguentar.

E o meu neto holandês (agora): 

Oh opa, was je in de oolog in Guinee. Wie waas in Guinee leven tot 100 jaar.

Ele diz mais ou menos isto: quem esteve na Guiné vai viver até aos 100 anos.

Merecemos, vamos lá ver se aquele menino, agora com mais ou menos 46 anos,  que nos viu fumar, também vai testemunhar.

Valdemar Queiroz

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Nota do editor:

Últimos postes da série:

15 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14617: Questões politicamente (in)correctas (46): "Não sou 'tuga', sou português"... (António J. Pereira da Costa) / "Confesso que nunca me chocou como português e patriota ser chamado por 'tuga' pelos guineenses" (Francisco Baptista)...

24 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11864: Questões politicamente (in)correctas (45): Os dois príncipes: o filho de Kate Middleton e o filho da Fatwa de Catió... (Luís Mourato Oliveira, o último comandante do Pel Caç Nat 52)

7 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11538: Questões politicamente (in)correctas (44): Há um provérbio fula que diz: "Quando se fala dos maus, os bons sentem-se ofendidos" (Cherno Baldé)

24 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11459: Questões politicamente (in)correctas (43): Meu caro Cherno Baldé, a maioria dos militares da minha companhia não era racista nem se comportava como tropa ocupante (Paulo Salgado,ex-alf mil op esp, CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72)

7 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10632: Questões politicamente (in)correctas (42): As trocas de comissões, por dinheiro, durante as guerras coloniais (Zeca Macedo, EUA, ex-2º ten, DFE 21, Cacheu e Bolama, 1973/74)

5 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10620: Questões politicamente (in)correctas (41): A origem da palavra Turra (António Rosinha)

Guiné 63/74 - P15749: (De)Caras (29): Tentativa, frustrada, de criação do Dia do Combatente Limiano... Assembleia Municipal de Ponte de Lima chumbou a proposta (Mário Leitão, farmacêutico, ex-furriel mil na Farmácia Militar de Luanda, Delegação n.º 11 do LMPQF - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, Luanda, 1971/73)


1. Mensagem de 13 de janeiro último, do nosso leitor e camarada [António] Mário Leitão, natural de Ponte de Lima, director técnico da Farmácia Lopes, em Barroselas, Viana do Castelo; autor do livro "Biodiversidade das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro d´Arcos" (2012):

Caros Luís Graça e Camaradas do blog:

A Assembleia Municipal de Ponte de Lima, numa decisão colectiva dos membros que suportam ou simpatizam com o partido político que governa a Câmara Municipal, reprovou uma proposta popular que solicitava a instituição do DIA DO COMBATENTE LIMIANO.

Era uma sugestão inócua, despida de qualquer carga partidária, transversal a toda a população do concelho, e que apenas tinha um objectivo memorialista e de respeito pelo passado. A sua reprovação foi uma atitude INQUALIFICÁVEL, para a qual não encontro explicação!
Há quem diga que alguns membros da Assembleia não gostaram de ver os 52 rapazes que morreram na Guerra do Ultramar classificados como HERÓIS! (*)

Bom, compreenderás melhor quando leres o artigo que publiquei no Jornal CARDEAL SARAIVA!
Julgo que é um assunto de importância nacional, pela sua originalidade e pela sua natureza. Se puderes, dá-lhe a maior divulgação!

Em meu nome, em nome dos nossos Militares Mortos e em nome dos seus queridos familiares, MUITO OBRIGADO!

Mário Leitão


2. Comentário do editor:

Sem querer (nem poder) intervir num conflito que deve ser dirimido pelos eleitos e pelos eleitores de Ponte de Lima, ou seja, é do foro democrático local, quero dizer-te que tens o meu/nosso apreço pela tua/vossa iniciativa de tentar criar um o Dia do Combatente Lmiano.
Espero/esperamos que as vossas posições se harmonizem, e que honra seja feita aos vivos e aos mortos que combateram, ao longo de 13 anos, na guerra do ultramar (ou guerra colonial).

O pdf que me mandaste com o teu artigo publicado no jornal "Cardeal Saraiva" está com baixa resolução... Tentei, em vão, recuperá-lo. Manda-me uma 2.ª via. Responderemos depois a dois ou três assuntos pendentes, incluindo o teu pedido de entrada para a Tabanca Grande...
Desculpa, entretanto, o atraso da publicação deste teu material. (**)
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Notas do editor

(*) Vd, poste de 26 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15042: O nosso livro de visitas (184): António Mário Leitão, natural de Ponte de Lima, ex-fur mil, Farmácia Militar de Luanda, delegação nº 11 do LMPQF - Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, Angola,  1971/73

(**) Último poste de 28 de janeiro de  2016 > Guiné 63/74 - P15683: (De)Caras (28): Rescaldo da Sessão evocativa do 20 de Janeiro de 1973: Colóquio “Quem mandou matar Amílcar Cabral?”, organização da Embaixada da Guiné-Bissau (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15748: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (42): As riquezas das matéria primas africanas e as fantasias criadas

1. Texto do Antº Rosinha:

[, foto à direita: emigrou para Angola nos anos 50, foi fur mil em 1961/62; saiu de Angola com a independência, emigrou para o Brasil e finalmente foi topógrafo da TECNIL, "cooperante", na Guiné-Bissau, em 1979/93; é um "ex-colon e retornado", como ele gosta de dizer com a sabedoria, bonomia e o sentido de humor de quem tem várias vidas para contar; é membro sénior da Tabanca Grande]



Data: 12 de fevereiro de 2016 às 15:47
Assunto: As riquezas das matéria primas Africanas e as fantasias criadas


Ou seja, falemos de coisas que toda a gente fala, mas que os responsáveis não  abordam  politicamente, menorizando um assunto imensamente importante e grave.

Toda a África daqueles anos em que nós aqui andámos por lá, era alvo  de enorme atenção mundial quanto às suas riquezas por explorar.

Falava-se no ouro da África do Sul, uma realidade e que muita gente acreditava que todos os países africanos só precisavam de "brancos" ou "amarelos" para explorar da mesma maneira que faziam os boeres e o explorador Rhodes.

No nosso caso, de portugueses das riquezas do azeitinho, do vinhinho, e da corticinha, queixávamo-nos da culpa do atrasado do Salazar, que  escondia as riquezas das colónias para ninguém cobiçar o que era nosso.

Tudo isto não é novidade para quase ninguém, mas estas coisas ouvidas em Angola antes e durante a guerra,  por independentistas tipo pessoas em que podemos enquadrar gente como  os futuros dirigentes do MPLA e PAIGC, servia para aliciar os nativos, e  principalmente quem vivia nas cidades, criados, serventes nas obras, vendedores de jornais e pipocas, estudantes nas escolas e liceus, e em geral todos os jovens citadinos.

Todos, menos os velhos sobas e régulos que desconfiavam das farturas, e sabemos que uma grande maioria pagou com a vida e a destruição e perseguição, principalmente em Angola com 3 movimentos inimigos.

Mas nós, muito  povo português da metrópole, caíamos também nessa cantilena, das riquezas e diamantes a pontapé, e até hoje passados 40 anos muito patinho ainda escorregou na casca da banana, alguns até foram ao parlamento explicar aos deputados para onde foi tanto dinheiro.

Na Guiné, essa miragem das riquezas «escondidas» também foi vendida e de que maneira. Estrangeiro que chegasse a Bissau, nos primeiros vários anos após a independência com partido único, PAIGC, verificava que  essa fantasia das riquezas escondidas, ainda era vendida entre os jovens e principalmente entre a Juventude Amílcar Cabral (JAC).

E, embora Amílcar Cabral chamasse à atenção,  em discursos, que não queria uma Guiné igual aos países que continuavam  a ser explorados  por neocolonialistas, não evitou que o PAIGC criasse macaquinhos na cabeça de toda a gente.

Então estava criada uma ideia na cabeça de toda a gente, em Bissau, que a Guiné estava deitada sobre um enorme lençol de petróleo, e um grande travesseiro de fosfatos, que os portugueses escondiam.

Como tal, nem era  preciso semear o arrozinho, a mancarrazinha e o cajuzinho!,,, Alguém viria para explorar aquelas riquezas e era a felicidade total.

E assistiu-se vários anos a uma Guiné absolutamente paralizada, sem produzir nada, à espera das ofertas de dadores e doadores que tudo o que enviavam era distribuído entre os "membru" do partido, ou exportado para os vizinhos, e o povo naquela fome.

Outra ideia criada pelo PAIGC, e que  todas as ex-colónias alimentam, até os brasileiros, era que os portugueses, atrasados, não deram educação e ensino, por isso "estamos atrasados".

E os dadores e doadores vai  de recuperar o atraso dos portugueses,  a fazer com bolsas de estudo doutores e engenheiros como uma linha de montagem, e não havia mais  jovens  que quisesse permanecer na sua tabanca original, nem para criar vaca ou cultivar arroz.

Ora, como até agora não apareceram as tais riquezas que Salazar «escondeu»,  e é aí que eu quero chegar, podemos hoje, 40 anos após a independência, contraditoriamente, podemos confirmar que hoje os guineenses são dos povos menos pobres da toda a África e precisamente por essas riquezas continuarem escondidas.

Mais pobres que a Guiné são os Estados petrolíficos e diamantinos, como Angola, os Congos , Nigéria, Serra Leoa e muitos  outros, em que têm enormes cidades  com milhões de jovens a vaguear pelas ruas, sem qualquer perspectiva de vida, quer na agricultura, que ninguém produz porque há dinheiro para importar, nem na construção e indústria porque há dinheiro para pagar a portugueses e chineses e franceses e brasileiros fazerem, nem nas escolas porque não adianta estudar porque vêm engenheiros e doutores  europeus, chineses e  americanos  e ocupam os bons lugares de trabalho.

Um caso paradigmático quanto às riquezas petrolíferas é São Tomé, que são duas ilhas num mar de petróleo. E fantasiando riquezas mirabolantes, abandonaram aquelas maravilhosas e modelares fazendas de cacau do "colon" explorador, e agora estão esperando que um branco qualquer venha restaurar a exploração cacaueira, já passaram 40 anos.

Todos os países europeu coloniais sabiam das riquezas que havia naquelas colónias, e a melhor e mais económica e  "humana" maneira  de explorar essas riquezas, era a independência.

Mas,  exceptuando nós portugueses e os brancos do apartheid sul-africanos e rodesianos é que de uma maneira ou outra lutaram contra a demagogia de libertadores irresponsáveis daqueles "ventos da história", que ajudados pelo cinismo de neocolonialistas, iludiram com fantasias mirabolantes milhões de jovens que hoje (os pretos velhos nunca acreditaram) estão completamente desorientados.

Muitos desses jovens estão há vários anos  junto ao funil da mancha, outros no arame farpado de Ceuta, outros na Tunísia a olhar para Lampedusa. Estão a perguntar de quem é a responsabilidade sobre o desaparecimento daquelas riquezas, porque a eles não calhou nada.

Sabemos que África tem regiões com muitas riquezas naturais, mas sabemos que há outras tão pobres que nem a água das chuvas é regular. E podem nem ser essas as que vivem pior, Cabo Verde é um exemplo. Mas Cabo Verde é um caso africano à parte, não tem as mesmas contradições  da maioria dos outros países. Para os cabo-verdianos, o que conta são as únicas riquezas que têm: O seu tchon e as pessoas.

Nós,  portugueses, como os mais antigos colonizadores em África, bons ou maus colonizadores,  (não há colonizadores bons, mas dizem alguns guineenses que os franceses colonizam melhor que os portugueses),  temos obrigação, através dos que andámos na Guerra do Ultramar, escrever na história da África e da Europa que lutámos enquanto pudemos contra o caos daquelas descolonizações, que de terras onde não havia fome, hoje há fome, guerra, diamantes, petróleo, abandono e invasões indiscriminadas, até de religiões estranhas vindas de todas as latitudes, e não sabemos onde as coisas vão parar.

E uma das causas de muitos problemas africanos, são mesmo as riquezas «escondidas». A Europa, como vizinha de África,  e com algum sentimento de culpa, vai (está) a sentir na pele o que aí vem.

Cumprimentos

 Antº Rosinha



Suécia > s/l > s/d > Visita de uma delegação de um país africano... Segundo indicação do Cherno Baldé,  pelas vestes e traços fisionómicos, seriam representantes do povo massai, seminómadas; são menos de um milhão, e vivem no Quénia e no norte da Tanzânia.

Foto do arquivo de José Belo (sem indicação da fonte).
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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de janeiro de 2016  > Guiné 63/74 - P15623: Caderno de Notas de um Mais Velho (Antº Rosinha) (41): o que foi mais devastador para o PAIGC foi precisamente a campanha psicológica spinolista por uma "Guiné Melhor"