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segunda-feira, 30 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26970: Efemérides (460): Rescaldo da cerimónia de inauguração do Memorial em homenagem aos Combatentes de Leça da Palmeira caídos em campanha na guerra do ultramar


CERIMÓNIA DE INAUGURAÇÃO DE MEMORIAL EM HOMENAGEM AOS COMBATENTES DE LEÇA DA PALMEIRA MORTOS NA GUERRA DO ULTRAMAR

O Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes promoveu, em colaboração com a União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, a cerimónia em epígrafe, que contou com as presenças do Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, Tenente Coronel Armando Costa, do Presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Sr. Paulo de Carvalho, da Presidente da Câmara, Dra. Luísa Salgueiro, membros do Executivo, membros dos Órgãos Sociais do Núcleo, sócios da Liga, familiares e amigos e cidadãos de Leça da Palmeira, o clarim dos Bombeiros de Matosinhos-Leça da Palmeira, o Porta Guião do Núcleo, num total de dezenas participantes.

Pelas 10H00, iniciou-se a cerimónia militar na entrada do parque público Fernando Pinto de Oliveira, em frente ao edifício da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, com a concentração dos presentes em frente ao Memorial, onde se encontram os nomes dos combatentes leceiros que tombaram pela Pátria.

O orador da cerimónia, Tesoureiro da Direção, Sargento Mor David Caetano, deu início à leitura do Guião da cerimónia a que se seguiu a audição e entoação do Hino Nacional por todos os presentes e a inauguração e bênção do Memorial pelo Rev. Padre Francisco Andrade.

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Núcleo, Sr. Ribeiro Agostinho, fez a chamada de todos os combatentes mortos da freguesia na Guerra do Ultramar, seguindo-se a deposição de uma coroa de flores e o Rev. Padre Francisco Andrade proferiu uma evocação religiosa.

A cerimónia prosseguiu com os respetivos toques de homenagem aos mortos e, após um minuto de silêncio, o clarim dos Bombeiros de Matosinhos-Leça da Palmeira fez o toque de alvorada. De seguida, foram proferidas alocuções alusivas ao ato pelo Presidente da Direção do Núcleo, pelo Presidente da Junta e pela Presidente da Câmara.

Por último, ouviu-se o Hino da Liga dos Combatentes.

Para além da inauguração de mais um Memorial aos Combatentes do Ultramar no concelho de Matosinhos, esta atividade teve igualmente o objetivo de levar à prática o Programa Estruturante da Liga dos Combatentes “Conservação das Memórias”.


Antigos combatentes e autoridades
Sargento Mor David Caetano, orador da cerimónia
Porta-Guião do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes
Clarim dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça
Momento da inauguração do memorial com os nomes dos leceiros caídos em campanha
O Rev. Pe. Francisco benzendo o memorial
O Combatente Ribeiro Agostinho fazendo a chamada dos leceiros caídos em campanha
Momento da evocação religiosa aos mortos pelo Rev. Pe. Francisco
O combatente Daniel Folha declama dois poemas de sua autoria, um dedicado às Mães e o outro dedicado aos combatentes da guerra do ultramar
O Presidente do Núcleo de Matosinhos da LC no uso da palavra
O Presidente da União de Freguesias Matosinhos-Leça da Palmeira, dirigindo-se aos combatentes presentes
A Dra. Luísa Salgueiro, Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, falando aos presentes

Texto do Núcleo de Matosinhos da LG
Fotos: José Trindade, editadas e legendadas por CV

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Nota do editor

Último post da série de 12 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26913: Efemérides (459): Discurso de Lídia Jorge, Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do 10 de Junho de 2025, em Lagos

Guiné 61/74 - P26969: Notas de leitura (1815): Guiné - Os Oficiais Milicianos e o 25 de Abril; Âncora Editora, 2024 (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Junho de 2024:

Queridos amigos,
Não devemos esquecer que a cada um que aqui vem testemunhar a sua participação no MFA Guiné foi pedido um relato pessoal e daí parecer por vezes que se repetem as memórias de como todos eles se foram encontrando e atuando, como se institucionalizou o MAPOS, logo em 4 de maio, exigindo negociações com o PAIGC, a efervescência do ambiente social em Bissau depois do 25 de Abril, o papel da Voz da Guiné, a vida no mato, seja em Empada seja em Caboxanque, trata-se de um documento que se poderá classificar como de referência, na justa medida em que complementa tudo quanto já está escrito pelo lado de oficiais do quadro permanente e até de investigadores deste período, como é o caso dos trabalhos de António Duarte Silva. É pois de leitura obrigatória para quem pretende estudar quem foi quem no final do Império, no território da Guiné.

Um abraço do
Mário



Os milicianos no MFA da Guiné (3)

Mário Beja Santos

Na sequência do texto dado à estampa na semana anterior e referente ao livro recentemente publicado e intitulado "Guiné, Os Oficiais Milicianos e o 25 de Abril", Âncora Editora, 2024, onde se dá voz a um conjunto de depoimentos de milicianos, alguns deles ligados à crise académica de 1969 e a Coimbra, já deu para entender que por um feliz acaso ocorreu uma gradual convergência entre estes oficiais milicianos sediados em Bissau e o núcleo de oficiais do quadro permanente onde, entre outros, estavam ativos Sales Golias, Duran Clemente e Carlos de Matos Gomes e estreitamente relacionados com o capitão miliciano José Manuel Barroso.

Dada a diversidade de olhares, deu-se a palavra a um acervo de intervenientes como Álvaro Marques, Amaro Jorge, Canhoto Antunes, Celso Cruzeiro, Eduardo Maia Costa, João Teixeira, José Manuel Barroso e J. M. Correia Pinto. Põe-se termo a esta digressão pelos testemunhos destes oficiais milicianos, começa-se por José Pratas e Sousa, alferes-miliciano da CCAV n.º 8352, SRI e secretariado do MFA. Como outros intervenientes, Pratas e Sousa logo alude à derrota das tentativas de desenvolvimentos de soluções neocolonialistas, como foi repudiado o projeto de Spínola de manter a Guiné numa comunidade lusíada. Faz menção de que o que procura relatar é a sua experiência pessoal, como viveu e sentiu acontecimentos do período de abril a setembro de 1974. Mafra, a Escola Prática de Cavalaria, o Regimento de Cavalaria n.º 3 onde se formou a sua companhia, chegaram à Guiné em 4 de novembro de 1972, o destino era Caboxanque, na região do Cantanhez. “Tinha cerca de 800 habitantes e a nossa tropa instalou-se dentro da povoação que era habitada por velhos, mulheres e crianças. Não havia jovens. Estavam no mato com o PAIGC, que até então tinha controlado todo o Cantanhez. Esta situação contribuiu para acentuar a sensação de sermos ocupantes ilegítimos de uma terra que não era nossa.” Fazem patrulhamentos intensivos, são flagelados, normalmente sem consequências maior, terão dois mortos. Frutificaram amizades, que permanecem, refere Rui Silva, o capitão miliciano que comandava a companhia, com quem mais tarde se encontrará no secretariado do MFA em Bissau.

Deixa a companhia em agosto de 1973 (esta ir-se-á manter em Caboxanque até junho de 1974), foi transferido para Bissau, irá dirigir o Programa de Línguas Nativas, um programa de rádio militar integrado no Serviço de Rádio e Difusão de Imprensa. O noticiário oficial procurava iludir o agravamento da situação militar: os aviões derrubados pelo PAIGC eram noticiados em Lisboa como alvos de mísseis disparados a partir da Guiné-Conacri ou quedas devidas a acidentes. Dá-nos conta de como viveu o 25 de Abril, como foi determinante o papel do capitão Jorge Golias, era o oficial de maior prestígio dentro do MFA, não esquece o papel importante do capitão miliciano José Manuel Barroso, que desempenhou funções de adjunto de Carlos Fabião, Barroso foi o único miliciano que esteve desde o início envolvido nas reuniões conspirativas do Movimento dos Capitães da Guiné. Não esquece a referência ao MAPOS, o Movimento pela Paz que agregou oficiais, sargentos e praças, constituído em 4 de maio.

Observa que a guerra da Guiné acabou no dia 26 de abril. “É certo que ainda houve alguns combates, havendo a lamentar, nos cinco meses seguintes, cinco mortos entre os militares portugueses. Sem querer desvalorizar o significado destas mortes, ainda mais absurdas num tempo em que estavam abertos os caminhos da paz, é de lembrar que nos onze anos de guerra na Guiné morreram em média cinco militares portugueses em cada dez dias. O que houve foi o resultado de alguns incidentes provocados na sua maioria por comandantes do PAIGC, que no mato tomaram iniciativas individuais, que foram logo reprimidas pela direção do partido.” E lembra o papel que tiveram as sessões de esclarecimento em muitas unidades do interior.

Tem agora a palavra Luís Araújo, da Repartição da ACAP do Comando-Chefe em Bissau. Desembarcou em Bissau em março de 1973, engenheiro de formação, regista as primeiras impressões, a atuação dos oficiais milicianos, os acontecimentos do 25 de Abril e dias imediatamente posteriores. “A minha função era a recolha e processamento de informação que permitisse ao Comando-Chefe acompanhar a opinião da evolução pública, quer nacional, quer internacional, sobre a situação da Guiné. Produzia relatórios periódicos de divulgação interna reservada, baseados em fontes de informação internas do território e em posições expressas na imprensa portuguesa e nacional.” Irá colaborar depois com comissões de apoio às funções de Carlos Fabião.

O último depoimento pertence a Rui Pedro Silva, nome já mencionado por José Pratas e Sousa. Ele comandava a companhia de Caboxanque, pela rádio ouviu falar no golpe de Estado. Vem de férias em março de 1974, no regresso é confrontado com a notícia da morte de dois soldados. Fazendo um balanço desse mês de março, observa que no Cantanhez houvera uma forte manifestação na capacidade do PAIGC. Faz uma alargada digressão sobre os acontecimentos políticos em Portugal, como correu a sua mobilização, foi enviado para Angola em 1971 e 1972, esteve nos Dembos, volta a Mafra para o curso de comandante de Companhia, como se processou em termos efetivos a operação Grande Empresa, encetada em 6 de dezembro de 1972. Tem importância o que escreve a seguir sobre a quadricula para Cafal, Jemberem, Cobumba e Chugué, lembrando que o relato detalhado desta operação é da lavra do Coronel Moura Calheiro no seu livro "A última Missão", ele foi o coordenador da operação desde o seu início. Em 27 de setembro de 1972, a CCAV n.º 8352 é transferida para Caboxanque. “Nos primeiros cinco meses em Caboxanque, a maioria dos militares dormia em valas, a comida era distribuída por uma viatura que percorria o limite do aquartelamento por onde estavam distribuídas as três secções de cada um dos quatro pelotões, cerca de quilómetro e meio, chegando já fria à últimas secções, utilizavam uma vala como latrina, partilhavam sem privacidade.”

Conta várias peripécias, até de um estranho acidente com uma arma de fogo, como se procedia a ação psicológica, desde a melhoria das habitações da população local à assistência de enfermagem. Também escreve a sua versão sobre os acontecimentos de 1973, e assim chegamos ao encontro com o PAIGC em maio de 1974, que ele descreve assim:
“Reuni os chefes da tabanca, poucos dias após os 25 de Abril, informei-os que íamos cessar as patrulhas na zona operacional, mas que queríamos manter contacto com a população que vivia fora de Caboxanque e pedimos que disso dessem infomação a essas populações. Cerca de duas semanas após o 25 de Abril, fomos visitados por um comissário do PAIGC, vinha fardado e naturalmente desarmado. Apresentou-se em Cufar e depois, a seu pedido, transportado em escolta até Caboxanque. O encontro foi muito cordial. Primeiro, pediu autorização para visitar a família que vivia em Caboxanque e que não via há bastante tempo. Depois dessa visita realizámos uma longa conversa, partilharam das dificuldades vividas. Concordámos que não haveria lugar a emboscadas, ataques ou minhas em toda a zona operacional. Para nós, a guerra tinha terminado. Na despedida, demos um abraço”.
A companhia é transferida para Bissau em junho, Rui Pedro Silva fica a trabalhar no secretariado do MFA.

O anexo inclui imagens da Voz da Guiné, de encontros entre as nossas tropas e as do PAIGC.

Obra de referência para o estudo das relações entre os oficiais do quadro permanente e milicianos na génese, organização do MFA Guiné e das ações posteriormente desenvolvidas em conjunto.


Gadamael, maio de 1974. A primeira visita do PAIGC à tabanca e aquartelamento de Gadamael: Em primeiro plano, ao centro, o Comandante do COP5 (Cap Ten Fuzo Patrício); do seu lado direito está o comissário político do PAIGC, de cigarro russo na boca. Imagem retirada do nosso blogue
Pirada, primeiros contactos com o PAIGC, junto à fronteira do Senegal com o fim de combinar a "passagem de testemunho", dirigido pelo Comandante Jorge Matias, do BCAV 8323. Fotografia de António Rodrigues, com a devida vénia
China, Amílcar Cabral e o PAIGC: um namoro em três tempos Delegação do MPLA e do PAIGC na China, em Agosto de 1960, a convite do Comité Chinês de Solidariedade com África e Ásia. Imagem da Associação Tchiweka de Documentação
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Notas do editor

Vd. post de 23 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26950: Notas de leitura (1812): Guiné - Os Oficiais Milicianos e o 25 de Abril; Âncora Editora, 2024 (2) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 27 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26962: Notas de leitura (1814): O fotógrafo Alfredo Cunha, a Guiné, o 25 de Abril no mais antigo museu português (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26968: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942- 1965) (sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619, Catió, 1964/ 1966) - Parte II: o Manuel Luís Lomba estava lá, em Cufar, em 23 de janeiro de 1965


1. Comentário do Manuel Luís Lomba ao poste P26957 (*):

Foto à esquerda: Manuel Luís Lomba: (i) ex-fur mil cav, CCAV 703 / BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66): (ii) autor de “A Batalha de Cufar Nalu” (Terras de Faria, Lda. 4755-204,
Faria, Barcelos, 2012); (iii) natural de Barcelos.

O camarada lourinhanense José António Canoa Nogueira, apontador do morteiro 81, participante da Operação Tridente (Batalha do Como, jan -mar 64), foi alvo de (e mortalmente atingido por) uma granada de RPG, talvez a uns 20 metros de mim, nessa madrugada. 

Adido à CCav 703, pertencia á esquadra que o furriel Santos Oliveira foi instalar no nosso estacionamento em Cufar Nalu, no âmbito da Operação Campo, complementada com as Operações Alicate 1, 2 e 3, entre janeiro e março de 1965... 65 dias de vida à toupeira!...

O IN, comandado por Manuel Saturnino, atacou-nos em meia lua, cortou as primeiras fiadas de arame farpado, o José António ousava fazer fogo de olho e ouvido, orientado pelas chamas do seu armamento... O IN, por sua vez, orientou-se pela chama do seu morteiro, foi certeiro, e ele tombou com uma granada de RPG, eu ajudei a retirá-lo para o posto de socorros, uma tenda em ruínas da antiga fábrica de descasque de arroz.

O alferes miliciano médico João Sequeira já não pôde fazer nada por ele, á luz de um petromax. A vítima foi um moço corajoso.



Capa do livro do Manuel Luís Lomba: leiam-se as páginas 157-169, onde se descreve o ataque do PAIGG a Cufar, em 23 de janeiro de 1965, seis dias depois da sua sua ocupação pelas NT, Foi nessa madrugada que morreu o lourinhanense , sold ap mort, Pel Mort 942, José António Canoa Nogueira (era soldado, mão 1º cabo).

 

Mas o IN também também teve a sua paga, na retirada. A Companhia de Milícias, comandada pelo João Bacar Jaló e por Zacarias Sayeg (futuro capitão do MFA, assassinado após a independência) e o Grupo de Comandos "Os Fantasmas", de Maurício Saraiva, futuro comandante do capitão Salgueiro Maia, em Moçambique, no qual se distinguia o então primeiro cabo Marcelino da Mata e o nosso amigo furriel João Parreira, montaram-lhe uma emboscada de muito sucesso.... sanguinário.

Dos intervenientes, o capitão Fernando Lacerda, o dr. João Luís Sequeira, o furriel Santos Oliveira e o furriel 'comando' João Parreira, e outros indiretos, como os alferes João Sacoto e Carvalhinho estão vivos - e recomendam-se!

Aquele abraço!

sexta-feira, 27 de junho de 2025 às 10:51:00 WEST


(Revisão / fixação de texto: LG)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 26 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26957: Seis jovens lourinhanenses mortos no CTIG (Jaime Silva / Luís Graça) (1): José António Canoa Nogueira (1942-1965), sold ap mort, Pel Mort 942 / BCAÇ 619 (Catió, 1964/1966) - Parte I: nota biográfica

sábado, 28 de junho de 2025

Guiné 61/74 - P26966: Os nossos seres, saberes e lazeres (687): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (210): Visita ao novo acervo permanente no Museu Nacional de Arte Contemporânea – 1 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Março 2025:

Queridos amigos,
Era então diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea a Emília Ferreira e deu-se um refrescamento do acervo permanente, diga-se de passagem que é riquíssimo, não há um outro referencial como este. Sendo vasto o acervo, fui primeiro cumprimentar mestre Columbano, ele está, de algum modo, no encerramento de uma época, mesmo dando alguns indícios que se predispunha a colaborar na rutura. O seu retrato de Antero de Quental é arrepiante, é um fim da Pátria. Entramos depois nos sinais de alvorada, nos percursos da modernidade, Almada e Amadeo, Viana e Eloy são nomes irrecusáveis, mas temos Canto da Maya na escultura e vai abrir-se espaço para dois movimentos, o neorrealismo e o surrealismo, mestre Pomar tem o ícone neorrealista no Gadanheiro e vão-se impôr vários nomes no surrealismo, curioso este fenómeno das artes plásticas que se prolonga até ao nosso tempo. Ainda recentemente anunciaram o último surrealista, um senhor desconhecido que vive lá para as Américas, isto quando verdadeiramente está vivo e a trabalhar Raúl Perez, de quem ninguém fala e é um grande artista. Caprichos ou tiranias dos críticos de arte...

Um abraço do
Mário


Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (210):
Visita ao novo acervo permanente no Museu Nacional de Arte Contemporânea – 1

Mário Beja Santos

O Museu Nacional de Arte Contemporânea alterou recentemente o seu acervo permanente. Digamos que o visitante tem tudo a ganhar com a compreensão dos objetos da rutura. O modernismo anuncia-se no início da década de 1910, digamos que tardiamente se pensarmos que o cubismo já está em movimento, sob a égide de Picasso e Braque. Chegaram artistas de Paris, como Francis Smith ou Emmerico Nunes, já estão a revolucionar o naturalismo, mas os nomes prestigiados da pintura dão pelo nome de Columbano, Malhoa, Carlos Reis ou Marques de Oliveira. Ainda ninguém conhece Amadeo em Portugal. De acordo com os historiadores de arte, a rutura põe-se em movimento com a Exposição Livre de 1911 e I Exposição dos Humoristas de 1912. Há nomes que começam a ganhar prestígio, Almada, Jorge Barradas, Leal da Câmara, um desenhador de humor consagrado em Paris.

É durante a guerra que se dá uma animação nas Letras e nas Artes Plásticas, basta pensar no Orpheu, em Pessoa e Sá Carneiro, Santa Rita, Eduardo Viana. Amadeo expõe no Porto e em Lisboa, não é verdadeiramente apreciado; o futurismo é o movimento efémero. A década de 1920 dá um salto com modernistas que não rejeitam as artes gráficas, caso de Viana, Almada, Bernardo Marques, António Soares, Stuart, mais tarde Carlos Botelho, António Ferro irá pedir-lhes a sua colaboração para a chamada política do espírito, que dominará a paisagem das artes até ao fim da Segunda Guerra. Eduardo Viana é um desses pintores marcantes da época, como Mário Eloy, que criou personagens grotescas e inquietantes, cores que fogem à realidade, tudo com elevado sentido expressionista.

A escultura parecia desaparecida depois de Machado de Castro, surge Canto da Maya. E assim chegamos aos movimentos dos anos 1940. No mesmo ano em que abre a Exposição do Mundo Português, António Pedro promove uma exposição onde apresentava pintura surrealista. Vai emergir o abstracionismo, caso da pintura de Fernando Lanhas, ainda durante a Segunda Guerra. E imediatamente depois vão entrar num quase confronto dois movimentos de alto significado, o neorrealismo e o surrealismo. E Almada Negreiros deixa os seus trípticos nas gares marítimas, vai buscar temas míticos e populares, varinas e a nau Catrineta, cenas de circo e as despedidas dos emigrantes, um governante do Estado Novo dirá apoplético que era preciso retirar dali aqueles mamarrachos, o que diriam os estrangeiros daquela rusticidade e provincianismo? Mas antes de entrarmos em ruturas, mostre-se duas obras-primas do naturalismo, de mestre Columbano, depois sim, virá a rutura. Iremos fazer a viagem até ao surrealismo, mais adiante prosseguiremos.

O Grupo do Leão, pintura de Columbano Bordalo Pinheiro. Obra capital da pintura portuguesa do século XIX, por analogia é uma mostra de um coletivo de artistas, jornalistas e escritores que nos remete para uma atmosfera de ilustração social que oferecem Os Painéis de S. Vicente, atribuídos a Nuno Gonçalves. Naquele período da monarquia constitucional em que alguns intelectuais procuram explicar razões para a decadência do país, temos aqui um grupo folgazão, nada parecido com Os Vencidos da Vida, estão nele representados, entre outros, Cristino da Silva, Columbano, Silva Porto, António Ramalho e Rafael Bordalo Pinheiro. O quadro data de 1885, D. Carlos é o rei, já houve o Ultimatum, esta galeria de retratos já não cabe no romantismo, obedece às regras do academismo, mas é percetível o anúncio de uma rotura nas correntes estéticas vigentes.
Antero de Quental, pintado por Columbano, 1889. Os historiadores de arte reconhecem nesta tela uma alteração substancial na técnica de Columbano, mas o fundamental, para mim, é a mensagem que transparece naquele rosto em desânimo, é como se anunciasse uma Pátria em afundamento, e o poeta-pensador-ativista político não sabe qual a melhor saída.
A visita que me traz a este museu é para apreciar o novo olhar sobre a rutura moderna, como, ainda no interior do academismo – naturalismo, vão brotar os sinais do modernismo, no desenho e na pintura, em gente que foi a Paris, como Amadeo ou Eduardo Viana, aqui em Portugal, Almada ou Jorge Barrada. Há quem lhe chame a 1.ª geração do modernismo; seguir-se-á outra, onde irão confluir contestações, lembranças do expressionismo, e depois o neorrealismo e o surrealismo. O que fundamentalmente pretendo aqui deixar ilustrado é ver o que se passou entre 1911 e os anos 1950. A quem estiver interessado, peço a leitura desta síntese apresentada pela conservadora Maria de Aires Silveira.
Nocturno, por António Carneiro, 1910, porventura o primeiro sinal da modernidade. Como se lê na legenda: “Esta paisagem silenciosa, onde apenas se pressente a presença humana pela pontuação de manchas de luz, cria conversas sentimentais com o quadro Interior, de Aurélia de Sousa. É igualmente nesta década que irrompem as ruturas com o academismo do século XIX.”
Janela, Amadeo de Souza-Cardoso, 1916. Há vários Amadeo dentro de Amadeo, ele regressa a Portugal por razões da guerra, trabalha incessantemente em Manhufe, dá-se uma evolução, todo o seu cromatismo se vai depurando e simplificando, ainda há sinais da sua ligação ao cubo-expressionismo, mas o que se sente em obras tão simples como esta é que ele era um vanguardista original, o seu nome e a sua obra aparecerão ligados a exposições que deram brado antes da guerra.
Paisagem tropical – S. Tomé, por Jorge Barradas, 1931
Adão e Eva, pelo escultor Ernesto Canto da Maya, 1929-39
João Hogan, Carlos Botelho e muito, muito Almada Negreiros. Transição da década de 1930 para 1940, estão aqui alguns dos elementos de uma das obras fundamentais de Almada, os frescos das gares marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbitos, meados da década de 1940.
Quadros de Mário Eloy, incluindo dois autorretratos
Gadanheiro, por Júlio Pomar, 1945
A chegada do surrealismo, dois quadros de Marcelino Vespeira
Aurora hiante, por Cândido da Costa Pinto, 1942
La voie sauvage des songes, por Mário Cesariny, 1947

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 21 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26944: Os nossos seres, saberes e lazeres (686): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (209): Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 9 (Mário Beja Santos)

Guiné 671/74 - P26965: Memórias da tropa e da guerra (Joaquim Caldeira, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834, Tite e Fulacunda, 1968/60) (2): o soldado Rebouta, municiador de morteiro, para quem a Ditosa Pátria Amada ficou em dívida

1. Mais um excerto do livro "Guiné: Memórias da Guerra Colonia", do Joaquim Caldeira, grão-tabanqueiro nº 905,  ex-fur mil at inf CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834 (Tite e Fulacunda, 1968/69) (*)

Imagem à direita: Capa do livro de Joaquim Caldeira, "Guiné - Memórias da Guerra Colonial", publicado pela Amazona espanhola (2021) 


O  soldado Rebouta, municiador de morteiro, para quem a Ditosa Pátria Amada  ficou em dívida

por Joaquim Caldeira




Muito alto e magro, embora dotado de boa constituição física, o Rebouta era um soldado natural de Felgar, arredores de Moncorvo. Tinha necessidade de mostrar que queria ser amigo de todos e esforçava-se por merecer a amizade de todos. Mas era um amigo e eu agora que o diga, passados mais de trinta anos. 


Joaquim Caldeira: vive em Coimbra

Tinha como missão municiar o morteiro que o Machado apontava com precisão e grande mestria. O Machado, rapaz forte e bem constituído, natural de Larinho, também de Moncorvo, ficou feliz por ter arranjado para municiador do seu morteiro um homem seu conterrâneo, com quem viera a fazer grande e duradoura amizade que ainda hoje perdura. Ambos eram mestres no que faziam e eu sabia que não precisava de preocupar-me em dar-lhes instruções. Tiro do Machado, era tiro que acertava. Granadas dentro do tubo nunca faltavam ao seu jeito porque o Rebouta estava sempre atento às necessidades do seu apontador e sabia o momento ideal para deixar cair a granada.

Naquele fatídico dia 31 de Janeiro, corria o ano de 1968, cerca das 16 horas, durante uma operação que tinha por missão iniciar preparativos para construção do futuro quartel de Bissássema, a companhia, comandada pelo capitão Neves, caiu numa emboscada e, debaixo de tiros do IN, de roquete e de canhão e rajadas de metralhadora ligeira, responde com um fogo cerrado das nossas armas e consegue pôr em debandada o grupo IN que nos atacara. 

Feridos do IN, não constam. Ao meu lado, durante a refrega, cai o Rebouta e rebola-se como pode para debaixo de umas raízes a fim de poder abrigar-se enquanto uma dor lancinante lhe dilacera todo o pé e parte da perna esquerdos. Gritei para o Zé Carlos que heroicamente se dirigiu para o improvisado abrigo do Rebouta e ambos ajudámos a descalçar-lhe a bota para se dar inicio o seu tratamento. 

Credo! Tinha ficado sem o calcanhar, levado por estilhaço de granada de canhão sem recuo. Tratado como soube e pôde, pelo Zé Carlos que lhe fez um garrote na perna para evitar hemorragia e, bem ligado, havia que o carregar até que pudesse chegar ao quartel. 

Qual quê? Chamem já o helicóptero, gritei. Para que é que eles servem? E, assim, lá se foi o nosso primeiro ferido, ainda por cima um dos meus melhores homens. 

Fiquei em choque. Que mal teria eu feito para merecer tal coisa. Eu? Então o mal maior nem sequer foi meu. O pobre coitado é que foi ferido e eu estava a lastimar-me! Burro é o que eu sou. Em chegando ao quartel vou tentar lembrar-me de rezar para que ele não esteja muito ferido e possa curar-se rapidamente. Mas aproveitei o silêncio que se fez entretanto e rezei mesmo ali. Tinha-me despedido dele, pensando que nunca mais saberia notícias suas nem voltaria a vê-lo. 

Assim foi até ao dia 7 de junho – o mês dos Santos- só que do ano seguinte, 1969, portanto. Era perto do meio-dia e o sol tinha raiado depois de uma valente trovoada acompanhada de chuva intensa, daquela que abre rios onde antes era monte. O cheiro da terra é tão doce. O calor já não era como durante os meses de verão e inverno em Portugal. Eu estava de serviço ao piquete e tinha, entre outras preocupações e tarefas, a de garantir que a pista de aterragem estivesse desminada e a protecção de qualquer avião que quisesse ali aterrar.

 


DO-27. Arquivo do blogue
O Dornier encarnado sobrevoou o quartel e encaminhou-se para a pista de terra batida, ainda fresca da chuva mas sem poeira e lá vou eu, de jipe, correndo para me certificar de que todos os procedimentos de segurança estavam activados para a aterragem. 

Estávamos já em Fulacunda, povoação que encimava o nosso quartel onde tínhamos chegado quase um ano antes. A sua população civil era de maioria Fula e gente boa era o que não faltava. Os soldados regalavam-se, nas suas folgas a deitar-se pela tabanca, onde houvesse uma bajuda de mama firmada que os retivesse.

A picada que passava pelo meio da povoação até a pista estava muito esburacada e a chuva que tinha caído ainda ajudara à sua deterioração. Eu cavalgava aquele jipe sem dó, pois que não era meu e sabia que o meu amigo Almeida me ia desculpar por qualquer estrago que lhe provocasse. Logo que pude aumentei a velocidade e corri para o abrigo junto da porta de entrada da pista, donde verifiquei que a segurança estava feita e vi o avião iniciar a descida. Logo que parou, guiei até debaixo da sua asa e ajudei a abrir a porta do pequeno avião. 

Espanto meu. Ri-me de contentamento. Gritei até. O Rebouta estava de volta, com um saco de lona diferente dos que nos tinham sido dados antes. Sinal de progresso na Manutenção. Abraço-o. Ajudo-o a descer do avião e, já no chão, vi que ele coxeava. Abracei-o novamente e perguntei-lhe o que ele estava ali a fazer. 

− Voltei para a companhia!

Ele também estava contente por me voltar a ver. Mas estava também muito triste por não ter conseguido libertar-se da tropa. Ainda por cima, mandaram-no para o mato. 

−  Quando um homem não tem sorte, furriel, nada há a fazer.

 Trouxe-o para o quartel e fui com ele até à presença do capitão Neves. Pedi-lhe que desse um impedimento fácil ao Rebouta que, afinal, apenas tinha sido objecto de operação plástica ao calcanhar, com aplicação de prótese e aí andava ele sem poder calçar botas. Coitado de quem tem azar ou não tem padrinhos. E assim foi decidido, com a anuência do alferes Pio, meu comandante de pelotão, que aceitou que o Rebouta passasse o resto da comissão como ajudante de cozinheiro. 

Finda a comissão, regressou a Portugal, emigrou para França onde trabalhou como pedreiro até que as dores lho permitiram. Quando já mais não podia, regressou definitivamente a Portugal, criou os filhos com uma esmerada educação e aguarda há seis anos que o Estado português lhe faça a justiça de lhe dar uma pensão que o ajude a comer a sopita até ao fim dos seus dias. 

Ditosa Pátria que tanto demora a reconhecer a dívida que tem para com os seus heróis!..


Guiné 61/74 - P26964: Os 50 anos da independência de Cabo Verde (4): Cemitério Central do Mindelo: Talhão dos combatentes portugueses (Nelson Herbert / Luís Graça) - II (e útima) Parte

 


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Foto nº 21 e 21A


Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Cemitério Municipal > Maio de 2025

Fotos: © Nelson Herbert  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagemn: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



1. Publicação das restantes fotos do Talhão da Liga (Portuguesa) dos Combatentes, no Cemitério Municipal do Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde,  enviadas no passado dia 25 de maio, pelo nosso grão-tabanqueiro Nelson Herbert, jornalista reformado da VOA - Voice of America, guineense de origem cabo-verdiana.

Sabemos que o talhão das "Forças Expedicionárias Portuguesas (1939-1945)" é constituído  por  68 campas, de militares mortos por doença ou acidente, na Iha de São Vicente (40) e na Iha do  Sal (28)(*).

A sigla G.A.C.A (fotos nº 14 e 16) quer dizer "Grupo de Artilharia Contra Aeronaves".

Na foto nº 21 pode ler-ser a seguinte inscrição:

"À memória do cirurgião-mor do exército L. L. Guibara,  falecido em 31 de agosto,  por  ocasião do aparecimento do cólera-morbo. Testemunho de gratidão dos habitantes da ilha de São Vicente. Em 1856".

Trata-se do tenente graduado médico do exército português, Henrique Leopoldo Lopes Guibara (Gibraltar, 1826-1856), reconhecido como  um médico-mártir devido ao seu falecimento  num surto de cólera (ou cólera-morbo, como se dizia então),  em 31 de agosto de 1856, na ilha de São Vicente, Cabo Verde.

Eis a informação que recolhemos de Manuel Brito-Semedo, no seu blogue "Esquina do Tempo" (em poste de 13 de agosto de 2020), 

(...) "No dia 23 de agosto de 1856, começou em São Vicente a epidemia da cólera-morbo, importada de um vapor procedente da Madeira trazendo a bordo doentes dessa moléstia. 

Faleceram 645 indivíduos, até ao dia 20 de setembro, estando nesse número o delegado de saúde, o cirurgião-mor do exército Henrique Guibara, que morreu a 31 de agosto, ficando a ilha sem um dos principais responsáveis pela gestão da crise sanitária." (...)

Na altura São Vicente não teria mais do que 1,4 mil habitantes. (Na segunda metade do séc. XIX, Mindelo  começa a desenvolver-se,  graças sobretudo à sua atividade portuária: o porto da Baía Grande torna-se um ponto estratégico para o reabastecimento de navios a carvão; como imigrantes das ilhas próximas, como Santo Antão e São Nicolau, reforça-se a população local; no início da II Guerra Mundial, estima-se a população em 15 mil; segiundo o censo de 2010, teria mais de 70 mil.)

(...) "Conforme Henrique de Santa-Rita Vieira, no seu livro 'História da Medicina em Cabo Verde' (1999), como testemunho de gratidão da ilha de São Vicente, foi construído um mausoléu em sua homenagem, em 1856 (hoje desaparecido, aliás, como o cemitério, que ficava situado na Chã de Cemitério)." (...)

(...) Henrique Leopoldo Lopes Guibara poderá pertencer à leva de judeus que vieram para Cabo Verde no século XIX, provenientes do enclave inglês (de Gibraktar) e de Marrocos.

Um decreto datado de 10 de junho de 1851 nomeou o cirurgião civil Henrique Leopoldo Lopes Guibara para o serviço do Exército, passando a ser 'cirurgião ajudante', colocado no Batalhão de Caçadores n. º1.

Um novo decreto de 31 de agosto de 1854 determinou que o Dr. Henrique Guibara passasse a servir na ilha de São Vicente, por tempo de 6 anos e, para o efeito, foi promovido a 'cirurgião mor' do exército. Em março de 1855, foi nomeado Delegado de Saúde dessa ilha." (...)


Tem nome de rua no Mindelo.