Texto do João Tunes:
Humberto e mais os outros camarigos (os que tugem e os que nem mugem):
Se vamos pela interpretação sobre o que se passou e passa na Guiné antes, durante e depois "de lá sairmos", se calhar o consenso não é fácil. Nem talvez o caminho seja por aí. O importante é que estejamos unidos no respeito pela Guiné-Bissau como país soberano (não aceito outra base de princípio), sentirmos todos uma profunda ligação àquela terra pelo que lá passámos de bom e mau e dispormo-nos a ajudar (sobretudo as crianças que estão isentas de culpas nossas e de outras quaisquer. (*)
Já tinha sabido da tua ajuda a meninos da Guiné. E acho isso não só é meritório como te honra e, desculpa a sensibilidade de velho, acho até comovente. Só demonstras que és um velho guerreiro honrado e humanista. Mas se cada um de nós se dispuser a uma ajuda avulsa de enviar umas coisas para aqui ou acolá, a eficácia é reduzida, depois há as dificuldades logísticas, saber-se se chegou ao destino certo, a gente chateia-se e desiste, etc e coisa. Também acho que temos de superar os regionalismos (eu daria preferência a Pelundo ou Catió, outros ao Xitole, outros a Bula, a maioria dos tertulianos claro que puxava por Bambadinca, grande salganhada...).
Já nos basta a história dos mouros para nos entretermos entre portas e qb em tretas regionalistas. Um menino é um menino e na Guiné todos são carenciados. Eu deixava isso ao critério da ONG AD, dirigida pelo nosso amigo Carlos Schwarz. Julgo que ter uma ONG (e uma ONG tem de ter a credibilidade para poder ter direito a sê-lo) no apoio é uma base não só de fiabilidade (e de garantia contra descaminhos) como um apoio logístico e de selecção fundamentais.
Se a ideia fosse aprovada, havia que estabelecer regras - quem adere e como fazer chegar os contributos, a ONG definir o ponto a ser apoiado e selecionar as crianças, organizarmos - entre os aderentes - uma Associação de Acompanhamento dos Afilhados e fazer-se a interface com a ONG (esses ESTÃO NO TERRENO). Se se vir o projecto de ajuda dos espanhóis, está lá quase tudo.
Para mim, o problema, o principal problema de qualquer projecto e desta tertúlia, é que a maioria dos tertulianos são mudos, não piam - nem sim, nem não, nem nim. Terão piado tudo quando foram periquitos ? Mas, talvez com esta provocação, acordem e digam das suas...
Abraços a todos,
João Tunes
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(*) Claro que reconheço o direito a qualquer opinião porque hoje, felizmente, podemos e devemos falar. Todos, de todas as opiniões. O que considero é que, quando se tratar de levantar projectos, devemos escolher a via mais consensual. E exactamente por isso é que me dispenso, aqui e hoje, de rebater as opiniões que formulaste sobre os males da Guiné e com as quais não estou minimamente de acordo. Fora isso, fogo á peça a toda e qualquer opinião.
Eu, por exemplo, expremi-me forte e feio aqui e ali Não foi para te responder (ainda não tinha lido o teu mail) mas serve para o efeito. Vai lá, Humberto, e tens exemplo de opinião simétrica à tua. Mas na hora de fazer obra, ajudando, estas divergências não devem contar nada para fazermos bem em comum. É bom sermos frontais e leais. E eficazes, já agora. Não achas?
2. Resposta do Humberto Reis:
João:
Estou de acordo contigo que temos de ter opiniões diferentes, desde que respeitemos as dos outros, que é o que nós só sabemos fazer e outras convergentes (por exemplo gostar do nosso SLB (...).
Vamos aos factos e tirar o rabinho do sofá para tentar fazer alguma coisa por aquela gente. Já viste a mensagem do Carvalhido da Ponte sobre o apoio que Viana do Castelo está a dar ao Cacheu? Não seria uma boa ideia auscultar o Carvalhido sobre o funcionamento do sistema?
Oh Carvalhido. diz lá a malta como é que funciona esse intercâmbio? onde se deposita dinheiro?onde se entregam géneros?onde se entregam medicamentos?quem diz o que faz lá mais falta em determinado momento?
Temos de começar por algum lado e, como sugere o João Tunes, temos de espicaçar o touro para ele sair do curro, ou seja despertar a rapaziada para tugir e mugir.
Fico à espera de novidades.
Um abraço
3. Mensagem do Carvalhido da Ponte:
Em Viana [do Castelo] funciona uma Associação de Cooperação com a Guiné-Bissau que tem estado, desde 2005, a colaborar , especialmente, com o Cacheu uma vez que o município minhoto está geminado com aquela antiga cidade guineense. Uma das nossas práticas é o apoio didáctico e médico-medicamentoso.
Eu, José Luis Carvalhido da Ponte, servi na CART 3494, no Xime, entre 71 e 74, com o Salta-me a Cabeça, o Silva Pereira, O 1º Simões, o 1º Bagorro, o Castro, o Fur Godinho, o Fur Sousa Pinto, o Alf Pereira, o Alf Araújo, etc.
4. Comentário do Sousa de Castro:
Antes demais gostaria de dizer que também não me soa bem a palavra camarigos nem encontro o verdadeiro significado da palavra, mas tudo bem (...).
Vamos ao tema que está em discussão. É um facto que todos nós gostamos daquele país que se chama Guiné, foi lá que passamos a fase final da nossa adolescência (digo eu). Concordo que naquele país falta tudo.
Pergunto: Porque falta tudo? O que se viu nas eleições? Viu-se um sr. exilado em Gaia, entra na Guiné de helicóptero, faz a sua campanha e ganha as eleições!... Não percebo como nem quero perceber. Não discordo das boas intenções do Tunes nem de nenhum tertuliano, apoio a maioria no que ficar decidido, mas não podemos esquecer dos Miseráveis do nosso país. A falta de emprego, salários de miséria, a fome em muitas aldeias deste país à beira-mar plantado e falando em nós próprios, a contagem do tempo de serviço prestado no Ultramar a dobrar para efeito de reforma para todos os ex-combatentes e a reforma aos 55 anos para tos os ex-combatentes. Acrescento também que Lisboa e Vale do Tejo têm um nivel de vida superior ao Norte aproximadamente 40%.
Penso que uma forma de ajudar é fundar associações de geminação com localidades como Xime, Bissorá, Xitole, Gabu, etc. Depois conseguir nas mais variadas empresas, nas Cãmaras Municipais e outras do nosso país, pedindo apoio para esse fim, da mesma forma como o Carvalhido da Ponte tem posto em prática em Viana do Castelo. Apareçam mais ideias.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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