sexta-feira, 3 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4636: Vindimas e Vindimados (José Brás) (5): Tudo na mesma em Salancaur

1. . Quinta história da série Vindimas e Vindimados do nosso camarada José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, baseada no seu livro "Vindimas no Capim" (*), enviada na mensagem de 26 de Junho de 2009:

Carlos, amigo
Segue o ritmo
Pena é que duas coisas que mandei, sobre a "Conferência de Coimbra" e sobre a "lista de obras literárias" do Beja Santos, nem lhes sinta o cheiro
Aceita sem preocupação que diga amigavelmente e com admiração, que às vezes parecem ter medo da polémica.
Para mim, a polémica é apenas um meio saudável de dizer "estou aqui, não penso como tu, mas estimo-te e respeito"
Um abraço
José Brás


Tudo na mesma em Salancaur

Vês, Anamaria, a árvore grossa, ali, na direita, à esquerda do caminho que se dirige a Sul por entre a mata alta?
Vês Anamaria, na grossura da árvore, um abrigo que nesse tempo fazíamos apressadamente, debaixo do fogo que nos chegava da outra orla, dali, à direita do outro caminho que deste cruzamento sai, apontando a Norte para Fulacunda e para Nhala, terras por onde não passaste e por isso não imaginas bem onde possam ficar na geografia do mapa que trazes no carro.

Mas eu digo-te Anamaria. A primeira, a que chamo de Fulacunda, confirmando o andar a Norte, talvez uns vinte quilómetros em linha directa. A segunda, Nhala, bifurcando daí a Este, a escassos quilómetros daqui, menos que a outra, não mais de doze, talvez a dez de aonde estamos agora.

Parados no cruzamento de Buba, de costas para o lugar que será a vila e voltados de frente para a estrada que trazemos desde o Quebo, estamos muito perto da cabeceira da antiga pista de descolagem e aterragem de aeronaves.

Sei que este lugar não te diz nada para além da exuberância do verde, do calor húmido que te sufoca e te cola ao corpo a leve roupa que trazes vestida, dos ruídos da mata e da algazarra do grupo de beduínos parados na estrada do Sul, olhando desafiadores aos parentes afastados.

Nem crês no que te digo sobre o medo, sobre a inquietação que nos assaltava de cada vez que tínhamos de passar aqui, carregando coisas do dia-a-dia para o nosso lugar militar do Quebo, aliás, então, Aldeia Formosa de seu nome, nome justo, se compararmos com outros lugares da nossa peregrinação neste País agora novo. Novo porque de nós, velhos, se libertou, lutando, rajadas de costureirinha, morteirada, bazucada, sons de orquestra discorde nos graves e nos altos de cada instrumento, mandando flores de aço que se alojavam no chão à volta, nas almas de soldados, quando não mesmo em suas carnes.

Nem acreditas que alguém poderá ter sentido medo, aqui, uns anos antes. Fixas as árvores e o chão vermelho da estrada e não vez sinais de luta, nem de suor, nem de sangue de branco ou negro. Apuras o ouvido na tentativa de captar o som das armas, o último eco de algum grito velho que por aqui humano tenha deixado, a respiração ofegante do cansaço e da emoção, coisas todas que correram desbragadas nestas paragens, anos a fio.

E desanimas.

A paz que descobres neste silêncio quebrado apenas pelos gritos de aves e da macacada, não podia ter sido fendida alguma vez por raivas e ódios, por lutas de humano contra humano, por medos e coragens desmedidas, por heroísmos e cobardias, sob o troar da metralha e dos morteiros de um e do outro lado da mata.

Olhas à volta e não te apercebes da coluna de viaturas carregadas de comes e bebes, de cunhetes de balas e de caixotes de granadas. Não imaginas motoristas de nervos à flor-da-pele, esperando a cada metro, a bem dizer, a cada centímetro em frente, a explosão final que lhe decepará as pernas ou o corpo todo, numa agonia de morto em percurso final e antecipado, ou na própria alma alguma coisa decepando para o resto dos seus dias, escapando vivo de corpo para continuar a empurrar a vida em frente, na terra natal, nos bindonville de Paris, num sítio qualquer do Luxemburgo ou da Alemanha, subindo e descendo escadas de andaimes dez horas por dia a servir a maçons que lhe gritam em linguagem absurda ordens de pressas em desacordo com o cansaço que traz no corpo desde Afonso Henriques.

E pensas. Pensas que o estrondear de que te falei antes, nos dias de Lisboa, quando nem pensavas chegar aqui a esta humidade que te corta força aos pulmões e encurta oxigénio de que careces nas células e tecidos, pensas que tudo isso não passa de perturbação minha, na memória das coisas e dos factos, ou de arremedo de herói inventado na esquizofrenia de um outro eu qualquer que, a intervalos, pretenda ser.

E sabes de casos assim, em que real e desejado se misturam de tal modo que nem o dono da confusão se apercebe, tornando e tomando o falso por verdadeiro, agindo como se o fosse, e como se fosse o falso o verdadeiro.

E nem eu, que por aqui passei e sofri há trinta anos, nem eu que respirei este ar saturado, que suei a humidade que podes sentir na pele agora, nem eu, vê lá tu, nem eu estou absolutamente seguro do que digo que sei e, ou se sei, o sei porque o digo.
Até eu tenho as minhas dúvidas se a coisa foi assim mesmo ou se sou eu que numa avaria qualquer da mente, mínima que seja, e por isso difícil de detectar, a transformo e agiganto.

A sorte é que é contigo que falo e, tu, de mim, dos meus sinais de fraqueza, das coisas certas e erradas que te conto, não recontas tu com amizades de fora.
Vê bem! Há coisas que tu própria pudeste confirmar, aqui, vindo agora em férias, tendo visto da janela do avião da TAP a descida e a aproximação à pista de Bissau. Aldeias em pontas de terra, cercadas de água, rios que irradiam do mar terra a dentro, rios que correm paralelos, rios que se cruzam e seguem, cada um levando alguma coisa do outro em seu caminho próprio, bolanhas alagadas, tudo água e o verde das matas.

E perguntas-te se seria possível gente de armas na mão ter cruzado toda esta terra, ter assentado vida em quartéis espalhados pela terra, no meio dos matos. No meio de nada.

E lutado. E matado. E morrido. E suado calores de paludismo e saudades da mãe que o havia criado para outra coisa diferente desta.
Mas era. Era mesmo assim e não pinto eu agora mural de enfeite ou figuras de demência.

Neste mesmo lugar onde parámos assinalando-te caminhos, nomes de terras e bolandas várias, aqui mesmo onde pomos nós os pés sem medo de pisar mina, aqui foi que tivemos o nosso baptismo de fogo. No dia da chegada, vê tu, seis dias depois do Cais da Rocha, branquinhos do Inverno de Santa Margarida, almas penadas sem nada a que se agarrassem, incrédulos das palavras dos velhinhos em avisos sobre o cruzamento, sobre a recepção aos piras acabadinhos de chegar. Não foi grande coisa e pouca gente se assustou, acho eu, naquele primeiro dia de Guiné.

Mas eu conto-te o depois. Eu conto, agora que pareces disposta a ouvir sobre esta terra e sobre as quezílias que houve durante muito anos entre os donos dela e os portugas que a ocupavam havia séculos e não queriam abrir mão.

Já te assinalei a estrada que daqui mesmo sai em direcção a Catió, esta para onde agora volto o peito e que iremos andar nas próximas horas até ao almoço prometido em ostras e galinha de xabéu.

Se conseguires imaginar mais quatro a cinco quilómetros a baixo, à esquerda do nosso caminho, bifurcação quase imperceptível nesse tempo aos olhos de quem trilhava a paragem pela primeira vez, mas conhecida de naturais da terra que nos guiavam nesta mata que tu vês e avalias bem ou mal, adentrávamos o trilho mais uns tantos quilómetros, acercando-se a gente demasia a Salancaur, segundo me parecia, então, e confirmo hoje.

Caminhada ainda à luz do dia, pisando chão em cada passo com aquela sensação de "é agora", cem vezes, mil vezes, muitas mil vezes, andando sempre até que a palavra viesse da frente sussurrada homem a homem, Capitães que eram dois, Alferes pelo menos cinco, Furriéis uma catrefa deles, dois pelotões do Corvacho, dois pelotões da 1622, pelotão de foxes, "alto é aqui". Vamos alargando à direita e à esquerda, secções com os seus comandantes, GMC blindada e auto-metralhadoras o mais dissimuladas possível, cumprir turnos conforme indicado no "briefing, metade a dormir, metade de prontidão, a secção do arcanjo avançada em cunha na detecção de movimentos. Abancamos, cada um come a ração apenas de manhã".

Claro que tal conversa não era feita em grupo de mais de cento e vinte homens, como se o propósito fosse caçar rolas no Alentejo, mas repetida de cor pelos Furriéis já industriados na tarde de Buba e na experiência acumulada.

Está certo, Anamaria, está certo que devia ser eu mais pormenorizado no relato do movimento e dos dados, a ti que dificilmente podes imaginar estes jogos de tropas em guerra nos trópicos, se até a mim que os vivi, me parecem agora tão irreais, obrigando-me a este esforço que podes ver no meu rosto, de lembrar sítios, armas, caras de gente jovem com tanta vida para viver e ali na iminência do limite.

Cada um acostou-se como pôde nos troncos grossos das árvores e preparou-se para a noitada até às quatro da matina, hora marcada para os morfes, as rezas, mijar o medo, olhar-se cada um no escuro, afastar pensamentos maus e, seja o que deus quiser.
É bom haver deus para que cada um se agarre a qualquer coisa, se a mãe de cada um está longe e nada pode fazer, cada uma pelo seu um dela.

O objectivo desta romaria, seria o de atacar três aldeias que a informação dizia serem destacamentos da tropa guerrilheira de Salancaur, começando às cinco da manhã pela mais distante, quer dizer, pela mais próxima da grande base deles, destruir, regressar, atacar e destruir na volta outras duas.
Se ainda me recordo os nomes de tais sítios, começando pelo primeiro ataque, seriam Bantael Sila, Dalael Fula e Tombura, nomes que ditos assim nada dizem da outra gente que lá estava nos recantos das moranças, enrolando as seus dedos no arroz comum, cuidando de seus filhos, de suas mulheres, de suas galinhas, do trabalho na lavra da bolanha do dia seguinte.

E da esperança que o PAIGC vinha semeando todo ano e que floria, tanto na época da chuva como no da seca.

E tu sabes, Anamaria, isso tu sabes, que esperança e ânsias de melhor vida não são coisas só de branco, só de rico, só de gente culta.

Foi quando já assentara a agitação da chegada, cada um entregue a si próprio, virado para dentro de si próprio que era onde estava deus, de acordo com o Capelão da companhia, esse padre meio maluco, "que deus me perdoe, com conversas daquelas e cravado na cerveja como qualquer bronco", foi então, acho que já noite bem funda, foi então que começou aquele ventinho tolo, um sopro brando de início, insignificante, refrescante ali, no bafo húmido do antes da madrugada.
Mas subiu de força, pouco a pouco, querendo anunciar qualquer coisa, aumentando, agitando as ramadas altas do arvoredo, agitando ainda mais a alma da gente, tornando-se raivoso, revolvendo tudo, lascando, partindo, trazendo grossos pingos, chuva, dilúvio.
Tempestade tropical.

Cada um, soldados, sargentos e oficiais sentados de rabo nos calcanhares, dobrados em três, joelhos à boca e apertando a G3 entre as pernas, tapando-lhe a boca para evitar água, relâmpagos que iluminavam a mata como se fosse dia, dia a que faltava ainda um bom par de horas para romper, árvores a rachar atingidas pelos raios, nada nos abrigava das cordas grossas da chuva que nos entrava pelo pescoço e descia por dentro da farda, pelo peito, pelos tomates, pelas pernas, até à botas.

Uma boa meia hora nisto e trás! Uma faísca atinge a GMC blindada, pega o fogo a cunhetes de balas, granadas de bazooka e morteiro sessenta, estoirando tudo mais que castanhas em Novembro ou fogo de artifício na Feira de Castro.

Soldados crendo que o inimigo nos detectara, estás a ver Anamaria, e que nos flagelava forte e feio, desatam a disparar também, às cegas, espalhando bala e granada de morteiro a esmo, no risco de se matarem uns aos outros.
Furriéis e alferes conseguiram calar o fogo a poder de berros, mas era tarde e o mal estava feito.

A ordem agora era de defesa, montar emboscada como deus deixava, o nosso deus, está claro, porque o deus deles, que também eles tinham deus, um, ou, calhando, até mais, e esse ou esses deveriam estar agora a mexer pauzinhos para nos tramarem.
Pronto, a surpresa desaparecera e agora, ou retirávamos, ou avançávamos.
A decisão foi avançar um pouco antes da hora da madrugada que havia sido planeada para o primeiro contacto.

Diz-me tu, Anamaria, se não são, se não foram valentes tais homens, temerários, sabendo no vespeiro em que estavam e avançam só porque o rei manada avançar mas não manda chover.

Tínhamos apoio aéreo planeado e víramos mesmo os T6 na pista de Buba antes da saída, caminhando para este cruzamento onde ora estamos descansados.

E tu sabes, Anamaria, o que eu gostaria de ter sido piloto. Desde miúdo, a bem dizer, mas não fui porque não quiseram que fosse, nesse ano, Sargento miliciano piloto.

Bem!
Pouco mais de duzentos metros andámos e sofremos a primeira emboscada. Pequena, com meia dúzia de guerrilheiros que logo retiraram.
Novo avanço e nova emboscada, agora maiorzinha.
De novo retiram e de novo, mais à frente, emboscam, crescendo em quantidade os disparos e o tempo do combate.

Começámos a desconfiar, sobretudo porque a nossa disciplina de fogo não era famosa e muita gente disparava o medo nas balas que enviava.
Sabíamos que a aviação chegaria de manhã clara. Descansávamos nisso.

Quarta emboscada já muito forte e a certeza de que estávamos a entrar no meio de uma perigosa arapuca. Furriéis e até soldados interrogavam-se uns aos outros nos altos dos tiros e dos rebentamentos "mas o que é isto, o que é que querem provar os chefes?"

Ainda assim... a aviação estava ali mesmo à mão e bastava o contacto rádio, ou nem isso, porque ondas sonoras de tiros e rebentamentos chegariam a Buba quase como Relim.

Nem nos apercebemos de intervalo entre a quarta e a quinta. Apenas concluímos tarde de mais que estávamos tramados.

Uma mina anti-pessoal rebentou numa roda de GMC blindada com sacos de terra, obstruindo o trilho e o retorno, carros e auto-metralhadoras Fox já para lá do veículo danificado e sem possibilidades de voltar atrás sob o fogo do PAIGC, naquele pedaço de mata fechada, ainda no lusco-fusco.

Numa das viaturas havíamos montado um AGRC-9 e repetíamos já em desespero um contacto sem resposta. As coisas começavam a ficar mal paradas, havia gente já sem munições, o PAIGC, cercava-nos flagelando sem poupanças, chegou mesmo a haver contacto visual e de voz, um ou outro guerreiro nosso, mais calmo, fazendo tiro-a-tiro, poupando, a metralhadoras das Fox mantendo ainda em respeito o pessoal do outro lado.

Eis senão quando, a esperança retorna no ruído de motores no ar.
O Ávila com o Banharia e a MG adiantados quase a meio caminho entre nós e eles, apenas um ferido, por enquanto, O PAIGC a aproximar-se ainda mais, o PRC-10 iniciou a conversa entre pilotos e o comandante da força em terra, tudo reagrupado num último esforço.

No mergulho do passaredo as ordens correram depressa "toda a gente de cabeça na lama e ouvidos tapados". Houve quem não resistisse a espreitar por entre o emaranhado da mata e visse a intervalos os pachorrentos T6 a vomitar metralha e rockket's, parecendo até que o aviãozinho recuava em cada disparo, ali, poucos metros à nossa frente.

O bafo quente por cima de nós trouxe um cheiro nauseabundo e sufocante. Nem me lembro que os estoiros tenham sido particularmente assustadores.
Acabou tudo, Anamaria.

Por terra chegaram depois reforços que serviram para abraçar a malta e trabalhar na recuperação da GMC.

Mais tarde, já em Buba, percebemos que uma avaria no receptor do nosso rádio não nos permitia ouvir as respostas de Buba aos nossos apelos. A senhora de Fátima, ou fosse que santinha fosse, a quem o pessoal recorria também em casos destes, salvara, ao menos, o emissor.

Em Buba, como se fosse um deles, eu vestia a pele dos pilotos que mergulharam ali com suas carroças para nos safarem.
"Vá! Agora digam mal do pessoal da Força Aérea que ainda algum leva nos cornos".

E tu, Anamaria, tu que irás passar também na bifurcação à esquerda, sem te aperceberes sequer do lugar, nem eu mesmo que lá estive, embora às vezes disso tenha dúvidas, nem suspeitarás das marcas dos pés, dos berros, do som dos tiros que ali trocámos, das mãos que matavam disparando, que se juntavam em oração e se estendiam solidárias e desprendidas.
Nem suspeitarás da morte que se plantou ali em cada tiro, em cada rebentamento, de um lado e do outro, ainda que, do nosso, aparentemente tenham voltado a Buba, todos, vivos e inteiros.
Não suspeitarás sequer que, uma vez mais, tudo ficou na mesma em Salancaur.

José Brás
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4587: Vindimas e Vindimados (José Brás) (4): De bicicleta na guerra

5 comentários:

Colaço disse...

Zé que beleza de mensagem, o fogo de artifício na feira de Castro.
Até a minha terra mereceu esta menção.
Tudo ficou na mesma em Salancaur.
Também no meu tempo em 64 era assim o que me surpreendia bastante.
Um abraço Colaço.

Anónimo disse...

José Brás

Gostei.

Um Abraço
Luis Faria

MANUEL MAIA disse...

CARO ZÉ BRÁS,


QUE SE PODERÁ DIZER DE ALGO TÃO BEM ESCRITO,NUMA RIQUEZA DE PORMENOR EXTRAORDINARIA, NESSE
REVIVALISMO DE LOCAIS ONDE OS MEDOS ESPREITAVAM EM CADA CURVA?

APENAS OBRIGADO,UM OBRIGADO SONORO,BEM INTELEGÍVEL.

ESTOU CERTO QUE A ANAMARIA ACABARIA POR ENTENDER O TEU ESFORÇO DE MEMÓRIA NO RELATO DA VIVÊNCIA DE DECÉNIOS.

UM ABRAÇO

MANUEL MAIA

Anónimo disse...

Obrigada Sr. Zé Brás. São textos lindos como este, que me levam a continuar a seguir este blogue.
Cumprimentos,
Filomena

Anónimo disse...

Caro José Brás
Mais um belo texto do teu livro, que é uma pena não poder adquiri-lo.
Faço hoje este comentário porque, tendo sido eu "um sortudo", apesar de toda a comissão fora de Bissau, nunca me vi confrontado com situações semelhantes às descritas, sobretudo a ter de apanhar com uma, das dezenas de tempestades a que assisti, em plena mata.
E era isso que mais me impressionava e fazia sofrer nessas ocasiões. O pensar naqueles que pudessem estar em operações nessas alturas.
O que confesso agora, não é blá blá nem mera flor de retórica. Desde aqueles dias que estes meus sentimentos nunca me abandonaram e se mantiveram vivos na minha mente, muito mais do que a guerra em si.
Não sei explicar, mas a minha angústia naqueles momentos, e o meu pensamento não se dirigia ao pessoal que estava comigo, mas SIM A TODOS DO TO, mortificava-me. Via-me aflito para descansar nessas noites...
Como veem é também para isto que serve o Blogue.
Finalmente leio uma bela descrição, que me permite ao fim de 37 anos fazer este desabafo.
Abraços
Jorge Picado