quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7335: Kalashnikovmania (5): Passados tantos anos sobre a guerra, continuo fã incondicional da G3 (Mário Dias)



Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Da esquerda para a direita, João Parreira (comando da Guiné), Piedade (nfermeira pára), Miguel (pilav), Giselda (enfermeira pára), Mário Fitas (lassa) e Mário Dias (o comando e instrutor dos comandos da Guiné de 1964/66, que hoje nos dá... música, celestial!... Há 35 anos atrás, em 25 de Novembro de 1975, estava de sargento de dia, no Regimento de Comandos da Amadora... E a música era outra!).

 
Foto: © Luís Graça (2009). Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > O Fur Mil Op Esp Benjamim Durães, do Pel Rec Inf, numa tabanca do regulado de Badora, com um milícia, junto  a uma  metralhadora ligeira Degtyarev


Foto: © Benjamim Durães (2010). Todos os  direitos reservados




Segundo o nosso especialista em balística e armamento, Luís Dias, trata-se de um Degtyarev DPM que teve origem no modelo DP (Degtyarev Pechotny/Degtyarev de Infantaria), desenhada na URSS depois de 1917 e que veio a ser adoptada como metralhadora ligeira  do Exército Vermelho, em 1927. Em 1943/44 veio a ser modernizada, passando a ser o modelo DPM (modernizirovannyj). Após o fim da IIª Guerra Mundial irá ser substituída, primeiro pela PK-46 e depois pela RPD. 

Estas armas (nomeadamente metralhadoras ligeiras e LGFog que eram apanhadas ao PAIGC) eram, muitas vezes, distribuídas às companhias de milícias... Já a Kalash, por ser considerada uma arma de elite, era muito disputada pela tropa especial, comandos africanos e oficiais de unidades de quadrícula...

Seria interessante pesquisar as razões desta... kalashnikov-mania que, de resto, chegou ao cinema: veja-se o filme  Lord of War / O Senhor da Guerra (2005)...


Kalashikovmania pode ser definido como uma forte atracção pelo armamento do... IN. No TO da Guiné, inclui kalash e outras armas.Trata-se de um neologismo, inventado pela Tabanca Grande, que paga direitos de autor; um dia irá figurar nos novos Dicionários da Língua Portuguesa, como muitos outros termos que usávamos na guerra: por exemplo, dila=dilagrama, LGFog=lança-granada foguete, ameixa=granada...

Curiosamente só hoje (!) dei conta que a bandeira de Moçambique [, imagem acima], na actual versão (que vem de 1983), contem uma estrela (que "representa a solidariedade entre os povos"), mas também a... AK-47 (símbolo da luta armada e da defesa do país), a par de outros símbolos sugerindo desenvolvimento (livro=educação; enxada= agricultura). É, ao que parece, a única bandeira no mundo  a ostentar uma espingarda moderna... Singularidades da lusofonia... Dessa, ao menos, livraram-se os nossos amigos guineenses. 


Lord of War, com Nicolas Cage, filme norte-americano de 2005, passou em Portugal com o título O Senhor da Guerra (no Brasil, O Senhor das Armas). Cage interpreta a personagem de Yuri Orlov, traficante de armas perseguido pela Interpol,  que no filme faz o elogio da AK 47 (confesso que não o vi):

"Of all the weapons in the vast soviet arsenal, nothing was more profitable than Avtomat Kalashnikova model of 1947. More commonly known as the AK-47, or Kalashnikov. It's the world's most popular assault rifle. A weapon all fighters love. An elegantly simple 9 pound amalgamation of forged steel and plywood. It doesn't break, jam, or overheat. It'll shoot whether it's covered in mud or filled with sand. It's so easy, even a child can use it; and they do. The Soviets put the gun on a coin. Mozambique put it on their flag. Since the end of the Cold War, the Kalashnikov has become the Russian people's greatest export. After that comes vodka, caviar, and suicidal novelists. One thing is for sure, no one was lining up to buy their cars"...

Traduzindo: "De todas as armas do vasto arsenal soviético, nada foi mais lucrativo do que o modelo Avtomat Kalashnikova de 1947, mais conhecido como AK-47 ou Kalashnikov. É a espingarda de assalto mais popular do mundo, uma arma que todos os combatentes amam. Um amálgama elegante de quatro quilos de aço e madeira prensada, que não quebra, emperra ou sobreaquece. Dispara sempre mesmo que esteja coberto de lama ou de areia. É tão fácil de usar que até uma criança é capaz de o fazer (e com frequência há crianças que o fazem). Os soviéticos cunharam uma moeda com a sua efígie; Moçambique colocou-a na sua bandeira. Desde o fim da Guerra Fria, a Kalashnikov tornou-se o maior produto de exportação dos russos. Só depois dela vem o vodka, o caviar e os romancistas suicidas. Uma coisa é certa: ninguém fazia bicha fila para comprar os carros soviéticos"...
 (LG).




1. Texto de Mário Dias, enviado em 15 de Janeiro de 2008, publicado dois a seguir sob o título Em louvor da G3. Face duelo AK 47 / G3 (e à onda de... kalashnikovmania que atingiou as NT), justifica-se a repescagem e republicação deste poste.  

O Mário Dias ou M. Roseira Dias é um Sargento Comando Reformado, membro do nosso blogue (desde a 1ª hora), e também um conceituado arranjador e compositor musical, a par de maestro de coros. No TO da Guiné, foi comando e instrutor dos primeiros comandos da Guiné (1964/66), entre os quais alguns dos nossos camaradas da Tabanca Grande, como o Virgínio Briote, o João Parreira, o Luís Raínha, o Júlio Abreu, etc.



2. Passados tantos anos sobre a guerra, continuo fã incondicional da G3

por Mário Dias [, foto à esquerda, com o Domingos Ramos, hoje herói nacional da Guiné-Bissau; foram camaradas e amigos, tendo frequentado o 1º Curso de Sargentos Milicianos, Bissau, 1959]

Foto © Mário Dias(2006). Todos os direitos reservados.


É muito vulgar e frequente tecerem-se comentários depreciativos à espingarda G3, quando comparada à AK47. Em minha opinião, nada mais errado. Analisemos, à luz das características de cada uma e da sua utilização prática, os prós e contras verificados durante a guerra em que estivemos empenhados em África:

(i) Comprimento: G3 - 1020mm; AK47 - 870mm
(ii) Peso com o carregador municiado: G3 - 5,010Kg; AK 47 – 4,8Kg
(iii) Capacidade dos carregadores: G3 – 20 cartuchos; AK47 – 30 cartuchos
(iv) Alcance máximo: G3 – 4.000m; AK47 – 1.000m
(v) Alcance eficaz (distância em que pode pôr um homem fora de combate se for atingido): G3 – 1.700m; AK47 – 600m
(vi) Alcance prático: G3 – 400m; AK 47 – 400m

Passemos então a comparar.(A) No comprimento e peso:
 A AK47 leva alguma vantagem. A capacidade dos carregadores, mais 10 cartuchos na AK47 que na G3, será realmente uma vantagem?

Se, por um lado, temos mais tiros para dar sem mudar o carregador, por outro lado esse mesmo facto leva-nos facilmente, por uma questão psicológica, a desperdiçar munições. E todos sabemos como o desperdício de munições era vulgar da nossa parte apesar de os carregadores da G3 serem de 20 cartuchos.

O usual era, infelizmente, “despejar à balda” sem saber para onde nem contra que alvo. 
Sem pretender criticar a maneira de actuar de cada um perante situações concretas, eu, durante todas as acções de combate em que participei ao longo de 4 comissões, o máximo que gastei foi um carregador e meio (cerca de 30 cartuchos). 
Por tal facto, em minha opinião, a dotação e capacidade dos carregadores da G3 é mais que suficiente, além de que os próprios carregadores são mais maneirinhos e fáceis de transportar que os compridos e curvos carregadores da AK47.(B) Quanto ao poder balístico:
Também aqui a G3 leva vantagem pois, embora na guerra em matas e florestas seja difícil visar alvos para além dos 100/200 metros, tem maior potência de impacto e perfuração sendo a propagação da onda sonora da explosão do cartucho muito mais potente na G3, o que traz uma maior confiança a quem dispara e muito mais medo a quem é visado. 
A G3 a disparar impõe muito mais respeito.


Porém, os principais motivos que me levam a preferir a G3 à AK47 (creio que a fama desta última é mais uma questão de moda) são as que a seguir vou referir ilustradas, dentro das possibilidades, com gravuras:


(C) A importância do silêncio e da rapidez de reacção

Deixem-me, então, começar a vender o meu peixe em louvor da G3. Todos sabemos a importância do silêncio e da rapidez de reacção numa guerra de guerrilha e de como o primeiro a disparar leva vantagem.

Normalmente o combatente numa situação de contacto possível em qualquer lado e a qualquer momento leva geralmente a arma com um cartucho introduzido na câmara e em posição de segurança. Eu e o meu grupo tínhamos bala na câmara e arma em posição de fogo desde a saída à porta de armas do aquartelamento até ao regresso e nunca houve um único disparo acidental. Mas, partindo do princípio que nem todos teriam o treino necessário para assim procederem, a arma iria então com bala na câmara e na posição de segurança.

Quando dois combatentes se confrontam, o mais rápido e silencioso tem mais possibilidades de êxito e, nesse aspecto, a G3 tem uma enorme vantagem sobre a AK47. Talvez poucos se tivessem dado conta dos pequenos pormenores que muitas vezes são a diferença entre a vida e a morte.



Um caso concreto:

Vou por um trilho no meio do mato e surge-me de repente um guerrilheiro. Levo a arma em segurança e tenho rapidamente de a colocar em posição de fogo. Do outro lado o guerrilheiro terá de fazer o mesmo. Em qual das armas esta operação é mais rápida e fácil? Sem dúvida alguma na G3.

Se olharmos para as gravuras observamos que na G3, levando a arma em posição de combate, à altura da anca com a mão direita segurando o punho dedo no guarda mato pronto a deslizar para o gatilho, utilizando o polegar sem tirar a mão do punho com toda a facilidade e de forma silenciosa passo a patilha de segurança para a posição de fogo e disparo.

E o portador de AK47? Sendo a alavanca de comutação de tiro do lado direito da arma e longe do alcance da mão terá que, das duas uma: ou larga a mão do punho para assim alcançar a alavanca de segurança ou então tem que ir com a mão esquerda efectuar essa manobra. Em qualquer das soluções, quando a tiver concluído já o operador da G3 terá disparado sobre ele.

Suponhamos agora que o homem da G3 vê um guerrilheiro e não é por este detectado. A passagem da posição de segurança à posição de fogo, além de rápida, é silenciosa pois a patilha de segurança é leve a não faz qualquer ruído ao ser manobrada. O guerrilheiro não se apercebe de qualquer ruído suspeito e mais facilmente será surpreendido. Ao contrário, um guerrilheiro que me veja sem que eu o veja a ele e tenha que colocar a sua AK47 em posição de fogo para me atingir, de imediato me alerta para a sua presença pois a alavanca de segurança dá muitos estalidos ao ser accionada. Assim, não é tão fácil a um portador de AK47 surpreender alguém a curta distância.



Outro caso concreto:

Todos certamente estaremos recordados de quantos vezes era necessário combinar o fogo com o movimento nas manobras de reacção a emboscadas ou na passagem de pontos sensíveis. Nessas ocasiões, em que fazíamos pequenos lanços em corrida para rapidamente atingirmos um abrigo para o qual nos teríamos de lançar de forma a ficarmos automaticamente em posição de podermos fazer fogo (a chamada queda na máscara), a G3, devido à sua configuração era de grande ajuda,  pois, não tendo partes muito salientes em relação ao punho por onde a segurávamos, (o carregador está ao mesmo nível) permitia que de imediato disparássemos com relativa eficácia.

E a AK47? Reparem bem naquele carregador tão comprido e saliente do corpo da arma. Como fazer manobra idêntica? Impossível. Mesmo colocando a arma com o carregador paralelo ao solo para facilitar a “aterragem”, isso faz com que tenhamos que perder tempo a corrigir a posição de forma a estarmos aptos a disparar. E em combate cada segundo é a diferença entre a vida e a morte.





(D) Defeitos

Um defeito geralmente apontado à G3 é que encravava facilmente com areias e em condições adversas.

Quero aqui referir que ao longo dos muitos anos da minha vida militar, tanto em combate como em instrução ou nas carreiras de tiro, tive diversas armas G3 distribuídas e nunca nenhuma se encravou. A G3 possui de facto um ponto sensível que poderá impedir o seu funcionamento se não for tomado em conta. Trata-se da câmara de explosão, onde fica introduzido o cartucho para o disparo, que tem uns sulcos longitudinais (6 salvo erro)* destinados a facilitar a extracção do invólucro.

 Acontece que se esses sulcos não estiverem limpos e livres de terra ou resíduos de pólvora não se dá a extracção porque o invólucro fica como que colado às paredes da câmara. Se houver o cuidado em manter esses sulcos sempre livres de corpos estranhos nunca a G3 encravará. Outra coisa que poderá levar a um mau funcionamento é as munições estarem sujas ou com incrustações de calcário ou verdete.

Nós tínhamos por hábito, como forma de prevenir este inconveniente, untarmos as mãos com óleo de limpeza de armamento, para esfregarmos as munições na altura de as introduzirmos nos carregadores. E resultou sempre bem.

São pequenos pormenores que deveriam ter sido ensinados na recruta mas, pelos vistos, nem sempre havia essa preocupação bem como muitas outras que foram, a meu ver, causa de algumas (muitas) mortes desnecessárias.



CONCLUSÃO

Depois de passados tantos anos sobre a guerra, continuo fã incondicional da G3. Se voltasse ao passado e as situações se repetissem, novamente preferia a G3 à AK47.


Mário Dias


[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
____________

Nota de L.G.:

9 comentários:

colaço disse...

Uma óptima aula, quem sabe nunca esquece.
Quanto aos truques do Mário para a G3.
Lembra-me o provérbio alentejano.
O mal dos meus burrinhos é que me faz ser alvetari,neste caso mecânico.
Um abraço.
Colaço

Anónimo disse...

Camarigos
Na emboscada sofrida pelas NT, em 6/11/71, na qual eu era o 1º branco da coluna apedada, a minha G3 encravou ao primeiro tiro e não fez a extracção do invólucro.Foi um grande "cagaço". Puxei o manobrador à rectaguarda e começou a funcionar na perfeição, na posição de tiro a tiro. Nunca utilizei em combate a posição de rajada, pois é um engodo. Passados uns instantes não temos munições.
Abraço
Luís Borrega

Unknown disse...

Bandeira de Moçambique; singularidade da lusofonia, de que a Guiné Bissau se livrou.
?Que tipo de singularidade ??
Não é isto, a depreciação de um simbolo pertencente a um país soberano ??

Seguindo esta ordem de pensamento, então a nossa bandeira é de uma singularidade espetacular.
-Já não há sangue para derramar
-Já não há campos para cultivar
-Já não há império
-Já não há descobrimentos
-Castelos em ruinas para defender de um invasor.
...e por aí fora. E a razão disto não é da lusofonia concerteza.

Um abraço para todos e para cada um

Carlos Filipe
ex-CCS BCAÇ 3872 Galomaro

Unknown disse...

Não sendo um frequentador da 'wikipedia', face a este Post fui lá, para verificar os fundamentos do mesmo.
Acontece que a simbologia base, existe imediatamente após a independencia de Moçambique.
Há sim uma alteração de fundo (que não tem nada a vêr com a lusofonia) e importante da qual ainda não me debrucei. É o facto de ter sido retirado a 'roda dentada' simbolo do operariado ou do trabalho.

Carlos Filipe

Anónimo disse...

O debate sobre a bandeira de Moçambique está na ordem do dia, segundo se pode ler pelo menos em dois sites. Ali se informa que no próprio Parlamento foi criada uma Comissão para apresentar propostas para um novo hino e uma nova bandeira de Moçambique. Em 2005 a FRELIMO chumbou a proposta da RENAMO, o que se compreende, pois a actual bandeira nacional de Moçambique é idêntica à que fora a da FRELIMO.
Se o próprio Hino foi alterado e agora proclama a luta pela Paz, não parece curial a bandeira conter uma arma, ainda por cima, não estilizada e de modelo bem definido. Ninguém está a desrespeitar a bandeira. O que se pode dizer é que se trata de um verdadeiro disparate aquela HK não sei quantos constar da bandeira e do emblema (que inclui a roda dentada) de Moçambique. E se os próprios representantes do povo discutem ou já discutiram esta questão...
Carlos Cordeiro

Unknown disse...

Caro, Carlos Cordeiro se eu tivesse lido da primeira vez (acima no Post) o que acabas de escrever de forma explicativa e clara, eu não estaria aqui, agora e teria pensado: até que este 'sujeito' tem razão, raios.
Mas acontece que os camaradas, como ei-de dizer ?, expressam sempre alguma coisa para além daquilo que pretendem, e que não cabe naquilo que querem por vezes dizer. Por isso esporádicamente os mal entendidos.
Ou então transmitam claramente o vosso sentimento e/ou apreciação sobre os assuntos.
Devia-mo-nos expressar de forma clara (e não se trata de dotes literários)sem ser entre ondas, ou navegando pelos àpartes.

Pela parte que me cabe, obrigado Carlos pelo esclarecimento, devo confessar que estava um bastante a leste deste assunto interno de Moçambique.

Para todos um abraço
Carlos Filipe
ex-ccs Bcaç3872 Galomaro

Anónimo disse...

Sobre bandeiras, nem a bandeira portuguesa com 100 anos deixa de ser olhada sem algumas reservas por alguns estudiosos portugueses.

A única bandeira dos palop que já foi escolhida democraticamente é a bandeira de Caboverde, as outras são as bandeiras do MPLA, PAIGC e FRELIMO, e lá teem as suas razões que passa alem da guerra de libertação que tiveram para se verem livres de nós tugas.

Cumprimentos,
Antº Rosinha

Luís Dias disse...

Caro Mário

Apreciei a aula que nos deste sobre a Hk-G3, mas há alguns pontos que são importantes numa arma de fogo empenhada numa guerra de guerrilhas, em especial em áreas cujos os movimentos são difíceis, como o mato cerrado. A kalash possui uma ergonomia inigualável e não se tratava de uma questão de moda, a arma era muito eficaz no combate curto. Na defesa de um aquartelamento a potência da munição 7,62mm NATO fosse importante para alvejar o IN que atacasse a mais de 400m, mas no mato, em que o contacto se dava entre os 25m e os 100m, as munições equivaliam-se. Em termos de fogo automático a G3 conseguia um impactar mais agrupado que a Kalash (isto nos modelos AK-47 e AKM, porque depois do modelo da AK-74, a situação alterou-se devido ao novo compensador e tapa chamas). Tens razão em afirmar que o estampido da G3 era mais forte, mas os ferimentos no corpo humano do projéctil 7,62mm M43 eram terríveis. De facto o nosso projéctil (bem mais caro porque o cartucho era em cobre e o soviético era em latão)era capaz de perfurar alguns tipos de árvores e de estruturas, mas o efeito de balística terminal e de ferimentos era inferior.A nossa HK-G3 é inegavelmente uma grande arma (ainda resiste nas nossas forças armadas ao fim destes anos todos), a minha dúvida é se naquelas condições e naquele ambiente, não seria a kalash a arma mais adequada.
A kalash é também uma das armas mais imitadas (exemplos: a Galil israelita, também usada actualmente pelas nossas forças para-quedistas, as Valmet 62,76 e 95 finlandesas,as T56 e T81 chinesas,a Vz58 da Ex-Checoslováquia, para além das fabricadas na Bulgária, Roménia e Hungria).
Hoje em dia, os fuzis de assalto, fruto do "progresso" das guerras que têm deflagrado ao longo dos anos são cada vez mais pequenas, em especial com o recurso às armas no sistema "Bullpup".
Um abraço para o camarada que explicou com eficiência algumas das vantagens da HK-G3A3, sobre a arma mais difundida mundialmente.
Luís Dias

Luís Dias disse...

Caro Mário

Gostaria ainda de acrescentar que os modelos que sucederam à nossa HKG3A3, na Ex-RFA, foram a HKG33 e a HKG53, ambas com carregadores curvos, do tipo da Kalash,com capacidade entre as 25 e as 40 munições.
Um abraço
Luís Dias