domingo, 30 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7696: Notas de leitura (195): A Guerra de África, por José Freire Antunes (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Janeiro de 2011:
Queridos amigos,
Sem discutir a importância deste livro no que toca ao acervo dos depoimentos, intriga-me ter-se perdido a oportunidade de actualizar uma história que tem mais de 15 anos, quando toda a gente sabe que se dispõe hoje de muito mais informação e rasgaram-se os olhares sobre a génese, o desenvolvimento e o epílogo da guerra de África. Seja como for, este documento é um dos poucos pilares a que nos podemos agarrar para uma visão de conjunto e, no que toca à Guiné, recolheram-se testemunhos de valor inultrapassável.

Um abraço do
Mário


A guerra de África, por José Freire Antunes:
Edição comemorativa do cinquentenário do início da guerra em Angola

Beja Santos

O Círculo de Leitores acaba de reeditar (a primeira edição ocorreu em 1995), no âmbito do cinquentenário do início da guerra em Angola o primeiro de quatro volumes de “A Guerra de África, 1961 – 1974”, considerado o mais exaustivo levantamento de testemunhos fundamentais de personalidades que tiveram uma acção relevante em Portugal e em África. Neste primeiro volume, o leitor encontra uma sinopse dos treze anos da guerra, detalhando por dia e mês eventos de índole nacional e internacional com impacto nos três teatros de operações. Neste âmbito, e de acordo com o calendário, aparecem estratos de depoimentos ou documentos de inúmeras proveniências, e a partir de 1962 a Guiné aparece regularmente: Tite, logo em 1962, o início da guerrilha, em 1963, a chegada de Schultz em 1964, e por aí adiante. Aparecem vários extractos da documentação classificada como secreta do consolado de Spínola, entre outras curiosidades.

Como o autor se revela fascinado pela história oral, nessa altura ainda na moda, deu voz a diferentes protagonistas com Champalimaud, Savimbi, Caçorino Dias e alguns particularmente interessantes para a guerra da Guiné como os de Bettencourt Rodrigues, Costa Gomes e Ricardo Durão. Recorde-se que no conjunto destes depoimentos apareceram em 1995 revelações polémicas como as de Silva Cunha e Rui Patrício a revelar as conversações secretas com o PAIGC, em Março de 1974 ou as de Almeida Bruno criticando a postura das tropas em quadrícula, afirmando que, regra geral, mal saiam do arame farpado.

É curioso como nenhum dos investigadores da guerra colonial da Guiné desenvolveu ou explicou a estratégia que Costa Gomes pretendia ver aplicada na Guiné, com Bettencourt Rodrigues. Depois de explicar como é que a situação na Guiné era muito má, no final de 1973, não havendo reservas para fazer face a duas acções de grande envergadura, depois de revelar que o PAIGC tinha 40 indivíduos a serem treinados para pilotos na União Soviética, ele declara: “Na minha opinião, todas as forças que lutavam contra a guerrilha tinham uma desvantagem moral e militar extraordinária e deviam recuar da fronteira, pelo menos para uma distância em que não fossem atingidas pelos morteiros. Eu preconizava esta alteração do dispositivo que nos permitiria reunir e ter à disposição do comando forças que pudessem ser empregues em caso de ataque e de uma forma que as tropas preferem: combater não para a sua retaguarda mas para a sua frente”. Um general prestigiado, ainda por cima Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas profere uma declaração destas e passados estes anos todos continuamos sem saber em que consistia a retracção desse dispositivo e nem se especula sobre as suas incidências.

O depoimento de Ricardo Durão tem momentos de grande emotividade, não esconde as suas admirações. Ele termina assim o seu depoimento: “O caso mais heróico que vivi durante a guerra foi na minha segunda comissão. Passou-se com um alferes miliciano e um furriel miliciano, os dois brancos, que comandavam um pelotão de artilharia de negros em Guilege, uma zona ocupada por nós junto à fronteira com a República da Guiné. Era uma zona altamente flagelada, de dia e de noite, pelas forças do PAIGC, e era a capacidade de fogo que se opunha ou que confortava de certo modo o homem da espingarda porque, quando eles atacavam Guilege, muitas vezes atacavam do lado de lá da fronteira e nós também atirávamos para o lado de lá. O alferes era, portanto, uma peça importante ali. Uma noite houve um ataque muito forte e começaram a cair morteiros de grande calibre. Os homens das espingardas estavam metidos em fossos, mas a artilharia estava a descoberto. O furriel verificou que a situação era insustentável e deu ordem ao pelotão para se abrigar. Os soldados largaram as peças e foram abrigar-se. Mas o furriel, quando estava no abrigo, verificou que havia uma peça que continuava a fazer fogo e ficou surpreendido quando viu o alferes sozinho a disparar.

O furriel, por uma questão de camaradagem, saiu do seu buraco e foi ajudar o alferes. Ficaram os dois a manter o fogo com a boca-de-fogo. É evidente que esta foi atingida e morreram os dois. Isto é um exemplo de tudo o que se pode contar em combate. Primeiro, a obrigação perante os seus homens, pois o alferes viu que a missão era impossível e protege-os. Mas depois havia uma missão a cumprir e o sacrificado devia ser ele, porque era o comandante. E ficou. O furriel teve um acto de camaradagem enorme e foi ajudar o seu alferes. Morreram os dois em perfeita consciência do perigo no cumprimento da sua missão”.

Ao sabor da publicação de novos volumes, dar-se-á notícia de outros depoimentos relacionados com a Guiné.
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7689: Notas de leitura (194): Ordem Para Matar, de Queba Sambu (1) (Mário Beja Santos)

15 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Não fui eu que disse, mas sim o excelente poeta Rui Cinatti, em carta a Mário Beja dos Santos, a 28 de Março de 1970:

"A sua prosa tem qualidades:finalmente, economia, mas está um pouco desconchavada, talvez por excesso de sentimentalismos."

Rui Cinatti, em José Freire Antunes, A Guerra de África, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, vol. I, pag.51.

JC Abreu dos Santos disse...

... cito:
«Edição comemorativa do cinquentenário do início da guerra em Angola».

"Comemorativa [...] do início da guerra»... ?!
E ele(s) a dar-lhe.
Irra!

Anónimo disse...

Mas que tempos são estes ?!...
Comemora-se o início de uma guerra ou o fim de uma guerra ?!...
Coisas de um tom de bajulação do "politicamente correcto" !

Caminhamos nesta tristeza portuguesa, a escrever tempos de mediocridade e comiseração !

Anónimo disse...

Meu caro Beja Santos,

Com o devido respeito e sem querer beliscar o teu direito à liberdade de pensamento e expressão, gostaria de chamar a atenção para o seguinte:
Comemorar=Festejar um acontecimento.

Estou-me a referir ao título do teu artigo.

Acredito que não há muitos motivos, se é que alguns, para comemorar o início da chamada Guerra do Ultramar. Não diria o mesmo do seu fim. Apesar de não me rever na forma como acabou.

O título que dás ao teu artigo pode, em princípio, espicaçar a nossa curiosidade.

O desenvolvimento do artigo em nada se coaduna com o título. Por isso penso que este é provocativo e, como tal, susceptível de ferir sensibilidades, sem necessidade.

E o mesmo já aconteceu antes.

Podes, deves, fazer um esforço para melhorar esse teu aspecto provocativo. Capacidade para o fazeres não te falta.

Pessoalmente, para poder continuar a ler-te com prazer.

Haja saúde!
José Câmara

Anónimo disse...

Caro Beja Santos,
Não me parece que o Círculo de Leitores tenha editado a obra como "comemorativa". A capa e a revista do Círculo não falam em "edição comemorativa".
Mas o meu comentário é sobre outro aspecto: o depoimento de Almeida Bruno. Pela leitura do texto de MBS podia ficar-se com a ideia que AB culpa as NT no terreno pela perda de iniciativa, ficando no bem-bom dos quartéis. Não é isto que ele diz. Bem pelo contrário. Ele critica, sim, a estratégia militar definida pelos altos comandos. Diz ele:
"Havia a ideia de se garantir a soberania com a ocupação e cobertura da área, o que implicou a disseminação da tropa ao longo de todo o teatro de operações, perdendo-se capacidade de intervenção e iniciativa na acção [...] A noção que tenho é quee as nossas unidades não saíam dos quartéis. Remetiam-se, COM GRANDE ESTOICISMO E BRAVURA, a serem bombardeados dia sim, dia não,mas não havia da nossa parte a mais pequena iniciativa...". Fala depois na alteração que Spínola levou a efeito, concentrando meios e remodelando o dispositivo para se ganhar a iniciativa. Não há aqui qualquer crítica aos nossos soldados, mas aos altos comandos. É que AB já foi suficientemente criticado por ter falado (curiosamente nunca descobri onde) em bandos não sei quê. Aqui não se fala em bandos, mas em estoicismo e bravura dos nossos soldados.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

antonio graça de abreu disse...

É isso mesmo, meu caro Carlos Cordeiro.
No depoimento para o livro, A Guerra de África, Almeida Bruno refere-se à situação que encontrou, com Spínola, no ano de 1968.
Extrapolar, falsificar dados, tirar conclusões ao sabor do gosto de cada um, longe das realidades, da verdade dos factos tem sido o pão nosso de cada dia de alguns dos nossos analistas da guerra da Guiné.
Com comemorações, e tudo!...

Abraço,

António Graça de Abreu

Joaquim Mexia Alves disse...

Meu caro camarigo Mário

Gosto das viagens em que nos levas, em que me levas de regresso à Guiné, para matar saudades das paisagens, da beleza, (que às vezes os nossos olhos de guerra não deixavam ver), dos cheiros, e até dos tempos lá passados, que à medida que a distância no tempo se vai fazendo, cada vez mais nos surgem como uma parte importante das nossas vidas que nos transformou, mas que também fez de nós, no geral, gente mais solidária, mais franca, mais camariga.

E isso é bom, muito bom!

Mas agora meu caríssimo camarigo Mário, permite-me que te diga que eu não comemoro inicios de guerra nenhuma, e muito menos de uma guerra contra o meu país, que destruiu tantos Portugueses, (daquém e dalém mar), uns definitivamente pela sua morte e outros marcados brutalmente para toda a sua vida.

Interessante o que diz o José Cordeiro, por isso mesmo talvez fosse bom recuperar as palavras completas do AB, (que nos causaram tanta indignação, eu fui um deles), para percebermos se não estão amputadas de alguma coisa.

Um abraço camarigo para todos

Mário Beja Santos disse...

Comemorar, vem em dicionários como o Morais, o da Lello, o Torrinha, o da Verbo ou o Houaiss significa, em primeiro lugar, recordar, depois evocar e mais abaixo festejar. Seria de muito mau gosto festejar qualquer guerra que fosse. É evidente que o Círculo de Leitores entendeu entrar em sintonia com efeméride e reeditou uma obra alusiva "A Guerra em África". Confesso que não entendo que se possa ler o uso do verbo comemorar fora deste contexto e se ande à procura de um motivo de escândalo. Se é necessário qualquer justificação para o uso de comemorar, por favor, vejam se os dicionários não tratam o verbo pela mesma ordem como citei em cima. Quanto ao general Almeida Bruno, ele diz claramente que as tropas em destacamento viviam acantonadas, saiam essencialmente para se abastecerem. Está lá escrito. Ele diz expressamente que eram as forças especiais quem, na maioria dos casos, iam aos objectivos de maior resistência. Se invoquei aqui o depoimento do general Almeida Bruno decorre do facto de, anos mais tarde, ele ter proferido declarações de jaez semelhante, houve aqui controvérsia, no fundo, ele veio repetir o que já tinha dito no seu depoimento de 1994. Um abraço do Mário

antonio graça de abreu disse...

Pego apenas num dicionário, o de Sinónimos do Houaiss, Lisboa, Círculo de Leitores, 2007, pag.134, e leio como primeira entrada de:
Comemorar - celebrar, festejar, homenagear, solenizar.
Será que somos todos ignorantes, incultos e parvos e já nem a língua portuguesa conhecemos?

Abraço,

António Graça de Abreu

Joaquim Mexia Alves disse...

Meu caro Mário

Quando as pessoas lêem um texto, um título, não vão a correr ver no dicionário o que determinada palavra quer dizer e sobretudo a ordem em que está colocado o seu significado.

Interpretam a palavra pelo significado corrente, comum, que a maioria das pessoas faz de determinada palavra.

E meu caro, a interpretação corrente, comum, de comemorar, é festejar, celebrar, evocar com saudade, com agrado.

Não é minha intenção com qualquer comentário que faça, seja a ti seja a outros, provovar incómodo, mas tão só expressar a minha opinião, e muito menos andar à procura «de um motivo de escândalo».

Também muitos com certeza não concordam comigo e o expressam, e eu, tento aceitar as criticas com toda a franqueza e perceber o sentir dos outros.

Um grande e camarigo abraço

Anónimo disse...

Camarigos,

Todos nós sabemos muito da guerra, da cultura, de dicionários, comemorações e/ou celebrações, enfim, nós sabemos muito... muito.

Parvos, mas mesmo parvos, estúpidos, ignorantes, são uns vizinhos meus, que vivem aqui mesmo ao lado, na outra margem do Guadiana e que nunca, mas nunca, em toda a sua vida e dos seus antepassados, se lembraram de comemorar o dia 1 de Dezembro de 1640.

Porquê?
Porque comemorar é isso mesmo: celebrar, festejar... e há coisas que não apetece festejar.

Principalmente a guerra. E ainda mais "principalmente" o início da dita.

Manuel Amaro

JC Abreu dos Santos disse...

... caro amigo António Graça de Abreu: afinal,
quem é "pantomineiro", quem... ?!

Entre enviar por email ou comentar aqui, decidi por esta alternativa, a fim de encerrar a minha "participação" neste "festivo" tópico.
Em devido tempo, manifestei privadamente a m/repulsa pelo tratamento dado neste espaço, e aceite pelos respectivos responsáveis, a uma parte de um depoimento do general João de Almeida Bruno, e à sua própria pessoa - nosso camarada-d'armas! sucessivamente tratado, "n" vezes - e, ainda agora (once again), se insiste no acintoso AB - como se alguém soubesse quem será um tal AB. Ora, é bom de ver que, para além de Almeida Bruno ser figura pública, aquele oficial do Exército é contemporâneo do fundador e editor-mor deste blogue, que nada fez para travar a, digamos, deselegante conversata caserneira sobre "AB" e "bandos" e "buracos"...
Naquele mesmo tempo, relativamente à tal "magna questão dos bandos" que tanto indignou os indígenas desta tabanca, logo tive o cuidado de conversar com o general Almeida Bruno (que faz o favor de seu meu amigo) e que, entre outras questões, confirmou a informação que, este humilde Soldado da Pátria, desde 1995 detém relativamente ao seu depoimento então prestado, não a José Freire Antunes mas a uma estagiária que surgiu na residência daquele oficial 'comando'. De facto, a apreciação que o general Almeida Bruno naquela circunstância transmitiu à "entrevistadora", foi - então, tal como em mais recente data a uma outra "impreparada estagiária de jornalismo", e não ao produtor dos "episódios televisvos" titulados «A Guerra» -, exactissimamente confinada ao "estado geral da ordem de batalha no TO-Guiné, em Mai/Jun68" (palavras minhas, corroboradas por Almeida Bruno, em sucessivos telefonemas que lhe fiz). Destas ocorrências, e da minha antecedente e continuada firme disposição em não colaborar com este blogue - de longe apenas por tais "razões alheias" mas sobremodo em vista de inadequado tratamento de inúmeros assuntos correlativos à Guerra do Ultramar -, tanto antes como após aquela malfadada "época dos trocadilhos com 'bandos', 'buracos' e quejandos, aqui retratados a completo despropósito, tiveram imediato conhecimento os nossos camaradas-d'armas Virgínio Briote e Magalhães Ribeiro, não só na qualidade de co-editores deste blogue, mas também.
Pois é óbvio que o ex-alferes miliciano Mário António Gonçalves Beja dos Santos, muito senhor do seu nariz, está no seu pleno direito de aqui, como noutro qualquer local, emitir as suas opiniões e recensões - que mais as entendo como "sinopses à mistura de +/- subtil e requentada agit-prop enchouriçada com juízos de valor". Tal como este signatário - que apenas sabe ler, escrever e fazer contas (mas não faz-de-conta) -, e outros milhentos visitantes, velhinhos, cacimbados uns mais que outros, esposas, viúvas, filhos/as e/ou enteados/ou dessa Geração que Fez a Guerra, estou (estamos) no pleno direito, melhor, no cumprimento do dever "não comer tudo quanto nos servem à mesa". Tudo, a bem dizer, em defesa do consumidor... de blogues.
Concluo. O sr. Beja dos Santos escreve há um ror de anos para diversos jornais, grande parte deles regionais; e também neste blogue, regularmente e várias vezes por semana; Além de dois volumes de memórias dos tempos da guerra. Decerto muitos haverá que o relevem de alguns 'lapsus linguae' e hipotéticos erros interpretativos quanto ao significado gramatical de termos correntes. Não me conto entre aqueles: se escreve muito (ou demasiado), permito aconselhar que publique mais cadenciadamente; assim, talvez lhe sobre tempo para analisar a História, evitando provocatórias perguntas - estritamente políticas - e cujas sucintas respostas (que este signatário poderia apresentar), são inadequadas a este espaço de "partilha de memórias de veteranos da guerra na Guiné".

Saudações veteranas,
J.C. Abreu dos Santos

Miguel disse...

Concordo que o termo "comemorar" não será o mais adequado para o estado de espírito de muitos que por lá andaram a arriscar a vida... Curiosamente sem recorrer a grandes dicionários e através da ferramenta de sinónimos do Word, por associação de vários termos que ali vão surgindo, chega-se a estes três que se coadunam mais com a nossa maneira de pensar (pelo menos de uns tantos, eu incluído):
"lembrar"
"evocar"
"recordar"
Se um destes termos tivesse sido utilizado, provavelmente muito menos comentários haveria...
Bom, fico-me por aqui...
Abraço. Miguel Pessoa

Anónimo disse...

Sr Beja Santos
porque é que não escreve em comemoração de actos relevantes à frente do Pel Caç Nat 52, no cumprimento da sua missão?
Não gosta de se reconhecer envolvido naquela guerra ou! como acontece a boa gente, andou dois anos 'a baldar-se'?
Não?!
Não andou dois anos a colaborar com o IN?
Então, porque promove a comemoração do início de uma guerra com que não se identifica, em termos de missão ou dever, tal como com ela se identificam os seus mentores e os agentes activos no terreno, na frme convicção de que era de seu (deles, seus inimigos) direito?


SNogueira

PS-o recurso à indicação das entradas de diccionários seria frouxo se não fosse, como é seu hábito, tentativa de diluição do significado.

antonio graça de abreu disse...

Diz o camarada Abreu dos Santos, com quem muitas vezes estou em desacordo, natural e humano pois não navego sempre nas mesmas águas:

"O sr. Beja dos Santos escreve há um ror de anos para diversos jornais, grande parte deles regionais; e também neste blogue, regularmente e várias vezes por semana; Além de dois volumes de memórias dos tempos da guerra."

Ora os dois volumes de memórias, recriadas, aumentadas, diminuídas -- enfim ao escritor cabe escrever --, esses escritos alinhados quase quarenta anos depois têm o título de Diário da Guiné. Não são diários de guerra, escritos no dia a dia das vivências da guerra. São memórias que, quarenta anos depois, pretendem, fingem ser um Diário. Uma falsificação feia e intelectualmente desonesta.

É por isso que, como D. Quixote investindo contra moinhos de vento, ainda perco algum tempo a espetar a minha pobre lança no vazio.
Mas não me doem as mãos, o meu cavalo Rocinante relincha, e tenho sempre uma Dulcineia, castelhana ou chinesa à minha espera.

Abraço,

António Graça de Abreu