sexta-feira, 22 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11297: (Ex)citações (215): O ataque a Guileje (Maio de 1973) e o livro "Alpoim Calvão - Honra e Dever" (Coutinho e Lima)

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3477 (Novembro de 1971/ Dezembro de 1972) > Foto aérea de 1972 do aquartelamento e tabanca de Guileje, tirada no sentido oeste-leste. 
Foto: © Amaro Samúdio (2006). Direitos reservados.


1. Mensagem do nosso camarada Alexandre Coutinho e Lima, Coronel na situação de Reforma (*), com data de 19 de Março de 2013:

Caro Amigo Carlos Vinhal
Junto envio, em anexo, um texto sobre uma referência ao ataque a Guileje (MAI 73), no livro ALPOIM CALVÃO.
Tal referência, conforme pode verificar, pela minha resposta, é perfeitamente desajustada ao que se passou. Solicito que, se possivel, seja o referido texto publicado, no nosso blogue, para conhecimento de todos, especialmente dos "Piratas de Guileje" que dele fazem parte.

Quanto ao próximo encontro da nossa Tabanca Grande, ainda não me inscrevi porque, neste momento, não sei se poderei estar presente. Logo que tenha certezas, agirei em conformidade.

Apresentando desde já os meus agradecimentos, envio um abraço amigo.
Coutinho e Lima


O ATAQUE A GUILEJE (MAI 73) E O LIVRO

ALPOIM CALVÃO - HONRA E DEVER

Na página 311 do livro ALPOIM CALVÂO – HONRA E DEVER, pode ler-se:
“Por outro lado, numa grande investida, o PAIGC cerca Guidage, a Norte, e Guileje, na fronteira com Conakry. A primeira resiste valorosamente e, pelo esforço conjunto de forças de terra, mar e ar, é libertada do estrangulamento a que se encontrava submetida; no sul, numa Guileje mal defendida por uma companhia novata naquele teatro de operações, vê-se sujeita a uma acção de comando pusilânime, indecisa e fraca, que vai permitir aos seus defensores entrar em pânico e abandonar vergonhosamente o quartel, deixando para trás importante documentação e toda a sua artilharia. Os militares da guarnição refugiaram-se então nos quartéis vizinhos, perante a incredulidade do inimigo que demorou muitas horas até se aperceber que estava a cercar uma instalação militar deserta."

Perante isto, enviei um mail, à Editora do livro, do seguinte teor:
“Solicito o endereço electrónico do/s Autores do livro ALPOIM CALVÃO – HONRA E DEVER. Este pedido destina-se a poder confrontar o/s referidos Autores, relativamente a uma referência a Guileje, constante na pág. 311 do livro. 
Sendo eu, na altura, Comandante do Comando Operacional nº. 5,com sede em Guileje,...”

Este mail não foi, respondido pela destinatária, o que significa que a Editora e/ou os Autores, não estão interessados no contraditório a que tenho direito.

Os Autores do livro são os Senhores:
. Rui Hortelão
. Luís Sanches de Bâena
. Abel Melo e Sousa

O primeiro ainda não tinha nascido, quando decorreram os acontecimentos relatados (1973), porque nasceu em 1976; os outros dois eram fuzileiros, prestando serviço em unidades de fuzileiros especiais na Guiné (72/74), e, por isso, tiveram conhecimento dos factos na Guiné; por essa razão, não se compreende a intenção com que escreveram a alusão a Guileje, nos termos em que foi feita.

Posto isto, vamos aos factos:

“...uma Guileje mal defendida por uma companhia novata naquele teatro de operações...” 

Não tive nenhuma responsabilidade pelo facto de Guileje ser defendida (mal, na opinião dos Autores); quando fui nomeado, em 8 JAN 73, Comandante do Comando Operacional nº.5 (COP 5), pelo Sr. General António de Spínola, Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, este disse-me que não pedisse reforços e que fizesse a manobra de meios que entendesse.
Por isso, uma das primeiras medidas que tomei, quando cheguei a Guileje (22 JAN 73), foi reforçar a guarnição com:
. 1 Grupo de Combate da Companhia de Cacine;
. Pelotão de Reconhecimento Fox (incompleto), vindo de Gadamael;
. Pelotão de Milícia, que estava em Gadamael.

Portanto, a defesa de Guileje, que importava reforçar, foi por mim determinada, com os meios que estavam sob o meu Comando.

“...vê-se sujeita a uma acção de comando pusilânime, indecisa e fraca...” 

Não reconheço competência aos Autores para qualificar a minha acção de Comando, não só porque não me conhecem, mas também porque demonstraram não ter conhecimento das condições, extremamente adversas, que ocorreram em Guileje.

“...que vai permitir aos seus defensores entrar em pânico e abandonar vergonhosamente o quartel...” 

Não obstante a guarnição de Guileje ter sido submetida a 37 flagelações em 80 horas (1ª. em 18 MAI73, às 20 horas e a última em 22 MAI, às 4 horas), os seus defensores não entraram em pânico, aguardando pacientemente (não havia alternativa), até ao meu regresso. Isto porque eu tinha partido, no dia 19 MAI de manhã, para Cacine, via terrestre e fluvial, comandando a evacuação dos feridos e de um morto, resultantes da emboscada do Inimigo (IN) em 18 MAI de manhã, aos elementos das Nossas Tropas (NT) que montavam a segurança para permitir a realização de mais uma coluna de reabastecimento de Gadamael. Devo referir que, não obstante a afirmação do Sr. General Spínola, em 11 MAI 73, em Guileje (onde se deslocou de helicóptero), de que, embora o aparecimento dos mísseis terra ar do IN, tivessem imposto restrições à actuação da Força Aérea, em situações de emergência, as evacuações seriam feitas a partir do aquartelamento, tal não se verificou e, passadas 4 horas, após a emboscada, um ferido (cabo metropolitano), faleceu, por não ter sido evacuado.

Quando regressei a Guileje, ao fim da tarde do dia 21 MAI, perante a situação que encontrei, decidi efectuar a RETIRADA dos militares, incluindo o pelotão de milícia e toda a população, num total de cerca de 600 pessoas, ao raiar do dia seguinte (22 MAI).

Os factores que me levaram a tomar a decisão de retirar, foram os seguintes:
. a forte pressão do IN, que tudo indicava se iria intensificar;
. não atribuição de reforços, pedidos por mensagem e, pessoalmente em Bissau, no dia 20 à tarde, (quando a Força Aérea me transportou de Cacine), ao Sr. General Spínola;
. não evacuação de feridos;
. escassez de munições, especialmente de Artilharia e Morteiros e a impossibilidade do seu reabastecimento;
. falta de água no aquartelamento; o reabastecimento era feito a cerca de 4 quilómetros, na direcção de Mejo, zona onde se encontrava, desde essa tarde (21 MAI), o 3º. Corpo de Exército do IN;
. defesa da população (constante na MISSÃO do COP 5), que não podia garantir;
. destruição do Centro de Comunicações, resultante da flagelação dessa tarde (das 14 às 16 horas), a maior de todas;
. desconhecimento da data em que chegaria a Guileje o novo Comandante do COP5, Sr. Coronel Paraquedista Rafael Durão, nomeado pelo Sr, General Spínola para me substituir, passando eu a 2º. Comandante; mesmo quando o novo Comandante chegasse e este pedisse reforços, que a mim me foram negados, estes só estariam em Gadamael, na melhor das hipóteses, passados 2/3 dias, espaço de tempo que as NT não estavam em condições de aguentar, sem entrar em colapso;
. previsão da situação a curto prazo; dada a agressividade, frequência e intensidade do IN, reforçado com mais um Corpo de Exército, era previsível que o IN completasse o cerco ao quartel e provocasse um número considerável de feridos e mortos, bem como aprisionasse os restantes elementos das NT e população;
. existência de um morto; se houvesse mais mortos ou feridos, não seria viável a retirada, pela impossibilidade de os transportar em coluna apeada;
. efeito de surpresa; se esperasse, um só dia que fosse, o IN completaria o cerco, impedindo a nossa saída.

Por estes factores, considerei a posição insustentável e decidi (não abandono vergonhoso), mas uma retirada, operação prevista nos regulamentos militares.

“...deixando para trás importante documentação e toda a sua artilharia...” 

Relativamente à documentação, foi toda destruída pelo fogo e as cinzas deitadas numa fossa profunda, existente no quartel. A Artilharia, bem como as viaturas e todo o restante material foi deixado no aquartelamento, por impossibilidade de ser levado na retirada, que foi feita a corta mato, por um trilho utilizado apenas pela população. Como não podia deixar de ser, quer as peças de Artilharia, quer os morteiros, armamento pesado e as viaturas foram inutilizadas.

“...perante a incredubilidade do inimigo que demorou muitas horas até se aperceber que estava a cercar uma instalação militar deserta.” 

O IN só entrou em Guileje no dia 25 MAI (tínhamos saído em 22 MAI), isto é, 3 dias depois, o que demonstrou a surpresa que para ele foi a retirada.

Não tenho qualquer dúvida que, se Guileje tivesse sido oportunamente reforçado, como foi Guidage, também teria “resistido valorosamente”, como afirmaram os Autores.

Felizmente vivemos num País em que a EXPRESSÃO é LIVRE.
Ao fazerem a referência a Guileje, nos termos em que foi feita, os Autores demonstraram que não tinham conhecimento dos factos, tal qual ocorreram. Parece lícito concluir que, neste caso concreto, a ASNEIRA também foi LIVRE.

Coronel Alexandre Coutinho e Lima
Ex- Comandante do COP 5, em Guileje
____________

Notas do editor:

(*) Coutinho e Lima, na sua primeira comissão de serviço na Guiné, foi Comandante da CART 494, que esteve aquartelada em Gadamael (Dez 63/Mai 65); na segunda, entre 1968 e 1970, foi Adjunto da Repartição de Operações do Comando-Chefe das FA da Guiné e a terceira, iniciou-a em Setembro de 1972, tendo sido nomeado por Spínola comandante do COP 5, com sede em Guileje, em Janeiro de 1973.

Vd. postes de:

4 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10895: Notas de leitura (446): "Alpoim Calvão, Honra e Dever", por Rui Hortelão, Luís Sanches de Baêna e Abel Melo e Sousa (1) (Mário Beja Santos)
e
7 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10906: Notas de leitura (447): "Alpoim Calvão, Honra e Dever", por Rui Hortelão, Luís Sanches de Baêna e Abel Melo e Sousa (2) (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 15 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11259: (Ex)citações (214): Ainda a Operação "Aquiles Primeiro" (Manuel Carvalho)

14 comentários:

Anónimo disse...

Ex.mo camarada Sr. Coronel Coutinho e Lima.

Finalmente aqui está, na primeira pessoa, a resposta a todos os detractores.
Eu já sabia todas as razões apontadas por si, só queria a sua confirmação.
Apenas duas dúvidas me fazem confusão.
Porque é que o Com-chefe não queria o reforço de Guilege, e já agora porque é que Guilege só dispunha de uma companhia, de um pelart e de um pelotão de morteiros, quando era sabido que era um dos mais importantes senão o mais importante aquartelamento de todo o T.O. da Guiné.
Porque é que só depois Gadamael foi reforçado com o Bat.de Páras, apesar de este estar em operações e exaurido.(Coronel Calheiros dixit).

Porque é que nunca foi julgado ?
Apesar de ser a sua vontade..

Para mim foi um herói,sendo um militar de carreira,ao tomar essa decisão sabia que a sua carreira terminava ali,pondo em primeiro lugar a sobrevivência da população e dos militares que comandava.

Quem o criticou e critica só o faz por ignorância ou má-fé.

Manifesto aqui, publicamente, a minha alta consideração e estima pela sua pessoa.

O "artilheiro" de Gadamael

C.Martins

António Martins Matos disse...

Concordo a 100% com o texto do livro "Honra e Dever" da autoria de Alpoim Galvão.
Abraços
AMM

Anónimo disse...

Olá Camaradas
Por mim creio que a primeira característica de um herói é a sua modéstia. Nunca se tendo inventado o "heroimetro" (aparelho que mede a heroicidade) parece-me sempre abusivo que alguém classifique alguém de pusilinâme e epítetos similares sem ter passado pela mesma situação. Há até casos de homens que foram heróis em certas situações e que depois noutras... já tiveram um desempenho mais modesto.
Não li o livro em apreço, mas andei por aqueles locais uns anos antes (1968) e já deixei dito que o que sucedeu se adivinhava. Nunca saberemos qual o conceito da manobra do ComChefe para aquele sector e isso impossibilita que se conheça porque foi feita um defesa eficaz a Norte e uma abandono à sua sorte de uma guarnição que não podia ser reforçada senão com tropa especial. Na guerra não há "ses", mas podemos admitir/imaginar o que sucederia à guarnição de Guileje naquelas condições.
É necessário que o Cmdt Alpoim Calvão saiba que não basta ser herói é necessário ser justo nas apreciações que se fazem.
Nunca entendi a cobardia da nossa hierarquia que prende um homem, acusa-o de crimes gravíssimos e não ao julga com presteza, deixando-o a apodrecer na prisão. Era moeda corrente "naquele tempo", como sabemos, mas isso são contas de outro rosário.
Um Ab. e Boa Páscoa para todos
António J. P. Costa

Manuel Reis disse...

Exmo Sr. Coronel Coutinho e Lima

Ainda e sempre Guileje...

Desde a 1ª hora fui solidário com a decisão do Sr. Coronel Coutinho e Lima, o que aliás é manifesto pelas posições que, desde sempre, assumi quer aqui, no Blogue, quer em convívios em que o tema era abordado.

No entanto, deixei sempre uma margem de tolerância e compreensão aos que discordando da decisão, não o julgassem de modo acintoso. Aos camaradas mais atentos, não deve ter escapado, o meu isolamento,no contexto da Companhia, na defesa da honra e dignidade do Sr. Coronel.
No entanto, em todos os convívios da Companhia, é manifesto, pelos presentes, o carinho e apoio pelo Homem e Militar Coutinho e Lima.

Sobre os factos aqui citados, nada acrescento, por tantas vezes os ter divulgado, tanto no nosso Blogue, como nas tertúlias. Seria chover no molhado, parafraseando os brasileiros.

Há um ponto que não posso deixar à consideração e reflexão dos nossos camaradas: Quais os motivos por que não foi reocupado Guileje, no próprio dia,de tarde, como foi sugerido pelo Sr. General Spínola ao Sr. Coronel Durão? Havia homens, mais frescos, em Cacine e Gadamael, suficientes para repor o efectivo de Guileje e tempo suficiente para nele entrarem, antes do cair da noite. Poderia ainda socorrer-se da ajuda do grupo de milícias, o que ajudaria o Comando a um melhor conhecimento e localização das infraestruturas do aquartelamento. Tinha a promessa de apoio da tropa de élite, negada ao Sr. Coronel Continho e Lima, o que facilitaria a missão.

Dizer, apenas e só, que não havia condições, e não as referir, é NADA!

As condições eram as mesmas, que nós tínhamos, para efeitos de combate. As viaturas e a papelada eram desprezíveis para o efeito e até as duas peças de 14, desarticuladas, apenas poderiam servir para atirar para o vazio, dada o tiro ser desajustado, por falta de tempo e meios.

Um abraço amigo.

Manuel Reis








antonio graça de abreu disse...

De vez em quando Guileje volta a bailar entre os fantasmas do nosso passado.

Eu só pergunto: o coronel paraquedista Rafael Durão, nomeado pelo Comamdo Chefe, ia comandar Guileje sózinho
ou ir ter os páras, no mais curto espaço de tempo, para defender o aquartelamento?
E, houve ou não houve rápidas manobras políticas para contabilizar junto de Lisboa o abandono de Guileje?

Quanto ao coronel Coutinho e Lima,
recordo aqueles inenarráveis nove minutos de gravação, o "perdoa-me"
de Coutinho e Lima de Guileje diante do Nino Vieira, em Março de 2008, em Bissau, gravação creio que feita pelo Luís Graça e que está bem lá para trás no nosso blogue.
E mais não digo.Porque Guileje já cansa, já cansa há muitos anos.

O resto será música, música roufenha, mas música.

Abraço,

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Caro Manuel Augusto,
O meu avô, do alto da sua sabedoria "bairradino-brasílica", dizia que "...em briga de jacu, inhambu não pia...", todavia, aqui de longe, quero dizer-te da minha admiração pela tua verticalidade, em assunto tão controverso e doloroso.Mesmo sem procuração, diria que a "naçao bairradina" se orgulha de ti.
abraço
Vasco Pires

Anónimo disse...

Não acredito em "teorias de conspiração" e muito menos em "bruxas",mas este tema parece uma ou até as duas.

Considero-me um "paisano" que em tempos idos fui combatente,do qual me orgulho, por isso julgo que estou equidistante do militar de carreira puro e duro e dos civis que nunca souberam o que é ser combatente.

Para mim este tema, nunca será demais debatê-lo, por ser talvez um dos que teve maior relevância em toda a guerra colonial.

Não pretendo mudar a opinião de ninguém, assim como respeito todas as opiniões desde que estas respeitem a dignidade e honra de cada um.
Já formulei no comentário anterior a minha opinião.
Quero realçar que contrariamente ao que se diz,não foi Nino Vieira que comandou directamente o ataque a Guileje,aliás o comandante directo da operação foi fuzilado porque não conquistou também(sic)Gadamael.

Meu caro A.J.P.Costa

Sem falsa modéstia .passei..passei por situação idêntica em Gadamael, mas não me considero nenhum herói.

Quero esclarecer que para mim a decisão tomada pelo Sr.Coronel Coutinho e Lima foi um acto heróico..seria muito fácil para ele retirar-se estrategicamente para Gadamael ou até Cacine invocando múltiplas razões ou até nenhumas,sendo comandante do cop 5 podia fazê-lo,abandonando os militares sobre o seu comando à sua sorte,isso sim seria um acto cobarde,muitos o fizeram,dando ordens à distância e em relativa ou total segurança.

Como artilheiro,fico perplexo como foi possível colocar duas peças de 11,4 em Guilege sabendo-se que apesar de terem maior alcance,mais 2km do que o obus 14,as granadas eram poucas em Beirolas,não eram produzidas cá,aliás já ninguém as produzia, mas em contrapartida o obus 14 tinha maior impacto, 45 kg o peso da granada,contra 25 kg da peça 11,4, e o mais importante eram importadas dos U.S.A..
É evidente que o principal objectivo da artilharia não era a contra-bateria,que era muito difícil fazer-se,se bem que às vezes até se conseguia, mas sim fazer "ronko" e dar apoio aos infantes no mato e até a defesa dos aquartelamentos próximos.
Pode parecer que estou a relatar factos sem grande importância, mas que no decorrer das acções em combate são de grande importância.
Em vez de duas peças de 11,4 uma delas inop devido ao prato do aparelho de pontaria estar partido,e com poucas munições, lá estivessem três obuses 14 com um bom stok de munições..provavelmente seria diferente...
Estou apenas a referir-me à artilharia por ter sido a minha especialidade..
Será que quem decidiu estas coisas não teve responsabilidades.

Caro A.G.A.

Se este tema te cansa..estás no teu pleno direito..e à música."roufenha"...idem..pode resolver-se com um digitálico e afinação da agulha do disco de vinil...

C.Martins

Carlos Silva disse...

Amigos & Camaradas

A propósito do Post 11297 da autoria do Cor Coutinho e Lima em resposta ao que é publicado no livro “Alpoim Calvão Honra e Dever” a págs 311, de facto é lamentável que os autores, pelo menos os 2 militares, perfilhem a teoria propagandista do IN/PAIGC, segundo a qual este cercou Guiledje em Maio de 1973.
Aliás, até são contraditórios, pois por um lado dizem que o “…. PAIGC cerca Guidaje, a Norte, GUILEJE, na fronteira com Conakry “ e referindo ainda “…. Perante a incredulidade do inimigo que demora muitas horas até se aperceber de que estava a CERCAR uma instalação militar deserta.”
Afinal é caso para perguntar. O IN cercou ou não o nosso aquartelamento de Guileje ??
Daqui resulta claro que não. E só quem não está de boa fé ou que não foi militar ou que não conhece os factos, só pode revelar uma ignorância desta natureza.

Já Aristides Pereira no seu livro “Uma Luta, um partido, dois países” pág. 205 mente descaradamente quando refere:
“ …. Em fins do terceiro trimestre de 1972, Cabral, depois de aferir da importância do quartel como peça mestra de um dispositivo que pretendia reconquistar o controlo da fronteira sul, havia concebido o plano de assalto e tomada da fortificação de Guiledje, o que, porém, só veio a concretizar-se nos meses que se seguiram ao seu assassínio…..”, reafirmando a seguir “ Foi em Maio de 1973 que o PAIGC atacou e tomou Guiledje, o quartel mais bem fortificado da frente sul, que, pela, sua importância e localização, funcionava como ponto estratégico a partir do qual as forças coloniais controlavam a movimentação das FARP no Sul da Guiné em ligação com outras guarnições de menor importância.”
É nesta onda de mentira que também os autores do livro “ Alpoim Calvão… “ e outros camaradas pactuam, deturpando os factos e prestando assim um mau contributo para a nossa História.
Meus Amigos
Abstenham-se de pactuar com tretas destas
E se assim não é, então desafio para que apresentem provas concretas de que as vossas afirmações são verdadeiras, o que não conseguem.
Continua...

Anónimo disse...

PS

Fomos muitas vezes injustos para com os bravos pilavs..a começar por mim..como nos sentíamos bem só de ouvir o som dos vossos jactos a sobrevoar a zona onde estávamos.. e de repente desapareciam..se através do "banana"nos dissessem que tinham pouco combustível e que por isso tinham que regressar a bissalanca,nós não acreditávamos e considerávamos isso uma desculpa "esfarrapada" de outra coisa..estão a adivinhar não estão...santa ignorância nossa..quantos nomes vos chamei e às vossas mães...

Com todo o respeito, à consideração do camarada A.M.Matos

C.Martins

Carlos Silva disse...

Continuação

Eu já aqui apresentei testemunhos relativamente à inexistência do mito do cerco a Guiledje, em comentário a propósito dos Posts 5403; 5417 e 5432, o qual reitero e aqui reproduzo.

xxxxxxxxxxx

“Não vou pronunciar-me sobre a retirada de Guileje, nem sequer fazer apreciações sobre a mesma, porquanto, não estive lá e felizmente não passei por esse pesadelo e nem sequer vou pronunciar-me sobre a tomada da decisão da retirada ou sobre a visão que cada um tem sobre esses momentos que viveu, deveras difíceis.
Pois cada um tem a sua própria visão dos factos.
Compreendo as diferentes reacções que cada camarada possa ter tido naquelas situações vividas, na medida em que, eu próprio passei por diferentes situações complicadas e tive reacções diferentes nesses momentos.
Dito isto, apenas quero salientar que não concordo com a expressão que se vem referindo “cerco de Guileje” porquanto, das provas documentais, documento escritos, fotografias, etc. resulta claro que não houve cerco ao aquartelamento de Guileje, tanto que, em lado algum li ou ouvi referências onde o IN estivesse posicionado durante o hipotético cerco.
Aliás, na audiência que um grupo de camaradas teve com o falecido Presidente Nino em 5 ou 6-3-2008 que se deslocaram à Guiné para participar no Simpósio de Guileje, onde estive presente, bem como, o Sr Cor Coutinho e Lima, Luís Graça, Abílio Delgado; José Carioca e outros, como não poderia deixar de ser, foi abordada a questão da retirada de Guilege.
Nessa audiência recordo que o Presidente Nino falou sobre os constantes bombardeamentos de artilharia do PAIGC ao aquartelamento de Guileje e disse também que tiveram conhecimento da retirada das NT do local posteriormente e que passados 3 dias foram lá com todas as cautelas possíveis, pois as NT poderiam ter deixado o local armadilhado.
Feito o reconhecimento da zona, retiraram sem efectuarem qualquer ocupação efectiva.
Em Março/2009, estive novamente em Guilege, Gandembel, Candembel [corredor da morte] onde falei com um ex-Comandante que actuava na zona, o qual também acompanhou-nos durante o Simpósio ano transacto e falámos sobre o tema.
Claramente lhe disse, argumentando com os testemunhos atrás invocados, que não tinha havido “cerco a Guileje” e ele concordou comigo.
Face aos testemunhos atrás mencionados, tenho para mim, que não existiu qualquer cerco a Guileje, salvo o devido respeito que é muito, por opiniões contrárias.

Carlos Silva
Ex-Fur Mil CCaç 2548/Bat Caç 2879”

Lx 24-03-2013

Sugeria que o comentário fosse publicado como post dado a relevância que assume neste contexto

Anónimo disse...

Só quem por lá passou e pelo que passou é que sabe.
Os Páras estavam no norte.
Onde andavam as outras tropas especiais?
Queriam outro desenlace igual ao de Gadamael?
Bernardo

J.C.Lucas disse...

Conheço o Sr Comandante Alpoim Calvão não conheço o Famoso Coronel Coutinho
Do qual tenho a opinião que tenho já que o sr confessou que deu de "gosse ". (3) dias para chegar desde a fronteira de Conakri ( Zona da Paroldade ) até ao Quartel são muitos dias sempre fizemos este trajecto num par de horas Qaunto a estar debaixo de fogo tambem estiva muitas vezes e não abandonamos Guileje.
COncordo com qause tdo escrito no livro Honra e dever. Fim da história

João Carlos Abreu dos Santos disse...

...
ao Carlos Silva, «é lamentável que [neste blogue ao longo de 'n' postais e respectivos comentários] se perfilhe a teoria propagandista do IN/PAIGC, segundo a qual este cercou Guiledje em Maio de 1973».
Subscrevo, tb, por conhecimento 'de causa'.
Com um abraço, do
João Carlos Abreu dos Santos
_________

Anónimo disse...

Caros ex-combatentes:

O Cor. Coutinho e Lima, exagera na emoção e equivoca-se na forma de expressar a sua verdade.
Como diz e muito bem o ex-sarg. Nuno Rebocho, o momento que determinou o abandono de Guileje, foi a substituição do ex-major Coutinho e Lima pelo ex-coronel Rafael Durão.
Por razões òbvias, o conhecimento da sua substituição, ditou a fuga de Guileje.
A mentira não deixa de ser mentira, mas os ingénuos começam a aceitá-la como verdade, pelo simples facto de desconhecerem o que é verdade.
"Diga-se em abono da verdade que o ex-major Coutinho e Lima tem sabido manipular a sua verdade."
Uma mentira repetida mil vezes começa a ser aceite como verdade, penetra na mente das pessoas como uma lavagem cerebral.
O ex-major utiliza a sua propaganda para induzir os ingénuos a consumir a sua verdade.
"A mentira só se torna verdade para o seu autor"

Cumprimentos,

Constantino Costa
CCAVª. 8350
"Piratas de Guileje"