Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor de Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > A aldeia de Samba Juli, em autodefesa. Pertencia oa regulado de Badora.
1. Continuação da publicação da história do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no setor L1, Bambadinca, 1972/74) a partir de cópia digitalizada da história da unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.
[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].
[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].
O grande destaque do mês de março de 1973, dois meses depois da morte de Amílcar Cabarl (1924-1973) vai para:
(i) O uso, pela primeira, no setor, de foguetões 122 mm, num ataque ao Xime;
(ii) A saída de efetivos do PAIGC, da Frente Bafatá-Xitole, para o reforço do sul;
(iii) A transferência da CCÇ 12, para o Xime, como unidade de quadrícula, ao fim de 4 anos a atuar como unidade de intervenção, indo substituir a CART 3494 (que vai para Mansambo);
(iv) Mansambo continua sem ser atacado ou flagelado;
(v) Conclusão de 9 escolas no setor;
(vi) Suscetibilidade e mal-estar das populações islamizadas do setor (fulas e mandingas) em relação às escolas dos filhos, devido à orientação cristã dos livros e dos professores, mas também dos castigos corporais;
(vii) Flagelação, pela primeira vez, da coluna logística Bambadinca-Xitole;
(viiii) As NT auxiliam a população da bela tabanca de Samba Juli na reconstrução de moranças destruídas pelo fogo.
[Imagem à direita: capa do livro de leituras da 3.ª classe, o mais ideológico e etnocêntrico dos manuais escolares em vigor no Estado Novo. Os manuais escolares eram “especialmente elaborados pela Direcção – Geral do Ensino Primário, tendo em conta as necessidades culturais e profissionais dos meios populares” do Portugal europeu, continental e atlântico, mas não das populações da Guiné, por exemplo, que eram na sua grande maioria animistas e muçulmanas. O Livro da Terceira Classe, Ed. Domingos Barreira, 4ª Ed., 1958 esteve em uso durante décadas. E tinha, como os outros, uma segunda parte reservada ao ensino da "doutrina cristã". Cortesia do portal da Instuto de Educação da Universidade de Lisboa]
[Imagem à direita: capa do livro de leituras da 3.ª classe, o mais ideológico e etnocêntrico dos manuais escolares em vigor no Estado Novo. Os manuais escolares eram “especialmente elaborados pela Direcção – Geral do Ensino Primário, tendo em conta as necessidades culturais e profissionais dos meios populares” do Portugal europeu, continental e atlântico, mas não das populações da Guiné, por exemplo, que eram na sua grande maioria animistas e muçulmanas. O Livro da Terceira Classe, Ed. Domingos Barreira, 4ª Ed., 1958 esteve em uso durante décadas. E tinha, como os outros, uma segunda parte reservada ao ensino da "doutrina cristã". Cortesia do portal da Instuto de Educação da Universidade de Lisboa]
Março de 1973: Pela primeira vez, no tempo do BART 3873, o IN usa foguetões contra o Xime, e é flagelada a coluna de reabastecimento Bambadinca-Xitole.
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2 comentários:
Aqueles de nós que foram professores primários, nos postos militares escolares, como o Carvalhido da Ponte (Xime), o Manuel Amaro (Aldeia Formosa) ou o Manuel Joaquim (Bissorã), podem falar,com propriedade e autoridade, sobre as dificuldades, perplexidades mas também sobre o prazer de ensinar, com o eventual apoio dos nossos velhos manuais escolares ou de outros textos (que eu desconheço se havia outros manuais na Guiné), a língua, a cultura e a história portuguesa aos putos das tabancas guineenses... É que nos nossos manuais bem sequer havia uma simples imagem com a cara do "pretinho da Guiné"...
Imagino que não fosse fácil ao Carvalhido da Ponte explicar ao José Carlos Mussá Biai, mandinga e muçulmano, do Xime, que nunca tinha sido da sua tabanca, o que era a pátria, ou significado da bandeira nacional, ou letra do nosso hino, ou a difgerença entre um minhoto e um algarvio... Ou ainda explicar as lendas das mouras encantadas do nosso romanceiro popular. Ou a conqnuista de Lisboa aos mouros. Ou ainda a lenda do Infante Santo... Muito menos as guerras de religião, no passado, enter cristãos e mouros...
Em todo o caso, o mais importante é que o José Carlos Mussá tenha aprendido a ler escrever, graças ao posta escolar militar do Xime, e a tenha chegado à universidade, sendo engenheiro florestal, se não erro. E trabalhando e vivendo em Portugal, como português e sem nunca esquecer as sua raízes guineenses.
Meu caro Luís Graça:
É verdade: passei muitas e muitas horas da "minha" guerra a dar aulas a soldados e a criancinhas; a soldados,durante cerca de um ano e, nos últimos seis meses de comissão, a crianças de Mansabá.
Prometo "postar" brevemente mais alguma coisa sobre este tema. De qualquer modo quero lembrar que, neste blogue, já me referi ao assunto :
P11674 de 5/06/2013: Cartas de Amor e Guerra (15), "Analfabetismo, um outro combate"
Posso desde já adiantar que, para o ensino das crianças, não usei qualquer manual escolar. Bem, não terá sido bem assim. Para seu uso directo e pessoal, não. Mas, para mim, usei como apoio um caderninho do PAIGC, "O nosso primeiro livro de leitura" (subtítulo na 1ª página). Na capa diz, simplesmente, "Caderno Escolar".
Um abração
Manuel Joaquim
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