terça-feira, 12 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19578: Memória dos lugares (385): a tasca do sr. Geraldes, no Gabu... O casal era de Setúbal ( Tino Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)








Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1970 > A tasca do sr. Geraldes

Fotos (e legenda): © Tino Neves (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem do  Constantino Neves (Tino Neves), ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de meia centenas de referências no nosso blogue):

Data - Segunda, 11/03, 13:13 

Assunto - A tasca do Geraldes no Gabu

Olá, Camarada Luís

Desta vez venho completar e confirmar uma das fotos do Poste 19573, do Camarada Virgílio Teixeira (*), a almoçar na tasca do Geraldes, com três fotos tiradas na referida Tasca, em que tinha também um jogo de bilhar "Sinaleiro". em 1970.

Era a Tasca/Restaurante que muitas das vezes ia-mos comer um bom frango assado ou um bom bife com molho de chabéu, uma delicia.

Segundo conversas com o Sr. Geraldes e esposa, fiquei sabendo que eles eram de Setúbal.(**)

Um Alpha Bravo
Tino Neves

______________


(**)  Último poste da série > 28 de dezembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19342: Memória dos lugares (384): Tradições do Natal crioulo em Bissau: o "fanal" e o "mbim pidi festa" da meninada do meu tempo (Nelson Herbert)

12 comentários:

Valdemar Silva disse...

Viva, caro Tino Neves.
Lembras-te se o cozinheiro/aj.cozinha do 'Geraldes' era um matulão sempre com o avental sobre o tronco nu e tinha uma motoreta?
Afinal, nós fomos contemporâneos em Nova Lamego, eu era da CART 11, 'Os Lacraus', que era a Companhia de africanos que estava no Quartel de Baixo.
Manda mais fotos.
Ab.
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tino:

Lembras-te quem é o camarada que está contigo, na 1ª e 3ª fotos ? Devia ser também da tua CCS, provavelmente 1º cabo escriturário como tu...

Entretanto, vou publicar um poste sobre o vosso desertor, o soldado básico Miranda, de seu nome completo Manuel Augusto Gomes Miranda... Ele desertou em 14/9/70 e o PAIGC, o Amílcar Cabral, levou-o para a Argélia, juntamente com mais dois... Tens ideia de que terra é que ele é ?... Tu mesmo disseste que ele foi recebido, depois do 25 de Abril, como um "herói", na terra dele...

Sabes algo mais sobre ele ?...

O nome dele aparece num livro recente, "Exílios: testemunhos de exilados e desertores portugueses na Europa (1961-1974" (AEP61-74, 2016, 156 pp.).

Um abração, Luís

Abilio Duarte disse...

Também, passei por lá.

Valdemar Silva disse...

Duarte
Se não me engano, julgo que estavas a jantar no 'Geraldes' quando houve o ataque com misseis a Nova Lamego.
E tu vai gosse gosse para o nosso Quartel. Chegaste a pagar a conta?

Saúde da boa.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Este Blogue parece quase uma Policia Secreta, tipo FBI, pois num instante se descobre a careca de qualquer um!

O TINO na foto 1 é o de óculos, e o outro a rir, parece que o conheço tão bem. Mas é impossivel. O Batalhão do TINO 2893, não é do meu tempo, quem nos foi render em NL foi o BCAÇ2835, e depois terá sido rendido pelo 2893, mas já muito mais tarde, não é do meu tempo, eu sou muito velhinho comparado com a maioria. Depois de Fev 69 nunca mais estive em NL. Só ficaram as Memórias do GABU.
Nem sequer havia ataques com misseis a Nova Lamego, isso foi outra guerra! Felizmente.

Mas aquele da foto com o TINO não me é estranha a sua cara, mas há muitas parecidas.

No periodo de 21SET67-26FEV68, quando estive em Nova Lamego, não havia nada destas coisas chiques, bilhares etc. ! O Geraldes deve ter evoluido e rápido, com a chegada do meu Batalhão, e com as minhas visitas frequentes!Eu fui lá muitas vezes, mas não tenho fotos de todas, só de algumas.

Eu nem sequer me lembro da cara do Geraldes, sabia o nome, mas não ligava à pessoa, mas penso que devo saber:
Então vamos pelos Temas:

T064 I PARTE: foto nº 2, acho que o Geraldes é que tem um macaco na mão, certo?
T061 II PARTE: foto 2 , é o 3º a contar da direita para a esquerda;
T063 III PARTE: foto 4 estou só numa mesa no Geraldes; Na foto 3 eu chamo na Tasca do Zé Maria, é o que tenho escrito na foto, mas parece-me pela análise às mesas e cadeiras e ambiente, que também é no Geraldes. Tem de se rectificar, até porque não me lembro de uma casa com esse nome. Seria antes o Zé Maria Geraldes?

Eu ainda vou arranjar mais do Geraldes, é só procurar.

Grandes agentes policiais que aqui temos.

AB,

Virgilio Teixeira





Abilio Duarte disse...

Valdemar,
pois é, já contei essa história, varias vezes, tinha acabado de comer um bom bife, e estava na sobremesa, a apreciar um gelado caseiro, quando começou o arraial.
Paguei o jantar, sim senhor, porque o homem conhecia-me bem.
Mas a correria, que fiz, por aquela estrada, até ao nosso aquartelamento, onde cheguei descalço, pois perdi as chinelas, pelo caminho, e enfiei-na vale que dava para o rio, foi um caçaço dos antigos.
Passei bons bocados em Nova Lamego.
A passagem de ano, de 69/70, quando eu e o Cunha já estavamos, desenfeados nos nossos quartos, e o Cunha a fazer a exploração de rádio, com o cabrão do Coronel, do Batalhão, que andava a fazer a ronda em Gabu, numa autometralhadora, á nossa procura, pois devia mos estar a guardar a serração, e o Coronel, a perguntar, onde é nós estava-mos, e o Cunha, na serração, dizia mas eu estou a ver o meu Coronel. Que Tourada.
Noutra vez , estava a fazer a segurança, a TECNIL, que estava a alcatroar a estrada para Piche, e vim beber um Gin, ao nosso quartel, e para aproveitar, praticava a condução no Unimog, coisa que fazia várias vezez,quando o meu pelotão estava a fazer esse trabalho.
Então num desses dias, depois de estar a beber o meu Gin, na messe, os soldados tinham ido dar uma volta, e fiquei de ir buscá-los ao mercado.
E assim foi, quando entro na estrada alcatroada, na direcção de Piche, perto, onde estavam a construir o novo qquartel de Nova Lamego, não sei se te recordas, quem é que me aparece, e me apanha a conduzir, o sacana do Coronel.
O galo, fez-me uma quantidade de questões e merdas, e o Major, que estava com, deu-me a entender. que estava feito.
Há noite quando cheguei, e estava no nosso Bar, aparece o Aniceto Pinto, aos gritos, que isto e aquilo, o cabrão do 1º.Sargtº. que não me chupava a rir.
Foi um arrail, que nem nos filmes do Vasco Santana.
Bons bocados. Mas o Aniceto tinha bom, coração.
Desenrasco-me várias vezes, de criancices, que eu fazia.
Paz á sua alma.
Abraço, fui.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio:

Quando se vinha de Bafatá até Bambadinca, havia no cruzamento, à esquerda, logo no início da Rua Principal da povoação (que dava acesso ao quartel e posto administrativo, que ficava lá no alto, numa pequena elevação), havia a famosa "tasca do Zé Maria"...

A malta do Leste que vinha abastecer-se ao destacamento de Intendência, na margem esquerda do Rio Geba, passava lá, quase obrigatoriamente... Se calhar, um dia foste lá beber um copo...

Era famosa pelos "lagostins" do Rio Geba Estreito, que o homem se fazia pagar caro: 50 pesos o quilo... Pescados em zona de risco... pelo barqueiro do Enxalé, dizia-se...

17 DE MAIO DE 2010
Guiné 63/74 - P6408: (Ex)citações (72): A dolce vita de Bambadinca: Os lagostins do Zé Maria, pescados pelo barqueiro do Enxalé em "zona vermelha"... (Luís Graça)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio: passaste por Bambadinca, provavelmente até vieste de LDG,de Bissau a Bambadinca... Havia aqui um porto fluvial, importante, e um destacamento de Intendência... Vê se tens fotos de Bambadinca, do porto, da Intendência... Deves ter vindo uma ou outra vez a Bambadinca... Seguramente no regresso, da Nova Lamego, em feveriro de 1969, a caminho de São Domingos... Não havia outro caminho, tinha que se dar a volta ao "bilhar grande" da Guiné... O Zé Maria, se fosse um gajo esperto, teria chamado á tasca dele, "À Volta Cá Te Espero"...

Quem lá tinha escritório era o "alfero Cabral"...


23 DE OUTUBRO DE 2015
Guiné 63/74 - P15282: Álbum fotográfico de Jaime Machado (ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046, Bambadinca, 1968/70) - Parte XVI: A tabanca, a bolanha e o porto fluvial de Bambadinca ("cova do lagarto", em mandinga)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A avaliar pela "cara", o Geraldes era um tipo ainda novo, na casa dos trinta... É provavel que tenha ido para a Guiné como militar, no início dos anos 60, e depois tenha montado um negócio em Nova Lamego... Ou então foi novo, para a Guiné, como "emigrante"...Temos vários casos, nossos conhecidos... Um deles o do comerciante com estabelecimento em Porto Gole e,depois, em Bambadinca, o Rodrigo Rendeiro, da Murtosa... Veio aos 17 anos...


31 DE OUTUBRO DE 2017
Guiné 61/74 - P17920: (D)o outro lado do combate (14): a odisseia do português, da Murtosa, Rodrigo Rendeiro: uma viagem atribulada, de cerca de mil km, de 3 a 26 de setembro de 1963, de Porto Gole, onde tínha um estabelecimento comercial e era casado com uma senhora mandinga, de linhagem nobre, Auá Seidi, e tinha cinco filhos,até ao Senegal (Samine, Ziguinchor e Dacar), unindo ocasionalmente o seu detino ao do PAIGC... Relatório, assinado por ele, mas de autenticidade duvidosa...

Valdemar Silva disse...

Duarte
No dia do ataque com misseis, que deveriam ser sete/sete e meia da noite, estava na nossa messe quando se começou a ouvir um ruído no céu, que parecia um foguete a passar antes de rebentar, e ficamos confusos sobre o que seria por não ter havia nenhuma explosão. Passado uns minutos outro ruído idêntico e agora já todos convencidos que se tratava dum ataque fui ao nosso quarto buscar a minha G3, encontrei escondido um 1º. Sargento que lá estava de passagem, e depois sei que fui fazer a segurança ao Posto Central do Gerador de Electricidade e levei uma piçada do Major por estar fardado com uma t-shirt branca.
Julgo que foram disparados quatro misseis que atingiram a pista da aviação mas não rebentaram.
Este foi o meu 'baptismo de fogo', dado que nunca tinha estado em Piche, quando lá estava a Companhia, e por isso não estar presente num ataque ao quartel.
Ab.
Valdemar Queiroz

ps. Julgo que era na tasca do Zé Maria, em Bafatá, que havia a ementa com dois preços para os 'comes' de lá e os da metrópole.

Abilio Duarte disse...

Valdemar,
O objectivo do PAIGC, quando atacou Nova Lamego, com os 120mm, era destruir ou danificar a pista de aviação que tinha sido renovada para os FIAts.
Os misseis rebentaram de facto mas no fim da referida pista e e no meio de um cajueiro.
Passados uns tempos, a pista foi inaugurada pelo Silva Cunha, Ministro ddo Salazar, e eu nunca vi tanto militar nacional e estrangeiro ( que o gajo levou de Lisboa, os adidos militares, para aquela festa).
Não sei se te recordas, havia tropa por todos os lados, quer na estrada para Bafatá, quer para Piche, e então o meu pelotão, nesse arrail, tinha um função móvel, que era estarmos de prontidão nos Unimogs, e andávamos estrada acima estrada abaixo.
Foi um dia de loucos e nunca tinha visto tantos brancos em Nova Lamego.
Recordando.
Abraço.

Valdemar Silva disse...

Duarte
Lembro-me bem desse dia e dos tropas estrangeiros. Parece que ainda estou a ver o oficial inglês com a farda 'tropical' de calções bem vincados e dois dedos acima do joelho.
Também estive nessa segurança na estrada de Piche (fim da parte alcatroada) e até ia tendo um desastre quando quis conduzir um unimog.
Não me lembrava que tinha havido rebentamentos dos misseis, mas os que caíram na pista não rebentaram.
Ab.
Queiroz