quarta-feira, 13 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19582: Memória dos lugares (386): Ainda a tasca do Geraldes, em Nova Lamego (conversas a cinco: Tino Neves, Valdemar Queiroz, Abílio Duarte, Virgílio Teixeira e Luís Graça)


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Dezembro de 1967 >  A tasca do sr.  Geraldes... Pode ver-se o Geraldes, da direita para a esquerda, o 3º, de camisa aberta, ao meu lado (, eu, ao centro, ao fundo, de óculos escuros). Do outro meu lado, o Sargento Parracho (acho que era de Aveiro e tinha chegado da Madina do Boé, era da CCAÇ 1589, e lá vinha com os seus ‘autos de destruição’ para serem aprovados). Os outros comensais serão porventura civis, comerciantes.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) >  Nova Lamego > Dezembro de 1967 >  Tasca do sr. Geraldes.  Pode ver-se o Geraldes, com um macaco-cão, bebé; e ao lado dele, um homem civil (o mesmo que se vê na foto acima, à esquerda,  em primeiro plano); de pé o sargento Parracho, da CCAÇ 1589, que estava em Madina do Boé., e ao ao centro. 


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Outubro de 1967 > Foto nº 3 > Na tasca do  Geraldes [ e não do Zé Maria, como por lapso foi originalmente legendado ], petiscando com o   furriel Rocha, o "Algarvio", que não pertencia ao nosso Batalhão, mas foi lá parar ao Conselho Administrativo, caindo de paraquedas.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > CCS/BCAÇ 1933 (1967/69) > Outubro de 1967 > Na tasca do Geraldes, petiscando sozinho, talvez frango. Este estabelecimento,  conhecido como o " Geraldes", era uma espécie de restaurante-tasca, onde se podia comer e beber alguma coisa fora da ementa do rancho ou da messe do quartel.


Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1970 > A tasca do sr. Geraldes... Ele e a esposa eram de Setúbal. Ele provavelmente antigo militar...  Em 1970, o estabelecimento tinha já um jogo de bilhar "Sinaleiro" (**)...

Comparando as fotos, vê-se que as toalhas e o mobiliário (, nomeadamente as cadeiras) são as mesmas do tempo do Virgílio Teixeira (set 67/fev 68) e do Tino Neves (1969/71)...

Foto (e legenda): © Tino Neves (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários ao poste anterior da série (P19578) (*)

(i) Valdemar Queiroz

Viva, caro Tino Neves.

Lembras-te se o cozinheiro ou ajudante de cozinha do Geraldes ? Era um matulão,  sempre com o avental sobre o tronco nu e tinha uma motoreta!...

Afinal, nós fomos contemporâneos em Nova Lamego, eu era da CART 11, "Os Lacraus", que era a Companhia de africanos que estava no Quartel de Baixo.

Manda mais fotos.

(ii) Abílio Duarte

Também passei por lá...[, pela tasca do Geraldes].

(iii) Valdemar Queiroz

Duarte, se não me engano, julgo que estavas a jantar no Geraldes quando houve o ataque com mísseis [, foguetões de 122 mm ,]  a Nova Lamego. E tu,,, vai no gosse gosse, para o nosso Quartel. Chegaste a pagar a conta? Saúde da boa.

(iv) Abílio Duarte

Valdemar, pois é, já contei essa história, varias vezes, tinha acabado de comer um bom bife, e estava na sobremesa, a apreciar um gelado caseiro, quando começou o arraial.

Paguei o jantar, sim senhor, porque o homem conhecia-me bem.

Mas a correria, que fiz, por aquela estrada, até ao nosso aquartelamento, onde cheguei descalço, pois perdi as chinelas, pelo caminho, e enfiei-na vala que dava para o rio, foi um cagaço dos antigos.

Passei bons bocados em Nova Lamego. A passagem de ano, de 69/70, quando eu e o Cunha já estávamos, desenfiados nos nossos quartos, e o Cunha a fazer a exploração de rádio, com o cabrão do Coronel, do Batalhão, que andava a fazer a ronda em Gabu, numa autometralhadora, à nossa procura, pois devíamos estar a guardar a serração, e o Coronel, a perguntar onde é que nós estávamos, e o Cunha, na serração, dizia 'mas eu estou a ver o meu Coronel'. Que Tourada!

Noutra vez , estava a fazer a segurança, à TECNIL, que estava a alcatroar a estrada para Piche, e vim beber um gin, ao nosso quartel e, para aproveitar, praticava a condução no Unimog, coisa que fazia várias vezes,quando o meu pelotão estava a fazer esse trabalho.

Então, num desses dias, depois de estar a beber o meu gin, na messe, os soldados tinham ido dar uma volta, e fiquei de ir buscá-los ao mercado. E assim foi, quando entro na estrada alcatroada, na direcção de Piche, perto, onde estavam a construir o novo quartel de Nova Lamego, não sei se te recordas, quem é que me aparece, e me apanha a conduzir ?  O sacana do Coronel!...

O gajo fez-me uma quantidade de questões e merdas, e o major, que estava com ele, deu-me a entender que estava feito. À noite quando cheguei, e estava no nosso Bar, aparece o [capitão ]Aniceto Pinto, aos gritos, que isto e aquilo, o cabrão do 1º srgt,  que não me chupava, a rir.

Foi um arraial, que nem nos filmes do Vasco Santana.

Bons bocados. Mas o Aniceto tinha bom coração. Desenrascou-me várias vezes, de criancices, que eu fazia. Paz à sua alma.

 (v) Virgílio Teixeira

Este Blogue parece quase uma Polícia Secreta, tipo FBI, pois num instante se descobre a careca de qualquer um!

O Tino na foto 1 é o de óculos, e o outro a rir, parece que o conheço tão bem. Mas é impossível. O Batalhão do Tino, o BCAÇ 2893, não é do meu tempo, quem nos foi render em Nova Lamego foi o BCAÇ 2835, e depois terá sido rendido pelo 2893, mas já muito mais tarde, não é do meu tempo, eu sou muito velhinho, comparado com a maioria. Depois de fevereiro de 1969 nunca mais estive em Nova Lamego. Só ficaram as Memórias do Gabu.

Nem sequer havia ataques com mísseis a Nova Lamego, isso foi outra guerra! Felizmente.

Mas aquele da foto com o Tino (*) não me é estranha a sua cara, mas há muitas parecidas.

No período de 21set67 a 26fev68, quando estive em Nova Lamego, não havia nada destas coisas chiques, bilhares, etc. ! O Geraldes deve ter evoluído e rápido, com a chegada do meu Batalhão, e com as minhas visitas frequentes! Eu fui lá muitas vezes, mas não tenho fotos de todas, só de algumas.

Eu nem sequer me lembro da cara do Geraldes, sabia o nome, mas não ligava o nome à pessoa, mas penso que devo saber. Então vamos pelos Temas:

064 I PARTE: foto nº 2, acho que o Geraldes é o que tem um macaco na mão, certo?

T061 II PARTE: foto nº 2, o Geraldes é o 3º a contar da direita para a esquerda;

T063 III PARTE: foto nº 4 estou só numa mesa no Geraldes; na foto 3 eu chamo "Tasca do Zé Maria", é o que tenho escrito na foto, mas parece-me pela análise às mesas e cadeiras e ambiente, que também é no Geraldes. Tem de se rectificar, até porque não me lembro de uma casa com esse nome. Seria antes o Zé Maria Geraldes?

Eu ainda vou arranjar mais do Geraldes, é só procurar.

Grandes detetives que aqui temos!


(vi) Luís Graça

Virgílio: quando se vinha de Bafatá até Bambadinca, havia no cruzamento, à esquerda, logo no início da Rua Principal da povoação (que dava acesso ao quartel e posto administrativo, escola, CTT, etc., que ficava lá no alto, numa pequena elevação), havia a famosa "tasca do Zé Maria"...

A malta do Leste que vinha abastecer-se ao destacamento de Intendência, na margem esquerda do Rio Geba, passava lá, quase obrigatoriamente... Se calhar, um dia foste lá beber um copo...

Era famosa pelos "lagostins" do Rio Geba Estreito, que o homem nos fazia pagar caros: 50 pesos o quilo... Pescados em zona de risco... pelo barqueiro do Enxalé.

Passaste por Bambadinca, provavelmente até vieste de LDG, de Bissau a Bambadinca, em setembro de 1968... Só depois, creio que já em 1969, é que a LDG abicava no cais acostável do Xime, entretanto construído... Havia aqui um porto fluvial, importante, e um destacamento de Intendência, em Bambadinca... Vê se tens fotos de Bambadinca, do porto, da Intendência...

Deves ter vindo uma ou outra vez a Bambadinca... Seguramente no regresso, de Nova Lamego, em fevereiro de 1969, a caminho de São Domingos... Não havia outro caminho, tinha que se dar a volta ao "bilhar grande" da Guiné... A maior parte das estradas estavam interditas.

 O Zé Maria, se fosse um gajo esperto, teria chamado à tasca dele, "À Volta Cá Te Espero"... Quem lá tinha escritório era o "alfero Cabral", vizinho, ali de Fá Mandinga.

(*) Vd. poste de 11 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19573: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXV: Memórias do Gabu (IV)

3 comentários:

Anónimo disse...

Luís, eu vou procurar o que tenho, pois esta nova investigação ainda não chegou ao fim.
Para já, no que respeita às datas, tens de andar um ano para trás, eu sou mais velho 2 anos na Guiné do que tu.
Eu embarquei no Pidgiguiti? às 4 h da manhã de 4 de Outubro de '1967'. Fomos de barcaças civis, as tais dos turras, e desembarcamos em Bambadinca, não sei a que horas. Depois apanhamos a Coluna e lá fomos para GABU onde chegamos ao cair da noite. Tenho várias fotos desta viagem.
Depois regressei no dia 26 de Fevereiro de 1968, fazendo o mesmo trajecto em sentido contrário, paramos novamente em Bambadinca - Já lá tinha ido mais vezes ao Pelotão de Intendência - e embarcamos nas barcaças dos turras, como lhe chamaste. Chegamos à noite a Bissau, e fomos para Bra, até pero do fim do mes de Março de 68. também tenho fotos destas viagens.
Embarcamos novamente via maritima para São Domingos, Rio Cacheu acima, em barcaças e parece que uma ou mais LDM ou LDG, não me lembro, e não tenho nenhuma foto desta viagem.

Depois de Fev/68 tudo mudou no sector Leste, já não é do meu tempo.
Vou ver e depois vejo o que tenho.

Virgilio Teixeira



Anónimo disse...

Estive a ver montes de fotos, mas nada tenho no Porto Fluvial de Bambadinca, apenas entrar nos camiões e em coluna a caminho do Gabu, em 4OUT67.
Depois fui algumas vezes ao Pelotão de Intendência, onde tinha lá o Alferes Ramos, meu colega do Porto. Mas nada de fotos, infelizmente.
Depois o regresso e passagem por Bambadinca em 26FEV68 a caminho de Bissau.
Em BAFATÁ fui lá umas vezes, comi em 2 restaurantes que não sei o nome nem o que mastiguei.
Aquela foto que escrevi no Zé Maria, não é de Bafatá, já vi bem, as toalhas são mesmo do Geraldes-
Lamento, mas há aqui dois anos de diferença, e passam-se muitas coisas.
Já separei 4 temas para postar:
- a chegada do batalhão, no navio de TT Timor em 3Out67;
- viagem de Bissau até Gabu, em 4Out67;
- Despedida do Gabu, com direito a batuque pela população em 25Fev68;
- Regresso pelo mesmo caminho de Gabu - Bissau em 26 Fev68.

Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Para ficar clatro o meu percurso:
Eu cheguei via aerea a bissau em em 21set67 com o comando do batalhão.
Fui para NLamego em 22 set67 tomar posse das instalações.
Em 23 set67 em NL ainda me calhou como baptismo chefiar um ´´velório´a um camarada morto, na capela de NL;
Regressei a Bissau em 24 set67 para me inteirar da minha missão, junto da Chefia de Contabilidade.

Nestes dias comprei a minha Camara fotográfica, e comecei a praticar fotos;

No dia 3 Out67 lá estava no cais a assistir ao desembarque do batalhão, e fazer umas fotos;

às 4 horas da madrugada de 4out67, embarquei para NL com a minha malta toda, num grande comboio de barcos e barcaças rebocadas por um barco civil;~
Cheguei novamente a NL ao anoitecer de 4 out 67.


A esta hora espero ter explicado tudo.

Boa noite a todos,

Virgilio Teixeira