Angola > Maquela do Zombo > 2º srgt trms Justino Teixeira Mota, falecido em 18 de Outubro de 1962, na sequência de acidente de viação, e enterrado no cemitério local. Pertencia à à Companhia de Caçadores Especiais 266 / BCAÇ 262)
Angola > Maquela do Zombo > O CEM da UNAVEM (Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola), Coronel João Afonso Bento Soares, junto à campa de Justino Teixeira da Mota, acompanhado de autoridades civis e militares de Maquela do Zombo.
João Afonso Bento Soares,. Quinta do Cubo,
Elvas, Natal de 2006
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1. Mensagem do nosso leitor e camarada João Afonso Bento Soares, com data de 19 de março de 2019
Caríssimo Amigo e Prof Luís Graça:
Recebi o habitual mail do seu blog Luís Graça & Camaradas da Guiné, que estiou a seguir, e encontro logo à entrada o apontamento/post de José Saúde (ex-furriel) que li com todo o interesse e que fala de Restos Mortais abandonados na GU [, Guerra do Ultramar]..(*)
Ocorreu-me então a lembrança de uma saga homérica havida comigo enquanto Coronel, Chefe do Estado Maior da UNAVEM (Missão de Paz das Nações Unidas em Angola) em 1995/96 , em que o Cor Ramiro Correia de Oliveira (que fora professor comigo no IAEM - Instituto de Altos Estudos Miliatres) me veio pedir, aquando da minha partida, para diligenciar a recuperação dos Restos Mortais de um sargento que a sua companhia (CCE 266) tinha deixado, em 1962, no cemitério de Maquela do Zombo - Norte de Angola.
Como pode imaginar, pensei logo que seria uma missão impossível (para um homem só!)...Mas de facto, encarei o assunto e consegui satisfazer o pedido do Coronel amigo.
Conto em anexo um resumo dessa história. História, da qual um filho do militar de cujos Restos Mortais consegui a remoção, veio e escrever um livro com o título "Luta Incessante".
Lembrei-me então de o contactar o Carlos Pinheiro, na sua qualidade de "tabanqueiro", pois foi um excelente Operador de Mensagens no Destacamento do Serviço de Telecomunicações Militares que eu comandei na Guiné como Capitão na minha 1ª comissão, em 1968/70.
Foi ele que me facultou o seu mail e por isso ponho à sua consideração se o Apontamento em anexo terá interesse para publicação no seu blog. É claro que o assunto não diz directamente respeito à Guiné pois passou-se em Angola, mas eu apenas pretenderia dar uma achega modesta à justa preocupação enunciada por José Saúde.
Como não nos conhecemos pessoalmente, tomo também a liberdade de anexar uma Nota Biográfica.
Um forte e sempre amigo abraço
João Afonso Bento Soares
Major General
(xvi) ao longo da sua carreira Militar, de 41 anos de serviço no activo, cumpriu duas comissões de serviço no Ultramar: na Guiné (1968 / 70) como Capitão e em Angola (1975) como Tenente-coronel;
(xvii) foi responsável pela elaboração de várias publicações técnicas na área de Transmissões e Guerra Electrónica e é autor das obras:
(xix) é condecorado com as Medalhas Militares das Campanhas de África, de Comportamento Exemplar, de Mérito Militar, de Serviços Distintos e com a Medalha das Nações Unidas; é Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, condecoração com que foi agraciado pela Presidência da República (1996) por proposta do Embaixador de Portugal em Angola;
(xx) é membro efectivo da Sociedade de Geografia (2003);
(xxi) é casado com Dª. Maria Delfina F. C. Bento Soares, licenciada em Filologia Germânica e tem três filhos: Maria Cristina (licenciada em Psicologia), João Francisco (licenciado em Informática de Gestão) e Jorge Afonso (Técnico Administrativo). Tem três netos: Maria Carolina, e os gémeos Joana e João Ricardo.
3. Resgate de restos mortais de um antigo combatente [, o Sargento Justino Teixeira da Mota, caído em Angola e enterrado em Maquela do Zombo, em 1962]
Revendo o álbum de memórias dos mais de quarenta anos ao serviço das Forças Armadas no desempenho das mais variadas missões, encontro páginas que sabe bem reviver.
Uma delas é, seguramente, a autêntica saga constituída pelos muitos trabalhos, diligências e canseiras que me viriam a permitir resgatar em 1995/96 os restos mortais do Srgt Justino T. Mota caído em Angola na Guerra do Ultramar e enterrado em Maquela do Zombo em 1962.
Insere-se este episódio na segunda passagem por Angola aquando da minha nomeação, no posto de Coronel, para Chefe do Estado-Maior da Missão de Paz da ONU em apoio daquele país (UNAVEM – United Nations Angola Verification Mission).
Estávamos em fins de Janeiro de 95, e nessa altura participei, com civis e oficiais superiores de vários países, num curso sobre Missões de Paz que decorreu na Dinamarca sob a égide da ONU. Durante esse encontro, o Coronel representante da Bulgária, tendo-me identificado através da “Lista de Participantes/Funções” como próximo responsável pela Chefia do Estado-Maior da Missão de Paz em Angola (UNAVEM), veio confidenciar-me que, ele próprio, se havia candidatado ao cargo de Observador Militar naquela Missão, mas que o pedido de cooperação aberto à Bulgária não incluía o posto de Coronel.
Só decorrido mais de um mês sobre a posse, consegui um mínimo de disponibilidade para me debruçar sobre a referida documentação. Analisei pormenorizadamente todos os elementos. Pareceu-me que a tarefa iria, eventualmente, além das minhas capacidades, mas deitei mãos à obra.
Gizei o plano com base numa seriação de tarefas que viriam a traduzir-se naquilo que denominei “Operação Maquela do Zombo”.
Do dispositivo operacional a meu cargo fazia parte, além das unidades dos vários países, um conjunto de Destacamentos de Observação (ditos “Team Sites”) a implantar por todo o território angolano e a implementar progressivamente de acordo com as prioridades operacionais.
Para Maquela do Zombo estava prevista a instalação de um desses Destacamentos dentro de cerca de duas semanas, decorrendo nesse preciso momento o processo de nomeação da sua guarnição, a constituir com 4 ou 5 Observadores Militares (estes iam chegando à Missão vindos dos vários países e de acordo com os planeamentos recebidos da ONU em Nova Yorque).
Alterando pontualmente o procedimento de rotina, chamei o oficial do meu Estado-Maior responsável pela área de pessoal (um simpático tenente Coronel romeno) e disse-lhe para, entre os Observadores a nomear para o Destacamento de Maquela, incluir um português ou um brasileiro.
Isto facilitaria futuras conversações com as autoridades administrativas locais, além de que este tipo de nomeações não obedecia a normas rígidas. Quando o Chefe do Pessoal veio a despacho no dia seguinte, informou-me não ter conseguido nenhum Observador nomeável para Maquela que falasse a Língua Portuguesa. Como o que não tem remédio, remediado está, ordenei que procedesse com urgência à nomeação da guarnição de Maquela e, feito isso, mandasse apresentar no meu gabinete o respectivo Comandante.
A “Operação Maquela do Zombo” era trabalhada no meu quarto e, logo nessa noite, perante a contrariedade do idioma, refiz várias peças do plano, passando-as para Inglês.
Na manhã do dia seguinte, apresenta-se para falar comigo o indigitado Comandante de Maquela, a quem, para além das habituais recomendações sobre o cumprimento da sua missão, iria pedir a execução de algumas diligências que importava explicar com o necessário detalhe.
Neste primeiro contacto com o oficial, eu diria (para utilizar uma gíria castrense) que logo me pareceu de “excelente aspecto militar”. À data, ainda não me era possível identificar todas as fardas, já que a Missão integrava várias dezenas de países dos cinco continentes. Por isso indaguei, antes de mais, a sua nacionalidade:
–Sou da Bulgária – disse prontamente…
Era, curiosamente, o Major Alexander Alexandrov, o meu “protegido”. Extraordinária coincidência!
Após inúmeras diligências e com a sua ajuda e das autoridades locais da UNITA, foi-me autorizada a exumação dos restos mortais que posteriormente, com o apoio do Senhor Embaixador em Angola, se conseguiu transporte para Portugal na mala diplomática.
Não escondo a enorme satisfação que me deu ver cumprida a obrigação que assumira com um Amigo e ver realizado o desígnio sagrado de uma família a que se juntava também a dívida não saldada do meu país (com efeito os restos mortais não haviam sido oportunamente reclamados pela família devido a dificuldades financeiras). (**)
Na sequência do complicado processo vim a conhecer o filho do Srgt Mota, o Eng.º. António Teixeira Mota que, enquanto filho de antigo combatente, fora aluno no Instituto Militar Pupilos do Exército (IMPE), ou seja, um ilustre “Pilão”, o 21 do seu ano! Ora quis o destino que, com a minha promoção a Oficial General, ali fosse colocado como Director em 1997. Tive então oportunidade de convidar o Eng.º. Mota a visitar a sua antiga Casa na companhia do Cor Ramiro de Oliveira, antigo comandante de seu pai na fatídica comissão em Angola. (***)
O mais importante é, no entanto, que a família Mota já não está agora privada da consolação humana de poder chorar o seu ente querido junto à campa, na sua terra natal. É essa consolação humana que refulgirá perenemente na memória da família.
No fim de todo este longo processo, e dentro das minhas fracas qualidades poéticas, escrevi os seguintes dizeres em memória de um combatente caído na GU em Angola, o Sargento Justino Teixeira da Mota.
ÚLTIMO ADEUS A MAQUELA DO ZOMBO
(***) Vd. poste de 16 de março de 2008 > Guiné 63/74 - P2651: História de vida (10): A Luta Incessante de António Teixeira Mota (Carlos Vinhal)
Caríssimo Amigo e Prof Luís Graça:
Recebi o habitual mail do seu blog Luís Graça & Camaradas da Guiné, que estiou a seguir, e encontro logo à entrada o apontamento/post de José Saúde (ex-furriel) que li com todo o interesse e que fala de Restos Mortais abandonados na GU [, Guerra do Ultramar]..(*)
Ocorreu-me então a lembrança de uma saga homérica havida comigo enquanto Coronel, Chefe do Estado Maior da UNAVEM (Missão de Paz das Nações Unidas em Angola) em 1995/96 , em que o Cor Ramiro Correia de Oliveira (que fora professor comigo no IAEM - Instituto de Altos Estudos Miliatres) me veio pedir, aquando da minha partida, para diligenciar a recuperação dos Restos Mortais de um sargento que a sua companhia (CCE 266) tinha deixado, em 1962, no cemitério de Maquela do Zombo - Norte de Angola.
Como pode imaginar, pensei logo que seria uma missão impossível (para um homem só!)...Mas de facto, encarei o assunto e consegui satisfazer o pedido do Coronel amigo.
Conto em anexo um resumo dessa história. História, da qual um filho do militar de cujos Restos Mortais consegui a remoção, veio e escrever um livro com o título "Luta Incessante".
Carlos Pinheiro |
Foi ele que me facultou o seu mail e por isso ponho à sua consideração se o Apontamento em anexo terá interesse para publicação no seu blog. É claro que o assunto não diz directamente respeito à Guiné pois passou-se em Angola, mas eu apenas pretenderia dar uma achega modesta à justa preocupação enunciada por José Saúde.
Como não nos conhecemos pessoalmente, tomo também a liberdade de anexar uma Nota Biográfica.
Um forte e sempre amigo abraço
João Afonso Bento Soares
Major General
2. Nota biográfica:
(i) o eng.º João Afonso Bento Soares é Major General do Exército e nasceu na freguesia de Meimoa, concelho de Penamacor, Beira Baixa, em 2 de Janeiro de 1941;
(ii) fez o liceu em Coimbra e ingressou na Academia Militar em Outubro de 1959 onde frequentou o Curso de Engenharia-Transmissões;
(iii) concluiu no Instituto Superior Técnico a Licenciatura em Engenharia Electrotécnica no ano académico de 1965 / 66;
(iv) na sequência da sua promoção a Capitão em Fevereiro de 1967, foi nomeado como primeiro Director da Estação Portuguesa de Comunicações por Satélite integrada no Sistema SATCOM NATO; durante o desempenho destas funções (1970/74) foi promovido a Major em Dezembro de 1973;
(v) como Tenente-Coronel (promovido em Novembro de 1974) foi Director do Depósito Geral de Material de Transmissões (1976 / 79) e Professor do Instituto de Altos Estudos Militares (1979 / 86); nesta qualidade frequentou nos EUA o “Command and General Staff Course“ (1982 / 83) e seguindo simultaneamente o curso de pós – graduação, “Master of Military Art and Science“, adquiriu o respectivo grau académico (Universidade de Kansas);
(vi) de regresso ao Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM), foi posteriormente promovido a Coronel em Setembro de 1984;
(vii) foi seguidamente colocado no EMGFA (1986 / 88) na Divisão de Comunicações e Electrónica e Grupo de Projectos Operacionais onde elaborou o Documento Conceptual do SICOM – Sistema Integrado de Comunicações Militares;
(viii) foi nomeado em 1 de Janeiro de 1989 como primeiro Subdirector do Serviço de Informática do Exército no período em que esta área esteve integrada na Arma de Transmissões;
(ix) concluiu no ano lectivo de 1989/90 o Curso do Instituto Britânico em Portugal onde adquiriu o diploma “Certificate of Proficiency in English” (University of Cambridge);
(x) em 1990 / 91 frequentou, no IAEM, o Curso Superior de Comando e Direcção e sequentemente, como Coronel Tirocinado, foi colocado nos Açores onde desempenhou as funções de 2º. Comandante da ZMA – Zona Militar dos Açores (1992 /93) – e Chefe do Estado Maior do COA - Comando Operacional dos Açores (1993 / 94);
(xi) terminada esta comissão de serviço foi responsável pelo Centro de Operações Conjunto do EMGFA durante cerca de 9 meses;
(xii) por despacho ministerial foi nomeado para Chefe do Estado-Maior Internacional da Missão de Paz da ONU em Angola – UNAVEM III (Março de 1995 a Março de 1996);
(xiii) de regresso a Portugal e ao Exército, foi colocado como Subdirector dos Serviços de Transmissões, funções que desempenhou de Maio de 1996 a Outubro de 1997;
(xiv) com a sua promoção a Oficial General em 25 de Setembro de 1997, foi nomeado Director do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, funções que desempenhou desde 3 de Novembro de 1997 a 11 de Fevereiro de 2000, tendo entretanto passado à situação de reserva em 2 de Janeiro de 2000;
(xv) no decorrer deste período foi Presidente da Comissão Organizadora da III CIDMT (Conferência Internacional de Doutrina Militar Terrestre) realizada em Portugal de 5 a 8 de Maio de 1998 reunindo 26 países representados por oficiais superiores e oficiais generais incluindo os Chefes do Estado Maior do Exército de Angola, Grécia, Guiné, Itália e Portugal;
(ii) fez o liceu em Coimbra e ingressou na Academia Militar em Outubro de 1959 onde frequentou o Curso de Engenharia-Transmissões;
(iii) concluiu no Instituto Superior Técnico a Licenciatura em Engenharia Electrotécnica no ano académico de 1965 / 66;
(iv) na sequência da sua promoção a Capitão em Fevereiro de 1967, foi nomeado como primeiro Director da Estação Portuguesa de Comunicações por Satélite integrada no Sistema SATCOM NATO; durante o desempenho destas funções (1970/74) foi promovido a Major em Dezembro de 1973;
(v) como Tenente-Coronel (promovido em Novembro de 1974) foi Director do Depósito Geral de Material de Transmissões (1976 / 79) e Professor do Instituto de Altos Estudos Militares (1979 / 86); nesta qualidade frequentou nos EUA o “Command and General Staff Course“ (1982 / 83) e seguindo simultaneamente o curso de pós – graduação, “Master of Military Art and Science“, adquiriu o respectivo grau académico (Universidade de Kansas);
(vi) de regresso ao Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM), foi posteriormente promovido a Coronel em Setembro de 1984;
(vii) foi seguidamente colocado no EMGFA (1986 / 88) na Divisão de Comunicações e Electrónica e Grupo de Projectos Operacionais onde elaborou o Documento Conceptual do SICOM – Sistema Integrado de Comunicações Militares;
(viii) foi nomeado em 1 de Janeiro de 1989 como primeiro Subdirector do Serviço de Informática do Exército no período em que esta área esteve integrada na Arma de Transmissões;
(ix) concluiu no ano lectivo de 1989/90 o Curso do Instituto Britânico em Portugal onde adquiriu o diploma “Certificate of Proficiency in English” (University of Cambridge);
(x) em 1990 / 91 frequentou, no IAEM, o Curso Superior de Comando e Direcção e sequentemente, como Coronel Tirocinado, foi colocado nos Açores onde desempenhou as funções de 2º. Comandante da ZMA – Zona Militar dos Açores (1992 /93) – e Chefe do Estado Maior do COA - Comando Operacional dos Açores (1993 / 94);
(xi) terminada esta comissão de serviço foi responsável pelo Centro de Operações Conjunto do EMGFA durante cerca de 9 meses;
(xii) por despacho ministerial foi nomeado para Chefe do Estado-Maior Internacional da Missão de Paz da ONU em Angola – UNAVEM III (Março de 1995 a Março de 1996);
(xiii) de regresso a Portugal e ao Exército, foi colocado como Subdirector dos Serviços de Transmissões, funções que desempenhou de Maio de 1996 a Outubro de 1997;
(xiv) com a sua promoção a Oficial General em 25 de Setembro de 1997, foi nomeado Director do Instituto Militar dos Pupilos do Exército, funções que desempenhou desde 3 de Novembro de 1997 a 11 de Fevereiro de 2000, tendo entretanto passado à situação de reserva em 2 de Janeiro de 2000;
(xv) no decorrer deste período foi Presidente da Comissão Organizadora da III CIDMT (Conferência Internacional de Doutrina Militar Terrestre) realizada em Portugal de 5 a 8 de Maio de 1998 reunindo 26 países representados por oficiais superiores e oficiais generais incluindo os Chefes do Estado Maior do Exército de Angola, Grécia, Guiné, Itália e Portugal;
(xvi) ao longo da sua carreira Militar, de 41 anos de serviço no activo, cumpriu duas comissões de serviço no Ultramar: na Guiné (1968 / 70) como Capitão e em Angola (1975) como Tenente-coronel;
(xvii) foi responsável pela elaboração de várias publicações técnicas na área de Transmissões e Guerra Electrónica e é autor das obras:
"The Iberian Peninsula in the Atlantic Community – Problems and Prospects” (1983);
“A Mulher e as Forças Armadas: Igualdade de Oportunidades na Profissão Castrense” (1991);
“As Transmissões no Exército Português – Resenha Histórica – ” (1999);
(xviii) tem também Obra Poética publicada: “Chamamentos” (2004); “Dizeres Sentidos…Rimas Perdidas” (2005-07); e é co-autor da “Poiesis” – Antologia de Poesia e Prosa Poética Portuguesa Contemporânea -Volume XVI (2007) e de “Paradigmas” – Colectânea de Poesia e Texto Poético da Lusofonia (2016).
(xix) é condecorado com as Medalhas Militares das Campanhas de África, de Comportamento Exemplar, de Mérito Militar, de Serviços Distintos e com a Medalha das Nações Unidas; é Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, condecoração com que foi agraciado pela Presidência da República (1996) por proposta do Embaixador de Portugal em Angola;
(xx) é membro efectivo da Sociedade de Geografia (2003);
(xxi) é casado com Dª. Maria Delfina F. C. Bento Soares, licenciada em Filologia Germânica e tem três filhos: Maria Cristina (licenciada em Psicologia), João Francisco (licenciado em Informática de Gestão) e Jorge Afonso (Técnico Administrativo). Tem três netos: Maria Carolina, e os gémeos Joana e João Ricardo.
3. Resgate de restos mortais de um antigo combatente [, o Sargento Justino Teixeira da Mota, caído em Angola e enterrado em Maquela do Zombo, em 1962]
Revendo o álbum de memórias dos mais de quarenta anos ao serviço das Forças Armadas no desempenho das mais variadas missões, encontro páginas que sabe bem reviver.
Uma delas é, seguramente, a autêntica saga constituída pelos muitos trabalhos, diligências e canseiras que me viriam a permitir resgatar em 1995/96 os restos mortais do Srgt Justino T. Mota caído em Angola na Guerra do Ultramar e enterrado em Maquela do Zombo em 1962.
Insere-se este episódio na segunda passagem por Angola aquando da minha nomeação, no posto de Coronel, para Chefe do Estado-Maior da Missão de Paz da ONU em apoio daquele país (UNAVEM – United Nations Angola Verification Mission).
Estávamos em fins de Janeiro de 95, e nessa altura participei, com civis e oficiais superiores de vários países, num curso sobre Missões de Paz que decorreu na Dinamarca sob a égide da ONU. Durante esse encontro, o Coronel representante da Bulgária, tendo-me identificado através da “Lista de Participantes/Funções” como próximo responsável pela Chefia do Estado-Maior da Missão de Paz em Angola (UNAVEM), veio confidenciar-me que, ele próprio, se havia candidatado ao cargo de Observador Militar naquela Missão, mas que o pedido de cooperação aberto à Bulgária não incluía o posto de Coronel.
Referiu-me, inclusivamente, ter-se disponibilizado para aceitar um “down-grading” da sua patente por um ano, mas o Governo do seu país não aceitara a sugestão e nomeara efectivamente um Major. Era para esse oficial seu conhecido, que reputou de excelente militar, que o Coronel búlgaro vinha pedir a minha “protecção”. Não obstante a natureza circunstancial do pedido, solicitei-lhe uma nota identificativa do recomendado. De pronto me entregou um cartão-de-visita, por ele previamente preparado, que guardei.
No final do curso, a organização providenciou transportes diversificados para o aeroporto a grupos de oficiais de acordo com os seus voos. Deu-se novamente a coincidência, de me ter deslocado na viatura onde ia também e apenas o referido Coronel búlgaro. Lá retomámos a conversa sobre o seu “protegido” – Major Alexander Alexandrov, de sua graça.
De regresso a Lisboa, pouco antes do embarque e já embrenhado nos últimos preparativos, a dois ou três dias da partida, recebo um telefonema do meu querido amigo Coronel Ramiro Correia de Oliveira. Dizia precisar de um grande favor da minha parte. Resumidamente, tratava-se de tentar diligenciar em Angola a trasladação dos restos mortais de um militar então pertencente à Companhia de Caçadores Especiais nº 266 sob seu comando em Maquela do Zombo, que ficara sepultado no cemitério daquela localidade em 1961!
Embora apercebendo-me da dificuldade, ou mesmo impossibilidade, do teor de um tal pedido, senti uma forte emoção interior. É que uma outra missão similar, também do foro sagrado, me tinha cometido a mim próprio: localizar e trazer um punhado de terra da campa do Tenente Francisco Pires Bento, meu avô materno, caído no Norte de Angola ao serviço da Pátria “combatendo o gentio rebelde” a 4 de Julho de 1918, na plenitude da vida, com apenas 43 anos de idade. Comandava, na altura, o Posto Militar do Cauale pertencente à Capitania-Mor do Pombo.
No final do curso, a organização providenciou transportes diversificados para o aeroporto a grupos de oficiais de acordo com os seus voos. Deu-se novamente a coincidência, de me ter deslocado na viatura onde ia também e apenas o referido Coronel búlgaro. Lá retomámos a conversa sobre o seu “protegido” – Major Alexander Alexandrov, de sua graça.
De regresso a Lisboa, pouco antes do embarque e já embrenhado nos últimos preparativos, a dois ou três dias da partida, recebo um telefonema do meu querido amigo Coronel Ramiro Correia de Oliveira. Dizia precisar de um grande favor da minha parte. Resumidamente, tratava-se de tentar diligenciar em Angola a trasladação dos restos mortais de um militar então pertencente à Companhia de Caçadores Especiais nº 266 sob seu comando em Maquela do Zombo, que ficara sepultado no cemitério daquela localidade em 1961!
Embora apercebendo-me da dificuldade, ou mesmo impossibilidade, do teor de um tal pedido, senti uma forte emoção interior. É que uma outra missão similar, também do foro sagrado, me tinha cometido a mim próprio: localizar e trazer um punhado de terra da campa do Tenente Francisco Pires Bento, meu avô materno, caído no Norte de Angola ao serviço da Pátria “combatendo o gentio rebelde” a 4 de Julho de 1918, na plenitude da vida, com apenas 43 anos de idade. Comandava, na altura, o Posto Militar do Cauale pertencente à Capitania-Mor do Pombo.
Esse distinto e valoroso oficial tinha já perdido a jovem esposa e deixara na aldeia natal - Meimôa -, ao cuidado de uma avó, duas crianças de tenra idade: minha mãe Alda e seu irmão Mário, os quais ficando tão prematuramente órfãos de pai e mãe viriam a estudar, com pensão de sangue, no Instituto de Odivelas e no Instituto dos Pupilos do Exército, respectivamente.
O telefonema do meu Amigo tinha assim para mim, neste contexto, uma ressonância muito profunda, mas simultaneamente vislumbrava no meu espírito dificuldades, quiçá insuperáveis, de qualquer das missões.
Mas voltando ao tema inicial que aqui nos traz, uma coisa, porém, era certa: haveria de esgotar todos os meios ao meu alcance para atender o Coronel Correia de Oliveira, por quem já então nutria verdadeira estima e enorme consideração.
Sem o tempo mínimo para juntos analisarmos o problema, pedi-lhe que me fizesse chegar às mãos toda a documentação útil sobre o assunto. Ele assim fez. Em 17 de Março de 1995 chego à cidade de S. Paulo da Assunção de Luanda e tomo posse do espinhoso cargo que me aguardava. As múltiplas tarefas da minha responsabilidade exigiram-me um trabalho diário de 16 a 18 horas ao longo de todo o ano que a comissão durou.
O telefonema do meu Amigo tinha assim para mim, neste contexto, uma ressonância muito profunda, mas simultaneamente vislumbrava no meu espírito dificuldades, quiçá insuperáveis, de qualquer das missões.
Mas voltando ao tema inicial que aqui nos traz, uma coisa, porém, era certa: haveria de esgotar todos os meios ao meu alcance para atender o Coronel Correia de Oliveira, por quem já então nutria verdadeira estima e enorme consideração.
Sem o tempo mínimo para juntos analisarmos o problema, pedi-lhe que me fizesse chegar às mãos toda a documentação útil sobre o assunto. Ele assim fez. Em 17 de Março de 1995 chego à cidade de S. Paulo da Assunção de Luanda e tomo posse do espinhoso cargo que me aguardava. As múltiplas tarefas da minha responsabilidade exigiram-me um trabalho diário de 16 a 18 horas ao longo de todo o ano que a comissão durou.
Só decorrido mais de um mês sobre a posse, consegui um mínimo de disponibilidade para me debruçar sobre a referida documentação. Analisei pormenorizadamente todos os elementos. Pareceu-me que a tarefa iria, eventualmente, além das minhas capacidades, mas deitei mãos à obra.
Gizei o plano com base numa seriação de tarefas que viriam a traduzir-se naquilo que denominei “Operação Maquela do Zombo”.
Do dispositivo operacional a meu cargo fazia parte, além das unidades dos vários países, um conjunto de Destacamentos de Observação (ditos “Team Sites”) a implantar por todo o território angolano e a implementar progressivamente de acordo com as prioridades operacionais.
Para Maquela do Zombo estava prevista a instalação de um desses Destacamentos dentro de cerca de duas semanas, decorrendo nesse preciso momento o processo de nomeação da sua guarnição, a constituir com 4 ou 5 Observadores Militares (estes iam chegando à Missão vindos dos vários países e de acordo com os planeamentos recebidos da ONU em Nova Yorque).
Alterando pontualmente o procedimento de rotina, chamei o oficial do meu Estado-Maior responsável pela área de pessoal (um simpático tenente Coronel romeno) e disse-lhe para, entre os Observadores a nomear para o Destacamento de Maquela, incluir um português ou um brasileiro.
Isto facilitaria futuras conversações com as autoridades administrativas locais, além de que este tipo de nomeações não obedecia a normas rígidas. Quando o Chefe do Pessoal veio a despacho no dia seguinte, informou-me não ter conseguido nenhum Observador nomeável para Maquela que falasse a Língua Portuguesa. Como o que não tem remédio, remediado está, ordenei que procedesse com urgência à nomeação da guarnição de Maquela e, feito isso, mandasse apresentar no meu gabinete o respectivo Comandante.
A “Operação Maquela do Zombo” era trabalhada no meu quarto e, logo nessa noite, perante a contrariedade do idioma, refiz várias peças do plano, passando-as para Inglês.
Na manhã do dia seguinte, apresenta-se para falar comigo o indigitado Comandante de Maquela, a quem, para além das habituais recomendações sobre o cumprimento da sua missão, iria pedir a execução de algumas diligências que importava explicar com o necessário detalhe.
Neste primeiro contacto com o oficial, eu diria (para utilizar uma gíria castrense) que logo me pareceu de “excelente aspecto militar”. À data, ainda não me era possível identificar todas as fardas, já que a Missão integrava várias dezenas de países dos cinco continentes. Por isso indaguei, antes de mais, a sua nacionalidade:
–Sou da Bulgária – disse prontamente…
Era, curiosamente, o Major Alexander Alexandrov, o meu “protegido”. Extraordinária coincidência!
Após inúmeras diligências e com a sua ajuda e das autoridades locais da UNITA, foi-me autorizada a exumação dos restos mortais que posteriormente, com o apoio do Senhor Embaixador em Angola, se conseguiu transporte para Portugal na mala diplomática.
Não escondo a enorme satisfação que me deu ver cumprida a obrigação que assumira com um Amigo e ver realizado o desígnio sagrado de uma família a que se juntava também a dívida não saldada do meu país (com efeito os restos mortais não haviam sido oportunamente reclamados pela família devido a dificuldades financeiras). (**)
Na sequência do complicado processo vim a conhecer o filho do Srgt Mota, o Eng.º. António Teixeira Mota que, enquanto filho de antigo combatente, fora aluno no Instituto Militar Pupilos do Exército (IMPE), ou seja, um ilustre “Pilão”, o 21 do seu ano! Ora quis o destino que, com a minha promoção a Oficial General, ali fosse colocado como Director em 1997. Tive então oportunidade de convidar o Eng.º. Mota a visitar a sua antiga Casa na companhia do Cor Ramiro de Oliveira, antigo comandante de seu pai na fatídica comissão em Angola. (***)
O mais importante é, no entanto, que a família Mota já não está agora privada da consolação humana de poder chorar o seu ente querido junto à campa, na sua terra natal. É essa consolação humana que refulgirá perenemente na memória da família.
No fim de todo este longo processo, e dentro das minhas fracas qualidades poéticas, escrevi os seguintes dizeres em memória de um combatente caído na GU em Angola, o Sargento Justino Teixeira da Mota.
ÚLTIMO ADEUS A MAQUELA DO ZOMBO
(Homenagem ao camarada, Sarg. Justino Teixeira Mota,
falecido em 18 de Outubro de 1962, pertencendo à
Companhia de Caçadores Especiais 266 / Batalhão 262)
Foste um soldado e grande companheiro,
Que em Maquela cumpriu sua missão.
Tanto a ela te deste por inteiro,
Que te apagaste nesse ex-luso chão.
Trinta e quatro anos são volvidos,
E os entes queridos te reclamam...
Quanta saudade e dor em ais sentidos
Guarda a memória dos que por ti chamam.
Fui buscar tuas cinzas com respeito,
Para honrar a mensagem recebida
Dos teus e do Ramiro, Capitão.
E se à história presto humilde preito
Por te levar à última guarida...
Justino, eu te saúdo como irmão.
(S. Paulo da Assunção de Luanda, 9 de Março de 1996)
João Afonso Bento Soares
Major General
4. Comentário do editor Luís Graça
João Afonso: obrigado pela história, com final feliz, que nos fez chegar, com a preciosa ajuda do Carlos Pinheiro, nosso grã-tabanqueiro de longa data. O tema é nos caro, o do resgate dos restos mortais dos nossos camaradas mortos nas campanhas de África, entre 1961 e 1975, e inumados em cemitérios locais (de cuja localização, em não poucos casos, se perdeu o registo).
O caso que relata não me era estranho. Acabei por encontrar um poste, do nosso coeditor Carlos Vinhal, em que nos fala do livro que escreveu o filho do 2º srgt trms Justino Teixeira Mota, o engº António Teixeira Mota, e em que se dá conta da sua "luta incessante" para resgatar os restos mortais do seu pai. Ora nesse poste, há uma fotografia com o então coronel João Afonso Bento Soares, que republicamos acima, em Maquela do Zombo, em 1996, junto à campa do 2º srgt Justino Teixeira Mota.
É uma história tocante, de amor filial, de compaixão e de solidariedade entre camaradas de armas. As duas versões completam-se e eu fico feliz por juntar, aqui e agora, as duas peças, para melhor apreciação dos nossos leitores (***).
O poste já vai longo, mas eu não posso deixar de lhe fazer um convite para, formalmente, integrar a nossa Tabanca Grande, na sua qualidade de antigo camarada da Guiné, onde foi comandante operacional, em 1968/70, sendo ambos em parte contemporâneos (eu, na CCAÇ 12, Bambadinca, julho de 1969/ março de 1971). A sua presença muito nos honraria a todos, a começar pelo Carlos Pinheiro, que foi então seu subordinado.
Se aceitar o meu convite, tem aqui um lugar à sombra do nosso poilão, sob o nº 785, ao lado de um outro seu camarada da Academia Militar, o cor art ref Morais da Silva (membro da Tabanca Grande, nº 784). Como vê, já somos mais do que um batalhão, os amigos e camaradas da Guiné. Para completar o processo, faltar-nos-ia apenas uma foto do seu tempo como capitão na Guiné... (que não encontrei numa visita rápida que fiz à sua página do Facebook)
Por fim, e não menos importante, sendo eu também poeta, deixe-me dar-lhe os parabéns pelo soneto que, em 1996, dedicou ao nosso camarada 2º srgt trms Justino Teixeira Mota. Não só está tecnicamente perfeito, como é também um belíssimo hino à camaradagem e fraternidade entre militares portugueses!...
_______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 16 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19594: Memórias de Gabú (José Saúde) (79): Resquícios de uma guerra que nos fora cruel. Abandonados. (José Saúde)
(**) Último poste da série > 4 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19549: Estórias avulsas (93): Histórias do vôvô-Zé - As nossas andorinhas (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp)
falecido em 18 de Outubro de 1962, pertencendo à
Companhia de Caçadores Especiais 266 / Batalhão 262)
Foste um soldado e grande companheiro,
Que em Maquela cumpriu sua missão.
Tanto a ela te deste por inteiro,
Que te apagaste nesse ex-luso chão.
Trinta e quatro anos são volvidos,
E os entes queridos te reclamam...
Quanta saudade e dor em ais sentidos
Guarda a memória dos que por ti chamam.
Fui buscar tuas cinzas com respeito,
Para honrar a mensagem recebida
Dos teus e do Ramiro, Capitão.
E se à história presto humilde preito
Por te levar à última guarida...
Justino, eu te saúdo como irmão.
(S. Paulo da Assunção de Luanda, 9 de Março de 1996)
João Afonso Bento Soares
Major General
4. Comentário do editor Luís Graça
João Afonso: obrigado pela história, com final feliz, que nos fez chegar, com a preciosa ajuda do Carlos Pinheiro, nosso grã-tabanqueiro de longa data. O tema é nos caro, o do resgate dos restos mortais dos nossos camaradas mortos nas campanhas de África, entre 1961 e 1975, e inumados em cemitérios locais (de cuja localização, em não poucos casos, se perdeu o registo).
O caso que relata não me era estranho. Acabei por encontrar um poste, do nosso coeditor Carlos Vinhal, em que nos fala do livro que escreveu o filho do 2º srgt trms Justino Teixeira Mota, o engº António Teixeira Mota, e em que se dá conta da sua "luta incessante" para resgatar os restos mortais do seu pai. Ora nesse poste, há uma fotografia com o então coronel João Afonso Bento Soares, que republicamos acima, em Maquela do Zombo, em 1996, junto à campa do 2º srgt Justino Teixeira Mota.
É uma história tocante, de amor filial, de compaixão e de solidariedade entre camaradas de armas. As duas versões completam-se e eu fico feliz por juntar, aqui e agora, as duas peças, para melhor apreciação dos nossos leitores (***).
O poste já vai longo, mas eu não posso deixar de lhe fazer um convite para, formalmente, integrar a nossa Tabanca Grande, na sua qualidade de antigo camarada da Guiné, onde foi comandante operacional, em 1968/70, sendo ambos em parte contemporâneos (eu, na CCAÇ 12, Bambadinca, julho de 1969/ março de 1971). A sua presença muito nos honraria a todos, a começar pelo Carlos Pinheiro, que foi então seu subordinado.
Se aceitar o meu convite, tem aqui um lugar à sombra do nosso poilão, sob o nº 785, ao lado de um outro seu camarada da Academia Militar, o cor art ref Morais da Silva (membro da Tabanca Grande, nº 784). Como vê, já somos mais do que um batalhão, os amigos e camaradas da Guiné. Para completar o processo, faltar-nos-ia apenas uma foto do seu tempo como capitão na Guiné... (que não encontrei numa visita rápida que fiz à sua página do Facebook)
Por fim, e não menos importante, sendo eu também poeta, deixe-me dar-lhe os parabéns pelo soneto que, em 1996, dedicou ao nosso camarada 2º srgt trms Justino Teixeira Mota. Não só está tecnicamente perfeito, como é também um belíssimo hino à camaradagem e fraternidade entre militares portugueses!...
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 16 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19594: Memórias de Gabú (José Saúde) (79): Resquícios de uma guerra que nos fora cruel. Abandonados. (José Saúde)
(**) Último poste da série > 4 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19549: Estórias avulsas (93): Histórias do vôvô-Zé - As nossas andorinhas (José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Esp)
7 comentários:
Fico grato ao camarigo Luis Graça pelo acolhimento cordial, franco e sincero que fez a este novo Tabanqueiro que por sinal e mero acaso ( fui para a Guiné mobilizado, erm rendição individual, para o BCac 1911 que veio logo após a minha chegada aquele território onde nem sequer me mandaram apresentar) foi meu Comandante na Guiné dado que andei por ali uns dias aos papéis e comojá tinha uma experiência de 6 meses do STM no QG da 2ª RM (Tomar) onde exerci as funções da minha especialidade. E assim, solitário em Bissau só perguntei onde era o STM e, depois de me terem dado as coordenadas lá me apresentei e me ofereci para trabalhar no Centro de Mensagens do STM do CTIG endo sido aceite de imediato. Foram 25 meses, a maior parte debaixo do Comando do Capitão Bento Soares. Foram tempos dificeis, com muitas tragédias pelo meio - o caso da jangada de de Madina do Boé, o caso da morte dos 3 Majores, o caso da queda do Heli com os deputados e com o Capitão Andrade, que tinha sido meu Comandante na EPC em Santarém, onde todos morreram, o caso da operação Conacri a terminar a minha comissão - e tanta coisa mais, pelo que não esperaria outra atitude do Luis Graça. Parabéns a todos e boas vindas a esta Tabanca Grande do Major General João Afonso Bento Soares. Um abraço colectivo.
Caros amigos
Estes relatos deixam-me ao mesmo tempo uma tranquilidade interior e uma inquietação.
Tranquilidade porque, bem vistas todas as coisas aqui referidas, acabou por haver um "final feliz", ou seja, ou objectivos foram atingidos.
Inquietação porque o conjunto de episódios que se sucederam e aqui foram sucintamente relatados provam que, mal grado as gigantescas dificuldades que muitas vezes as tarefas apresentam e que levam a pensar e a dizer que "não é tarefa para um homem só", a verdade é que as atitudes conseguem "fazer a diferença".
Gostei de ler.
Gostei de tomar conhecimento destas diligências.
Das aparentes coincidências.
Dos resultados obtidos.
Pois que este nosso camarada, ainda por cima das Transmissões (cheguei ao STM em Bissau a 10 de Novembro de 1970, então comandado pelo Capitão Oliveira Pinto), se possa sentir bem entre nós e que nos contemple com mais algumas das suas memórias.
Hélder Sousa
Temos vários oficiais superiores e até oficiais generais na Tabanca Grande...o que só vem confirmar a nossa máxima: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande"!...
Quero apresentar formalmente, à nossa tertúlia, o maj gen João Afonso Bento Soares, mais um camarada da arma das transmissões, depois de receber o seu "OK", ou seja, depois do seu "consentimento informado"...
Obrigado, Carlos, pelo teu comentário e pelo teu empenho. Luís Graça
Caros amigos e camaradas:
É com prazer que saúdo este final feliz para a família do nosso malogrado 2º Sargento JUSTINO TEIXEIRA MOTA, tantos anos esquecido e “ABANDONADO” pelos cemitérios de Maquela do Zombo em Angola, onde tive lá um irmão por essa época.
Com o inegável apoio e garra do nosso novo camarada General João Afonso Bento Soares, mostrou que nada é impossível, quando se juntam todos no mesmo objectivo, e com a ajuda de tantas coincidências no artigo aqui mostradas, ficamos melhor com nós próprios.
Parabéns pelo seu trabalho, desta forma dando mais paz à família enlutada tantos anos, sem ter um corpo para poder fazer o seu luto.
Noticia esta que vem na sequência do excelente Poste e ‘Assunto’ dos Abandonados por esse mundo fora, em particular os camaradas da Guiné e das outras frentes de combate, que veio a lume pela mão do nosso camarada José Saúde, a quem já saudei também por este assunto.
Fico a perceber que Bento Soares e Carlos Pinheiro estiveram juntos, em posições diferentes, no QG – Serviço de Transmissões, em Santa Luzia, pelos anos de 1968 a 1970, mais ou menos.
O Carlos Pinheiro chegou em rendição individual para integrar o BCAÇ1911, que nessa altura estava a fazer as malas, no Quartel dos 600, em Santa Luzia, em cujas instalações lá estava eu, em Abril-Maio de 1969, nas minhas funções finais também de encerrar as contas do CA - Conselho Administrativo – do BCAÇ1933, possivelmente até podemos ter-nos encontrado algures por ali.
Realmente o BCaç1911 e o BCav1915 acabam por marchar rumo a casa, ficando o meu Batalhão então a ser o mais antigo na Guiné, a partir de Maio de 1969.
Realmente foi uma época complicada para as nossas tropas, em particular o desastre do Cheche – Madina do Boé, que ficou marcado pela morte de 47 militares, sendo 27 deles do meu Batalhão, entre tantos outros já aqui referidos.
As boas vindas ao nosso novo camarada, que nos traga mais coisas novas.
Já agora perguntava aos dois aqui visados, se conheceram um amigo pessoal e camarada na Guiné, Alferes miliciano Alberto Leite, que integrou em rendição individual os quadros do CHERET em Santa Luzia- QG.
Somos agora vizinhos numa terra aqui para os lados de Vila do Conde.
Os meus cumprimentos,
Virgilio Teixeira
Joao Afonso Bento Soares
4 abril 2019 00:01
Caríssimo Amigo:
Bem-haja pela atenção havida na publicação do assunto proposto.
Igualmente grato pelo honroso convite de me integrar na Tabanca Grande pelo que gostosamente aceito então o Nº 785 logo a seguir a um camarada amigo do meu tempo!
Digitalizei uma foto no meu gabinete de Comandante do Destacamento do STM/Guiné, função que desempenhei no período FEV 68 - FEV 70, como Cap. Engº de Transmissões.
Se a digitalização anexa não ficou aproveitável, diga-me para tentar outra alternativa.
Também já deve ter recebido o mail onde o Carlos Pinheiro refere como se integrou no STM em que prestou um excelente serviço.
Também anotei com prazer o facto de o meu amigo referir a sua aptidão para compor umas rimas. Pela minha parte sou um modestíssimo bardo. Ainda assim fiz, por exemplo, uma série de sonetos que apresentava nos convívios da CCE 266 (para que era convidado posteriormente à conclusão do assunto que publicou). Anexo um desses poemas.
O meu abraço,
João Afonso Bento Soares
... informação, a quem interessar >
1.- < http://ultramar.terraweb.biz/06livros_AntonioTeixeiraMota.htm >
2.- < http://ultramar.terraweb.biz/RMAJustinoTeixeiradaMota/Trasladacao.pdf >
Caro João Carlos Abreu dos Santos,
Li com agrado os dois assuntos dos links acima.
Isto é uma vida que a maioria nem conhece, isto é, a morte e depois da morte.
Bem haja este filho que tanto lutou pela trasladação dos restos mortais do seu pai.
Isto parece uma história de outro mundo, quantas não haverá por esse país fora?
Algumas semelhanças que encontro aqui.
Tem também um meu apelido - Teixeira - mas não somos de familia.
- Foi para a India em Novembro de 55, o meu pai em Dezembro de 55 para Pangim, Nova Goa.
- Bem como o meu irmão, também Sargento de Transmissões, que partiu em 1960 e ficou lá prisioneiro em 18 de DEzembro de 1961;
- Partiu para Angola em 1961, e o meu irmão na mesma missão - era mais Radio Montador - mas era de Transmissões, foi em 1963, salvo erro.
. O Sargento Justino passou por RCAV6 do Porto, onde estiveram o meu pai e meu irmão, e ali moravamos perto.
- Foi condecorado no RI6 do Porto - Senhora da Hora - onde esteve também o meu pai, e mais tarde fui lá eu receber a minha medalha das campanhas de África, agora EPT.
- Gostei de tudo o que li no Livro, aqui as partes reproduzidas.
Parecemos todos familiares.
O Mundo é pequeno, e a nossa Tabanca é Grande...
Obrigado por estas informações importantes,
Abraço,
Virgilio Teixeira
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