domingo, 29 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20787: Blogpoesia (668): "Mar encapelado e furioso", "Génios" e "Fragilidade", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante a semana, que continuamos a publicar com prazer:


Mar encapelado e furioso

De repente ficou encapelado e furioso o mar do mundo.
Uma vaga profunda e virulenta o remexeu.
Nossos barcos ameaçados parecem mesmo soçobrar.
As profundezas nos ameaçam lá do fundo.
Ficamos todos aprisionados no nosso chão.
Fracos e fortes, por igual.
Nada podem nossos poderes.
Não há exércitos nem batalhões capazes de nos defender.
Nos assegurem nossas vidas.
É o estertor estrondoso e apoplético da nossa fraqueza.
Olhamos uns para os outros. Apavorados.
A ameaça é total, asfixiante.
Voltam-se para os céus os nossos olhos.
Só deles poderá vir a salvação.
Vêem claro como nunca, os erros das nossas escolhas.
Como eram todas vãs e inúteis nossas apostas
Uma onda de arrependimento perpassa nossas almas.
Certos de que só deste pode vir nossa salvação…

Ouvindo Gabriel Faure's Requiem Op. 48 Complete
Mafra, 28 de Março de 2020
10h59m
Jlmg

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Génios

A criação da natureza concretizou-se numa diversidade de seres quase infinita.
O género humano recebeu uma forma uniforme que varia de indivíduo para indivíduo.
Não há dois iguais.
Cada um é irrepetível.
Cada homem é dotado de faculdades idênticas, de capacidade variável.
Sua gama é semelhante, não igual.
Cada qual tem sua mente e criatividade própria.
Como as estrelas não têm o mesmo brilho e tamanho, assim o homem.
Cada um chega onde pode.
Mas, há alguns que saem da média, na capacidade de perscrutar a ontologia do universo.
Porquê? É um enigma por desvendar.
A esses chamamos génios.

Ouvindo Ennio Morricone Music Playlist Vol. 2
Mafra, 28 de Março de 2020
16h26m
Jlmg

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Fragilidade

Como é tão frágil a nossa força perante o desencadear dos fenómenos da natureza.
Por mais exercícios físicos, treinos e endurances, ficamos sempre muito aquém do necessário.
Seres minúsculos, por mais que nos empertiguemos.
O tempo e o movimento nos escapam entre os dedos.
Nada sobra de nossas poupanças.
Gastamos tudo que temos e somos para nos mantermos de pé.
Sem reservas ocultas, depressa esgotamos nosso depósito.
Não nos basta a sapiência e reflexão.
Há sempre muita escuridão no seio da realidade.
Somos frágeis.
O que nos salva é a lforça do nosso destino.

Ouvindo Rachmaninov Piano Concerto No. 2 Mov. 2
Mafra, 25 de Março de 2020
9h28m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 24 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20765: Blogpoesia (667): O Vírus, o Bem e o Mal (João Afonso Bento Soares, ex-cap eng trms, STM&QG/CTIG, 1968/70, hoje maj gen ref)

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