sábado, 16 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20979: Os nossos seres, saberes e lazeres (392): Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (4) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Outubro de 2019:

Queridos amigos,
A Campânia, nome da região napolitana, tem uma poderosa herança da magma Grécia, inicialmente aqui falou-se grego, obviamente com a constituição da República Romana o latim ganhou foros de cidade. O amante da antiguidade clássica tem à sua disposição três sítios arqueológicos de elevadíssimo valor: Pompeia, o mais gigantesco dos sítios, com fórum, mercado, banhos, teatro, casas riquíssimas e uma atração muito especial que são os vestígios bem explícitos dos lupanares; Pestum, a antiga Poseidonia, fundada por colonos gregos de Sibaris, os entusiastas por arqueologia têm aqui templos magníficos e uma figura de referência, um fresco conhecido por um mergulhador; e a antiga Herakleion, de que estamos a falar. Mostram-se inicialmente imagens tiradas do alto, pela simples razão de que o local da antiga Herculano está bem abaixo do nível da cidade moderna.
É esta sumptuosidade de casas, traçado das ruas, frescos e marcas impressionantes da vivência quotidiana que aqui se pretende mostrar.

Um abraço do
Mário


Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (4)

Beja Santos

Não tendo a importância nem a magnificência de Pompeia, Herculano era uma cidade muito próspera. O traçado da cidade que as cinzas da erupção do Vesúvio soterraram em 79 d.C. foi planificado na primeira metade do século IV a.C., conheceu renovação urbanística durante a época de Augusto, sobretudo o teatro, a basílica, o aqueduto e até os templos, as termas e o ginásio. Herculano sofreu um terramoto devastador em 62 d.C., o Imperador Vespasiano contribuiu para a reconstrução. A superfície dentro das muralhas seria aproximadamente de vinte hectares e os habitantes quatro mil. As imagens que se vão mostrar têm a ver com as escavações a céu aberto de uma área modesta, não chega a cinco hectares. O que significa que o visitante não tem acesso a edifícios muito importantes, até porque uma parte deles já se encontra fora do parque arqueológico. A erupção do Vesúvio alterou profundamente toda a área, as águas eram muito próximas de Herculano, agora estão a centenas de metros. Em termos topográficos, como qualquer outra urbe romana, a estrutura da cidade organizava-se em eixos principais conhecidos por decumanos e com ruas transversais conhecidas por cardos. É um dos dados do génio arquitetónico romano e que perduraram na civilização europeia. Quem hoje percorrer Tomar verifica que o seu casco histórico, aprovado pelo infante D. Henrique, tem estrutura similar.




Entra-se no parque arqueológico num ponto ermo, o que permite tentar algumas panorâmicas, recordando sempre que é uma área menor aquela que está escavada. E antes de investir na visita ao que as escavações permitem ver, visitou-se uma exposição de peças encontradas e preservadas, o tema dominante eram os objetos de luxo da cidade romana, como vamos ver, optou-se por mostrar ourivesaria, moedas e belíssimos mosaicos.






As escavações de Herculano começaram em 1738, usou-se a técnica das galerias subterrâneas até que em 1828 começaram as escavações a céu aberto. O milagre de encontrar tantos sinais do que era a vida em Herculano deve-se aos cerca de dezasseis metros de materiais resultantes da erupção que conservaram não só o traçado da cidade como edifícios, azulejos e artefactos de toda a ordem. Após sucessivas escavações, vieram à luz do dia restos orgânicos num número impressionante, até uma embarcação foi descoberta em 1982 na velha praia. Os andares superiores dos edifícios permitem compreender cabalmente como eram os volumes dos mesmos e as técnicas de construção utilizadas.





Quem tem gosto por ver de perto os sinais de uma civilização do período da antiguidade clássica, encontrará aqui motivos de regozijo. Fez-se uma réplica dos esqueletos humanos que se descobriram em 1980 e que são o testemunho da erupção do ano 79 d.C. Eram habitantes de Herculano que fugiam para a praia com os seus objetos mais valiosos, mas não suportaram a elevada temperatura das nuvens ardentes emanadas do vulcão. Foi nesta zona que se encontrou uma embarcação romana de nove metros de comprimento. É inequívoco que a costa estava muito perto. Felizmente que o visitante tem ao seu dispor um pequeno guia que lhe é entregue à entrada e que lhe dá a possibilidade de identificar as termas suburbanas, a área sagrada, os templos, casas senhoriais, os locais da compra de comida, o ginásio, casas com portais ou átrios, oficinas, lojas, por toda a parte temos vestígios de estabelecimentos onde se vendiam bebidas e comida quente, já que os romanos almoçavam fora de casa.



Com o entusiasmo desta apresentação, o viandante dá conta que há muito mais em Herculano, falta ainda falar de certas casas, estabelecimentos e templos de grande beleza.
Fica para a próxima.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20956: Os nossos seres, saberes e lazeres (391): Em frente ao Vesúvio, passeando por Herculano e Ravello (3) (Mário Beja Santos)

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Mário, também experimetei as mesmas emoções que tu quando há cerca de 15 anos visitei Pompeia (mas não Herculano), a caminhod a Sicília.

E que oportunas são as tuas impressões de viagem, em plena pandemia de COVID-19, quando todos todos sentimos, na boca, um gosto amargo a fim de qualquer coisa... Não, não é ainda é o fim da nossa cibilização, mas talvez o fim de uma certa arrogância, sobranceria, intolerância face aos outros e à naturezaa...Obrigado. Luís