Guiné Região de Quínara > Nova Sintra > CART 2711, "Os Duros de Nova Sintar, 1970/72 > Pista de aviação, heliporto e aquartelamento.
Foto (e legenda): © Carlos Barros (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mais uma pequena história do Carlos Barros:
(i) ex-fur mil, 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), "Os Mais de Nova Sintra", os últimos a ocupar o aquartelamento de Nova Sintra antes da sua transferência para o PAIGC em 17/7/1974; (ii) membro da Tabanca Grande nº 815, tem mais de 2 dezenas e meia de referências
O 3º grupo de combate ficou na sede do Batalhão, em Tite e, passados alguns meses, “navegaram” para Gampará, uma zona onde a ação dos guerrilheiros do PAIGC era persistente, com constantes emboscadas, minas e flagelações ao destacamento.
“Os Mais de Nova Sintra” substituiram “Os Duros”, em 1972, precisamente em Nova Sintra, setor do Quínra, um destacamento desterrado do” mundo civilizado” , como mostra a imagem com a sua poeirenta pista de aviação e um quadradinho irregular, que servia de campo de futebol, onde descarregávamos as nossas mágoas e sofrimentos, na bola ou nas canelas dos nossos companheiros!
Em Tite, alguns militares bebiam as suas “bazucas” ou "fantas" e conversavam sobre as suas "madrinhas de guerra”. O furriel Barros mostrava o seu orgulho já que a sua “madrinha de Guerra”, a Isabelinha de Guimarães, escrevia-lhe muito, com uma caligrafia perfeita, que fazia inveja a muita gente…
No meio de um pequeno grupo, em pleno convívio, soou uma voz a gritar
− Quem é o corajoso que quer jogar às damas comigo, é à grade de cerveja?!...Há algum periquito para me defrontar?
O furriel Barros era um daqueles jovens que jogava bem às damas, porque teve inúmeros treinos, durante anos, no salão dos Bombeiros de Esposende, jogando contra grandes mestres locais como o sr. José Praia, Carvalho, Edgar, Mário, estes os mais credenciados e outros de menor valia , como Tarrio, João Carlos, Miquelinos, isto como mera curiosidade-
Passados minutos e de uma forma insistente, veio novo desafio provocador:
− Quem quer levar no pêlo às damas, é à grade de cerveja ?!
O Barros, farto de ouvir aquele “galifão damístico”, abeirou-se dele e aceitou o desafio. Sentou-se e começou a jogar às damas com o “gabarolas”, num partida onde se juntaram muitos militares a assistir ao prélio.
Em 8 jogos, o Barros ganhou 6-2 perante o desespero do seu opositor que estava um pouco cabisbaixo, com a crista abaixada…
− Furriel, teve sorte, amanhã vamos à desforra e vai levar poucas…
No dia seguinte, outro desafio, com maior assistência ainda , e começaram os dois a jogar. Em 6 partidas, o “galifão” perdeu 6-0 e, completamente rendido à evidência, levantou-se, foi pagar as cervejas prometidas, embora o Barros tivesse perdoado muitas…
Alguns amigos do pelotão do Barros beberam umas “bazucas”, marca” pato-galifão” e, a partir desse momento, nunca mais o Barros foi desafiado, limitava-se apenas a jogar, desportivamente, com o Santos, o "Paços Ferreira”, condutor de Nova Sintra, um bom companheiro e com elevado espírito de “fair play”…
A tradição do jogo de damas manteve-se em Tite e Nova Sintra, durante toda a Comissão com o furriel Barros, sempre no ativo, jogando, sem as “fanfarronices” do outro pavão…
Na vida , a humildade normalmente vence sempre, perante a vaidade e a arrogância que, neste caso, foram as duas copiosamente derrotadas e despromovidas para a divisão inferior…
Tite, 26 de outubro de 1972
Carlos Barros
Esposende, 18 de Fevereiro de 2021
Nota do editor:
Último poste da série > 2 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21962: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (20): a entrega do nosso destacamento aos guerrilheiros do PAIGC, em 17 de julho de 1974
(i) ex-fur mil, 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), "Os Mais de Nova Sintra", os últimos a ocupar o aquartelamento de Nova Sintra antes da sua transferência para o PAIGC em 17/7/1974; (ii) membro da Tabanca Grande nº 815, tem mais de 2 dezenas e meia de referências
O Jogo das damas:
campeões e fanfarrões
A 2ª Cart , “Os Mais de Nova Sintra“, após a IAO em Bolama, chegou, em 1972 numa LGD a Nova Sintra e, depois de apanharem um “baile militar”, a praxe, todos os militares se instalaram nas diversas casernas do aquartelamento.
O 3º grupo de combate ficou na sede do Batalhão, em Tite e, passados alguns meses, “navegaram” para Gampará, uma zona onde a ação dos guerrilheiros do PAIGC era persistente, com constantes emboscadas, minas e flagelações ao destacamento.
“Os Mais de Nova Sintra” substituiram “Os Duros”, em 1972, precisamente em Nova Sintra, setor do Quínra, um destacamento desterrado do” mundo civilizado” , como mostra a imagem com a sua poeirenta pista de aviação e um quadradinho irregular, que servia de campo de futebol, onde descarregávamos as nossas mágoas e sofrimentos, na bola ou nas canelas dos nossos companheiros!
Em Tite, alguns militares bebiam as suas “bazucas” ou "fantas" e conversavam sobre as suas "madrinhas de guerra”. O furriel Barros mostrava o seu orgulho já que a sua “madrinha de Guerra”, a Isabelinha de Guimarães, escrevia-lhe muito, com uma caligrafia perfeita, que fazia inveja a muita gente…
No meio de um pequeno grupo, em pleno convívio, soou uma voz a gritar
− Quem é o corajoso que quer jogar às damas comigo, é à grade de cerveja?!...Há algum periquito para me defrontar?
O furriel Barros era um daqueles jovens que jogava bem às damas, porque teve inúmeros treinos, durante anos, no salão dos Bombeiros de Esposende, jogando contra grandes mestres locais como o sr. José Praia, Carvalho, Edgar, Mário, estes os mais credenciados e outros de menor valia , como Tarrio, João Carlos, Miquelinos, isto como mera curiosidade-
Passados minutos e de uma forma insistente, veio novo desafio provocador:
− Quem quer levar no pêlo às damas, é à grade de cerveja ?!
O Barros, farto de ouvir aquele “galifão damístico”, abeirou-se dele e aceitou o desafio. Sentou-se e começou a jogar às damas com o “gabarolas”, num partida onde se juntaram muitos militares a assistir ao prélio.
Em 8 jogos, o Barros ganhou 6-2 perante o desespero do seu opositor que estava um pouco cabisbaixo, com a crista abaixada…
− Furriel, teve sorte, amanhã vamos à desforra e vai levar poucas…
No dia seguinte, outro desafio, com maior assistência ainda , e começaram os dois a jogar. Em 6 partidas, o “galifão” perdeu 6-0 e, completamente rendido à evidência, levantou-se, foi pagar as cervejas prometidas, embora o Barros tivesse perdoado muitas…
Alguns amigos do pelotão do Barros beberam umas “bazucas”, marca” pato-galifão” e, a partir desse momento, nunca mais o Barros foi desafiado, limitava-se apenas a jogar, desportivamente, com o Santos, o "Paços Ferreira”, condutor de Nova Sintra, um bom companheiro e com elevado espírito de “fair play”…
A tradição do jogo de damas manteve-se em Tite e Nova Sintra, durante toda a Comissão com o furriel Barros, sempre no ativo, jogando, sem as “fanfarronices” do outro pavão…
Na vida , a humildade normalmente vence sempre, perante a vaidade e a arrogância que, neste caso, foram as duas copiosamente derrotadas e despromovidas para a divisão inferior…
Tite, 26 de outubro de 1972
Carlos Barros
Esposende, 18 de Fevereiro de 2021
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Último poste da série > 2 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21962: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (20): a entrega do nosso destacamento aos guerrilheiros do PAIGC, em 17 de julho de 1974
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