Do Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos esta publicação da sua autoria.
NÃO HÁ POETA
ADÃO CRUZ
© ADÃO CRUZ
Não há poeta para a réstia de sol
de um rosto engelhado de luz.
Não há poeta para o poema de um momento
entre a singeleza do pensamento
feito suspiro de terra seca
e um estuário de rugas
cavadas de longas madrugadas.
Não há poeta para a liberdade de criar sem algemas
a majestade de um só verso
feito sorriso de cristal.
Não há poeta para tão serena harmonia
da assilabada amargura do peso do tempo.
Não há poeta para a nudez da vida
perdida para lá de um rosto apagado de ilusões.
Não há poeta para uma flor aberta
nos olhos do silêncio entre a vida e a morte.
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Nota do editor
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