Moçambique > Lourenço Marques > O histórico hotel Polana, debruçado sobre a baía de Lourenço Marques (hoje Maputo). Foto: Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, nº 2, maio de 1932, pág.26
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Moçambique > Lourenço Marques (hoje Maputo) > O cine-teatro Scala, construído em 1931. Foto: Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, nº 2, maio de 1932, pág.27
"A partir dos anos 1930 a produção arquitetónica em Lourenço Marques caracterizou-se, esquematicamente, pelo surgimento de uma arquitetura moderna, segundo uma produção praticamente anónima que retomava, com um ligeiro atraso, os temas de sucesso em Portugal; e por uma produção mais ousada e experimental que aprofundava, por vezes com mais liberdade do que então era possível no lugar de origem, as tendências inovadoras da arquitetura internacional, experimentando materiais diversos e tomando em conta expressões figurativas estranhas à cultura dominante".(...) (Fonte: HPIP - Património de Influência Portuguesa)
1. Do nº 2 do Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, maio de 1932, e do artigo "Lourenço Marques", por António Augusto de Miranda (pp. 24/27) retiramos estas três fotos, que pretendem ilustrar o rápido surto de modernização da capital da colónia.
O termo "colonalista" neste Boletim, na aceção que tinha na época, era o que (ou quem) defendia, sem complexos, o colonialismo, a manutenção e o desenvolvimento das colónias.
Todos estes homens (e algumas mulheres), que aqui escreviam, civis e militares, em geral republicanos e democratas, africanistas e panlusitanistas (sic), não tinham pejo em assumir-se como "colonialistas" (no "bom sentido" do termo)... Na esteira do gen Norton de Matos, sócio honorário da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, defendiam o "povoamento branco" das colónias e a "assimilação" dos seus naturais.
(...) "Heritage of Portuguese Influence/ Património de Influência Portuguesa — HPIP — é a evolução natural do projeto Património de Origem Portuguesa no Mundo: arquitetura e urbanismo que, sob a direção de José Mattoso, a Fundação Calouste Gulbenkian desenvolveu entre 2007 e 2012. Teve como objetivo uma publicação em três volumes, mais um de Índices, de uma compilação de informação sobre o tema, composta sob a forma de dicionário de matriz geográfica. (...)
Lourenço era uma vila em 1876, tendo sido elevada a cidade 11 anos depois, em 1887. No início da década de 1930, era já, na opinião deste magistrado, António Augusto de Miranda, "uma das lindas, mais garridas e modernas cidades do mundo" (pág. 24). E pergunta, embevecido, o autor: "É qualquer coisa que nos desvanece como povo colonizador, não acham?"... Faz um apontamento sobre o crescimento urbanístico da capital da colónia, em termos de números de casas, estradas e arrruamentos contruídos ao longo dos anos de 1920 e princípios de 1930.
Todos estes homens (e algumas mulheres), que aqui escreviam, civis e militares, em geral republicanos e democratas, africanistas e panlusitanistas (sic), não tinham pejo em assumir-se como "colonialistas" (no "bom sentido" do termo)... Na esteira do gen Norton de Matos, sócio honorário da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro, defendiam o "povoamento branco" das colónias e a "assimilação" dos seus naturais.
Sobre Maputo ver aqui o magnífico portal HPIP - Património de Influência Portuguesa, que poucos dos nossos leitores conhecem...e que merece uma visita demorada.
(...) Evolução natural porque a obra impressa tem um preço e uma expressão física que na realidade só a torna acessível ao grande público em bibliotecas, mas também porque face à matéria e ao seu âmbito geográfico tem um enorme potencial de constante atualização. Mesmo com uma vasta e qualificada equipa como a que se reuniu para o efeito, não é possível cobrir a totalidade do planeta em casos e conhecimento já disponível e atualizado. São pois evidentes os dois eixos desejáveis de desenvolvimento do projeto: divulgação mais ampla e reunião integrada de informação dispersa. Uma vez conjugados de forma eficaz, podem gerar um feliz efeito recíproco de bola de neve. Basta que a divulgação estimule a colaboração e vice-versa.
Para atingir tais objetivos o meio ideal é o de um sítio em linha, que se apresente e funcione como portal público interativo da base de dados georeferenciada na qual se concentre e administre toda a informação reunida. Como capital inicial contamos com o conteúdo dos livros, que é, por certo, suficientemente atrativo e estimulante para suscitar a integração do contributo de todos quantos pelo mundo fora tenham algo a acrescentar ou a corrigir, seja através de conteúdos escritos ou gráficos (fotografia, desenhos, iconografia, etc.) (...)
Para atingir tais objetivos o meio ideal é o de um sítio em linha, que se apresente e funcione como portal público interativo da base de dados georeferenciada na qual se concentre e administre toda a informação reunida. Como capital inicial contamos com o conteúdo dos livros, que é, por certo, suficientemente atrativo e estimulante para suscitar a integração do contributo de todos quantos pelo mundo fora tenham algo a acrescentar ou a corrigir, seja através de conteúdos escritos ou gráficos (fotografia, desenhos, iconografia, etc.) (...)
Moçambique, que a maior par5te dos nossos leitores não conhece, tem menos de 3 centenas de referências no nosso blogue.
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Notas do editor:
(*) Vd. postes anterior 28 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24893: Notas de leitura (1639): Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1931-1939) - Parte I: a voz dos colonialistas republicanos nostálgicos e exilados
Notas do editor:
(*) Vd. postes anterior 28 de novembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24893: Notas de leitura (1639): Boletim da Sociedade Luso-Africana do Rio de Janeiro (1931-1939) - Parte I: a voz dos colonialistas republicanos nostálgicos e exilados
2 comentários:
Aqui era tudo à inglesa.
Vale a pena abrir aquela chamada e ver o desenho de Lourenço Marques, tudo ruas a
régua e esquadro.
E andava-se à esquerda.
Os laurentinos e os moçambicanos em geral orgulhavam-se que a terra deles era a mais organizada (colonizada) de todas, principalmente consideravam a "rival" Angola,muito atrasada e os brancos com nível inferior.
Bem, os anti-salazaristas desses fugidos para o Brasil, seguidores do Norton de Matos sonhavam com uma colonização à inglesa, e a melhor maneira de não ser racista, era ficar apartado, uns para um lado outros para o outro.
De facto eles falavam inglês e dizia-se que por causa da vizinhança inglesa, os governos não mandavam para lá nem deportados nem analfabetos.
Enfim, quem ia parar a Buruntuma, Canquelifá ou Caium, não imaginava que não era tanto para defender aqueles semi-desestos mas mais pela terra de Tudela,"the garden citie inn by the sea".
Rosinha, a prova é este boletim que, de 1931 a 1939,em 20 números (alguns duplos) apenas dedica meia dúzia de linhas à nossa "Guinesinha" (como dizia a Cilinha)...
Aquilo era tão pobrezinho que só para lá iam deportados (pela Ditadura Militar), missionários, soldados, cabo-verdianos (fugidos das secas e da fome)... e alguns libaneses fugidos da I Guerra Mundial e da opressão do império otomano...Nem uma única referência a povoações guineenses de alguma importância, para além de Bolama (que era a capital)... E ainda as "campanhas de pacificação" não tinham acabado (faltava subjugar os bijagós)...
Além de Portugal e Brasil, havia "sócios correspondentes" na "África Ocidental" (em várias cidades de Angola: Luanda, Nova Lisboa, Sá da Bandeira, Lobito, Silva Porto, Moxito; mas também em Bolama e Cabo Verde) e "África Oriental" (Lourenço Marques, Beira e Quelimane ... Ninguém na Índia Portuguesa, Macau, Timor, São Tomé e Príncipe...
Fala-se uma vez por outro de Cabo Verde,de São Tomé, da Índia, de Macau... mas para estes "colonialistas assumidos e sem complexos o império, as "joias da coroa" (expressão que eles nunca utilizam, afinal são republicanos...) era, afinal, Angola e Moçambique, devido às suas potencialidades económicas e demográficas... O resto era paisagem... Como diria o Salazar, só dava chatice e despesa...
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