Ílhavo > Costa Nova > 25 de Agosto de 2008 > Eu e o nosso ex-Cap Mil Jorge Picado (*), numa esplanada local. Falando naturalmente da nossa Guiné e das nossas desvairadas vidas. O Jorge, que já está reformado, há uns largos anos, da função pública (foi engenheiro agronómo dos Serviços Regionais do Ministério da Agricultura), sofreu há meses, em Novembro passado, um duro golpe com a morte, aos 69 anos, da sua companheira, esposa e mãe dos seus quatro filhos (Ana Constança, Jorge Manuel, João e José Senos da Fonseca Picado).
Maria José de Senos da Fonseca Picado, carinhosamente conhecida na Costa Nova como D. Zeca, foi uma das fundadoras e a grande líder da mais importante instituição privada de solidariedade social da região, o CASCI - Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo, fundado em 1980. Figura ilhavense muito conhecida e respeitada, era "uma força da natureza" - dizem os seus amigos e admiradores.
O Jorge é uma figura afável e um grande conversador, um verdadeiro tertuliano. Neste texto, que dá início a uma nova série ("Eu, capitão miliciano, me confesso"), conta aqui as suas peripécias como capitão à força no TO da Guiné... Ilhavense, é um talvez dos raros da terra que não fez a "tropa do bacalhau"...
Nesta esplanada, havia vários amigos dele e do meu amigo, Zé António, ligados ao mar e às marinhas (mercante e de guerra), incluindo o comandante na reforma e antigo professor da Escola Naval, José Armando Leite, por sinal compadre de outro amigo meu, ilhavense, o Dr. João Sena Vizinho, especialista em medicina do trabalho...
Na Costa Nova, que pertence ao concelho de Ílhavo, o mar faz parte, de resto, do ADN de (quase) todo o mundo (**)...
Leia-se, a propósito, o blogue de Ana Maria Lopes, Marintimidades. A Ana Maria Lopes é a antiga directora do notável Museu Marítimo de Ilhavo, que é de visita obrigatória, para quem passar por aquelas bandas... (Tive o privilégio de ter, este ano, um guia excepcional, na pessoa do Arq José António Paradela, que é um ilhavense de razão e coração, e que aos 16 anos passou pela duríssima experiência da pesca do bacalhau na Terra Nova).
Costa Nova > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 > Um amigo comum, meu e do Jorge Picado, o Arquitecto José António Boia Paradela (pseudónimo literário, Ábio de Lápara).
Costa Nova > Ria de Aveiro > 25 de Agosto de 2008 > A Alice e o Zé António atolados no "tarrafo" da ria... De repente, vi-me transplantado para as margens do Geba Estreito, nas proximidades de Mato Cão, quarenta anos atrás...
Costa Nova > 26 de Agosto de 2008 > c. 8h50 > Caminho pedonal entre as dunas, que vem da Praia da Barra... Um magnífico passeio. Parabéns aos ilhavenses e à Câmara Municipal de Ílhavo pelo seu contributo para a defesa e preservação das dunas desta costa fabulosa, líndíssima...
Aveiro > 25 de Agosto de 2008 > Um tradicional barco moliceiro, hoje transformado em meio de transporte de turistas... Tradicionalmente, os moliceiro têm (ou tinham...) dois paineis de proa e dois de popa, de pintura naïve... Cada painel consta de um desenho policromado, com uma cena mais ou menos pícara, relacionada com o quotidiano dos pescadores ou dos camponeses da ria, enquadrada por cercaduras de flores ou figuras geométricas. Há sempre, na base, uma legenda-comentário, escrita às vezes em mau português, e com um segundo sentido (como no caso da imagem acima: "Mete as batatas no rego"...).
Costa Nova > Ria de Aveiro > Agosto de 2006 > A embarcação tradicional que fazia, até há pouco tempo, a travessia entre as duas margens, a Costa Nova e Ílhavo, cidade e sede do concelho... Parece que a carreira foi extinta...
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
1. Mensagem do nosso amigo e camarada Jorge Picado (*) com data de 26 de Setembro último:
Assunto - CPC/QC
Caríssimos Luís e restantes editores:
Acordei depois de regressar da belíssima Praia da Costa Nova, onde voltarei hoje para passar o fim de semana da tradicional Festa da Sra da Saúde, apesar de já não se assemelhar ao que era antigamente, mas que por tradição encerrava a época [balnear] e lembrei-me de escrever umas coisas que, se julgarem de interesse e oportunas publiquem. Se as meterem no cesto de papeis, não fico ofendido, podem crer, porque ás vezes dá-me a maluqueira e sou um pouco inconveniente.
Abraços do
Jorge Picado
2. Na última década (?) de Agosto, na maravilhosa praia da Costa Nova do Prado onde passava o período estival, tive o grato prazer de rever, infelizmente por pouco tempo, o nosso Chefe da Tabanca Luís Graça, acompanhado de sua Esposa. Só não foi uma surpresa, porque o meu conterrâneo e amigo comum – Arq Paradela – que ele iria visitar, na véspera à noite, tinha-me avisado da sua passagem, a caminho da sua “Quinta” no Douro para uns dias de férias.
Foi com grande satisfação que (falámos abordámos) troquei [impressões com ele], Conversámos talvez durante uma hora, se tanto, sobre várias coisas vários assuntos…a minha terra… a profissão - até porque a mulher também era do Ministério da Agricultura …
E, como não podia deixar de ser, veio também à baila a temática da Guiné e a minha “repescagem” para o serviço militar.
Ao contar-lhe, muito superficialmente como e quando as coisas se passaram, fiquei com a ideia que manifestava um certo espanto.
Não sei se foi impressão minha ou se na verdade o Luís ainda não se tinha inteirado bem da situação de como “apareceram” certos Cap Mil já um tanto “entradotes” na idade.
Isto levou-me a pensar se não seria de deixar o meu testemunho sobre tal facto, até para que muitos possam compreender e ajuizar de certas situações vividas nos TO por quem conviveu com alguns desses “militares”.
Evidentemente que sobre esse assunto falo apenas por mim, mas tenho a certeza que das muitas dezenas de camaradas que como eu foram “obrigados” a ser Capitães, não teriam sido poucos os que apenas queriam era ver o tempo passar rapidamente e tudo fazer para preservar as suas vidas se possível de boa saúde, sem carrearem problemas de consciência pela vida dos jovens (que não tinham culpa alguma) obrigados a servir sob as suas ordens.
OS CURSOS DE PROMOÇÃO A CAPITÃO DO QUADRO COMPLEMENTAR
Não sei se antes (do início da Guerra Colonial) já existiam destes cursos, mas quero apenas referir-me àqueles que passaram a existir quando a falta de Oficiais Subalternos para comandarem Companhias (sim, porque a verdade nua e crua sobre muitas vocações militares evaporou-se quando esta profissão teve de enfrentar armas a sério!!!), colocou o Governo de então na situação de lançar mão do expediente de repescarem os Oficiais Milicianos dos anos anteriores ao início da Guerra Colonial e antes de atingirem os 35 anos de idade, interrompendo-lhes as suas actividades profissionais e “subtraindo-os” até aos seus compromissos familiares, independentemente da sua vocação…
Faço aqui um parênteses para dizer que houve igualmente o caso dos Médicos que, até com mais idade pois alguns foram como Majores, mas estes iam exercer a sua profissão-especialidade e não comandar jovens em operações militares. Por isso não iam para CPCs ou afins.
Começaram por conseguinte a convocar pelos COM que englobavam “os mancebos” no limite daquela idade e foram prosseguindo… até que este “filão” esgotou… e tiveram que “inventar” aqueles que o muito prezado Tertuliano Cor Rui Alexandrino denomina de “Capitães Proveta”, ainda que eu, apesar da idade com que fui chamado, também me considere como “um proveta”, dada a nula vocação militar (se a tivesse, após o 7.º ano liceal teria ido para a Academia Militar, pois que até era bom desportista e a prova disso é que fui o 2.º classificado do meu COM de AAA, graças claro às boas notas dos testes e da parte física que nunca pelo chamado “brio militar” que deixava muito a desejar…) e os fracos conhecimentos militares entretanto adquiridos…
Aproveito esta oportunidade, não para me desculpar que nada me pesa na consciência para que o tenha de fazer. Cumpri sempre as ordens que me foram dadas militarmente – em tempo de paz e na guerra – seguindo no entanto sempre aquela velha máxima de caserna mais ou menos assim: “na tropa, voluntário nem para descascar batatas”. Mas faço-o um tanto ou quanto espicaçado pelas duras, e porque não dizê-lo oportunas “críticas”, que o citado Rui faz no seu Rumo a Fulacunda, que aqui aproveito para elogiar e dizer que li (e hei-de reler) com enorme satisfação, não só por relembrar terrenos que pisei (e alguns também calcorreei), mas sobretudo por terem ficado tão “seguros” para mim, graças ao seu (ainda que outros também tivessem colaborado) profícuo labor e enorme capacidade e competência militar. Para o Rui e todos os outros, o meu agradecimento.
Depois destas divagações, que considero úteis para que possam compreender e então ajuizar certas situações vividas nos TO por quem conviveu com alguns desses
“militares”, acrescento mais alguns pressupostos.
Argumentariam talvez os defensores daquela época: “O País estava em guerra…era um dever Nacional que todos tinham por obrigação cumprir…”. Mas a verdade é que nem todos os dos COM eram chamados para estes Cursos. Apenas os que permaneceram nas Armas de Artilharia, Cavalaria e Infantaria, o foram. Ou seja, uns tinham mais obrigações do que outros!
“Os de Engenharia não eram precisos, porque as necessidades desta Arma não existiam. Afinal só precisavam de Caçadores”, dir-se-ia.
Mas se os Artilheiros (de AA e Costa) foram transformados em Caçadores, porque não transformaram também os Engenheiros? E porque é que alguns que tinham feito os COM naquelas Armas, foram depois, uma vez obtido um Curso de Engenharia, reclassificados (a seu pedido?) precisamente para não serem “apanhados”? E porque nem todos os Cursos de Engenharia permitiam tal reclassificação?
Enfim, questões que naquela época não podiam ser afloradas, mas que nunca digeri, dado o meu ressaiboamento com a instituição militar (ou talvez fosse mais correcto com o Governo de então) que se foi gerando a partir da passagem a Aspirante Miliciano.
Mas antes de prosseguir, como agora é corrente dizer-se quando se apresentam certas ideias, vou fazer a minha declaração de interesses.
Não tenho nada contra: (i) a Instituição Militar em si; (ii) todos aqueles que optaram pela carreira militar por convicção; (iii) todos os combatentes que se bateram nos diversos TO e o tenham feito por convicção ou sem ela (como no meu caso).
Sou um pacifista, não daqueles folclóricos que empunhavam os cartazes Make love, not war, pois não sou tão ingénuo que julgue possível a resolução de todos os conflitos pelo diálogo, daí admitir a existência de Forças Armadas, é bom que se entenda. Mas ir para a guerra, quando não se optou por essa carreira, é preciso ter razões para tal…para bom entendedor…
Por isso após esta declaração de interesses, vou prosseguir com o assunto que me propus expor, mas as minhas queixas contra “o meu serviço militar” não são só as já afloradas.
Cheguemos então ao CPC/QC que me transformou em Capitão, não de qualquer navio como as dezenas de conterrâneos meus, mas do Exército.
Aquilo porque esperava há mais de um ano, aconteceu nos finais de Junho de 1969, quando recebi a convocatória para “frequentar o CPC/QC-2.º T.º/69, com início em 25/8/69, na EPI, nos termos da nota n.º18211-P.ºHC, de 27/6/69, da 2.ªSec. da RO/DSP/ME”.
Tinha: (i) 32 anos; (ii) cumprido o serviço militar obrigatório há 9; (iii) feito o 5.º ano do ISA [ Instituto Superior de Agromomia] há 10; (iv) sido convocado para prestar novamente serviço militar de 30/8/61 a 6/2/62 e de 18/8/62 a 17/10/62 duas situações que me inutilizaram 2 anos de ensaios de campo necessários para o meu trabalho de final de curso tendo como consequência apenas ter defendido a minha Tese do Final de Curso em Julho de 1963 (então já sem arriscar mais ensaios de campo), quando todos os meus colegas de curso já tinham 1 ou 2 anos de exercício profissional; (v) casado (até este acto esteve quase para ser impedido pela Instituição Militar) há 8; (vi) 4 filhos e (vii) trabalhava na Direcção Geral dos Serviços Agrícolas [DGSA] , mais exactamente com sede em Aveiro.
No meio desta “desgraça”, felizmente que, no início de 1968, quando duma deslocação a Lisboa para reuniões de trabalho nos serviços da especialidade, fui alertado que o Covas Lima – de que já falei em história anterior – tinha sido convocado (ou estaria já?) para o CPC, pois era de COM anterior e, que se aproximava a vez doutro e também a minha - que era de COM posterior - de sofrermos a mesma sorte, pelo que tínhamos de tratar da nossa vida profissional visto que ambos estávamos ligados aos Serviços Agrícolas por contrato que, uma vez interrompido, nos fazia perder o vínculo à Função Pública, mesmo que a interrupção fosse motivada por convocatória militar.
Devo confessar que na “parvónia”, i. e. fora de Lisboa, estava completamente a leste destes conhecimentos e só por esta coincidência é que não fui apanhado desprevenido tendo, conjuntamente com essoutro colega, dado os passos necessários para que os Responsáveis da então DGSA salvaguardassem a nossa situação de forma a assegurarem-nos os postos de trabalho no caso de sobrevivermos.
Desculpem mais este à parte (ainda poderia acrescentar pelo menos outro), mas esta era a forma como nos tratavam então.
Apresentámo-nos na EPI em Mafra no dia 25 de Agosto pelas 8H(?), devidamente fardados como constava das normas e de imediato, num dos corredores do Claustro bem perto da Porta de Armas(?), procedeu-se à formatura onde foi feita a chamada – para conhecimento dos possíveis desertores, que creio não ter havido – tendo sido dada a voz – pelo Ten do QP que nos comandava – de “apresentação a doentes(?)”, com a respectivamente formatura uns passos em frente.
Para meu espanto – não sei qual foi a reacção dos restantes – logo se adiantaram alguns que, creio, seguiram quase de imediato para a consulta externa em Lisboa.
Não sei quantos se safaram ou quantos regressaram, mas sempre guardei a imagem dum, que deve ter sido um bom actor – pelo menos amador no teatro da Academia de Coimbra – cuja face mais parecia ter sido revestida por “uma máscara de desvairado”. Uma coisa é certa, obteve os resultados que queria na Psiquiatria, pois livrou-se de tais sacrifícios pela Pátria. Estou a falar dum tal… oriundo da Figueira da Foz e mais não digo…
Não posso precisar se fui o único – logo o 1.º – do meu COM de ART, mas creio que sim e apenas citarei os nomes daqueles de que me lembro.
Começarei logicamente pelos 3 colegas Agrónomos, que tivemos o mesmo TO por destino:
- O Ilídio Moreira, do curso de agronomia anterior ao meu, foi Cmdt duma CCaç (Geba) dum BCaç sedeado em Babadinca de 1970-72;
- O José Maria Queiroga (o tal que estava nas mesmas condições quanto ao emprego), do meu curso, foi chefiar a EAFB (Serviços Agrícolas) de 1970-72;
- O António Clemente da Costa Santos, igualmente do meu curso, na REPACAP do COMCHEFE de 1970-72;
- O João Cupido, de Mira, e que passou a ser meu colega nas viagens a casa aos fins-de-semana, deixando-o à sua porta e apanhando-o lá ao Domingo à noite no regresso a Mafra, cujo destino também foi a Guiné como Cmdt da CCaç 2753 , onde teve um brilhante Alf Mil que conheci nas margens do RCacheu e não mais me esqueci (mesmo desconhecendo o seu nome, até ao encontro de Monte Real. Gratas recordações, podes crer, Victor Junqueiro);
- Tenho uma vaga ideia de que havia um Morais, assim para o gordinho e ar e espírito bonacheirão que teria desertado já em Moçambique (?).
- Um Ten MIL que tinha continuado na vida militar e vinha do Quartel da GNR que existia perto das Janelas Verdes, cujo destino desconheci;
- Os 3 jovens Alf Mil (ou graduados em Ten?) já com uma comissão e voluntários para seguir a carreira, respectivamente Fernandes (o Cap da famosa expressão do “Verão Quente”, “as armas estão em boas mãos”), Caimoto que também foi para a Guiné e um 3º de que não sei o nome;
- Havia ainda um Nascimento que, creio, usava óculos.
Pronto, são estas as minhas recordações concretizáveis dos camaradas do CPC.
A esta distância, sem qualquer elemento de referência, nem sei quantos éramos, mas o sentimento que guardo sobre a disposição, o (des)interesse, a resistência manifestada à execução da preparação militar que nos era ministrada (analisado agora até me parece que era ou foi um contra-senso) e a quezilência para com os instrutores, posso afirmar que era maioritária.
Quanto aos instrutores:
- Havia um Major, mais para o baixo do que alto, talvez o Cmdt do curso e que nos ministrava uma das disciplinas teóricas, mas já nem sem qual.
- Um Cap ou ainda Ten do QC, com uma comissão pelo menos em Angola, que nos ministrava assuntos de Manutenção Militar, de que recordo conscientemente as vezes com que nos chamava a atenção para o cuidado e atenção que devíamos dispensar ao controlo administrativo da Companhia, para que no final da comissão não sofrêssemos qualquer dissabor. Repetiu-nos estes conselhos vezes sem conta, dando-nos exemplos concretos de camaradas “apanhados”, no final das comissões, nas malhas “de outras guerras” que a maioria das pessoas, e com certeza até muitos dos camaradas, desconhecem.
Devo confessar que na altura achava toda aquela conversa um tanto ou quanto estranha. Afinal estavam-nos a preparar para comandar soldados numa guerra ou para chefiar uma qualquer repartição administrativa (até uns mapas impressos numas folhas muito compridas me faziam lembrar os existentes nas Repartições de Finanças, que conhecia fruto do meu contacto por ter pertencido à Comissão de Avaliação dos Prédios Rústicos de Ilhavo)?
A verdade é que também ia sendo “tramado” nessa outra guerra da MM. Se tiver disposição ainda contarei esse episódio.
Não sei quantos Ten do QP nos ministravam outras matérias incluindo as propriamente militares, desde a ordem unida, passando pela aplicação militar, tácticas, provas de campo, etc.
Os últimos dias foram considerados como estágio complementar que constou dumas visitas a outras Forças com quem poderíamos ter de actuar, tais como: Fuzileiros; Força Aérea em Tancos e Operações Especiais em Lamego, onde terminámos no CIOE o estágio complementar do CPC no dia 20DEZ, data em que garbosamente fomos promovidos automaticamente a Capitães!
E era assim que em 118 dias (não úteis), se transformavam simples paisanos (a maioria, pelo menos, sem motivação e naqueles anos já não apoiantes de tal guerra) de 32-33 anos em “brilhantes” Capitães, que eram dados como aptos para comandar tropas numa guerra daquela natureza?
Por isso caros camaradas pergunto.
Ainda se admiram de situações menos correctas de certos Cmdt de Companhia? Era assim que queriam ganhar a Guerra?
Desculpem, mas tenho por mim que muito fizeram eles. E com estas condições até me admiro como não houve mais mortos devido à sua inexperiência militar.
No dia 21 de Dezembro passámos à situação de licença registada, ficando a aguardar (mesmo que tivessem perdido o emprego) o resultado, não do totoloto ou do euro milhões que ainda não existiam, mas do “bilhete premiado” na lotaria dos TO e Unidades.
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Nota de L.G.: