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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13818: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (14): A Galiza, do interior, no rio Minho, até ao Atlântico, Vigo

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Outubro de 2014:

Queridos amigos,
Acabou-se a passeata, bonda de catedrais, museus, jardins, linhas ferroviárias e vinho alvarinho, bem bom para acompanhar mexilhões.
O estado de alma viandante era de candura e tranquilidade, deu para apreciar o que ia mudando no relevo à saída de Castela e Leão até chegar à verdejante Galiza, com rios e rias e muito casario em granito, parece que estamos em Trancoso ou Vila Nova de Cerveira.
Uma passeata para conhecer alguns dos grandes contrastes do Norte de Espanha. E percorrer caminhos por onde andaram os bisavós e os avós dos portugueses.

Um abraço do
Mário


Biblioteca em férias (14) 

A Galiza, do interior, no rio Minho, até ao Atlântico, Vigo

Beja Santos


Na fase dos preparativos da viagem, decidi que não queria fazer um estirão entre León e um local de regresso, até pensei em Salamanca e entrar em Miranda do Douro, tudo impensável: as ligações ferroviárias eram remotas ou impossíveis. E atraiu-me o nome do lugar e a imagem do colossal mosteiro: Monforte de Lemos. Foi este o ponto de passagem escolhido, como se andasse a viajar de mala posta. A viagem de comboio ajuda a esclarecer o que distingue o termo de Castela e Leão desta Galiza verdejante, Terras de Lemos, mais a mais sofreram a ocupação napoleónica, logo me mostrei solidário. Nem pensei duas vezes se este magnífico edifício e a elogiada ponte de Monforte, atribuída aos romanos, toda ela graciosa com as suas belas arcadas ficariam perto. Pois enganei-me. Desembarquei ao lusco-fusco, a arquitetura pareceu-me monótona, muito cimento em carne viva, disseram-me que o albergue era um pouco para lá do sol-posto, segui por passeios monótonos e silenciosos até chegar a uma granja que deve ter tido um passado com alguma sumptuosidade. Pelo caminho, ia rindo para mim, então não é que o mosteiro não fica lá no alto, e eu a julgar que me era acessível, lá dar um salto? É bem-feita, faz perguntas antes de fazer turismo, aprende de uma vez. O estômago a bater horas, no ar elétrico escapuliam-se trovões, indicaram-me a dedo um antro iluminado, ali me apresentei e me banqueteei com uma canja de aletria, pimentos assados e um pratinho de cozido à galega, que tanto aprecio. Adormeci arregalado, e pelas matinas apanhei o comboio.


Aqui está Tui e a sua fabulosa catedral, que se prende com a nossa História, é um regalo para os olhos sobretudo para quem vive em Valença, é panorama obrigatório. Passa-se de comboio resvés, fico sempre furioso pois todas as vezes que vou até Compostela não há meio de aqui andarilhar, e quanto lamento. Saí da Galiza interior e não lhe tomei o gosto, vi água abundante serpenteando ao lado do caminho-de-ferro, sente-se que estamos próximos do Minho, não pela arquitetura mas pelos solos, pela exuberância do verde e por aqueles vinhedos de alvarinho. Ontem à noite bebi um alvarinho de nome Martim Codax, no rótulo lá vinha um poema, uma cantiga de amigo, está ali um dos pais da nossa língua. Viva o alvarinho! E cheguei a Vigo, o mar está próximo, vou já arrumar os trastes e aproveitar o dia. À cautela, deixo-vos um registo da chamada arte pública de Vigo, bem curiosa por sinal:




Deambulando pela Porta do Sol, perguntei-me o que há de ícone neste “O Sireno”, talvez um homem-peixe ou peixe voador, ninguém desconhece que Vigo é cidade piscatória, um peso-pesado. Depois, na Praça de Espanha encontrei este grupo escultórico “Os cavalos”, não sei o que se homenageia, importa não esquecer que nem tudo é mar por aqui, bem próximo há extensos olivais, quem contempla a cidade a partir do Monte do Castro desfruta a impressionante baía de Vigo, que noutras perspetivas até parece criar a ilusão que estamos a ver uma ilha, como estar na Horta e ver o Pico, ou coisa parecida. E descendo até ao porto encontrei mais esta arte pública, parece um gigante afocinhado, enfim é arte pública que enche o olho e corta a monotonia, não sei se há mais substância. É domingo, descubro rapidamente que não vale a pena procurar museus, fecham às duas da tarde e outros nem abrem. Mas tenho sorte quando passo pela Fundação Barrié, está ali patente uma prodigiosa exposição intitulada “Compañeiros de oficio”, nome dado por Le Corbusier aos velhos artesãos da construção, é uma exposição que pretende refletir sobre o papel de uma humilde arquitetura anónima utilizada como referente na obra de grande nomes da arquitetura contemporânea, caso de Mies van der Rohe, Alvar Aalto, Alejandro de la Sota, Siza Vieira, Souto de Moura ou Glen Murcutt. Para mim foi uma delícia percorrer séculos e ver materiais que chegaram ao nosso tempo, relacionados com o meio e o clima e que levaram génios da arquitetura a compreender que o génio do povo não lhes é inferior.


Saio consolado (como se diz nos Açores) agora vou até ao casco histórico, passo pelo Instituto Camões em pedra e granito, passo por um belo jardim paralelo ao porto, não vou sair daqui sem comer peixe. Numa esplanada, pedi uma sopa de cebola, uns mexilhões e bom naco de tortilha, lambo a beiça com alvarinho, que bom é a vida de turista! Agora é passear à beira-mar, ainda estive tentado a tomar um barco até às ilhas Cíes, situadas à entrada de ria de Vigo, e que formam parte do Parque Nacional das Ilhas Atlânticas. Não, quero algo de mais prosaico, apanho um ferryboat e vou até Cangas, no outro extremo. E não me arrependi, e daqui vos deixo as últimas imagens:



Sei muito bem que não há aqui nada de deslumbrante, imagens de porto a remeter para outra localidade são aos milhões. E o passeio marítimo em Cangas, avistando Vigo ao longe também não tem nada de transcendente. Mas o ânimo era de muitíssima boa disposição, caminhava-se para o termo de uma passeata encetada em Bilbau, estou de barriga regalada, pois uma boa viagem deve sempre cruzar o olhar entre a civilização e a cultura, dar tempo a contemplar a natureza, descobrir preciosidades onde o chamado senso-comum adverte que há mais monotonia e vulgaridade que grandes surpresas.

Tudo o que se começa tem o seu acabamento. Janto umas tapas, adormeço seráfico, é preciso partir bem cedo de Vigo para o Porto. É uma bonita despedida da Galiza, e depois passamos para Portugal, qual monotonia, viajamos perto do rio Lima, tudo luxuriante, até avistei o Casino Afifense, e num tiro se chegou à Campanhã, daqui houve nome de Portugal, já estou a avistar Portus Callus. Agora sigo para Lisboa. Chegou o momento azado de começar a pensar em nova viagem: que tal o sul de Itália? E conhecer o Montenegro? E visitar finalmente a Irlanda? Ou passear-me por Bruxelas, que conheço menos mal? Logo se vê. Depois dou notícias. Ponto final.
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Nota do editor

Poste anterior da série de 22 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13780: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (13): Em Castela-e-Leão, para me prostrar em duas catedrais assombrosas

Guiné 63/74 - P13817: Parabéns a você (807): Mário Vasconcelos, ex-Alf Mil TRMS do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de Guiné 63/74 - P13814: Parabéns a você (806): Para o camarada Luís Marcelino, com um obrigado pelo acolhimento em Mampatá (António Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13816: Blogpoesia (394): Baladas de outono (J. L. Mendes Gomes, ex-alf mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1984/66; autor de "Baladas de Berlim", Lisboa, Chiado Editora, 2013)

O poeta,  com os netos, em Berlim. c. 2012...
Também ele perdeu, há 3 anos atrás,
o seu querido neto Tomás, com 2 anos e picos...
Um tumor no cérebro (*)...

De bicicleta ao vento…


Vou de bicicleta ao vento,
Na estrada suave,
Que serpenteia a encosta,
Seara bailante,
Centeio e cevada.

Ao pé dum riacho,
De águas tão puras,
Se vê as areias,
Peixinhos correndo,
Sem freio nos dentes.

Desabotoei a camisa,
Meu peito arfando,
É barco rabelo,
Pelo Douro subindo.

Meus cabelos ao vento
São a bandeira da paz,
Que vou agitando,
Rogando a bênção
À Mãe-Natureza.
A deusa do pão…
Que há-de nascer.

Minha roda da frente,
Vai rolando aos esses,
Vai tonta de gáudio,
Brincando na estrada.

E o selim,
Meu danado corcel,
Quanto mais lhe carrego,
Mais ele, tão suave e tão meigo,
Me impele a rolar…

Ouvindo Hélène Grimaud em Sonata de Beethoven

O dia está nascendo, parece melhor

Mafra, 15 de Outubro de 2014. 6h10m

Joaquim Luís Mendes Gomes



Recomeçar…

Alf  mil, CCAÇ 728, Cachil, Catió 
e Bissau, 1964/66

Se pudesse voltar ao começo,
Quereria chegar onde estou,
Mas escolheria outro caminho.

Poderia ser do mesmo torrão,
A mesma fonte e o mesmo berço,
O mesmo raiar da aurora,
A mesma hora de adormecer,
Pelas mesmas que me deitavam,
A mesma escolinha virada nascente,
E a inocente catequese.

Bem outra seria a diocese,
Outro bispo e seminário,
Só com frades de eremitério,
Onde reinasse a simplicidade.
Com virtude e luz a sério,
Rumo a um fim de eternidade.

Aprenderia latim,
O grego não.
Entraria no mar da literatura,
E na vastidão da filosofia.
Com a música em pano de fundo,
Aprenderia a tocar piano.
Uma viola ou violino.
Daria largas à imaginação
Para escrever meus pensamentos,
Fossem bons,
Fossem lindos,
Com a beleza de pinturas.

Para lançar aos quatro ventos,
Derramando paz, amor e harmonia.
Adoraria o mesmo Senhor,
Com os pés bem assentes nesta terra virgem.

Sem as nuvens baças dos tabus e preconceitos,
Nem as falsas redes de suspeitos,
Escolheria o mar e a serra
Para meus vizinhos,
E um Tejo imenso para
Contemplar as lezírias e as campinas,
Desde a larga foz
Às terras de Espanha.

Mafra, 3 de Outubro de 2014, 8h3m

Joaquim Luís Mendes Gomes



Autor de Baladas de Berlim, Lisboa, Chiado
Editora, 2013, 232 pp. Preço de capa: € 14; 
Oração à Mãe…


Vou de caravela…
Adejando ao vento, nas ondas do mar.

Vou baloiçando soluços de dor,
Gemidos de amor,
Saudades ardendo,
Num coração a bater.

Das horas passadas,
Parecem tão poucas,
Que o tempo levou.


Vou à procura d’alguém que partiu,
Quando era menino,
Minha fonte de amor,
Para sempre secou…

Pode ser que a encontre
Numa ilha perdida,
Pensando em mim,
Como nela eu penso.

Sonho com ela nas horas mais tristes,
Lavo a dor com lágrimas ao sol,
O calor mas enxuga
Mas volto a chorar.

Parece-me ouvi-la,
Algures nos longes do mar…
Talvez chamando e orando por mim.


Ouvindo "nocturnos” de Chopin

Mafra, 2 de Outubro de 2014, 15h40m

Joaquim Luís Mendes Gomes (**)


[Revisão / fixação de texto: LG] 




Lisboa > Livraria Bar Les Enfants Terribles > Cinema King > 2 de novembro de 2013 > 19h00 > Sessão de lançamento do livro de poesia do nosso camarada J. L. Mendes Gomes, "Baladas de Berlim" > Da esquerda para a direita: Luís Graça, que apresentou o livro: o poeta e o seu filho mais velho, Paulo Teia, padre jesuíta,  que apresentou o pai e o poeta; e ainda a representante da Chiado Editora...

O Paulo Teia é  um jovem que atingiu já o estado da sabedoria e da serenidade... . Disse, entre muitas outras revelações interessantes para se compreender o "making of" deste livro de poemas, bem como a personalidade e o talento do autor, que um jesuíta é um "contemplativo em acção". O lado contemplativo, conventual, ele terá herdado  do pai, jurista; o  lado proativo e prático ter-lhe-á vindo da mãe, bióloga, verdadeira "âncora da família"... Os filhos são quatro. A intervenção do Paulo Teia, o "filius amatus",  tocou-nos a todos e deixou o pai... babado! (LG)


Foto: © Virgínio Briote  (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]

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Notas do editor:


(...) B. Décima terceira carta > O pior estava para vir > Parte II > Meu Neto Tomás

No dia 25 de Novembro de 2011, esmagado em dor, escrevi no meu diário:

Já sabia o que era perder os pais e a única irmã. O que era perder avós e os tios todos. O que eu não sabia nem nunca imaginara era a dor tamanha de perder, dum dia para o outro, um netinho de dois anos e quatro meses! Fulminado por um tumor benigno sobre o cérebro!…Não deve haver dor maior…

Mafra, 2 de Dezembro de 2011:

Meu coração sangra de dor pelo meu Tomás... Apenas dois anos e quatro meses…Um volumoso tumor esmagou-lhe o cérebro, fatalmente, dum dia para o outro. Meus ouvidos rebentam de saudade das ricas gargalhadas sempre acesas do Tomás e do constante desafio para a brincadeira. Começou a falar, apenas há pouco mais de um ano. Com uma precisão, clareza e oportunidade espantosas. Nasceu para falar português, dizia eu. (...) 


Guiné 63/74 - P13815: In Memoriam (201): Bruna Durães (26/3/2003 - 28/10/2014), a neta mais velha do nosso querido amigo e camarada Benjamim Durães, ex-fur mil op esp. CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)... O corpo estará ao fim da tarde em câmara ardente, na capela do Socorro, junto ao Mosteiro de Jesus, em Setúbal. O funeral será amanhã às 11h.


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande  > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > O avô Benjamin Durães trouxe, desde Palmela, os seus cinco netos: na primeira fila, da esquerda para a direita;  Fábio, Rafael, avô e Tiago; na segunda fila, da direita para a esquerda, Bruna e Marta;  a Bruna é a mais velha, na altura com 9 anos... Bruna e Tiago são irmãos, filhos da filha mais nova do Benjamim Durães, Sandra (se não erro)...

Todos estão devidamente equipados e ostentando na lapela o crachá do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) a que orgulhosamente pertenceu o nosso camarada, fur mil op esp e DFA - Deficiente das Forças Armadas.




VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > A Joana Graça, filha dos nossos tabanqueiros Luís Graça e Maria Alice, com três dos netos do Benjamim Durães... As duas raparigas eram, da direita para a esquerda, a Bruna e a Marta. O rapaz parece ser o Tiago.

Na altura, o nosso editor chamou a atenção para a mensagem que estávamos, ali, em Monte Real, a passar à geração dos nossos filhos e netos. Vários camaradas tinha então trazido consigo  os seus filhos (casos, por exemplo, dos nossos editores Luís Graça e Eduardo Magalhães Ribeiro, ou da nossa amiga Felismina Costa) ou dos seus netos (casos do Valentim Oliveira,  Hugo Guerra e  Benjamim Durães, por exemplo). (*)

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados


1. Recorde-se que o Benjamim Durães foi  fur mil op esp,  
Pel Rec Info, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72).

Esteve vários meses em Bambadinca com o nosso editor Luís Graça e outros membros da nossa Tabanca Grande, antes de ser ferido e evacuado para a metrópole.  É DFA. É  um dos habituais organizadores dos convívios da CCS/BART 2917,  Sempre voluntarioso e generoso,  é um homem de causas, sendo presidente da direção do Núcleo de Setúibal  da Liga dos Combatentes..

No 10º aniversário do nosso blogue, em 23/4/2013, escrevemos sobre ele o seguinte (**):

"Está neste momento a viver um grande drama, a doença de uma das queridas netas, de 10/11 anos,  a mais velha, a Bruna, que tem um prognóstico reservadíssimo, estando por isso a precisar, ele e toda a sua família, de uma palavra amiga, solidária, de toda a Tabanca Grande"...

Na altura, não o  quisemos revelar, a Bruna, que era uma doçura de criança,  tinha um tumor no cérebro e o prognóstico médico ia no sentido de lhe dar poucos meses de esperança de vida. Face a este aterrador  prognóstico e à natureza incurável da doença, a família ainda ponderou a hipótese de viajat até à América, na esperança de encontrar alguma solução de última hora. Os custos eram incomportáveis para uma modesta família portuguesa, da ordem das centenas de milhares de dólares,  e os médicos portugueses devem também ter desencorajado a iniciativa. Restava à Bruna viver os últimos meses de vida  que o cruel destino lhe reservava. E à família acreditar num derradeiro milagre...

Bruna Durães da Costa  (2013-2014).
Foto de perfil da sua página
no Facebook.
A Bruna acaba de morrer esta manhã,  no IPO - Instituto Português de Oncologia, em Lisboa. Era  filha da filha mais nova do nosso camarada. Destroçado, o Benjamim comunicou-me a notícia ao fim da manhã.

Não há palavras para consolar alguém pela perda de uma criança, seja filha ou neta... A morte neste caso é o mal absoluto. Ficámos todos chocados com a notícia, a Joana, a Alice e eu, que conhecemos a Bruna em 23/4/2012, em Monte Real. E em especial a Joana,  que hoje veio almoçar connosco, tinha ficado com imensas saudades dos netos do Benjamim Durães e tinha uma viva memória da Bruna.

O corpo vai ser cremado. O velório será na capela do Socorro, em Setúbal, junto ao Mosteiro de Jesus. O funeral será amanhã às 11h. Fica aqui telemóvel do Benjamim para os amigos e camaradas da Tabanca Grande lhe darem o  alfabraço de amizade e de camaradagem de que ele está a precisar neste momento: 939 393 315. Tem também página no Facebook.

Os votos de pesar e solidariedade ma dor, de toda a Tabanca Grande, vão para os pais, os avós, o irmão, os tios, os primos e demais famílai e amigos da Bruna, cujo doce sorriso vamos guardar como a melhor lembrança da sua passagem entre nós.

Até sempre, querida Bruna! Muita coragem para ti e para toda a família, bom amigo e camarada Benjamim! (***)
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Notas do edittor

(*) Vd. poste de 22 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9780: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (11): Que ganda ronco!... As primeiras fotos da Op Monte Real 2012, com uma mensagem para o futuro

(**) Vd. poste de 23 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P13028: 10º aniversário do nosso blogue (20): Um corredor de paz, a estrada (alfaltada) Bambadinca-Bafatá, onde o PAIGC nunca conseguiu penetrar... pelo menos no período de 1969/71 (fotos de Benjamim Durães, a quem mandamos um alfabravo fraterno e solidário num momento dificílimo, para ele, como pai e avô)

(***) Último poste da série > 21 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13779: In Memoriam (200): Manuel Simões (1941 - 2014), um português de Bolama, que foi a Conacri ao funeral de Amílcar Cabral, e que andou na escola com 'Nino' Vieira, e que recebia, em Jugudul, de braços abertos, os seus amigos, fossem de Cabo Verde, fossem de Portugal (Manuel Amante / A. Marques Lopes / Xico Allen / António Camilo / José Teixeira)..

Guiné 63/74 - P13814: Parabéns a você (806): Para o camarada Luís Marcelino, com um obrigado pelo acolhimento em Mampatá (António Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72)



Colibuia, 10JUN73(74?) - Em baixo, a partir da esquerda: (i) Cap Mil João Luís Brás Dias, CMDT da 1.ª CCAÇ - Buba; (ii) Cap Mil Joaquim M. Guerreiro Dias, CMDT da 3.ª CCAÇ - Aldeia Formosa, faleceu em Agosto de 2013;  (iii) Cap Mil Luís Marcelino, CMDT da CART 6250/72 - Mampatá, integrada no nosso Batalhão; e (iv) Alf Mil António Murta, CMDT do 4.º Pel /2.ª CCAÇ - Nhala.  Atrás, um Tenente do QP, de quem não recordo o nome, que ainda conheci com o posto de Sargento-Ajudante. Excelente pessoa e muito bonacheirão.

Fotos (e legendas): © António Murta  (2014). Todos os direitos reservados [Edição de CV]



1. Mensagem do nosso camarada e futuro tabanqueiro, António Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513/72, com data de 23 de Outubro de 2014:

Camaradas Carlos Vinhal e Luís Graça:

No próximo dia 28 do corrente é o aniversário do camarada Luís Marcelino, ex-CMDT da CART 6250/72 de Mampatá, 1972-74.

Tinha o maior gosto em dar-lhe os parabéns e oferecer-lhe uma fotografia que lhe fiz nesses tempos longínquos. Será um óbice o facto de eu ainda não ter integrado a Tabanca? Mas eu gostava...

Não sei se ele se recordará de mim, mas eu não o esqueci nem o acolhimento que me deu aquando da minha breve passagem por Mampatá.

O mesmo direi em relação ao camarada ex-Alf Mil Carlos Farinha, (também ele tabanqueiro), de quem me separei abruptamente por ele ter sido ferido em combate.

Tínhamos dormido no mesmo "quarto" na noite que antecedeu esse dia azarado.

Oportunamente penso entrar de novo em contacto convosco - estou a organizar papéis e fotografias - para disponibilizar ao Blog todo o meu álbum que, "enterrado" no meu disco externo, não aproveita a mim nem a ninguém. Qualquer dia dá-me uma "malacueca" e...

Depois precisarei de uma dica para saber a forma mais prática de enviar isso.

Caríssimos Luís Graça, Carlos Vinhal, e demais obreiros da prestigiada e Monumental Tabanca Grande, aceitem um grande abraço de reconhecimento do

António Manuel Murta Cavaleiro,
ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513
Aldeia Formosa-Nhala-Buba, 1973-74
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Nota do editor

Vd. último poste da série de 28 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13813: Parabéns a você (805): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72) e Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250 (Guiné, 1972/74)

Guiné 63/74 - P13813: Parabéns a você (805): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72) e Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250 (Guiné, 1972/74)


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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13773: Parabéns a você (804): Manuel Moreira de Castro, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 2315 (Guiné, 1968/69)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Guiné 63/734 - P13812: Memória dos lugares (277): Os meninos do Xime do tempo da CART 3494 - O caso de José Carlos Mussá Biai (Jorge Araújo)

1. Mensagem do nosso camarada Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974), com data de 24 de Setembro de 2014:


Caríssimo Camarada Luís Graça,



Os meus melhores cumprimentos.

Sei, pelo que li, que a história de vida do nosso amigo e grã-tabanqueiro José Carlos Mussá Biai te sensibilizou particularmente. A mim… igualmente, relevando, aqui e agora, o valor positivo das influências do meu/nosso camarada Carvalhido da Ponte exercidas neste contexto, e que se traduzem num sentimento do dever cumprido.

Procurando ajudá-lo na reconstituição/reconstrução das suas memórias de infância vividas connosco na sua terra natal – o Xime –, local onde permanecemos mais de um ano, e onde, com toda a certeza, nos cruzamos muitas vezes, ora nos espaços da Escola, do Aquartelamento e da sua Tabanca, eis o meu pequeno contributo para esse efeito.


OS MENINOS DO XIME DO TEMPO DA CART 3494
- O caso de José Carlos Mussá Biai -

1.INTRODUÇÃO

Muito provavelmente o nome de José Carlos Mussá Biai é já familiar a um grupo significativo de camaradas grã-tabanqueiros, em particular os que, por tradição ou rotina, acompanham a publicação dos textos e imagens [postes] referentes a factos e missões que marcaram aqueles dois anos das nossas vidas no CTIG. Por outro lado, estes contributos individuais, que vão chegando ao blogue diariamente, constituem uma forma original da cultura,  pois permitem continuar o aprofundamento do universo fenomenológico dos vários contextos e da sua historiografia.

Porque não me é possível fazer parte desse grupo mais assíduo, naturalmente por outros afazeres sociais e compromissos profissionais, penitencio-me por só agora ter tido conhecimento da existência do cidadão e amigo José Carlos Mussá Biai, membro da nossa TABANCA GRANDE, bem como de parte do seu processo/projecto de vida que, a exemplo de outras opiniões [P10907 - P10919], também me sensibilizaram, pelo que tomei a iniciativa de escrever estas singelas linhas a seu respeito… e, igualmente, a ele dirigidas.

E o modo como chegámos à sua pessoa é simples de relatar.

No blogue da CART 3494 & camaradas da Guiné, ao longo da coluna da direita, por ordem alfabética, estão indicadas todas as etiquetas referentes aos diversos temas e/ou os nomes dos seus autores. Tentando localizar a minha na letra “J” [Jorge Araújo], eis que os meus olhos se fixaram, duas linhas abaixo, no nome de José Carlos Mussá Biai, por ter sido a primeira vez que o líamos.

Cliquei no seu nome por curiosidade e logo o título «No Xime também havia crianças felizes» suscitou a minha melhor atenção. Em primeiro lugar, o Xime, por ter sido o primeiro destino do contingente metropolitano da CART 3494 e onde durante treze meses [1972/73] vivi/vivemos situações dramáticas e experiências únicas nos sítios conhecidos por “Ponta Varela”, “Poindon”,e “Ponta Coli” ou, ainda no “Rio Geba“, tendo o Macaréu como a sua maior armadilha. Em segundo, porque foi no Xime que reforcei a consciência de que o «EU» só é importante se lhe adicionarmos o «OUTRO». Em terceiro, a que criança ou crianças se estavam a referir no texto?

Essa primeira referência [P167, de 03Jan2013] remetia-nos para outras inseridas no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Então saltitei entre ambos no sentido de ficar actualizado quanto aos conteúdos narrados, com o início a verificar-se há oito anos, mais concretamente em 9 Maio de 2005 [P5591].

Assim, o José Carlos, ainda criança no tempo da minha/nossa presença na terra que o viu nascer – o XIME – tinha, então, nove e eu vinte e um anos.

De tudo o que li retive as cinco ideias abaixo:

1. –As companhias que marcaram a sua infância foram a CART 2715 e a CART 3494.

2. – Uma pessoa ficou na sua memória para sempre por ter sido o seu professor na única escola que lá havia: a PEM (Posto Escolar Militar) n.º 8, poro [os] ter ajudado a serem crianças felizes. Essa pessoa chama-se José Luís Carvalhido da Ponte [ex-Furriel Enfermeiro, da CART 3494], natural de Viana do Castelo.

3. – Por ter ficado emocionado com as primeiras fotos que viu da sua terra e das suas gentes. Os locais onde brincou e onde deu alguns mergulhos. As pessoas que o viram nascer, que cuidaram de si e com quem partilhou refeições, angústias e alegrias, em particular os seus irmãos mais velhos.

4. – Depois de um percurso académico na Guiné-Bissau, primeiro como aluno e depois como docente em Bissau, rumou a Lisboa, onde concluiu a sua formação superior em Engenharia Florestal.

5. – Vive e trabalha em Portugal.

Em função destes cinco pontos principais, e porque certamente não existem muitos testemunhos fotográficos dessa época, uma forma de satisfazer o desejo de quem fez parte, também, do meu/nosso quotidiano, foi possível recuperar alguns registos do meu arquivo de memórias do Xime, gravadas há mais de quarenta anos, e fazer uma viagem de retorno às origens, nomeadamente à sua escola primária, a adultos e a crianças do seu tempo, na expectativa de poder identificar algum parente, e quem sabe, se o próprio José Carlos.

2.POSTO ESCOLAR MILITAR N.º 8 - XIME

As fotos que seguidamente se apresentam dizem respeito a uma cerimónia oficial levada a cabo pelo PEM n.º 8, sob a supervisão do camarada Carvalhido da Ponte, e onde também participámos.Não estando certo do motivo da sua realização, creio tratar-se da Sessão Solene Comemorativa do 10 de Junho de 1972.

Foto 1 – Escola Primária do Xime - 1972 –Da direita para a esquerda, representantes da Comunidade Local e os ex-Furriéis: Prof Carvalhido da Ponte [o 1.º Esq.], Sousa Pinto [falecido em 01Abr2012] e José Pacheco [o 1.º Dtª.].
Foto 2 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM.
Foto 3 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM. 
Foto 4 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM.
Foto 5 – Escola Primária do Xime - 1972 – Alunos do PEM participando na cerimónia do içar da Bandeira Nacional em [creio] 10 de Junho de 1972. Ao centro o professor da Escola de Mansambo [?], presente a convite do camarada Carvalhido da Ponte.

3.FOTOS DIVERSAS DO/NO XIME - 1972


Foto 6 – Tabanca do Xime - 1972 – Grupo de crianças.
Foto 7 – Xime - 1972 – Duas crianças cujo nome não recordo e que amiúde apareciam na Messe de Sargentos, pedindo comida, e que aproveitavam para tomar banho de chuveiro [com água do poço], como foi o caso desta foto [entrada… à esquerda].
Foto 8 – Xime - 1972 – Morança pertença da Fátima [lavadeira]. Ao fundo, de pé, está a sua filha [creio que se chamava Sage]. 
Foto 9 – Xime - 1972 – Grupo de Mulheres Grandes, e algumas crianças, preparando-se para participar numa festa [?]. 
Foto 10 – Xime - 1972 – Grupo de Mulheres Grandes, e algumas crianças, preparando-se para participar numa festa [?]. 
Foto 11 – Xime - 1972 – Dois residentes na Tabanca: o Spínola e a Abi.

Entretanto, nesta oportunidade, penso ser justo homenagear o camarada Carvalhido da Ponte, enviando-lhe os meus Parabéns pelo seu trabalho bem-sucedido na difícil tarefa pedagógica, fazendo-os acompanhar com a publicação de mais uma foto que ele não conhece.

Foto 12 – 1973 – Na foto, cujo local não consigo identificar, estão o Luís Domingues [Fur.Trms], o Carvalhido da Ponte [Fur.Enfº] e eu próprio. Foi tirada por ocasião de uma coluna de reabastecimento ao Xitole e Saltinho, iniciada em Bambadinca e reforçada, a partir de Mansambo, com 2 GC da CART 3494,em Maio/Junho. Esta coluna foi a minha primeira e única experiência do género, uma vez que em Julho transitámos para o Destacamento da Ponte do Rio Udunduma.

Igualmente, o nosso amigo José Carlos Mussá Biai merece os meus aplausos pelos diversos sucessos contabilizados ao longo da sua vida, lutando, resistindo e superando-se permanentemente, sinal de que a semente era boa e, daí, ter dado muitos e bons frutos. Para ele vão mais duas imagens do Xime com leituras opostas. 
Foto 13 – Xime Dez/1972 – Foto da principal entrada na Tabanca, fronteira com o aquartelamento, a escassos cinquenta metros da Escola. 
Foto 14 – Xime - 2013 - Foto do edifício em ruínas [P173, de 12Abr2013] onde funcionou o PEM n.º 8, tirada no sentido inverso da foto anterior. A diferença temporal entre as duas fotos [13 e 14] corresponde a mais de quatro décadas.


Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados [Edição de MR]

Termino, fazendo votos para que tenham gostado de ver mais algumas imagens históricas do Xime, particularmente o nosso amigo José Carlos Mussá Biai.

Pelo exposto, creio que estamos em óptimas condições para voltarmos a conviver mais de perto. Uma possibilidade será através da participação no Encontro/Convívio anual da CART 3494, este ano em XXIX edição, o qual está já agendado para o próximo dia 07 de Junho, no Hotel Mar e Sol, sito em São Pedro de Moel.

Seria, para nós, um momento de grande emoção.

Outra possibilidade mais pessoal, pois estou disponível para o efeito, seria através de um eventual encontro entre nós, Basta acertar a data e o local. 

Um abraço,
Jorge Araújo.
Fur Mil Op Esp / Ranger, CART 3494
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Nota de M.R.: 

Vd. Também o último poste desta série em:

Guiné 63/74 - P13811: Convívios (639): No almoço da Tertúlia da Tabanca de Matosinhos da próxima quarta-feira, dia 29, vai poder ouvir-se fados (José Teixeira)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux. Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de hoje, 27 de Outubro de 2014:

Olá Carlos
Desejo que estejas bem e bem acompanhado pela Dina, a quem envio um beijinho.

Pedia-te o favor de colocares no nosso Blogue da Tabanca Grande este poster a informar que a Tabanca de Matosinhos vai ter uma sessão de fados na próxima Quarta Feira dia 29.

Abraço fraterno do
Zé Teixeira

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13763: Convívios (638): Encontro do pessoal da velhinha CCAÇ 557 (Cachil e Bafatá, 1963/65), dia 8 de Novembro de 2014 no Cartaxo

Guiné 63/74 - P13810A: Fotos à procura de... uma legenda (41): dois chavalos e uma cadela, sentados na base do memorial ao alf mil op esp Rogério Nunes de Carvalho, da CART 2338 (1968/69), morto em combate pela Pátria (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 11, Contuboel e Nova Lamego, 1969/70)



Guiné > Zona leste > Nova Lamego > CART 11 (1969/70) >  Foto tirada em meados de 1970, à entrada do Quartel de Baixo, em Nova Lamego: eu e uma praça africana, mais a cadela 'Judy', que foi connosco de Lisboa... Ao lado o memorial a um alferes, morto no setor de Nova Lamego, em 17/4/1968.

Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados [Edição de L.G.]



Valdemar Queiroz
1. Mensagem de Valdemar Queiroz [ou Valdemar Silva, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]...

Data: 27 de Outubro de 2014 às 01:34
Assunto: Uma grande fotografia


Ora viva, caro Luís Graça.

Esta fotografia,  uma grande fotografia de dois jovens. Um europeu, o Fur Mil Valdemar Queiroz, o outro um jovem soldado da CART 11. Qual deles o mais  'chavalo' ?!...

Foi tirada, em meados de 1970,  à entrada do Quartel de Baixo, em Nova Lamego. A cadela 'Judy', que foi  connosco de Lisboa, também lá está.

Também está na fotografia, parte, de um Memorial a um alferes que morreu em combate pela Pátria [, Rogério Nunes de Carvalho, alf mil op esp, morto por explosão de uma mina A/P,  na estrada Cheche-Canjadude, em 17/4/1968; pertencia à CCAÇ 2338, Fá Mandinga, Nova Lamego, Buruntuma, Pirada, 1968/69; era natural do concelho da Guarda].

Afinal, o que é morrer em combate pela Pátria? Infelizmente há muitos memoriais  como este.

Mortos em combate, os  mortos que nem 'tordos' na 1ª.Guerra Mundial, na Flandres, ... é morrer pela Pátria?

Mortos em combate, os mortos na força, de portugueses, que se juntou ao exército nazi, na operação 'Barbarosa', em junho de 1941, contra a ex- União Soviética, ...  é morrer pela Pátria?

Os milhares de portugueses, também, muito longe da sua terra, mortos em combate, em Moçambique, Angola e na Guiné, e não só, ... são mortos em combate pela Pátria?

Afinal o que é a Pátria? Uns dizem que é a terra do nossos pais. Afinal o que é morrer em combate pela Pátria, terra do nossos pais ?

Cá para mim, os nossos pais não mereciam   que os seus filhos morressem, assim, pela terra deles. (**)

Um grande abraço
Valdemar Queiroz

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Guiné 63/74 - P13809: Lembrete (8): A apresentação do livro "O Corredor da Morte", de autoria do nosso camarada Mário Vitorino Gaspar é já amanhã, pelas 15h00, no Auditório Jorge Maurício da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), no Edifício ADFA, na Avenida Padre Cruz, em Lisboa

L E M B R E T E


Apresentação do Livro "O Corredor da Morte", de Mário Vitorino Gaspar, amanhã, dia 28 de Outubro pelas 15H00, no Auditório Jorge Maurício da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), no Edifício ADFA, na Avenida Padre Cruz, em Lisboa.

- Preside o Presidente da Direcção Nacional da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), Comendador José Eduardo Gaspar Arruda;

- A Apresentação do Livro vai ser feita pela Professora Ermelinda Caetano, e

- Mário Vitorino Gaspar como Autor do Livro.



No Capítulo do Livro: “9. O Rebentamento Durante o Batuque”, o autor descreve este trágico atentado contra a população.  Viveu de perto, e continua a rever este drama e descreve-o com o coração. 

Para quem tenha dúvidas, na História da Unidade consta: “Não queremos também deixar de assinalar neste Relatório um facto que nos causou profunda impressão e desgosto, já pelas consequências que dele resultaram, já porque apesar de todos os esforços desenvolvidos pelas autoridades e civis, não lográmos vê-lo esclarecido inteiramente para apuramento das responsabilidades e aplicação da Justiça. Trata-se do atentado cometido em Ganturé, contra a população, em 4 JUL 67, através do lançamento de uma granada que explodiu durante um batuque de que resultaram dez mortos e cerca de vinte feridos”
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13583: Lembrete (7): O próximo Encontro da Magnífica Tabanca da Linha será no dia 11 de Setembro de 2014, na estrada do Guincho, em Cascais (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P13808: (Ex)citações (244): Comentário ao artigo "Guiné, Guileje e o desnorte do reino" publicado em O Adamastor (2) (Coutinho e Lima)

1. Continuação da primeira parte do comentário feito pelo nosso camarada Alexandre Coutinho e Lima, Coronel de Art.ª Reformado (ex-Cap Art.ª, CMDT da CART 494, Gadamael, 1963/65; Adjunto da Repartição de Operações do COM-CHEFE das FA da Guiné entre 1968 e 1970 e ex-Major Art.ª, CMDT do COP 5, Guileje, 1972/73), ao artigo "Guiné, Guileje e o desnorte do reino" publicado no Blogue "O Adamastor":


1.ª Parte do Comentário ao artigo
"Guiné, Guileje e o desnorte do reino" (2)


“E quando se despediu dele humilhou-o dizendo “regressa a Guileje e daqui a um ou dois dias irá lá ter o Coronel Durão e você passa a adjunto dele”. Ou seja passou-lhe um atestado de incompetência”.

Mais uma vez o Sr. Ten. Cor. deturpa o que aconteceu. O Sr. General não me disse quando o Sr. Coronel Durão iria para Guileje.

Afirma que me passou um atestado de incompetência. Conhecendo como eu conhecia o Sr. General Spínola (tinha obrigação disso, porque trabalhei, sob as suas ordens, durante dois anos-68/70), pude verificar que lidava muito mal com a incompetência, tendo dado sobejas provas desse facto. Se me considerasse incompetente, teria sido retirado do Comando do COP 5, na hora. A minha interpretação foi que tinha perdido confiança na minha acção de Comando. Este sentimento era recíproco, pois quando em 18 MAI 73, não foram feitas, a partir de Guileje, as evacuações solicitadas, contrariamente à sua garantia dada na sua última visita, em 11MAI 73, perdi toda a confiança na sua palavra, o que foi partilhado pelos militares, em Guileje.

Além disso, tendo o Sr. General Spínola, no final da minha comissão no Comando Chefe, decidido atribuir-me um louvor, se me considerasse incompetente era a admissão que se tinha enganado (louvando um incompetente), o que não era propriamente o seu forte – admitir que errara.

Perante a decisão do Sr. General, podia ter declarado que, perante a sua falta de confiança, não aceitava a solução, sujeitando-me, obviamente, às respectivas consequências, ficando assim liberto do problema que, responsavelmente, estava a tentar resolver.

Nunca tal me passou pela cabeça, pois a minha preocupação era chegar o mais rapidamente a Guileje, donde tinha saído no dia 18 de manhã. Estes 3 dias da minha ausência, foram um total desperdício. O Comando Chefe e o seu Estado Maior ficaram muito mal na fotografia, ao proceder da maneira displicente como trataram este assunto, sem atribuírem nenhuma prioridade à situação, gravíssima, que se vivia em Guileje

Se os delegados, cuja comparência insistentemente pedira, se tivessem deslocado a Cacine, no dia 19 MAI, aproveitando o meio aéreo que lá foi fazer as evacuações, eu teria regressado a Guileje, o mais tardar, no dia 20 MAI. Mesmo sem a ida dos delegados, o Comando Chefe podia ter ordenado o meu regresso imediato, o que não fez.

“Mas prova ainda outra coisa: que a retirada já teria sido preparada do anterior, pois era praticamente impossível organizar tal operação na hora. Será que estariam à espera que Spínola autorizasse a saída? Até que ponto haveria acção subversiva feita por eventuais infiltrados simpatizantes, idos da Metrópole? Eis duas questões que seria interessante dilucidar.”

Mais uma vez o Sr. Ten. Cor. entra em dissertações que são totalmente fantasiosas.

A retirada foi decidida, apenas quando regressei a Guileje, ao fim da tarde do dia 21 MAI. Tal pode ser comprovado pelos militares que lá estavam (que só ouviram, da minha boca, falar em tal hipótese, naquela hora). Bem sei que, para o Sr. Ten. Cor. interessa muito mais o “jornal da caserna” e, sendo assim, pode perguntar ao seu “apoiante”, ex-Soldado Constantino Costa, que estava em Guileje, se eu abordei esse tema, anteriormente.

A decisão foi por mim tomada, sem pressão de quem quer que seja. Depois de tomar a decisão, perguntei a todos os que estavam no abrigo em que me encontrava, qual a opinião de cada um e todos manifestaram a sua concordância. Podia aproveitar para afirmar que tive a aprovação dos que ouvi, mas não o fiz, porque esta concordância foi “à posteriori” e porque prezo muito a verdade.

A ideia de esperar que o Sr. General Spínola “autorizasse a saída”, além de absurda, como podia ser expectável, se o que eu pedira era reforço!

A ideia de “acção subversiva por eventuais infiltrados” não me merece qualquer comentário. Como até agora, os argumentos do Sr. Ten. Cor. não são convincentes (excepto o seu autoconvencimento,  resolveu inventar a “teoria da conspiração”. Repito: TOMEI A DECISÃO SEM PRESSÂO DE NINGUÉM. Se não percebeu, POSSO FAZER UM DESENHO.
Espero que o Sr. Ten. Cor. tenha ficado dilucidado, sobre estas duas matérias.

“Guileje tinha, porém, um ponto fraco: não tinha um poço artesiano, que lhe fornecesse água potável, a qual tinha que ser obtida a cerca de 2 Km…”

Esta afirmação do Sr. Ten. Cor., que se saúda, é muito incompleta.

Além da falta de água, no quartel, que era um condicionalismo inultrapassável, tinha outros pontos fracos. Vou referir alguns:

- Só havia uma única ligação, por estrada, a Gadamael; interdita esta, por acção do In (emboscada no dia 18 MAI 73), Guileje ficou totalmente isolado.

- As outras guarnições mais próximas - Bedanda a Oeste e Aldeia Formosa a Norte, não estavam em condições de prestar qualquer auxílio, porque os respectivos itinerários eram dominados pelo IN e, há muito tempo, não eram utilizados pelas NT.

- Impedido o reabastecimento, por estrada, dependíamos totalmente do que havia em Guileje. Pelo facto de se aproximar a época das chuvas, na qual a estrada para Gadamael ficava intransitável, tinha sido já feito um grande esforço de abastecimento. Mesmo assim, ainda estava em Gadamael (e em Bissau) um grande volume de materiais, necessários para sobreviver durante 6 meses.

- Em virtude das sucessivas flagelações do In (37 em 80 horas), as munições, especialmente de Artilharia e Morteiros (10,7 e 81), estavam a chegar ao fim, não obstante a preocupação de poupar, desde a primeira hora. Quando acabassem, só por acção exterior, não dependente do Comando do COP 5, chegaria a Guileje o respectivo reabastecimento. 

- Relativamente ao material de Artª., o que se passou foi o seguinte: em 24 JAN 73 (3º. dia da minha estadia em Guileje), enviei uma nota para o Grupo de Artª. nº. 7 (GA7) em Bissau, com conhecimento ao Sr. Chefe de Estado Maior do Comando Chefe e à Repartição de Operações, propondo a substituição das 3 Peças de 11,4 cm (as que estavam em Guileje) por 3 Obuses de 14 cm.
A razão desta proposta era o conhecimento que eu tinha da existência de poucas munições de 11,4 e muita dificuldade na sua aquisição. Na proposta sugeria ainda que, mesmo depois de ser efectuada a substituição do material de Artª., se ainda existissem munições de 11,4 em Guileje, se mantivessem as Peças de 11,4, conjuntamente com os Obuses de 14, só regressando aquelas a Bissau, no final da época das chuvas. Desta forma, o aquartelamento ficaria com um reforço de Artª., durante o período de isolamento.

Mesmo em tempo de guerra, a burocracia emperrava tudo. Foi por isso que, em I8 MAI 73, isto é, praticamente passados 3 meses da data da minha proposta, a situação do material de Artª. era: estavam em Guileje 2 Obuses de 14, tendo um deles chegado avariado; o 3º. Obus estava em Gadamael, a aguardar a próxima coluna de reabastecimento. Entretanto, as 3 Peças de 11,4 já tinham saído de Guileje. Quando era necessário o maior apoio de fogo de Artª., estávamos reduzidos a 2 Obuses e um deles avariado.

Como eu não estava sempre em Guileje, porque as guarnições de Gadamael e Cacine também estavam nas minhas preocupações , além das minhas ausências, resultantes de ordem superior ( lembro-me que me desloquei para participar, naquela altura, para participar numa reunião de Comandantes da Zona Sul), não tomei conhecimento da ordem para as Peças de 11,4 regressarem a Bissau (deve ter sido recebida na minha ausência). Se a tivesse recebido, seguramente que não as tinha deixado sair sem, no mínimo, terem chegado a Guileje os 3 Obuses de 14.

Além de o apoio de Artª. estar diminuído, em número de bocas de fogo, a sua eficiência era muito menor. Devido à orografia do terreno da Guiné, com poucas elevações, a regulação do tiro de Artª. só era eficaz quando feita por observação aérea. Enquanto que o tiro das Peças de 11,4 tinha sido regulado, em JUN 72, por avião, relativamente aos Obuses de 14 tal procedimento não foi possível, devido à restrição dos meios aéreos.

- Não evacuação de feridos, garantida pelo Sr. General Spínola (a partir do quartel), na sua última visita a Guileje, em 11 MAI 73, perante formatura geral. O Sr. General foi, no mínimo, muito imprudente, ao fazer tal afirmação, porque nessa data, a Força Aérea já tinha decidido que nenhum meio aéreo se deslocava a Guileje (e não me parece aceitável que o Sr. Comandante Chefe não tivesse conhecimento dessa decisão).

Na sequência da emboscada do dia 18 MAI 73, foi pedida a evacuação dos feridos, no pressuposto de que seria satisfeita, conforme se pode constatar no período anterior. O que aconteceu foi que nenhum helicóptero apareceu e, um dos feridos graves (um cabo metropolitano) faleceu, cerca de 4 horas depois. Foi um “grande murro no estômago” para todos nós, ficando a confiança na palavra do Sr. Comandante Chefe fortemente abalada, bem como o moral de todo o pessoal.

Como fica escrito, tinha muito mais que um ponto fraco, (qual era a falta de água potável).

“…a FA garantia apoio pelo fogo de dia, com os “ Fiats” e de noite com um “C-47” modificado, em bombardeamento de área…

Realmente a FA prestava apoio de fogo, através dos Fiat G-9, quando as condições atmosféricas o permitiam. Depois do aparecimento dos mísseis terra-ar Strella do In, os aviões voavam acima dos 3.000 pés, por uma questão de segurança, empregando bombas mais potentes.

Relativamente ao C-47, transcrevo parte do depoimento da testemunha, Sr. Cor. Pil Av. Lemos Ferreira (folhas 106 a 108 do processo):

“…tendo perguntado ao Guileje se necessitava de mais alguma coisa foi-lhe pedido o envio de um avião durante a noite para a zona do Guileje para funcionar como ligação de comunicações, tendo-lhe sido respondido que o que fosse possível fazer se faria;… no próprio momento do pedido de Guileje, entrei em contacto com o Centro de Operações Aero-Tácticas, para que vissem a viabilidade de aprontar um C-47 equipado com flairs iluminantes e granadas de Morteiro 81, tendo sido informado estarem os C-47 indisponíveis por falta de sobressalentes, não havendo qualquer hipótese de pôr um em serviço; esta informação, porém, não foi transmitida ao Guileje.” 

Portanto, mesmo nos assuntos respeitantes à Força Aérea, o Sr. Ten. Cor. está mal informado! O C-47 nocturno foi uma miragem.

 “Que o PAIGC estava ainda longe de querer assaltar a povoação, já que só deu pela evacuação três dias depois (entrando quase todos em coma alcoólico depois de esgotado o stock de bebidas existente…).”

Em virtude de o 3º. Corpo de Exército (CE) do PAIGC se encontrar na mata de MEJO (mensagem IMEDIATO, - 19H00horas do dia 20 MAI da REP/INFO), era quase certo que no dia 22MAI completasse o cerco ao quartel, desse lado. Aliás, na tarde do dia 21, já tinha actuado, flagelando elementos da população que tinham tentado reabastecer-se de água na bolanha, junto ao aquartelamento, tendo sido metralhados pelo avião pilotado pelo Sr. Cor. Lemos Ferreira.

No Simpósio Internacional de Guileje (1 a 7 MAR 2008), um elemento daquele CE, informou que, no dia 22 MAI, de manhã, veio fazer reconhecimento junto do quartel (já tínhamos retirado), o que confirma o que afirmei no parágrafo anterior.

A razão por que só deu pela evacuação três dias depois, só o PAIGC pode esclarecer. Seguramente, porque foi surpreendido.

Quando cheguei a Gadamael, comandando a retirada, já lá se encontrava o Sr. Cor Durão, que enviou uma mensagem RELÂMPAGO, às 12H15 para o Comando Chefe a comunicar o que tinha acontecido. Esta mensagem, terminava assim:

“…QUANDO CHEGADA GADAMAEL PORTO FACE DESTRUIÇÕES HAVIDAS VERIFICO SER IMPOSSÍVEL REOCUPAÇÂO TEMPOS PRÓXIMOS”.

Às 13H05, seguiu outra mensagem:

“ REF M/… 221215… SUGIRO DESTRUIÇÃO COMPLEMENTAR GUILEJE POR MEIOS AÉREOS”.

A resposta foi a seguinte (às 18H40):

“REF..SEXA JULGA PREMATURO BOMBARDEAR GUILEJE COAT EXECUTA BOMBARDEAMENTO AREA CIRCUNDANTE…”

Não consegui obter, no Estado Maior da Força Aérea (Arquivo Histórico), elementos relativos a este bombardeamento, determinado pelo Sr. Comandante Chefe.

Também não tenho nenhuma informação sobre a vigilância sobre Guileje, até o PAIGC lá entrar; esta deveria ter sido determinada, em minha opinião, por motivos óbvios; se não foi, é mais um erro grave, como igualmente foi a decisão de não bombardear Guileje, a não ser que o Sr. Comandante Chefe tivesse a intenção de determinar a reocupação, o que não se verificou.

Talvez o Sr. General Pil. Av. (Ref) da Força Aérea António Martins de Matos, que na altura era Tenente Pil. Av. na Base Aérea de Bissau, possa responder às seguintes perguntas:

- Qual foi o bombardeamento efectuado sobre a área circundante de Guileje, no período 22/25 MAI 73, determinado pelo Sr. Comandante Chefe.

- Qual a vigilância da Força Aérea sobre Guileje, no mesmo período, no sentido de detectar o momento em que se verificasse a entrada do PAIGC, que seria uma oportunidade ímpar para provocar ao In baixas incontroláveis. Isto no caso de aquela vigilância ter sido determinada.

- Em sua opinião, qual foi a razão por que não foi detectada a entrada do PAIGC, em Guileje, no dia 25 MAI 73. Se tivesse sido detectada, também não teria havido o “coma alcoólico”, referido pelo Sr. Ten. Cor. Brandão Ferreira.

“…e escreveu um livro com a sua versão dos eventos…”

Não Sr. Ten. Cor., o meu livro não é a minha “versão dos eventos”, mas tão só A VERDADE DOS FACTOS, que é o subtítulo do livro, e “contra factos não há argumentos”. Não conheço nenhuma versão ou factos diferentes e, se alguém tem esse conhecimento, é a altura própria de tornar público o  que sabem sobre este assunto.

Para terminar este comentário, que já vai longo e que, mesmo assim, não aborda todas as questões postas pelo Sr. Ten. Cor. Brandão Ferreira (posso voltar ao assunto se o Sr. Ten. Cor. não ficou devidamente dilucidado), quero afirmar o seguinte:

Não me considero louco nem inconsciente. Por isso, ao tomar a decisão de retirar de Guileje, nas circunstâncias conhecidas, sabendo que não teria aceitação do Comando Superior e que iria sofrer as respectivas consequências, entre as quais, se não tivesse acontecido o 25 de Abril de 1974 (25/4 para o Sr. Ten. Cor.), teria sido o meu julgamento e, cumprida a pena máxima, a minha exclusão do Exército, teria que haver uma situação muito grave, para não hesitar na decisão que adoptei. Esta era o perigo iminente de, tanto a guarnição militar quanto a população, sofrer mortos e feridos em número incalculável e, os que restassem, serem feitos prisioneiros pelo PAIGC e posteriormente expostos à comunicação social em Conacri.

E, para mim, a segurança de todos, que era a minha missão e a vida humana não têm preço.

Foi por isso que não hesitei, sabendo o que me esperava, abdicando do interesse pessoal que, naquelas circunstâncias, não tinha a mínima relevância.

Para quem achar este cenário exagerado, terá oportunidade de verificar, na 2ª. Parte do comentário ao artigo em análise que, entidades do Escalão Superior, fizeram a mesma previsão.

A enorme diferença entre o Sr. Ten. Cor. Brandão Ferreira e a minha pessoa, relativamente a Guileje, é que eu estava lá e o Sr. Ten. Cor. conhece Guileje do mapa; ao ter visto este, “junto à fronteira”, das duas uma: ou precisa de mudar de lentes, se usa óculos ou então terá que procurar Guileje num mapa em que a sua localização esteja correcta, por exemplo a carta militar de escala 1/50.000. [, disponível aqui, neste blogue].

Cumprimentos 
Alexandre da Costa Coutinho e Lima 
Cor. de Artª. Ref. 
Ex Comandante do COP 5, em GUILEJE
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Nota do editor

Vd. poste anterior de 27 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13804: (Ex)citações (243): Comentário ao artigo "Guiné, Guileje e o desnorte do reino" publicado em O Adamastor (1) (Coutinho e Lima)