
Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > Pista de Bambadinca... Ao fundo, o muro do cemitério... Uma DO-27 na pista...
Era uma aeronave que adorávamos quando nos trazia de Bissau os frescos e a mala do correio ou, no regresso, nos dava boleia até Bissau, para apanharmos o avião da TAP e ir de férias...
Era uma aeronave preciosa nas evacuações (dos nossos feridos ou doentes militares, bem como dos civis)...
Era um "pássaro" lindo a voar nos céus da Guiné, quando ainda não havia o Strela...
Em contrapartida, tínhamos-lhe, nós, os infantes, um "ódio de morte" (sic) quando se transformava em PCV (posto de comando volante) e o tenente coronel, comandante do batalhão, ou o segundo comandante, ou o major de operações, ia ao lado do piloto, a "policiar" a nossa progressão no mato... Quando nos "apanhavam" e ficavam à nossa vertical, era ver os infantes (incluindo os nossos "queridos nharros") a falar, grosso, à moda do Norte, com expressões que eram capazes de fazer corar a Maria Turra... "Cabr..., filhos da p..., vão lá gozar pró c..., daqui a um bocado estamos a embrulhar e a levar nos corn...".
Também os nossos comandantes operacionais (capitães QP ou milicianos) não gostavam nada do "abelhudo" do PCV, em operações no mato...
Foto do álbum de Arlindo T. Roda, ex-fur mil da CCAÇ 12 (1969/71).
Foto: © Arlindo T. Roda (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
.
![]() |
Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880 ( Zemba e Ponte do Zádi, Angola, 1972/74); membro da Tabanca Grande desde 11 de novembro de 2018, com o nº 780 |
O que é de cabo-de-esquadra é o PCV, que eu tive que ir verificar do que se tratava, porque em Angola não havia disso.
É o cúmulo "comandar" uma operação a partir de um avião! Mas que diabo de ideia! Toda a gente que estivesse num raio de muitos quilómetros ficava a saber onde é que a tropa andava, o que destruía por completo uma das regras básicas da guerra de guerrilha, que é o fator surpresa.
Os "brilhantes" cérebros militares não sabiam disso? Está visto que a guerra na Guiné era uma guerra rica, pois até majores e tenentes-coronéis passeavam-se em aviões, enquanto a carne-para-canhão morria ou ficava estropiada cá em baixo por culpa deles.
Para abater um DO-27 não eram precisos "strelas". Uns tiros de AK-47 bem apontados ao depósito de combustível ou à hélice do avião deitá-lo-iam abaixo, a menos que este voasse a mais de 300 ou 400 metros de altura, fora do alcance das espingardas, ou então que voasse muito baixinho, a roçar as copas das árvores.
Para abater um DO-27 não eram precisos "strelas". Uns tiros de AK-47 bem apontados ao depósito de combustível ou à hélice do avião deitá-lo-iam abaixo, a menos que este voasse a mais de 300 ou 400 metros de altura, fora do alcance das espingardas, ou então que voasse muito baixinho, a roçar as copas das árvores.
Portanto, aqui deixo a minha dúvida: a que altura é que os PCV costumavam voar?
2 de junho de 2023 às 02:04
(*)
2. Comentário do nosso editor LG:
Boa questão, Fernando... O "hino da CCAÇ 12", da época de 1971/72, que iremos publicar à parte, é uma paródia da cantiga do "tiro-liro-liro", mais uma bela peça do nosso humor de caserna lá em cima o senhor major, no PCV ("posto de comando volante") e cá em baixo a "tropa-macaca"...
2 de junho de 2023 às 02:04

2. Comentário do nosso editor LG:
Boa questão, Fernando... O "hino da CCAÇ 12", da época de 1971/72, que iremos publicar à parte, é uma paródia da cantiga do "tiro-liro-liro", mais uma bela peça do nosso humor de caserna lá em cima o senhor major, no PCV ("posto de comando volante") e cá em baixo a "tropa-macaca"...
Cá em baixo anda a 12 e anda o Xime. (...)
Juntaram-se os três numa operação
Lá para os lados do Poidão
Correu tudo que nem um mimo! (...)
Major... ó meu Major
Ora diga lá agora o que é que quer. (...)
Ora essa continuem cinco minutos,
não precisam que vos peça.
Continuem... ora essa! (...)
Comandante... ó meu Comandante
Estamos fritos, estamos agora a embrulhar! (...)
Tenham calma... tenham calma e não pensem
que eu daqui não vos estou a ajudar. (...)
Contra os canhões sem recuo...
VAI TU!
No sector L-1 o comando dos batalhões usavam e abusavam do PCV... "Para mostrar serviço" aos senhores de Bissau... Nunca dei conta que tenham sido úteis, bem pelo contrário..
Os pilotos de DO-27 podem dizer-nos a quantos pés costumavam voar em operações como PCV ? Vamos lá perguntar aos camaradas da FAP. (**)
___________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 1 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24359: Tugas, pocos pero locos: algumas das nossas operações temerárias (3): Op Foguetão: mais uma dramática incursão à península de Madina/Belel, 27 e 28 de novembro de 1967, segundo a versão de Abel Rei (CART 1661, Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68).
(**) Último poste da sér4ie > 29 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23468: FAP (125): Os helicópteros SA-330 Puma e AL III em Angola, no apoio ao BCP 21 (Jaime Silva, ex-alf mil pára, 1ª CCP / BCP 21, 1970/72)